A Garota da Capa Vermelha escrita por GillyM


Capítulo 2
Revelações


Notas iniciais do capítulo

Este capitulo é inadequado para menores de 18 anos.



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Naquela manhã Valerie acordou com um grande nó na garganta. Ainda na cama, olhou ao seu redor, tudo estava da mesma maneira que havia deixado antes de dormir, mas havia um sentimento que não a deixava em paz, um sentimento de que algo estava errado. De repente alguém bateu na porta, os batidos acompanhavam os gritos preocupados de sua mãe. Valerie estremeceu quando imaginou que algo de muito sério tivesse ocorrido.

- Valerie! Valerie! Abra a porta.

- Mãe? – Valerie abriu a porta ainda de pijama.

- Você está bem? Henry disse que você correu grande perigo ontem à noite. Eu te disse para não sair depois de anoitecer. Você não fará mais isso! – Ordenou a mãe enquanto a abraçava e a sacudia ao mesmo tempo.

- Estou bem mãe – Valerie disse, sem esconder seu aborrecimento – Não precisa ficar aflita.

- Trouxe pão e sopa para nós lancharmos – Sua mãe disse colocando a pequena sexta na mesa – Afinal, qualquer aflição diminui após de comer, não é mesmo!

Aquelas palavras doeram no coração de Valerie como se fossem facas o atravessando. Sua mente se encheu de lembranças, e pela primeira vez após muito tempo, Valerie sentiu um calafrio ao pensar em seu pai.

- Não diga mais isso mãe – As palavras quase não saíram de sua boca.

Sua mãe nunca entendeu o que exatamente havia ocorrido naquele dia e Valerie não gostava de falar no assunto. Toda chance que tinha, a mãe de Valerie aproveitava para obter mais informações.

- Valerie. Existe algo que você não quer me contar? – A mãe de Valerie se aproximou e envolveu seus braços em sua cintura – Você nunca falou o que aconteceu naquele dia, quando veio visitar a sua avó.

- Não há nada mãe. Já disse tudo o que aconteceu naquele dia – Valerie revirou os olhos tentando encerrar o assunto – Quando cheguei vovó já estava morta.

- E quanto ao Peter e seu pai? – A mãe disse, mas não estava satisfeita com a resposta de Valerie.

- Peter e eu brigamos e ele foi embora. Quanto ao papai... Eu não sei o que aconteceu – Os olhos de Valerie se encheram de lagrimas – Talvez ele tenha descoberto a verdade.

- Que verdade? – A mãe de Valerie não gostou da insinuação da filha.

- A sua verdade – Valerie disse olhando firmemente para ela e então passou pela porta e saiu da cabana.

- Valerie! Valerie! Onde você vai? Está nevando muito! Valerie! – A mãe de Valerie gritava enquanto a observava ir embora em direção ao vilarejo.

Quando chegou ao vilarejo, Valerie percebeu que algo estava diferente, as pessoas estavam mais felizes, uma alegria que deixou Valerie um pouco desconfiada. Os sorrisos das pessoas desapareciam ao vê-la chegando, mas isso não a incomodava há muito tempo. Claude se aproximou e cumprimentou Valerie com um grande sorriso.

- É bom vê-la, Valerie – Claude se mostrou muito feliz com sua presença.

- É bom vê-lo também. Como você está? – Valerie também se sentia feliz com a presença de Claude, principalmente por tê-lo colocado em uma situação ruim no passado, que levou os moradores do vilarejo o desconfiar dele.

- Parece que você conheceu o novo morador antes de todos! – disse Letice, interrompendo a conversa – Henry contou como vocês o encontraram na floresta, parece que você nunca tem medo de nada, não é? – O tom de Letice parecia ameaçador.

- Eu sabia que Henry estava por perto – Valerie respondeu encarando-a.

- Ele está sempre por perto – Letice a provocou.

- O que quer dizer? – Valerie foi interrompida por Roxanne que se juntava ao grupo.

- Oi Valerie! Temos que conversar – Roxanne tentou amenizar a situação e a puxou pelos braços em direção a sua casa.

Letice deu um breve olhar a Claude. Como se estivesse o culpando por algo, então saiu o deixando sozinho. Ao chegar a casa de Roxanne, elas se sentaram em torno da mesa de jantar e Roxanne logo disparou:

- Soube que Henry te salvou ontem à noite, se bem que eu não iria querer ser salva de um forasteiro daquele – Roxanne falava enquanto comia uma maçã.

