A Serpente escrita por Heva Paula


Capítulo 6
Capítulo 6 - Inevitável


Notas iniciais do capítulo

Nada como de repente se surpreender com as pegadinhas que a vida oferece a você.



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Inevitável

Mas uma noite, em que senti seu corpo procurar o meu, Safia dormia profundamente em meus braços, eu estava prestes a fazer o mesmo, quando fechei meus olhos enxerguei a lembrança de Naíma minha jovem esposa, nosso casamento não possuiu grandes felicidades, ela foi uma esposa respeitosa e cumpriu com seus deveres, nunca me olhou com desprezo sempre me recebia com um sorriso que iluminava seu rosto, eu havia compartilhado com ela noites de muito calor entre nós e confidências ao pé do ouvido, com Naíma eu havia compartilhado todos os meus sentimentos, sempre fui o amante e o marido que ela precisou.

Fui acordado pelo meu celular, Safia não estava mais na cama:

- Alô!

- Não esqueça, almoço com o britânico ao meio dia não se atrase!

- Não se preocupe estarei lá.

- Você sabe como esses britânicos são, não costumam atrasar.

- Juan acalme-se eu estarei lá, agora se ocupe de trabalhar, estou indo para o restuarante do hotel e encontrarei você lá.

- Ok, e quanto a sua esposa Melanie gostariam de levá-la a um novo passeio.

- Verei se ela estará disponível – não gostava da ideia de Safia em um novo passeio – depois nos falamos preciso desligar, até logo.

Desliguei e fui para o banheiro, a porta estava trancada, bati algumas vezes:

- Safia esta tudo bem?

- Sim, estou tomando banho.

- Certo, usarei o outro banheiro.

- Sim. – sua voz parecia um pouco estranha, talvez ainda estivesse com sono.

* * *

Isto não podia esta acontecendo comigo, não comigo! Porque comigo? Por que agora? Não isso não estava acontecendo!? Sentei no chão do banheiro procurando acordar deste pesadelo. Era real? Para minha infelicidade era real, as lágrimas invadiram meu rosto, fiquei ali por uns minutos, que mais pareceram milênios, agora eu seria servida como prato principal para Badi, eu precisava me acalmar, ele já havia acordado e eu precisava me limpar, e reverter esta bagunça abri as pequenas portas e gavetas daquele banheiro em busca de absorventes eles teriam que ter, encontrei-os, tenho certeza que ninguém notaria se eu surrupiasse alguns para mim, eu precisava esconder esta descoberta, eu precisava esconder o máximo de tempo, de dias, de meses que eu pudesse, ninguém notaria, enfim isso tudo aconteceu durante meu banho.

Agi com o máximo de calma que consegui reverter para mim, por sorte mamãe sempre me ensinou tudo o que eu deveria fazer quando este dia chegasse, vesti minhas roupas me olhei no espelho mais uma vez precisava checar minha aparência, Badi não poderia notar, senão significaria que eu estaria perdida, tentei inspirar e expirar algumas vezes, eu precisava sentar ao lado dele e aparentar ser uma pessoa normal, eu conseguiria? Bem, ao menos eu tentaria.

- Você esta bem?

- Sim. – evitei olhar em seus olhos.

- Melanie gostaria de levar você para um novo passeio, você vai querer ir? – embora fosse uma bela oferta, eu teria de recusar.

- Não! – peguei um pedaço de pão para provar o carneiro.

- Isso é um alívio, não quero você andando muito com aquelas mulheres, não me interprete mal, mas eu mesmo gostaria de levá-la para um passeio comigo.

- Tudo bem.

- Você esta bem? – ele me observou mais uma vez, acalme-se não demonstre.

- Não dormir muito bem, estou com dor de cabeça é só isso.

- No banheiro, há uma pequena maleta de plástico lá terá algum analgésico, que irá ajudar você.

- Sim, obrigado por me informar, quando terminar de comer vou buscar um para tomar.

- Preciso ir estou atrasado, se alguma coisa acontecer me ligue, você tem meu número.

