Eu estava andando, chutando as poças de chuva apertando o meu guarda chuva em minhas pequenas e gélidas mãos, com a cabeça baixa, permitia a minha franja cobrir-me os olhos. O inverno se aproximava e assim, o tempo já nublado, começava a esfriar, uma garoa fina era escutada, as ruas do meu bairro são calmas, a estas horas, não passa quase ninguém.

        Passando na frente do parque, resolvi ir a parte mais remota, entre as árvores e monumentos, eu passava, até passar pelo monumento à arte de rua, um abstrato desenhado por quem me fazia abaixar tanto a cabeça e realizado por seu pai, as lágrimas, finas e quentes desciam novamente por meu rosto gélido queimando por onde passavam. A chuva se intensificou e assim, abri a portinhola que fica no final do parque, ninguém nunca ia lá, ninguém nunca notara que o portão baixo está sempre aberto, me lembro como descobri este lugar.

        Eu tinha apenas 5 anos, estava brincando com meu melhor amigo, Sasuke. Nesta época, ele ainda conversava comigo. Corríamos mais para dentro do parque, procurando um lugar onde pudéssemos brincar sem o incômodo de nossos pais que não gostavam de que brincássemos, tínhamos que ser perfeitos, bonecos de exposição que não se mexem, não comem, e não sentem.

        No meio de nossa correria, encontramos um portão baixo, Sasuke empurrou-o e ela se abriu, entramos lá e vimos um lindo jardim, ainda duvido que alguém tenha entrado lá, não era igual o resto do parque, tinha vida. Corremos e brincamos pelo jardim, como duas crianças de 5 anos devem brincar. Ao ficarmos cansados, sentamo-nos no banco, na extrema ponta do parque, abri a minha delicada mochila lilás e rosa e tirei de lá um bentou, que dividi com Sasuke. Lá, na mesma tarde, combinamos que aquele seria o nosso lugar especial.

        Passando pelo campo já ligeiramente congelado e sem vida, minhas lágrimas se intensificaram. Lá, entre as mesmas árvores, sentei-me no mesmo banco, agora pintado de branco pela neve que começara a cair, afastei a neve de um canto do banco com minhas mãos frias, fechei o guarda chuva negro e sentei-me, sentindo a neve gélida tocar meu rosto se mesclando com o tom pálido do mesmo.

        Minhas lágrimas derretiam a neve ao passar, não creio que ele pôde fazer isso.

        Eu estava sentada, escrevendo em meu diário, quando ele chegou, ele me deu o sorriso que apenas eu sabia que existia, sorrindo, fechei o grosso diário e correspondi com o sorriso terno que eu dava sempre ao vê-lo. Conversamos por algumas horas, embora estudemos na mesma escola, não nos falamos lá, a nossa amizade, era o nosso pequeno segredo. Até que ele fez a maldita pergunta

        - Hina, oque você estava escrevendo neste livro?

        - Nada não Sasuke – respondi com mais um de meus ternos sorrisos voltando a minha face novamente para o seu belo rosto

        - Não minta para mim, é claro que é alguma coisa. – Seus profundos olhos ônix fitaram os meus. – ah vai, deixa eu ver!

        - NÃO!! – eu disse em um tom de brincadeira saindo correndo pelo campo já cheio de folhas alaranjadas

        - Ah!! – ele gritou brincando como eu sempre gostei de vê-lo – se você não me deixar ver, vou tomar o livro de você.

        Saímos correndo como duas crianças brincando de pega, até que ele pegou o meu diário, sem saber onde estava abrindo, ele abriu em uma página crucial.

        Querido diário, o dia se transcorreu bem, como todos os dias, fui ver Sasuke, o meu melhor amigo e por quem supro uma pequena paixão, lembro-me que foi sempre ele quem esteve lá para mim, não conto para ele por puro medo e ganância, o medo da rejeição e a ganância de um segredo tão bem guardado que apenas eu sei, o meu medo vêm de uma fonte tão profunda que vejo apenas a superfície onde passam flashes da sua frieza com as garotas que gostam dele.

Hoje Ri muito com...

        Acho que foi apenas isto que ele leu, ao ver seus olhos arregalarem, virei minha cabeça um pouco para a direita com uma interrogação estampada em meus olhos, assim, ele fugiu, girou em seus calcanhares e correu, já faz um mês que venho aqui todos os dias, já faz um mês que não vejo ele, já faz um mês que sofro em silêncio e já faz um mês que sinto sua falta.

        Assim, em meio a neve, que cobria meu pequeno corpo gelado, peguei meu Ipod e coloquei uma música específica que tinha gravado para mim mesma a algum tempo, começando a cantar a letra melancólica.

We were so Young when we first met

We were so young when we started to play togheter

We t-started to see eachother everyday

I started to see you

On another way

You was the air for my breath

You was the blue of my sky

Then when you saw my words

You just run away.

Without you

I’m a bird in a cage

Without you

I’m an empty shell

Flouting on a tears sea

There’s a month that I feel empty

There’s one month that I feel cold

There’s one month that I keep coming

To this place that was so special

        Gostaria de terminar esta música, ela representa muito para mim estes tempos.

        Sinto algo quente sentando-se ao meu lado, me aquecendo por dentro, não liguei, não era a neve que havia congelado o meu coração. Senti uma mão quente pegar em meu ombro e me puxar para-si. Virei meu rosto rim movimento rápido e vi, os cabelos negros e espetados, me abraçando, esquentando-me por dentro, meu coração começando a descongelar, me deixei levar pelo abraço, como continuo desconfiada, perguntei:

        - Porque fugiu de mim? – recomecei a chorar

        - P-Porque achei que estava te perdendo – ele respondeu apertando o abraço

        - Como assim? – me levantei de supetão afastando seu abraço

        - Pensei que você ficaria como Elas e deixasse de ser a garota pela qual eu me – ele ia continuar a frase de um modo diferente, mas mudou de idéia – pela qual senti tanto carinho.

        - COMO PÔDE? – gritei – VOCÊ DEVERIA SABER QUE EU SEMPRE VOU SER A SUA HINA!

        - Eu entendo que esteja irritada. – ele disse. – então como tentativa de me redimir, vou acabar a música com você.

        - Oque? – eu estava surpresa.

        - Confia em mim. – ele respondeu, ele sabia que eu não resistiria a aquele sorriso que eu tanto amo.

        Começamos a cantar e gravar:

We were so Young when we first met

We were so young when we started to play togheter

We t-started to see eachother everyday

I started to see you

On another way

You was the air for my breath

You was the blue of my sky

Then when you saw my words

You just run away.

Without you

I’m a bird in a cage

Without you

I’m an empty shell

Flouting on a tears sea

There’s a month that I feel empty

There’s one month that I feel cold

There’s one month that I keep coming

To this place that was so special

Then one day I was crying

So alone I was crying

Then I felt a warm hug

He looked into my eyes

I looked into his eyes

And then he whispered sweetly

Kiss me.

        Eu estou surpresa, isso é mesmo um pedido? Assim, respondendo a minha pergunta, ele me beijou, um beijo doce, calmo, logo nos separamos, apenas para ele dizer:

        - Aquela hora, que eu cortei a frase no meio...

        - Sim – eu disse

        - Eu ia dizer: “garota pela qual eu me apaixonei”

        Assim, dito isso, ele tomou meus lábios novamente, os lábios cujo o gosto nunca irei esquecer, naquele dia de inverno, não cabia em mim tanta felicidade, havia terminado a música que tanto me encuquei, e terminei um capítulo de tristeza que perdurou durante um mês com um lindo beijo daquele que eu mais amo, o MEU Sasuke.