A Outra Noiva do Lobo escrita por GabrielleBriant


Capítulo 7
Revelações na Areia




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CAPÍTULO VII. REVELAÇÕES NA AREIA

- Rachel? Vamos lá fora?

Mais um dia começava.

E, pela primeira vez desde o dia em que tinha chegado naquela ilha, Remo pedia para falar com ela...

Rachel sorriu docemente.

Não podia dizer que não tinha gostado daquilo.

E nem que não tinha percebido o olhar que Snape enviara para os dois.

- E Tonks? Ela não vai gostar.

- Foi provar o vestido, fazer compras... Levou Molly com ela. Vão demorar.

Olhou para o lado, para Severo. E desviou logo o olhar.

- Tudo bem, vamos.

Os dois saíram andando, falando do passado, da vida, de tudo... Rindo, como sempre que estavam juntos.

A maré estava baixa. As pedras, que ficavam a mais ou menos dez metros de onde a água batia quando a maré estava cheia, agora estavam completamente emersas.

Antes delas, só pequenas poças e algumas pedras avulsas.

- Vamos para lá?

Para o rochedo, ele apontou.

Ela assentiu e foram.

A vista de lá era diretamente para o oceano. As ondas colidiam nas pedras fazendo refrescantes gotas de água bater nos seus corpos, molhando ligeiramente o tecido das suas roupas.

Se aquilo fosse um encontro romântico, seria perfeito.

Os dois se sentaram nas pedras, de frente para o oceano.

- Eu sei que você não me chamou aqui para falar sobre quem deveria ganhar a taça de quadribol, estou certa?

Ele suspirou, olhos perdidos na imensidão.

- Nossas vidas andam mais turbulentas que a copa, não?

Ela quase sorriu.

- Tonks?

Assentiu.

- Eu sabia! Ela me odeia.

- Não, não. Segundo ela, o que ela odeia é o jeito que você me olha.

Rachel riu, baixando a cabeça.

- Uma mulher ciumenta pode ver muita coisa!

- Ela, então... Parece até que ela não sabe que eu jamais a trairia...

Rachel conectou seus olhos com os dele, tentando não lembrar do que tinha dito no dia anterior.

- Não como eu fiz com você, certo?

O semblante dele se tornou triste,

- Eu jamais faria com alguém o que você fez comigo, Rachel. Doeu muito.

Ela segurou a mão dele.

- Eu queria tanto que você pudesse esquecer.

- Eu amava muito você. Não dá pra esquecer o que eu vi.

- Eu entendo.

Ele voltou a olhar o oceano. Disse, rapidamente.

- Mas ela tinha que saber que não tem razão...

- Exato. Para nós... sem chances! Quer dizer... ela é a mulher da sua vida!

Ela, de repente, não queria ter tanta certeza disso.

- Ela tem que vê que nós...

- Apenas somos dois adultos que nos damos muito bem!

- Isso!

Ela sorriu, olhou também o mar.

O seu coração pesava e batia muito fortemente. Uma angústia quase trazia lágrimas aos seus olhos.

Lupin falou, após um minuto de silêncio.

- Sabe, você deveria relevar o que ele faz.

O olhou.

- O que?

Ele também a olhou.

- Severo. Você foi a mulher com quem ele mais se envolveu em muito tempo... E isso tem que significar algo. Antes de você, ele era do tipo que fugia de qualquer relacionamento.

- Preferia ficar por ai, vadiando?

- Não. Ele não conseguia ficar com a mesma pessoa por muito tempo... Como se por medo.

Ela sorriu, quase zombeteira.

- Medo? De que? De cenas de ciúme?

Remo não acompanhou o semblante divertido dela. Tinha uma sombra em seus olhos.

- De que ele tem medo?

Ele voltou a olhar o mar.

- Severo nunca teve muita sorte no amor, Rachel. Eu o conheci em Hogwarts, onde ele foi desprezado por todos... Ele sempre se sentiu auto-suficiente demais para precisar de alguém. Mas ele se entregou uma vez e não deu certo, e ele começou, em minha opinião, a ter medo de amar de novo... De amar perdida e irremediavelmente. Por isso ele não se envolvia. E por isso é tão especial que ele tenha se envolvido com você por tanto tempo... E explica a relutância que ele tem em... mostrar, ou até mesmo admitir, o que sente por você. Mas, só o fato dele morar com você, e até mesmo querer se afastar, mostra que ele a ama. Muito.

Rachel o olhava, confusa, e com um nó imenso na garganta.

- O que aconteceu? O que aconteceu que eu não sei? Ele já se apaixonou?

- Severo já noivou. Já fez planos de casamento, de filhos... de uma vida inteira à dois... Muito antes dos acontecimentos na França.

Ela franziu o cenho, intrigada pelos fatos que a ela não foram revelados.

- Me conte.

Lupin suspirou.

- Tudo o que eu sei, me foi confiado por Dumbledore. O nome dela era Anna. Os dois se conheceram quando ele trabalhava na Farmácia, em Hogsmeade. Ele era tímido, ela teve que chamá-lo para sair, que beijá-lo... e ele se apaixonou... Nenhuma, antes fora tão atenciosa com ele.

“Mas tinha um grande problema: ele era um Comensal da Morte e ela apenas uma doce menina, que jamais aceitaria isso dele. Ele, então, nunca contou absolutamente nada. Saíram juntos várias vezes, namoraram... Ele a pediu em casamento e foram morar juntos na casa dela... os pais dela tinham sido vitimas de Comensais. Ele era completamente apaixonado por ela e, apesar de ter um jeito muito mais retraído do que cruel, como agora, ele não se envergonhava de admitir isso... para ela, pelo menos.

