As luzes azuis, vermelhas e amarelas enchiam o salão com pequenas bolinhas que giravam e cercavam todos. Os rostos, objetos, chão, parede e teto... Tudo era iluminado por várias dessas bolinhas coloridas.
          Eu me perguntava se eles não se sentiam tontos, a luz era realmente irritante, ainda mais o som alto – alto era pouco – e todas aquelas pessoas dançando, rindo e bebendo. Desperdício.
          Mas mais ao canto de uma das paredes do salão, havia uma mesa que era habitada por pessoas que eu conhecia, e bem – naquela hora, não havia quase ninguém sentado - , pessoas que eu poderia citar os nomes na ordem em que estavam sentados:
          Melissa, Derek, Marcos - aquele, em que apostara uma corrida com Stefan até a escola, e perdera, por R$ 5,00 (cinco reais) -, Beatriz, Stefan e Sophia. Todos com os corpos dirigidos ao parceiro, fofocando e rindo.
          Os garotos estavam todos de terno – Stefan tinha o terno mais escuro e Derek o mais claro – e as garotas pintavam a mesa: Vermelho de Melissa, Rosa de Beatriz e Branco de Sophia. Estavam todos se divertindo, e não precisavam dançar – agora estavam tocando aquelas músicas idiotas que se ouve em toda balada – só bebiam refrigerante e riam. Estavam felizes.
          Beatriz, era uma garota simpática da escola, bem-humorada e amigável. Era jovem e tinha o cabelo castanho comprido, era repicado da altura do queixo para baixo. Tinha uma aparência mais delicada, as bochechas rosadas enchiam o rosto para que eles não ficassem tão finos. Tinha os olhos escuros, a pele de chocolate ao leite e ria toda hora.
         Era uma garota nova na escola e tinha se dado muito bem com Marcos e com os seus amigos.

- Hey! Ok, vocês devem se esforçar mais – Disse Marcos com os cabelos loiros e os olhos verdes brilhando sobre as luzinhas coloridas.
          - Nem ao menos sabe o que fala – Derek bufou – Estamos competindo com as melhores escolas da cidade e estamos em uma qualificação excelente!
          - Com certeza. Excelente – riu irônico.
          - Calem a boca – Stefan jogou uma bolinha de queijo em cada um – Não é porque o time de basquete está melhor que o time de futebol que precisamos brigar – deu uma risada baixa.
          - Olhe aqui – Derek reclamou – Estamos indo bem! – olhou para Stefan – E pare de desperdiçar comida!
          - Está bem, senhor entenda-que-tem-pessoas-morrendo-de-fome-neste-momento-se-não-eu-te-mato – Marcos deu uma cotovelada na costela do amigo, que nem mesmo sentiu direito.
          - Parem de encrencar com ele – Melissa brincou – É apenas uma criança!
          - Hey! – murmurou.
          - Avá, criança! Cadê sua chupeta? – brincou o loiro e se esticou na mesa para bater na mão de Stefan.
          - Você é mais criança que ele, amor – disse Bia apertando as bochechas do garoto.
          - Ah meu Deus! Essas garotas de hoje em dia... – murmurou também.
          - Não reconhecem um bom macho – completou Derek estufando o peito.
          - É isso ai cara! Somos machos, não precisamos disso – os dois se cumprimentaram pela primeira vez.
          - Posso dizer que não concordo? – Stefan olhos para Sophia – Eu não me importo se Sophia me chamasse de criança - sussurrou na bochecha da garota antes de lhe dar um beijo no local.

Houve um silêncio por parte dos garotos enquanto encaravam com os olhos arregalados.

Depois veio as risadas histéricas.

- Eca – reclamou Derek com cara de nojo.
          - Eca dois – o loiro solveu um pouco de refrigerante de seu copo - Seja homem, Stefan!
          - Idiotas! – Melissa pegou a colher de cima da mesa e bateu na cabeça do namorado, que gemeu em troca – Porque você não pode ser assim?
          - Burros! – Bia estendeu a mão e Mel entregou a colher - Ele faz isso só para agradá-la, não por ele! - a garota fez o mesmo gesto com Marcos e riu.

          Stefan ria contra a bochecha de Sophia, a mesma dava gargalhadas baixas. Ela estava mais que amando tudo aquilo, quem imaginava que antes ela não queria de jeito algum vir.
           Mas tinha um pouco de verdade naquele pensamento, se ela não conhecesse o garoto que estava ao seu lado, não tinha motivo nenhum para que ela viesse, mesmo acontecendo exatamente a mesma coisa, sem ele não era nem um pouco o mesmo.
            Hoje era dia 15 de novembro e a formatura deles seriam no dia 15 de dezembro. O conselho do terceiro colegial queria fazer algo diferente este ano e promoveu o baile de formatura.
            Fora escolhido para esse dia exatamente comemorando um mês que faltava para se formarem. Normalmente era só dançar e ir embora, mas sempre acontecia algo novo.