Num laboratório fechado só algumas luzes verdes e azuis iluminavam na escuridão. O som de bips e de águas em movimento. Tubos elétricos encaixavam-se naquela imensa incubadora vertical de vidro onde um ser estranhamente perfeito e complexo estava submerso na água até no topo.

 Seus olhos estavam fechados e os meus atentos aquela imagem estranha, era como homem e não era ao mesmo tempo. Desde o dia que eu e a minha equipe de cientistas o encontramos venho visitando-o todas as noites quando o laboratório confidencial fecha.

 Ele talvez não saiba que eu estou aqui todo esse tempo, mas eu me sinto ligada a ele de alguma forma e por isso não consigo deixá-lo.

 Descobri esse ser é um híbrido, tem DNA Humano e alienígena. Tudo aconteceu numa noite chuvosa perto do lago da cidade que é cercado por imensas árvores e por isso as pessoas que passam na estrada que estava acima nunca o viram lá. Naquela noite eu passei por lá para tirar uma amostra da água e vi essas mãos enormes de fora da água.

 Sua pele é gélida e escorregadia num tom azulado bem claro, quase cinza. Depois que a minha equipe voltou para perto de mim o trouxemos para cá e desde então já se faz um mês e ele nunca abriu os olhos.

 As máquinas mostram que está vivo, para mim está meio-morto, mas ainda assim espero que ele abra os olhos e se comunique de alguma forma.

 Só não entendi uma coisa... Nos jornais há semanas anteriores, havia a noticia que um homem atacava as pessoas que tentassem nadar nesse lago da cidade. Ele fingia estar desmaiado e quando alguém entrava na água ou se aproximava da beirada rapidamente era atacado e sua pele aonde ele tocava ficava com marcas de queimadura e até algumas vítimas foram mordidas. Quando o encontramos sabíamos que ele era o tal homem do lago, vi vestigios de sangue nos lábios, mas eu me aproximei e me atrevi a tocá-lo e nada aconteceu desde então.

 O que houve para ele não me atacar?