Outra Chance para Ser Feliz escrita por LA_Black


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Essa não é a minha primeira história, mas é a primeira que eu posto, então, sejam bonzinhos e cometem!! Críticas construtivas são sempre bem vindas...obs.: Eu a fiz com todo meu amor e dedicação, comemorando meus dezoito aninhos rsrsrs Tô velha né?!Dedico ela não só a minha pessoa, mas também a Duda, uma grande amiga que lê tudo o que escrevo e dá palpites, sugestões e sempre me apoia!Espero que gostem.



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A pior parte do dia, para Lúcia, era com certeza a manhã. Acordar com o som irritante do despertador do celular era algo completamente e inegavelmente desanimador. Especialmente naquela data...

Ela levantou-se, e como de costume foi tomar banho, para tentar despertar-se. Isso nunca adiantava. Lúcia sabia, mas era um hábito. Levantar, tomar banho, ter todo um ritual com cremes e essências, passar um hidratante no rosto, fazer uma maquiagem bem leve e se vestir para o trabalho.

Desceu para o andar inferior, onde já podia sentir um cheiro delicioso de erva cidreira, ingrediente chave para seu chá preferido. Ana, carinhosamente apelidada de Nana, já sabia das manhas e gostos da sua “filha postiça”, por isso levantava cedo e já lhe preparava o desjejum.

Lúcia, não tinha família. Não uma tão próxima, com pai e mãe e irmãos. Havia perdido todos, um a um. Só lhe restara os tios por parte de pai, que a achavam tão metida e esnobe quanto a falecida mãe, e Ana, a governanta que ela considerava uma segunda mãe.

-- Bom Dia, Nana. – falou ao chegar à cozinha, beijando a face da velha senhora.

-- Bom Dia, menina. Você está meio tristinha, o que foi? – perguntou ao fazer uma vistoria minuciosa na feição da mulher.

-- Nada Nana. Só desânimo mesmo. Saber que tenho mais três dias de trabalho, sem contar que vou ter férias só em dezembro.

Enquanto conversava, pegou um bolinho de chocolate e colocou o chá numa caneca. Caneca que lhe trouxe várias lembranças... Boas, mas que no momento só a machucavam ainda mais.

-- Você não está bem. E não é por esse motivo. – disse sentando-se ao seu lado no balcão no meio da cozinha. – Vai me contar ou vou ter que descobrir sozinha?

-- Não tenho nada Nana. Já disse. Vou para o trabalho. – ficou de pé e foi para o escritório, pegar a bolsa e sua pasta, com notebook e outros acessórios. Virou-se para a porta e deu de cara com Nana a esperando. – Até mais tarde! – beijou-lhe a face e já na garagem gritou. – Não vou almoçar em casa!

Ela não queria mais perguntas e desconfianças. Queria ficar sozinha, com seus pensamentos. Somente ela, a Lúcia e a sua consciência. Entrou no carro e com um movimento um tanto lento, colocou a chave na ignição ligando o veículo.

O caminho para a empresa fora rápido e em quinze minutos, ela já colocava o carro no estacionamento e se direcionava para o imponente e majestoso edifício Transamerica Pyramid. Trabalhava ali desde que completara vinte anos e se mudara de Miami para San Francisco.

Em sua opinião, uma mudança brusca, mas que lhe trouxe grandes alegrias e um extenso currículo. Enquanto pegava o elevador se permitiu vagar até o primeiro dia nesse emprego. Ele havia sido completamente desastroso. Menos de uma hora trabalhando e já possuía um histórico repleto de tombos, folhas e documentos misturados e uma legião de inimigas.

Lúcia nunca foi de arrumar brigas, mas por onde passava deixava muitos com inveja, principalmente por sua competência e mania de perfeição. Além de ser um tanto quanto distraída, mas isso acontecia em raros momentos.

-- Ainda bem que você chegou! – comentou sua secretária afobada. – O Sr. Stuff está super impaciente querendo saber quando a campanha vai ficar pronta.

-- Só podia ser. – Lúcia bufou. – Eu não consigo ter um segundo de paz. – abriu a porta de seu escritório dando de cara com um homem de meia idade, com algumas falhas de cabelo sobre a testa, denunciando que em pouco tempo ele teria uma linda e lustrosa careca. – Bom Dia Sr. Stuff! – falou ao sentar-se em sua cadeira.