Ele se levantou vestindo seu paletó, observando-o por uma última vez, percebi o quanto elegante estava, um terno grafite, camisa azul, gravata, notei o quão belo estava, Badi notou que eu estava a admirá-lo, e sorriu:

- Se acontecer qualquer coisa...

- Eu ligarei, não se preocupe. – o interrompi antes que ele resolvesse ficar de uma vez.

Voltei ao banheiro e peguei o tal analgésico, já sentia pequenas pontadas em meu ventre, resolvi tomar antes que a dor pudesse aumentar, mamão costumava dizer que a dor às vezes chegava a ser insuportável, me deitei na cama ainda desfeita, senti o perfume dele nos lençóis, afundei minha cabeça e tentei sugar aquele cheiro, precisava acalmar meus nervos, meu corpo foi relaxando conforme eu sugava aquele perfume para dentro do meu ser.

Alguém estava pegando em meu cabelo, me fazendo despertar, aquele perfume citríco me avisava que só podia ser uma pessoa que estava me acariciando:

- Chegou cedo? – minha voz estava pesada.

- Cedo? São três da tarde! – me levantei rapidamente, sentindo ainda uma leve pontada.

- Ai!

- O que foi? – ele parecia assustado.

- Nada, só mal jeito – eu precisava inventar qualquer coisa – já é tudo isso?

- Sim, Genevieve me disse que você ficou no quarto o dia todo?

- Eu dormir o dia todo, talvez tenha sido o remédio.

- Você deve esta com fome, venha pedirei para Genevieve fazer algo para você.

- Obrigado, mas antes preciso ir ao banheiro.

Ele confirmou com a cabeça e saiu, precisei trocar de absorvente e tentar esconder todas as provas do meu pequeno segredo, enrolei tudo em papel higiênico, cheguei a sala, Badi estava sentado seus pés sob um pufe, suas mãos massageando seu pescoço, sentei em uma poltrona ao seu lado:

- Safia me faça uma massagem.

- Mas eu não sei fazer.

- Você aprenderá, venha.

- Mas...

- Já disse para vim. – seu olhar frio com um toque de manipulador estava a me encarar, levantei e sentei ao seu lado, ele afroxou o nó da gravata e a jogou no chão, depois começou a abrir os botões da camisa, isso me deixou um pouco nervosa – mas não demonstraria, não o deixaria pensar que suas atitudes podem mexer comigo – ele tocou em sua nuca:

- Comece por aqui – ele apontou para o contorno em sua nuca – me dê sua mão? – minha mão estava gelada – massageie bem aqui use as pontas dos dedos e seja firme.

Fiz o que ele me pediu, ele tirou a camisa e ficou de costas para mim, geralmente massagens eram feitas, com as pessoas deitadas, mas não seria eu que iria lhe dar uma sugestão dessas, continuei fazendo a massagem e ele ficava me dizendo “mais forte, ai, faça circulos” meus dedos já estavam doendo quando Genevieve avisou que minha comida estava pronta, agora eu massageava minhas mãos:

- Suas mãos doem?

- Não muito. – sentei a mesa e olhei para o grande banquete que havia sido preparado, às vezes eu pensava para onde iria toda nossa comida? Afinal eu e Badi não comíamos tudo, e sempre sobrava muito.

- Sua dor de cabeça passou?

- Sim.

- Ótimo, vou levá-la para jantar comigo.

- Onde?

- Não se preocupe apenas esteja pronta as nove. – ele se levantou – agora preciso ir checar umas coisas do hotel vejo você mais tarde.

E agora para onde nós iriamos? O que eu deveria usar? Afinal eu teria de saber! Fui ao quarto procurar alguma roupa mais formal, Ester não poderia me decepcionar, afinal ela preparou tudo isso! Encontrei uma calça de alfaiataria e uma camisa de seda, esta roupa teria de me ajudar, peguei também um casaco vermelho – afinal se saíssemos teria de me agasalhar – peguei um cachecol e juntei as outras peças, agora eu precisava tomar banho e secar meus cabelos, para onde eu iria? Talvez apenas jantariamos no restaurante lá em baixo.


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