- Ele não me salvou. Não havia nada lá para eu ser salva – Valerie disse tirando a maçã da mão de Roxanne, dando uma generosa mordida.

- O que aconteceu entre você e Henry ontem, quando os deixei sozinhos na floresta? – Roxanne não conseguiu esconder sua curiosidade, ela deixava claro que torcia para que eles ficassem juntos, afinal, ele arriscou sua vida para salva-la do lobo e ele sempre deixou claro que se tivesse outra chance, pediria sua mão em casamento.

- Ele me acompanhou até em casa e me ajudou com a lenha, mais nada – Valerie ficou em silêncio depois de responder, e isso atiçou ainda mais a curiosidade de Roxanne.

Numa tentativa de ajudar a amiga, Roxanne começou a argumentar:

- Peter se foi Valerie, não voltará mais. Impossível que Henry não tenha despertado nenhum sentimento em você – Roxanne disse cuidadosamente, pois sabia que aquele assunto era quase proibido de se falar entre elas – Henry não tem olhos para mais ninguém e com o tempo você será feliz ao lado dele e esquecerá Peter de uma vez.

Roxanne se levantou e foi fazer um chá, enquanto isso Valerie ficou sentada na cadeira perdida em seus pensamentos. Por algum motivo Valerie havia acordado muito emotiva naquela manhã, e as palavras de Roxanne a comoveu. Valerie sabia que sua mãe e sua amiga se preocupavam com ela, e já havia se passado muito tempo sem noticias de Peter, ela já estava quase convencida de que ele não voltaria mais, e Henry deixara de ser apenas o garoto rico do vilarejo para se tornar um homem. Havia uma parte de Henry que ela ainda não conhecia, e então ela admitiu o fato de que ele merecia um pouco mais de atenção.

O dia passou num piscar de olhos, já era tardezinha quando Valerie decidiu ir embora para sua cabana, fazia tempo que Valerie não se divertia tanto na presença de Claude e Roxanne, o vilarejo realmente estava diferente naquele dia. Ainda no vilarejo Valerie avistou Henry, ela parou e ficou o espreitando atrás de uma das cabanas da vila. Seu corpo estremeceu ao lembrar-se de seus últimos pensamentos sobre ele. O cenário em que Henry se enquadrava naquele momento a fez lembrar-se de quando ainda eram noivos, de quando Henry era apenas um garoto que vivia a sombra de seu pai, a comparação do passado com o presente foi inevitável, Valerie sentiu um vazio ao perceber que pela primeira vez não era Peter que habitava seus pensamentos.

- Olá senhorita! – Uma voz sussurrou em seu ouvido.

Valerie se virou rapidamente para trás, depois de um breve silêncio respondeu:

- Você de novo? – perguntou, tentando disfarçar o susto.

- Te assustei novamente? Desculpe-me, sempre surpreendo as pessoas – Damon deu um breve sorriso, por um momento Valerie achou que ele estivesse caçoando dela – Me desculpe por ontem à noite também Valerie.

- Eu ainda não lhe disse meu nome – Valerie o questionou.

- Não? Oh meu Deus! Acho que leio mentes então – Damon deu aquele sorriso sarcástico novamente que a incomodava tanto.

- Talvez você leia mesmo. Então, o que você trouxe para matar o lobo? Sua espada de prata? Ou seriam balas de prata? Não sei! – Valerie tentou atingi-lo com o mesmo sarcasmo.

- Nunca passou pela sua cabeça que talvez eu não esteja atrás do lobo? Talvez eu possa estar atrás da mocinha em perigo. Se é que ela realmente está em perigo, não é? – Damon respondeu, enquanto andava ao seu redor. Seu semblante era provocativo, e ele falava com a certeza de que soubesse de algo.

- Então está bem, vou para casa, pois a noite já está chegando. Boa noite Damon – Valerie usou novamente o tom de ironia na tentativa de deixá-lo tão incomodado quanto ela estava.

Enquanto caminhava na direção da floresta, Valerie sentiu uma brisa muito sombria tocando sua pele, quando olhou para trás Damon havia desaparecido num piscar de olhos. Ela parou e tentou encontrá-lo entre os outros moradores da vila, mas ele simplesmente havia desaparecido. Os sentidos de Valerie captaram uma essência diferente na brisa que soprava no vilarejo e de repente seu corpo foi tomado por medo, muito medo. Valerie olhou para Henry que já estava em cima de seu cavalo, preparado para partir em direção a floresta para proteger a vila da lua cheia, que reinaria no céu naquela noite.

