Fantasmas do Passado escrita por GabrielleBriant


Capítulo 5
Bom Natal




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CAPÍTULO V. BOM NATAL

Guinevere finalmente acordou. Era dia, o sol a incomodava. Sentou-se. As costas doíam. Não reconheceu de imediato que estava na ala hospitalar de Hogwarts.

Resmungou, sentindo a garganta seca.

Madame Pomfrey abriu as cortinas do leito de Guinevere, entregando-a um sorriso acolhedor.

- Professora Chatèau-Briant! Finalmente... Depois de dias!

- Dias! – Guinevere se assustou. Tentou se acalmar. – Quantos dias?

O sorriso se alargou.

- Já estamos na véspera do natal, professora! Você acordou bem no dia da festa!

Um gemido veio do leito ao lado do de Guinevere. A enfermeira rolou os olhos.

- Ah, mas que molenga esse Malfoy! Desculpa professora, mas vou ter que ver o que Draco quer dessa vez. Fique deitada, você precisa de repouso.

Repouso? Mas não fora ela mesma que tinha dito que Guinevere passara dias dormindo? Sem se importar com as recomendações da curandeira, se levantou, pegou uma roupa, e rumou para o salão principal.

XxXxXxX

O salão principal de Hogwarts talvez nunca estivesse tão apinhado de alunos na época das festas quanto naquela vez. Embora a solidão não fosse algo que lhe despertasse interesse, Guinevere se viu incomodada com tantos olhares focados nela e tantos murmúrios onde se escutava claramente o seu nome.

Respirou fundo e procurou ignorar, se encaminhando lentamente para a mesa dos professores, para receber as “boas-vindas” de Dumbledore.

- Vejo que você finalmente acordou, Gwen. Sorte que há tempo para a ceia.

Guinevere tomou o seu lugar ao lado de Snape, antes de responder; tentava firmemente não olhá-lo.

- Obrigado, Diretor, mas eu receio que não possa ficar para a festa. Pretendo ir, essa noite, para a França. Você sabe! – Abriu um sorriso iluminado. – Natal sem os filhos não é natal!

O velho suspirou.

- Entendo. Mas é uma pena. E acho que todos nós concordamos, não é, Severo?

Ele apenas olhou para Dumbledore e assentiu. Nenhuma emoção poderia ser vista com aquele ato... Talvez ele já tivesse esquecido o beijo que trocaram...

- Bom – Guinevere tentou, mais uma vez tirar os seus pensamentos do homem ao seu lado. – Só deixarei o território de Hogwarts por volta das onze da noite. Como vocês vão se reunir às oito, eu venho passar umas horas com vocês. E voltarei para a festa de ano novo. Mas pretendo passar esse meio-tempo com meus filhos, se não houver problemas.

- Você pode ficar na França o tempo que quiser, Gwen.

XxXxXxX

As malas já estavam quase prontas, quando uma batida na porta interrompeu a sua atividade. Guinevere suspirou, pronta para ignorar. Não pararia o que estava fazendo para atender ninguém!

Porém, aquele que estava do outro lado da porta não esperava consentimento. Abriu-a.

- Você está muito ocupada?

Era Severo.

- Posso entrar?

Guinevere fechou os olhos e respirou fundo, procurando uma ponta de controle. Virou-se, trêmula.

- Er... Eu... É... Sim! Claro! – Guinevere finalmente acalmou-se um pouco. – Entra.

- Obrigado.

Ele, sem cerimônias, acomodou-se numa confortável poltrona.

Guinevere sentou-se de frente para ele.

- Quer beber alguma coisa?

- Não! Quero ser direto, apenas. Elizabeth, você realmente pretende passar pelo salão principal hoje?

Ela franziu o cenho. Sorriu, nervosa.

- Claro! Não seria de bom tom sair sem falar com ninguém.

Ele suspirou, paciente.

- Você soube que Draco Malfoy está doente?

- Ouvi algo da boca de Pomfrey.

- Ele não irá passar o natal em casa. Lizzy, você realmente acha que Narcissa vai deixar o filho passar o natal sozinho, principalmente agora, que Lúcio está em Azkaban?

Foi como se o tempo tivesse suspenso. O ar fugiu dos pulmões dela, o coração desacelerou. O nó na garganta a sufocou. A lágrima caiu, apesar do esforço para segurá-la.

As mãos quentes de Severo abraçaram as suas, num ato de consolo.

- Ela não vai lhe reconhecer. Se tranqüilize. Apenas avisei para que você não fosse pega de surpresa.

- Severo, eu não estou tão diferente assim!

- Talvez não – ele continuou, sem nunca perder a racionalidade. – Mas ela pouco lhe viu sem máscara! Lembre-se que o que lhe marcava eram seus cabelos e seus olhos... Eles estão bem diferentes... Além do mais, o que você vai vestir?

Ela deu de ombros, como se aquilo fosse o menos importante.

- Um vestido de trouxa.

- Viu? – As mãos apertaram ainda mais as dela. – Provavelmente nem lembra o couro preto que você usava anteriormente.

