Fantasmas do Passado escrita por GabrielleBriant


Capítulo 9
Meu Lorde Voldemort




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CAPÍTULO IX. MEU LORDE VOLDEMORT

Já se haviam passado mais de dois meses da “morte” de Guinevere Chatèau-Briant.

Elizabeth continuava naquela pousada que, por causa do dinheiro dado por ela, já não era mais tão pobre assim. Tinha conquistado a amizade dos dois atendentes... E a recíproca era verdadeira. Sendo assim, a sua estadia lá como um agradável período de férias...

A única coisa que a incomodava era que os dois passavam o tempo inteiro insistindo em devolver o resto do dinheiro que Elizabeth tinha dado. Enquanto ela, sem saber o que fazer com dinheiro trouxa, tentava fazer com que eles aceitassem o resto do dinheiro.

Mas ela já tinha ficado por tempo demais naquelas férias. O Lorde das Trevas provavelmente já sabia da sua repentina volta e, se ele viesse ao seu encontro, não iria a perdoar. A única maneira de não morrer era voltar para ele... De livre e espontânea vontade.

Ela terminou de se vestir. O couro negro desenhava o seu corpo lascivamente. Colocou um pesado casaco da peles, também preto. Desceu as escadas. Os dois atendentes que, como de costume, estavam bebendo conhaque e jogando cartas sorriram ao vê-la.

- Elizabeth, querida! Que tal uma partidinha?

- Não. Er... Vladimir, Leon, eu temo que tenha que partir.

- E podemos saber para onde vai?

- E quando volta?

- Primeiro, não, vocês não podem. Segundo, eu creio que nunca volte... Mas, olha... Se eu pudesse ficar, Deus sabe que ficaria! Eu juro!

Os dois se levantaram e deram vários beijos e abraços em Elizabeth.

Agora só faltava partir... Já estava com as malas prontas e a despedida já fora feita.

Sorriu ao imaginar a cara dos dois quando vissem o presentinho que ela deixou para eles: Em cima da cama, num envelope, deixou todo o resto do dinheiro trouxa que tinha – e não era pouco –, com um bilhete que dizia: “Meus amigos, vocês precisam disso aqui bem mais que eu. É o meu presentinho de despedida! Sejam felizes! Beijocas, Elizabeth Riddle. P.S.: Pelo amor de Deus, troquem as instalações elétricas!”. Assim que ela saiu da pousada, desaparatou.

XxXxXxX

Elizabeth aparatou na antiga casa dos Riddle. Escutou barulhos vindos do quarto do primeiro andar. Logo depois, viu uma cobra indo ao encontro dela.

- Tem alguém no primeiro andar? É o Lorde das Trevas?

A cobra não respondeu. Apenas deu a volta e começou a rastejar em direção ao quarto. Elizabeth achou melhor segui-la.

O quarto era escuro... Não lembrava em nada o lugar no qual ela passou anos de sua vida. No canto o quarto, uma pessoa – ao que parecia – estava sentada numa velha poltrona, iluminada apenas pela fraca luz da lareira.

- Eu sabia que você viria, Elizabeth.

- E por isso o senhor não me seguiu.

- Exatamente. Dezessete anos, Elizabeth... Ainda faltava um ano para a minha queda... Você deveria ter ficado ao meu lado... Você me prometeu isso, lembra-se? – Ele começou a se levantar lentamente. – Sabe, agora eu estou um pouquinho diferente...

Elizabeth deixou escapar um gritinho agudo. Em seguida, levantou as mãos à boca e paralisou de medo. Sua respiração se tornou falha.

Onde estava o belo jovem com quem ela se casou? Como ele poderia estar tão diferente? Extremamente magro e branco... Olhos vermelhos... Fendas no lugar das narinas... Pupilas, só agora ela percebeu, tinham forma de fendas. Ele estava asqueroso! Ele se aproximou, cheirando o pânico de Elizabeth.

