A Outra Noiva do Lobo escrita por GabrielleBriant


Capítulo 5
Suíça




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CAPÍTULO V. SUÍÇA

Rachel suspirou e caminhou, de contragosto, até onde Severo estava.

Conversar com Lupin era, certamente, muito mais interessante do que ter que enfrentar a fera, mas, mesmo assim, era melhor que apenas fosse e falasse com ele... pelo velhos tempos. Simplesmente não podia ignorar a sua carranca.

Chegou lá.

Ele não disse nada, apenas se virou e andou, esperando que ela o seguisse... E ela o fez.

- Minhas malas?

- Já estão no quarto.

Ela respirou fundo.

Apenas pela maneira que ele falou aquilo, dava pra perceber que o humor dele estava insuportável.

Caminharam, até um quarto no primeiro andar da casa de praia.

Ela entrou. Ele fechou a porta vagarosamente... Perigosamente.

Rachel examinou o lugar.

- Nós vamos dormir aqui? Nós dois?

Ele assentiu lentamente, ainda com a mesma expressão fria de antes.

- Eu sei que não vai adiantar lhe pedir para dormir no chão, vai?

Ele negou.

- Você não vai falar nada?

Ele continuou.

Ela reprimiu um grito de raiva.

- Tá certo! Eu falo! Eu não estava fazendo nada demais, apenas conversando! Não que isso seja da sua conta, é claro, pois estamos SEPARADOS, se lembra? Remo, antes de meu ex-quase-marido, é o meu amigo, e eu converso e conversarei com ele! Lembre-se que ele vai casar! Nós só estava...

- Rachel.

- O QUE? – gritou, exaltada pela interrupção.

A irritante curvinha no canto da boca se formou.

- Me poupe.

Ela sentiu que aquela semana seria suficiente para contrair uma gastrite nervosa.

Respirou várias vezes e, lentamente, contou até dez.

- Se você não vai falar nada, quer sair da frente da porta?

Ele, com passos largos, caminhou até ela e entregou um pedaço muito amassado de pergaminho.

Rachel tomou da mão dele e passou a vista. Era o convite da Universidade de Genebra para participar de uma importante pesquisa.

- E...?

Ele disse, com os dentes cerrados.

- Quando é a partida?

- Sei lá!

E a epifânia.

- Ah, não! Você está assim comigo por causa disso? – riu, quase aliviada. – Ah, Severo, você é tão idiota!

Deu um passo à frente, ficou nas pontas dos pés e roubou um suave beijo dele.

E caminhou para a porta, rindo...

- Ah... Tão idiota, coitado...

Ele, espumando de raiva, segurou o braço dela, antes que conseguisse abrir a porta. Ela se voltou, agora o rosto revoltado.

- O que você quer agora?

- O que foi isso?

Ela riu, sarcástica.

- Você pelo menos pensava em me mostrar isso? Esse pergaminho? Se nós não tivéssemos brigado, você me mostraria?

Ele ficou calado, face contraída de ódio.

- Ou você decidiria por mim? Será que eu não sou grandinha o suficiente para fazer as minhas próprias escolhas? E você fica com raiva? O que é isso? O que eu te fiz? Você é que pensa que é meu dono! Eu é quem deveria estar puta, aqui!

Ele deu um passo à frente. Com a voz letal, disse.

- É claro que eu entregaria. Assim que você tivesse a decência de me contar que tinha se inscrito.

Mais risos sarcásticos.

- E você me conta tudo, não é? Mas eu não me inscrevi! Eu sequer pensei nisso! Esse emprego é uma surpresa para mim! Mas você não acredita nisso! É mais fácil pensar que eu queria me livrar de você e por isso procurei um emprego na Suíça!

Ele tentou falar. Ela interrompeu.

- E, se é assim, eu vou! Vou me livrar de você e deslanchar com a minha carreira, que tal?

Virou-se, para sair. E se voltou de novo.

- Mais que droga! Eu apostei em você! Eu amo você! Eu... eu fiz todo o tipo de sacrifício para ficar com você! – Se controlou para não deixar as lágrimas descerem. – Eu joguei o meu nome e a minha carreira na lama para ficar ao seu lado! Eu... matei! E estava disposta a morrer... Por você! DROGA!

E saiu, batendo a porta.

Ele, agora, não sabia se ainda estava com raiva.

XxXxXxX

Eles não se aproximaram no resto do dia.

Ele ficou o tempo inteiro no quarto, lendo e relendo relatório da administração da escola – o cargo de diretor de Hogwarts estava tomando muito do seu tempo.

A noite caiu... e, logo, a porta do quarto estava se abrindo, para uma Rachel sorridente, bem diferente daquela que tinha brigado há algumas horas.

Ela o olhou, sentado na cama, lendo.

Respirou fundo.

- Eu vou dormir. É melhor que você vá comer alguma coisa... você não jantou.

Ele se levantou da cama, pondo os pergaminhos de lado. A olhou por um tempo. E disse, finalmente.

- Quando eu chegar, eu conjuro um colchão, ou algo assim e durmo no chão.

Ela sorriu pesarosamente... Quem diria... Severo Snape, o grande herói de guerra, se submetendo à vontade de uma mulher...

Com a cabeça, negou.

- Não é necessário. Contanto que você não me incomode, ou tente alguma coisa, pode dormir na cama... Temos dividido o leito por tanto tempo... Não tem razão para você dormir no chão. Eu estarei completamente vestida.