- Você me reconheceu.

Uma sombra se apoderou dos olhos dele. Severo soltou as mãos dela e se recostou à cadeira, ficando o mais longe possível de Guinevere. Ela quase sentiu a urgência de voltar a chorar.

- Como não reconheceria, considerando o que eu sentia por você? E, mesmo tendo a amado e conhecido cada centímetro do seu corpo melhor que qualquer um, eu apenas pude dizer que era, de fato, você, no momento em que a beijei.

Ela não encontrou palavras para aquilo... Para o modo em que ele pôs o caso deles... passado. Encerrado para sempre. Ele a amava, não ama mais.

Agradeceu aos céus quando ouviu as batidas na porta.

- Entre. – Ela quase sussurrou.

A porta se abriu, para Dumbledore, que colocava apenas a cabeça dentro do quarto, dando uma breve espiada. Sorriu, maroto.

- Atrapalho?

- De modo algum, professor! – ela tentou sorrir. – Entre!

O velho olhava para o casal com os olhos cintilantes. Disse.

- Eu vim para alertar você da presença de Narcissa Malfoy, Elizabeth, mas, a julgar pelo fato de Severo estar aqui, creio que você já deve ter sido avisada.

- Já. Severo estava, inclusive, me tranqüilizando, dizendo que ela não vai me reconhecer.

- E eu concordo com ele. – sorriu o velho diretor. – Agora, que tal um chá para nós três?

E assim se passou o resto daquela tarde.

XxXxXxX

As oito e dez Guinevere chegou ao salão principal, atraindo, mais uma vez, olhares dos homens do salão. Mas em especial de um homem: Snape não conseguia tirar os olhos dela.

O vestido de um veludo azul-marinho desenhava todas as curvas do seu corpo. O salto branco a deixava ainda mais notável. Os cabelos ruivos estavam presos num discreto coque que, por sua vez, era sustentado por uma tiara incrustada de diamantes. Diamantes que também eram encontrados no seu pescoço e colo, num riquíssimo colar.

Snape lembrou com nostalgia que em apenas em uma ocasião ela ficava mais bonita do que estava hoje: Na cama. Após uma noite de amor. Ele quase podia sentir o cheiro dela. Deitada na cama, nua e suada. Alguns fios de cabelo caídos no seu rosto, um sorriso de satisfação e um olhar apaixonado. Ele se arrepiou com a lembrança.

- Boa noite a todos.

As respostas vieram tanto dos alunos quanto dos professores. O fato de que ela não cearia foi exposto e os motivos explicados por Dumbledore... E, em seguida, ainda antes de Guinevere sentar-se à mesa, foi apresentada a Narcissa Malfoy.

As horas se passaram rapidamente, e foram bem mais agradáveis do que Guinevere poderia pensar ser possível. Narcissa não a reconheceu. Na verdade, nem prestou atenção à ela, já que não desgrudava de Draco por um segundo sequer.

Assim que o relógio finalmente marcou onze horas, Guinevere anunciou a sua saída. Mas ela não iria sem acertar as contas com Severo. E sabia bem qual era o melhor lugar para que eles ficassem bem.

- Professor Snape, a minha filha mais velha está um pouco gripada... Eu estava imaginando se você teria alguma poção para isso.

Ele franziu o cenho.

- Tenho, sim, srta. Chatèau-Briant. Está na minha sala, no armário maior. A srta. sabe a senha e a poção está rotulada. Pode pegá-la.

Sorriso nervoso.

- Er... Mas... Bom, eu gostaria de ver o senhor fazê-la. Sabe, eu não sou muito boa em poções... Gostaria de aprender a fazer pelo menos essa.

Snape olhou um pouco a mulher e se levantou. Não era isso que ela queria, percebeu. Fazia poções tão bem quanto ele. Decidiu apenas segui-la e descobrir o que ela queria.

XxXxXxX

Nenhuma palavra foi trocada até que chegassem às masmorras. E, quando finalmente chegaram, elas se tornaram desnecessárias. Guinevere deixou que a emoção tomasse conta dela e roubou um beijo do seu amado. Um beijo que não lhe foi negado.

Os corpos, mais uma vez famintos, se apertavam contra a porta.

Toda a sensatez se foi.

Com a voz rouca, Snape perguntou.

- Para o quarto?

- Como nos velhos tempos!

Os corpos se separaram, enquanto ele, como um cavalheiro, abria a porta dos seus aposentos para Guinevere entrar. Os olhos nunca se desligando. Entraram. A porta foi empurrada.

O contato, finalmente. As suas mãos desceram para a perna dela, levantando lentamente seu vestido até que o contato com as nádegas fosse finalmente possível. Os braços dela se voltaram no pescoço dele. O impulso que ela deu com os pés coincidiu com o momento em que ele aplicou força para levantá-la, como se aquilo tudo fosse ensaiado. Ela enlaçou as pernas no quadril dele. Ainda sem deixar de se olharem, Guinevere deu um tímido beijo em seus lábios.