- O que foi? Não gostou do meu novo visual? – Nenhuma resposta. Ela ainda fitava aquele “rosto” apavorada. Lutou para que ele não percebesse que os seus olhos estavam marejados. – Sabe, Elizabeth, eu deveria te matar. É exatamente isso que você merece. – Ele encostou a varinha no ventre de Elizabeth. – Crucio.

Caiu ajoelhada no chão. Ela sentiu milhares de punhais em brasa penetrarem cada pedacinho do seu corpo. Quanto tempo àquela agonia durou? Talvez, para uma pessoa que acompanhasse tudo friamente, poucos minutos. Mas, para ela, foi uma eternidade.

E, de repente, tudo parou. Ela respirou fundo, tentado controlar o ritmo da sua respiração. Cada centímetro do seu corpo doía. Ela, ainda ajoelhada, foi beijar os pés de Voldemort.

- Eu sinto tanto, Milorde! Eu... estou arrependida! Sinceramente – A necessidade fez com que o ato de mentir parecesse algo normal para ela, mesmo depois de tanto tempo. – Perdoe-me! Misericórdia! Misericórdia!

Voldemort riu escandalosamente. Mas não era um riso de alegria... Aliás, não carregava emoção nenhuma. Ela começou a ficar ainda mais desesperada. Sem aviso, ele a puxou pelos cabelos. Ela se ergueu.

- Lorde Voldemort NÃO sabe o que é misericórdia! Mas teremos uma conversa civilizada. Sente-se. No chão. – Ele voltou para a poltrona, com um semblante extremamente calmo. Sentou-se e ficou encarando Elizabeth. Ela ia falar alguma coisa, mas ele interrompeu. – Por onde estava todos esses anos?

- Nenhum lugar fixo. – Mais uma vez, mentiu. – Andei por vários lugares. Visitei o mundo inteiro.

- Só que, dessa vez, eu não fui o seu guia. – Ela ia responder, mas, mais uma vez, ele não deixou. – Última vez que consegui invadir a sua mente, estava com Dumbledore. Por que?

- Foi quando visitei Londres. – Talvez o cruciatus tenha devolvido a ela a capacidade de pensar rápido e mentir com facilidade. – O velho idiota quis saber os seus planos e me chamou. Desistiu ao acreditar que não estava mais com você.

- E antes de vir pra cá, estavas na Rússia...

- Sim, em Nizni. Mas agora estou com você.

- E por que você foi embora?

As más lembranças trouxeram uma onda de irritação que, talvez, não pudesse existir.

- Ah, tá! Quer dizer que você não sabe...? Ou não lembra? Deixe que eu refresco a sua memória. – A voz dela aumentava gradativamente. – VocÊ MATOU...

Ele interrompeu calmamente.

- Você me traiu, Elizabeth. Ninguém trai Lorde Voldemort e sai vivo para contar a história. Você pode se considerar uma mulher de sorte.

- FOI APENAS UMA NOITE! – Mas uma vez, ela mentiu.

- Foi o suficiente! CRUCIO!

Mas uma vez, Elizabeth pendeu ao chão, se contorcendo de dor. Dezessete anos atrás, ela nem sentia um cruciatus – o que, aliado à sua frieza ao matar, fazia dela a melhor comensal que Voldemort já tivera. Mais uma vez, a dor parou de repente. Um filete de sangue escorria pela sua boca. Tentou se levantar. Cambaleou muito antes de conseguir. Quase não teve voz para falar.

- Você... me traia... todas as noites!

- Eu podia. Você, não. – encerrou a discussão. – Por que voltou?

- Porque eu sou muito burra, e levei dezessete anos para perceber que não podia te trair.

- Ah, Elizabeth... – Ele se aproximou dela. – Bem vinda de volta, meu amor! – Ele falou essas palavras com muita ironia e desprezo. – Mas, dessa vez, seja uma boa cadelinha.

Apenas agora ele viu que ela não tinha mudado absolutamente nada... Sempre sexy... Um mínimo sutiã, que evidenciava seus seios, a barriga toda à mostra, como sempre, delicada... Perfeita. Seria muito bom tê-la de volta...