Ele crispou os lábios.

Não correria o risco.

- Eu durmo no chão.

XxXxXxX

Na cozinha, ele apenas encontrou Remo Lupin, que fazia um pequeno lanche.

O lobisomem deu um de seus sorrisos simpáticos quando o viu adentrar no recinto.

- Quer? Sanduíche de geléia e manteiga de amendoim, com cerveja amanteigada... Calórico, mas delicioso.

Ele rolou os olhos... Mas aceitou.

O lobisomem começou a querer conversar...

- Rachel não parecia bem... Ela estava disfarçando, enquanto conversava com Fred e George, mas eu percebi... Ela passou o dia inteiro tristonha.

...e não podia ter assunto pior.

Ele crispou os lábios.

- E...?

- Como assim ‘e’, Severo? Vocês brigaram? Olha, se tem algo a ver comigo...

- Não tem nada haver com você. E nós não brigamos, nós rompemos. Não que isso seja da sua conta, é claro.

O lobisomem abaixou a cabeça e passou a mão na testa, cansado.

- Rachel é só uma amiga, Severo.

- Não interessa, ela não está mais comigo, pode fazer o que quiser. E, como já disse, não tem nada a ver com você. Você não é homem suficiente para tirar Rachel de mim.

Lupin suspirou, como se tentasse coletar paciência.

- Que seja. Mas Rachel ama você... Eu, mais do que ninguém, posso afirmar isso... Severo, o que aconteceu?

Snape se levantou jogando o resto do seu sanduíche no prato que estava no centro da mesa.

- Ela vai morar na Suíça. Isso aconteceu.

XxXxXxX

Rachel abriu os olhos, sentindo aquele peso em cima dela.

Era o braço de Severo, que se jogava na sua cintura, quase um gesto possessivo.

Olhou para o rosto do homem que dormia ao seu lado...

Era simplesmente impossível não... sentir.

Retirou o seu braço lentamente – ele gemeu e se virou para o outro lado. Levantou-se.

Tomou um banho, vestiu-se e desceu as escadas.

Era cedo.

Na sala, apenas Remo, lendo com muita atenção as noticias que o Profeta Diário trazia.

Rachel sorriu.

- Algo de interessante?

- No jornal, não. Mas Severo, ontem, me disse algo que, de fato, me soou muito intrigante.

Ela sentou-se ao lado dele. O barulho das ondas que batiam contra as pedras era forte.

- E eu posso saber o que foi?

- Que você vai para a Suíça.

Um assunto, no mínimo, indigesto, para àquela hora da manhã.

Ela mordeu o lábio.

- É, vou.

- Posso saber por quê?

Ela sorriu, triste.

- Ah, é uma pesquisa realmente importante... Para nós, que trabalhamos com poções, é importantíssima... Quem trabalhar nela terá sucesso, dinheiro e entrevistas pelo resto da vida, dando ela certo ou não.

Lupin segurou a sua mão.

- Você não acha que Severo tem fama, dinheiro e entrevistas suficiente para vocês dois?

Ela não segurou a risada. Só Remo para fazê-la sorrir num momento triste.

- O grande homem que passou de vilão supremo para herói de guerra? Sim, ele tem fama suficiente para nós dois. Mas é ele... Eu quero conquistar o meu espaço... Eu quero me firmar como um indivíduo e não como concubina do herói.

Ele elevou a mão dela até os seus lábios e depositou um leve beijo.

- Você tem certeza de que é só por isso?

Ela não mentia para ele. Era impossível.

Ele conhecia a sua alma.

- Não. Eu jamais o deixaria e partiria, de novo... Você sabe o que aconteceu da primeira vez que eu fiz isso... Foi só reencontrá-lo pra cair na cama dele e esquecer de que tinha uma vida muito boa. O problema é ele. Ele pensa que é meu dono... Talvez porque eu fiz tudo o que fiz durante a guerra... Ele pensa que eu sou um boneco, que ele controla...

“Você pode acreditar que ele não quis me contar da proposta? Se agente estivesse bem... E eu aposto que ele piorou a nossa situação para que eu aceitasse e fosse, ou algo assim... Ai, eu nunca vou entender aquele homem! Sabe, eu sei que ele quer voltar! Ele sabe que eu quero voltar! Então por quê...?”

Ele sorriu amigavelmente, enquanto Rachel não conseguia mais encontrar palavras. Passou o braço pelas costas dela, abraçando-a.

- E não dá pra contornar a situação? Ele gosta muito de você.

- Ficar com o Severo é um retrocesso, Remo! Quando eu estava próxima de me casar e ter filhos, ele me aparece e me faz retroceder para a posição de concubina. E, profissionalmente, eu saio da condição de auror respeitada para fora da lei procurada... – ela riu – Não era para ser. Eu já desisti. Vou tentar começar tudo de novo, se ainda der tempo, e tentar ser feliz longe de aqui... longe dele.

- E não há nenhuma possibilidade de você tentar ser feliz perto das pessoas que amam você?

Rachel mordeu o lábio.

Olhou no fundo dos olhos de Remo e disse, talvez movida pela raiva que estava de Snape, talvez pela profunda nostalgia que sentia todas as vezes que estava perto do seu ex-noivo.

- Existe sim, Remo. Mas essa possibilidade vai se extinguir nesse domingo, com um simples “sim” dito num altar.

XxXxXxX

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