- Henry! – Valerie se aproximou – Poderia me fazer um grande favor?

- Se eu puder ajudar, o farei – Respondeu Henry.

Suas palavras eram formais, Henry tentava sempre tratar Valerie friamente, para não demonstrar seus sentimentos a ela. No fundo ele sentia vergonha por ela ter escolhido um lenhador a ele, aquilo havia ferido seu orgulho, mas mesmo assim nunca deixou de amá-la. Henry nutria muita esperança de que Valerie o nota-se de forma diferente, pois ele mesmo reconhecia que muitas mudanças haviam ocorrido com ele, e agora ele tinha muito mais para oferecer que antes.

- Pode me acompanhar até minha casa?– Valerie não conseguiu esconder sua inquietação.

-Claro, suba! – Henry estendeu uma de suas mãos e com um movimento apenas, a erguer e a colocou na garupa de seu cavalo – É melhor se segurar.

Enquanto galopavam em direção a casa de Valerie, eles tentavam a qualquer custo quebrar o silêncio que os deixavam constrangidos. Na tentativa de puxar uma conversa Valerie disse que sua mãe havia ficado muito desapontada por o novo morador de Daggerhorn ser homem e não uma mulher, pois ela tinha planos de oferecer sua casa como hospedagem. Na metade do caminho Henry sentiu que seu cavalo ficou muito ansioso e parecia também um pouco assustado, mas não conseguia entender a razão daquele comportamento. Ao perceber o repentino comportamento do animal, Valerie colocou seus braços em torno do tronco de Henry, que ao sentir seus braços o envolver, soube que as coisas poderiam mudar entre eles. Ao chegar à casa de Valerie, ela percebeu que sua mãe já havia ido embora.

- Você está segura agora – Disse Henry ajudando-a a descer do cavalo – Precisa de mais alguma coisa senhorita?

As palavras de Henry a fizeram lembrar automaticamente de Damon, e aquela essência ainda estava no ar, mas desta vez, estava mais forte. De repente o cavalo de Henry relinchou e saiu descontrolado por entre as arvores, Henry tentou conte-lo em vão.

- Tenho que voltar antes de anoitecer – Henry disse assustado, pois nunca tinha visto seu cavalo se comportar daquela maneira – Entre, feche a porta e todas as janelas da cabana, estarei por perto se precisar.

- O que está havendo Henry? Sinto que algo está errado – Valerie disse preocupada.

- Eu não sei Valerie, sinceramente eu não sei – Henry respondeu e olhou para o céu ainda claro.

- Tem haver com esse cheiro? – Valerie perguntou, as palavras saíram quase como um sussurro – Tem?

- Que cheiro? Não sinto nada – Henry a encarou.

- É tão forte! Impossível não senti-lo – Valerie ficou confusa – Eu o senti no vilarejo e o sinto ainda mais forte agora, e ontem a noite, enquanto estávamos na floresta o senti também.

- Não há de ser nada. Tenho que ir Valerie, por favor, volte comigo para o vilarejo, sinto que hoje não será uma boa noite e você estará mais segura junto a mim – Henry se aproximou de Valerie.

- Ficarei bem. Você estará por perto, não estará? – Valerie queria ter certeza de que não estaria sozinha, realmente ela estava com muito medo.

- Sim, estarei – Disse Henry e então voltou a floresta a passos largos, pois a noite se aproximava.

Valerie acendeu a lareira e esquentou a sopa que sua mãe havia lhe deixado. A escuridão da noite já havia tomado o vilarejo, já não havia mais nada a fazer, Valerie acendeu a vela que ficava ao lado de sua cama e foi se deitar. No meio da noite Valerie foi acordada por um vento que passou pelo seu quarto, um vento forte suficiente para fazê-la despertar, e o cheiro adocicado que antes pairava no ar, agora estava impregnado em suas roupas. Valerie achou tudo muito estranho, afinal, a cabana estava toda fechada e não havia nenhuma explicação para a origem daquele vento, mas a vela ao lado de sua cama havia se apagado. Um barulho ecoou do lado de fora da cabana, então a esperança voltou ao coração de Valerie, ela tinha certeza de que Peter havia voltado. Ela calçou os sapatos e acendeu a vela novamente, andou até a porta e antes de sair, espreitou pela janela, havia algo lá fora, mas Valerie estava esperançosa demais para perceber o perigo.