Com um dos anormalmente longos dedos, Voldemort tocou o rosto de Elizabeth. Ele cravou a unha longa e afiada nele e começou a deslizar, fazendo um finíssimo corte. Este desceu pelo pescoço e colo. Quando se aproximou dos seios, ele parou de arranhá-la. Pousou a mão no seio esquerdo e o apertou.

As lágrimas voltaram aos olhos de Elizabeth, mas ela não podia demonstrá-las. Conseguiu contê-las até o momento em que ele a beijou. A língua dele não era normal, mas uma coisa que lembrava a de uma cobra. O seu hálito era sepulcral. A vontade de vomitar era quase incontrolável. Ela queria bater nele. Torturá-lo. E, por fim, matá-lo. Mas não podia fazer nada daquilo. Estava condenada àquele “homem”. Apenas se sujeitou. Deixou-se levar.

Ele retirou a blusa dela. Começou a sugar seus seios. Ela gemeu de asco... Esperou que ele o interpretasse como uma expressão de prazer... Como se isso fosse possível. Não pode mais conter a cascata de lágrimas.

- Chorando, Elizabeth? Medo?

- Não, milorde. Eu senti a sua falta.

Ele a deitou e a usou como quis durante o tempo que quis. Ela pensou em quanto tempo teria que suportar aquilo. Ela não se lembra de jamais ter se sentido tão suja.

XxXxXxX

DUAS SEMANAS DEPOIS.

Snape estava cada vez melhor. Tentando viver, apenas. Já não se lembrava tanto de Elizabeth. Conseguiu muito bem bloquear todos os seus sentimentos. Aliás, ele só pensava nela quando chegava ao seu quarto. Por que diabos aquele lugar ainda tinha o cheiro dela?

Deitou-se. Sentiu o aroma que o seu travesseiro exalava. “Essência Elizabeth”, ele pensou. Fechou os olhos e se lembrou da noite de natal.

Mas as boas lembranças foram impiedosamente interrompidas por um ardor no seu braço esquerdo. A marca negra. Ultimamente, ele estava muito ativo. Respirou fundo e se levantou. Colocou as poções revigorantes num lugar fácil. Usou uma passagem secreta para sair dos territórios de Hogwarts.

XxXxXxX

A roda de Comensais já estava completa. Somente então, saíram da antiga casa dos Riddle duas pessoas. Voldemort e outro comensal. Este estava vestindo uma longa capa preta que cobria todo o seu corpo e rosto. A capa, aparentemente, era fechada apenas por um laço localizado na altura do pescoço, entre o capuz e o resto da vestimenta.

- Meus fies Comensais – Falou Voldemort, com uma voz bem menos fria que o normal. – Eu tenho o prazer de mostrar para vocês, mais uma vez, a melhor Comensal que já tive.

Ele se colocou atrás do Comensal misterioso. Desatou o delicado laço e deixou a capa preta deslizar pelo corpo da pessoa. Snape teve que dispor de todo o seu sangue-frio para continuar com a expressão inalterada. Era Elizabeth. Exatamente como quando ele havia a conhecido. Ele sentiu o coração falhar.

- Aliás, ela é tão boa, que virou minha mulher! Aos novatos, apresento a única Lady Voldemort! – Vários Comensais comentaram e aplaudiram, em êxtase. Bellatrix quase desmaiou de tanta emoção. – Vamos, tirem suas máscaras! Mostrem-se!

Todos obedeceram. Com uma expressão dura – adquirira devido ao sofrimento dos dias passados, ela encarou todos os Comensais, analisando-os. Quando chegou a Snape, porém, desviou o olhar. Ele não. A encarava com um olhar frio. Ela se sentiu incomodada. Invadida.

- Milady... – Disse Voldemort. – Quero ver se as suas... habilidades orais continuam boas. Vamos, não seja tímida. Intimide um dos meus Comensais... Você era tão boa nisso.