E, enfim, eles se sentiram livres para se beijar... De verdade, como no passado.

O caminho da cama pareceu uma eternidade entre os beijos que há tanto queriam trocar.

E, quando finalmente chegaram ao destino, ele a depositou na cama com cuidado e acariciou o rosto daquela mulher que sempre fora a dona dos seus sonhos e pensamentos... embora ninguém soubesse.

Ela sorriu e sussurrou.

- Feliz natal!

- Esse é o presente?

- Sim. Desfrute.

E os dois se beijaram intensamente, esquecendo de tudo que estava lá fora, procurando apenas recuperar os longos anos de separação.

XxXxXxX

Na mesa dos professores, as pessoas animadas passavam alheia ao que ocorria no quarto... Ninguém dera por falta dos professores. Até Narcissa Malfoy, entediada com o assunto, fazer a sua observação.

- Já faz quase uma hora que o Severo saiu.

- É verdade – disse Flitwick – Acho que vou ver o que está acontecendo... A poção que ele foi fazer deveria ficar pronta em apenas três minutos...

Narcissa sorriu, prestativa.

- Pode deixar, professor. De todos aqui eu sou, provavelmente, a mais próxima a ele. Eu vou lá.

Sem nem dar tempo para alguém responder, Narcissa deixou a mesa e se encaminhou até as masmorras. Entrar foi fácil, já que a porta estava apenas encostada. Difícil foi ignorar os ruídos bastantes suspeitos vindos do quarto.

XxXxXxX

Eles ainda estavam entorpecidos pelo prazer quando Guinevere viu, para o seu espanto, a hora.

- Sev – Ela se virou para poder beijá-lo. – Está tarde. Infelizmente tenho que ir agora.

- Não... – Ele se colocou em cima dela e deu vários beijinhos nos seus lábios e pescoço, enquanto acariciava as suas coxas – Agora não!

- Mas eu tenho que ir! – Os beijos desceram para os seus seios. Ela gemeu. – Sev, eu... – Outro gemido. – Se você continuar assim eu vou me atrasar, e meus filhos vão me encher de perguntas.

- Tá bom! – Ele suspirou alto antes de olhar Guinevere nos olhos – Então nós vamos ter que nos vestir.

- É...

- Não antes de um beijo.

Guinevere não pode evitar o beijo, mas teve cuidado para não se deixar levar pelas tentativas de Snape. Finalmente, ele se cansou e deixou que ela se levantasse, fazendo o mesmo em seguida.

- Severo, sobe o zíper do meu vestido, por favor.

- Tá – Ele colocou as mãos na cintura dela e começou a beijar seu pescoço.

- Sev...

- Lá fora eu fecho!

Ela se deixou ser conduzida até a sala com o zíper aberto. Apenas não esperava encontrar Narcissa, que os esperava com um semblante bem malicioso.

- Você, como sempre, sedutor, não é, Severo? – Ela se aproximou dele bem devagar, mantendo o sorriso lânguido, enquanto ele se apressava em fechar o vestido de Guinevere. – Se você tivesse me avisado, faríamos uma festinha bem interessante, nós três.

- Sinto muito, Senhora Malfoy. – Guinevere respondeu, ríspida – Mas eu estou com pressa. Essa “festa” pode ficar para depois.

- Ah! - Narcissa fez um biquinho, ainda olhando para Severo. – Adoraria relembrar os velhos tempos. – e deu uma piscadela para ele, o que fez Guinevere espumar de raiva. E responder.

- Por que você não relembra os velhos tempos com o seu marido?

A loira limitou-se a dar um sorriso constrangido. Severo decidiu acabar com a discussão de uma vez.

- Narcissa, você não vai contar nada do que viu ou ouviu para ninguém, OK? – Ela assentiu com a cabeça, olhando raivosamente para Guinevere. – Obrigado. Agora, eu vou levar Guinevere para a torre de astronomia enquanto você volta para a mesa. – Ela assentiu novamente – Tchau, Narcissa.

XxXxXxX

Guinevere e Severo passaram pelo armário de vassouras e depois foram para a torre. Somente então, falaram.

- Você dormiu com Narcissa?

- Sim, há um longo tempo atrás. Antes de você e de Lúcio aparecer. – ele deu um sorriso malicioso – Ciúmes?

Guinevere rolou os olhos.

- Você é tão idiota! – E não conteve o sorriso. Ele a puxou para si a beijou suavemente. – Tchau, Severo!

- Te vejo na próxima semana?

- Sim. Você não vai me convidar para ser o seu par no baile?

- Você será convidada, não se preocupe. – Silêncio. – Nós vamos levar isso para frente?

Todo o clima amistoso deu lugar à seriedade do momento.

- Você sabe como eu me sinto, Severo. Não quero ficar longe de você.

- Nós somos loucos.

- Eu sou loucamente apaixonada por você.

Eles ainda se beijaram mais uma vez antes de Guinevere pegar a vassoura. Ele a viu aparatar quando já estava muito longe. Suspirou. Virou-se e voltou para a festa. Eles eram loucos.

XxXxXxX


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