- Peter? – Valerie gritou descendo as escadas – Peter? – desta vez sussurrou.

Havia algo parado ao lado de uma arvore que ficava bem na frente de sua cabana, bem na entrada da floresta, algo que se escondia sob a escuridão. De repente um vulto se moveu, e a figura parada ao lado da arvore não estava mais lá. Valerie sentiu algo tocar seus cabelos, mas quando virou para trás não havia nada, então tentou voltar para dentro da cabana, mas uma força oculta a atraia para dentro da floresta.

- Valerie! – Disse alguém. Valerie ainda não podia vê-lo, mas reconheceu no mesmo momento aquela voz.

- Damon? – Valerie ficou espantada ao perceber que não estava com medo. Algo lhe dizia para se aproximar ainda mais, então sentiu seu cabelo sendo puxado para trás.

- Valerie! – Disse Damon, seus lábios estavam praticamente grudados em sua orelha – Você tem coragem, é disso que preciso – Sussurrou Damon apertando Valerie contra seu corpo.

Naquele momento Valerie havia se entregado aquela estranha emoção, nada mais lhe interessava somente os sussurros de Damon, nem a pele fria dele envolvendo seu corpo, nem a neve a incomodava. Damon passou seu dedo cuidadosamente nos lábios de Valerie, depois os deslizou para seu pescoço, empurrando-o ainda mais para trás, deixando seu pescoço livre para que seus lábios pudessem tocá-lo.

Valerie parecia estar hipnotizada, como se estivesse assistindo tudo de fora de seu corpo, quando percebeu, já estava nua deitada sob suas próprias roupas, Damon deslizava seus lábios gélidos e suas mãos por todo seu corpo. Uma onda de prazer a tomou por completo, não conseguia perceber o perigo que a rondava, enquanto isso, Damon a consumia. Tudo o que ela sentia a fazia se entregar ainda mais aos prazeres que Damon lhe proporcionava, nem mesmo Peter foi capaz de fazer algo parecido. Damon era perfeito, seus beijos, seu toque, a forma de como pressionava seu corpo contra ao dela, os movimentos, seu desejo. Os gemidos e sussurros passavam por entre as arvores da floresta, até que um gemido ainda mais alto abafou os outros. Não era um gemido de prazer, era um gemido de dor.

Na manhã seguinte, Valerie acordou com as batidas de Roxanne em sua porta.

- Roxanne? O que faz tão cedo aqui? – Valerie perguntou, mas sua voz estava fraca, e então seus joelhos perderam as forças.

Roxanne correu e a segurou, antes que seu corpo chegasse ao chão. Ela puxou uma cadeira e ajudou Valerie, que ainda estava consciente, a se sentar.

- Você está bem? – Roxanne perguntou assustada.

- Não sei! Estou confusa, me sinto tonta e fraca – Valerie passava suas mãos em seu corpo tentando entender o que havia de errado com ele.

- Tome! Come este pão, vai ajudar – Roxanne disse colocando o pão na mão de Valerie – O que você fez ontem? Comeu algo estragado?

- Não me lembro. Não consigo me lembrar – Valerie levou suas mãos à cabeça, se esforçando para se lembrar, mas nada vinha em sua mente.

Valerie comeu o pão, até que se sentiu melhor, seu joelho estava mais firme, sua voz estava mais clara, até que recuperou suas forças por completo.

-Então, Roxanne. O que veio fazer tão cedo em minha casa – Valerie perguntou.

- Aconteceu algo horrível no vilarejo está noite – Roxanne pegou as mãos de Valerie, como se tivesse a consolando de algo.

- O que aconteceu Roxanne – Valerie se levantou imediatamente da cadeira.

- Letice foi encontrada morta hoje por seus pais. Quando sua mãe se aproximou para chamá-la, ela estava imóvel na cama, havia mordidas por todo seu corpo.

Valerie congelou diante das palavras de Roxanne.

- Valerie... O lobo voltou! 


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Notas finais do capítulo

Oi!!! espero que gostem do novo capitulo, por favor comente o que acharam da história, sou nova por aqui e quero saber o que vocês estão achando. Beijos e divirtam-se.



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