“Certo dia, ele teve que matar uma mulher. Como sempre fazia, avisou à Anna que não dormiria em casa, que tinha negócios para resolver. Na calada da noite, entrou na casa da vítima e a matou enquanto ela dormia pacificamente. No outro dia, voltou para casa, logo cedo. Anna não estava lá. E ele não se importou: ela, de vez em quando, saia muito cedo.

“Mais tarde, bateram na porta da casa dela. Era a mulher que ele pensara ter matado na noite anterior. Ela disse que era amiga de Anna e que, na noite passada, saíra pra dormir na casa do namorado e chamou Anna para passar a noite lá, cuidando da casa. Anna era a única pessoa que tinha naquela casa, na noite do atentado.”

Foi como se o ar saísse dos pulmões dela. Os seus olhos marejaram.

- Ele matou...

- Anna. Sim. Severo quase enlouqueceu. E, desde então, não se envolvera com ninguém, até você aparecer. Viu o que eu quero dizer?

Ela abaixou a cabeça.

- Ele sempre me deixa de lado... Sempre fazendo tudo para me manter à parte da vida dele... principalmente quando ele estava em guerra... tanto que ele até mantinha duas casas, uma comigo, onde ele pouco ficava, e outra onde ele podia ser encontrado pelos Comensais.

Remo assentiu.

- Ele sempre te mantinha alheia... Não era seguro para você ficar com ele. No entanto, quando ele fingiu se juntar de vez aos Comensais...

-...Ele me levou. E várias vezes eu flagrei ele dizendo que não tivera direito de fazer isso comigo.

- Ele precisava de você lá. E nunca se perdoou por ter posto a sua vida tão em risco. Ele não acha que é digno de ter você. A proposta que você recebeu da Suíça o deixou confuso... Ele não quer que você vá. Mas, por outro lado, sente que já está muito mais apaixonado por você do que a racionalidade permitiria. Se você for, ele eventualmente se livrará desses sentimentos indesejados.

Ela quase sorriu.

- Então ele quer, inconscientemente, matar o que eu sinto por ele, de forma que eu vá embora. Só para ele passar a eternidade negando o que ele sente.

- Ele não quer chegar a sentir por você o que sentia por ela. Ele não quer beirar a loucura de novo, se um dia você for embora...

- Eu devia ter percebido. Ele sempre fez de tudo pra se manter o mais longe de mim possível. Primeiro era a guerra, depois foi a fama, depois o cargo de diretor... Nunca me deixado participar, nunca me deixando ficar perto dele. Remo – ela o olhou, com uma tristeza evidente em seus olhos vermelhos – e se ele conseguiu? E se ele realmente nunca chegou a me amar?

- Eu acho que isso...

- ...é perfeitamente possível! – Ela bufou, deixando uma lágrima finalmente cair. – Ah! Eu desisto, sabia? Eu não consigo entendê-lo.

Numa carícia, Remo limpou o rosto dela e abraçou a amiga carinhosamente.

- Ah, Rachel...

XxXxXxX

Hermione conversava animadamente com Harry e Gina, quando viu entrar solitariamente na sala Severo Snape.

Pediu licença aos amigos, e se aproximou do obscuro homem. Ele se deu pela sua presença.

- Professor Snape?

Ele se virou, rosto com a mesma expressão que ele carregava desde os tempo de Hogwarts.

- Aparentemente, eu não sou mais o seu professor, srta. Granger.

A menina sorriu.

- Nem eu sou mais senhorita... ou Granger.

Ele bufou.

- O que você quer?

- Você não percebe que está a um passo de perdê-la?

Ele ergueu uma sobrancelha.

- Você perdeu a noção do perigo, menina?

- Professor, agora você não pode mais tirar pontos de mim, não é verdade? – Ele ficou calado, a expressão de desagrado crescendo em seu rosto. – Ela está disposta a te deixar, a menos que você faça alguma coisa.

- Eu não me lembro de ter pedido conselhos amorosos a você, Granger.

A menina olhou para cima e suspirou, buscando paciência.

- Professor, eu estou grávida, meus hormônios enlouquecendo, eu não quero ser grossa com você. Então, apenas me escute. Rachel jamais faria por qualquer outro tudo que fez por você. Ela deixou o futuro dela para ficar ao seu lado, e ela está frustrada. Ela quer casar, ter filhos, como qualquer mulher comum. E, se você não der isso para ela, ela vai começar de novo e procurar quem dê!

“Você já olhou para ela? Ela é simpática, linda, inteligente! Tem tudo para ter qualquer homem que queira e, mesmo assim, por razões que eu, sinceramente, desconheço, ela quer você... Mas não subestime o poder dela de esquecer e recomeçar... Apenas olhe para mim, e você verá que ter uma nova vida não é tão difícil quanto pregam.”

Ele a olhou por um momento, pensativo.

E, finalmente, disparou.

- Não que nada disso seja da sua conta, certo, senhorita Granger?

Hermione suspirou e disse, apenas.

- Não, não é da minha conta. Mas eu digo mesmo assim. E digo mais! Ela está, nesse momento, com Remo... Se eu fosse você, eu iria lá, a agarrava e faria logo as pazes... Remo é um ótimo homem, mas a amou muito... E ele está prestes a fazer uma grande mudança, deve estar com medo, querendo voltar ao passado... ela é o passado dele.

E saiu.

Ele passou um tempo considerando...

E decidiu que não faria mal apenas falar com Rachel.

Saiu da sala, caminhou naquela areia nojenta até a praia, debaixo daquele sol irritantemente quente.

E paralisou.

Sentados nas pedras, estavam Lupin e Rachel.

Ele segurava a mão dela.

Acariciava seu rosto.

E os dois se abraçavam apaixonadamente.

Ele não tinha que ficar e ver aquilo. Saiu.

XxXxXxX


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