- Com prazer, Milorde. – Elizabeth foi ao centro da roda e olhou para o mais covarde dos Comensais. – Pettigrew, venha aqui! – O Comensal ficou branco. Tremendo, foi ao centro da roda. – Ajoelhe-se! – Ele obedeceu imediatamente. – Pedro, você ajudou muito o nosso mestre. Trouxe-o de volta a vida... Traiu Potter para ficar ao nosso lado, não foi? – Ele deu um largo sorriso e assentiu. Elizabeth também sorriu, maldosa. – Porém, você fez tudo isso por medo! E medo, Pedro, é algo que eu não suporto. – O sorriso dele se desfez. Agora começava a entender o que estava para acontecer. – Sabe, Pedro, eu vou te fazer uma pergunta. – Se agachou e colocou o seu rosto muito próximo ao de Pettigrew. – Você tem medo de mim, Pedro? – Ele achou melhor sinalizar um “não” com a cabeça. O sorriso dela se alargou, cada vez mais malicioso. – Você deveria. CRUCIO!

Pettigrew gritou e se contorceu. Ela estava achando ótimo descarregar suas raivas e frustrações em alguém que realmente odiava. Depois de alguns minutos de pura diversão, ela parou. Ele ficou no chão, se tremendo.

- Se algum dia você pensar em mudar de lado novamente, Pedro, Lembre-se de mim... E do que eu posso fazer com você. – Ela se virou com um sorriso de pura satisfação no rosto. – Isso é tudo, Milorde.

- Obrigado, Milady. Ainda não perdeu a prática! – Ela sorriu em agradecimento. – Então, hoje está acontecendo uma... rave... um tipo de festa para trouxas adolescentes... em 52,3645º Norte, 34,8942° Leste.

- É em algum lugar entre Moscou e o fim da Polônia.

- Mais uma vez, obrigado. Então... Vamos lá. Acabar com a festa!

XxXxXxX

Música muito alta e vários jovens trouxas bêbados. Essa era a descrição perfeita do lugar. Pareciam loucos! Porém, mais loucos ainda eram os comensais, que já chegaram matando e torturando... E roubando a bebida dos jovens. Elizabeth já tinha abatido três quando sentiu alguém puxar o seu braço. Era Severo.

- Precisamos conversar.

- Espere! – Ela viu um revolver no chão. – Accio revolver. – A arma trouxa foi direto para as suas mãos. Apontou para o seu próprio estômago e atirou. Suprimiu um grito e caiu no chão. Jogou a arma e colocou as mãos no ferimento. – Pronto! Finja que está cuidando de mim!

- O que diabos você está fazendo aqui? Viva! Você tem idéia do que eu passei com a sua morte?

- Primeiro: Quer fazer o favor de tirar essa bala de dentro do meu estômago? Eu ainda preciso do meu sangue para sobreviver, sabia? – Mesmo espantado com a rispidez de Elizabeth, Severo começou a cuidar do ferimento. – E Segundo: Por favor, procure entender! Eu passei sei-lá-quanto-tempo vivendo com o Lorde das Trevas! Como você queria que eu simplesmente esquecesse? – Mentir para Severo era ainda mais difícil do que dormir com Voldemort. – E, além disso, matar está na minha natureza! Você sabe disso melhor do que ninguém! Eu preciso dessa vida!

- E tudo que nós vivemos? Foi nada?

- Claro que foi! Mas foi só uma paixonite! Já foi! Já passou! Agora eu estou com quem eu AMO!

- Eu... – A voz dele falhou. Ela teve que usar todo o seu cinismo e autocontrole para não pular no pescoço dele e fugir dali. – Eu não acredito em sequer uma palavra do que você falou.

- Pois deveria! É a mais pura verdade! Severo, convenhamos, o que nós vivemos foi apenas uma paixão adolescente! Eu só fiquei com você... Só dormi com você, para ter certeza de que não o amava mais! Por favor, encare a realidade! E a minha barriga já não está doendo mais! – Ela se levantou. – Vamos matar alguns trouxas?

Snape a olhou, incrédulo. Então era verdade? Sentiu uma onda de ódio correr pelas suas veias. Matou mais que o de costume naquela noite. A frustração dela também se refletiu em mortes. Sangue frio.

XxXxXxX


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