Safia estava tão calada, talvez fosse cansaço, o médico nos informou que Said permanecerá por mais umas horas, somente por rotina, enfim ele era um homem idoso, precisava de cuidados, quando chegamos em casa Safia jogou a gargantilha em nossa cama?

- O que houve?

- Nada, estava apenas sufocada. – ela soltava o coque que prendia seus longos cabelos.

- Você esta bem? – eu a observei enquanto andava de um lado, pegando roupas limpas e colocando-as em seu ombro.

- Sim. – eu segurei em sua cintura e encostei meus lábios em sua nuca.

- Que tal terminarmos o que começamos?

- Não sei do que esta falando? – o que estava acontecendo, cade minha esposa? Cade a Safia que se entregava sensualmente, em meus braços?

- Safia olhe para mim? – eu a segurei firme – o que esta acontecendo?

- Nada. – ela me encarava, mas seus olhos não possuiam brilho, pareciam distantes.

- Se você esta irritada por eu ter levado você ao hospital para ver Said...

- Foi bom visitá-lo, sempre gostei do seu tio, ele é um bom cliente do meu pai.

- Então o que há com você? – eu a sacudi.

- Badi, tudo isso! Esse casamento... É uma farsa! – porque Safia agia assim? – vivemos uma mentira.

- Safia eu não estou entendendo há poucas horas tudo estava tão bem.

- Acabou! – fiquei incredulo – eu tentei, mas não adianta, eu não sinto nada por você.

- Safia você enlouqueceu? – caminhei em sua direção.

* * *

- Eu menti! – ele parou, minha garganta arranhava, mantive minhas lágrimas seguras, escondidas no fundo da minha alma – eu menti, meu sangue já havia decido há muito tempo.

- Saf.. – sua voz cortou.

- Eu consegui manter tudo em segredo, não queria você tocando em mim, eu tenho nojo de voc... – continue por favor! Eu estava morrendo por dentro – eu o desprezo! Se cedi foi por pena, talvez gartidão, afinal... Passei dias felizes ao lado da minha família.

- Sua serpente! Eu amaldiçou sua vida! Naíma estava certa! – Naíma, por que este nome tinha o poder de ferir profundamente meu coração?

- Eu tentei avisar, você fingiu não ouvir! – continue, seja forte! Eu repetia, sempre e sempre.

Em um momento de furia Badi arrancou bruscamente meu bracelete, a jóia que eu mais amava nesta vida:

- Seu animal! – um estalo forte em minha face me derrubou grosseiramente no chão.

- Junte seus trapos, eu quero você fora da minha casa! – a porta se chocou abruptamente, me assustando, sua ira me atingiu em cheio, eu merecia aquele gesto? A dor em minha face jamais poderia ser comparada ao sofrimento da minha alma.

Deitei naquele chão, minhas lágrimas não cessavam, eu estava no inferno! Eu havia descido mais do que esperado, mas meu propósito continuava firme, eu não merecia este homem, juntei as peças do meu bracelete, o coração em diamante, o coração de Badi não me pertencia mais.

* * *

O sol brilhava em meu escritório, cada músculo do meu corpo doía como se uma surra eu tivesse levado, minha mão queimava, o que eu fiz? Me deixei levar pela minha brutalidade, nunca em nenhum momento da minha vida eu havia agido assim, Safia me deixou descontrolado, quem era esta mulher? Eu jamais a conheci!

- Alô! – minha mão tremeu ao fazer esta ligação.

- Como vai Nabih?

- Muito bem genro!

- Precisamos conversar, quando posso encontrar você? – meu nervosismo estava contido em minha voz.

- Agora se desejar!

- Esta bem, irei mandar buscá-lo, quero que venha à minha casa.

- Sim, como desejar.

O que eu estava fazendo?

“Acredite o fim chegou, era apenas isso”.