-- Só se for pra você! – respondeu mal educado. – Eu quero saber por...

-- Sr. Stuff! – ela o interrompeu. - Eu peço que o senhor sente-se e tente conversar com o mínimo de educação possível. Afinal eu não tenho culpa do senhor estar na andropausa ok?! – bom, a última parte saiu sem querer, como um reflexo de seus pensamentos.

-- Como ousa?! – perguntou indignado.

-- Olha, já deu pra perceber que estamos nervosos... Por favor, - pediu pausadamente – vamos conversar civilizadamente e como dois adultos tratando de negócios. – terminou de falar olhando nos olhos do homem.

Uma das características de Lúcia era conversar olhando nos olhos da outra pessoa. Mesmo sendo jovem, seus poucos anos de vida lhe deram uma vasta experiência no âmbito interpessoal, e ela sabia que com jeitinho e uma boa dose de, como eu posso dizer... Troca de olhares?! Ela conseguia o mundo e mais um pouco.

-- Me desculpe. Você é a minha melhor publicitária, mas o diretor do Museu de Arte Moderna está me pressionando para que a campanha saia o mais rápido possível!

-- Mas a Art Auction será em setembro! – exclamou indignada. - Nós estamos no início de maio e eu tenho a campanha quase pronta, ou seja, estou dois meses adiantada do prazo final! Ao invés do senhor vir me questionar sobre a campanha vá falar com o responsável do museu e relembrá-lo do contrato. – irritou-se.

-- Eu me esqueci deste detalhe. – ele disse dando um sorrisinho amarelo.

-- Se não importa-se... Quero começar o meu trabalho e dar uma olhada nestes contratos. – falou ignorando completamente a presença do senhor na sua sala, o homem sem graça, desculpou-se e saiu do local silenciosamente.

A mulher, por sua vez, largou os papéis sobre a mesa e recostou-se na cadeira, em busca de um momento de descanso ou alguma ideia para dar um toque final na campanha publicitária para o museu.

Passou os olhos pela sala. Olhou a estante com seus livros preferidos, lidos e relidos diversas vezes. A coleção de miniaturas de carros... Muitos achariam estranho, uma mulher ter isso, mas ela não era uma mulher comum. Preservava uma paixão antiga por carros e uma alma indomável. Bom, indomável para a maioria das pessoas, não para um certo alguém...

Mas algo prendeu sua atenção. O calendário. Não exatamente o calendário, mas a data que ele marcava. Terça-Feira. Cinco de maio. Um dia após o seu aniversário. Um dia após o término do seu namoro.

Para quem acreditava que ninguém seria tão insensível a ponto de terminar o namoro em pleno aniversário da namorada, ela teve uma grande surpresa.

-- Lúcia! – sua amiga, Claire, entrou na sala sem ao menos bater na porta, com o rosto corado e tão ofegante quanto alguém que tinha acabado de correr uma maratona. – Eu já soube. 

-- Soube de quê? – devolveu se fazendo de desentendida.

-- Nem vem com essa Luh! Você simplesmente não precisa se fazer de forte na minha frente. – falou puxando uma cadeira e sentando-se ao seu lado.

-- Você quer a verdade?! – perguntou começando a se irritar com o assunto que mal tinha começado. – Ele terminou comigo. Justo no dia do meu aniversário, no meu restaurante preferido e ainda teve a capacidade de me dizer que ele pagaria a conta!

-- Qual o problema com a conta?!

-- Eu por acaso preciso do dinheiro dele?! – Claire fez menção de responder, mas essa era uma pergunta retórica. – Eu não fui lá pra comer! Ele estava estranho esses dias. Eu achava que era algo sobre a oficina e que ele não queria me contar. Você sabe. Ele nunca gostou de falar sobre o trabalho. Mas aí ontem ele me chamou pra jantar, e eu tonta achei que era algo legal, que tudo ia voltar ao normal como antes... – as primeiras lágrimas começaram a cair e Claire prontamente abraçou a amiga. – Ele disse que não estava dando mais certo, e que não aguentava mais eu dando palpite na sua vida, que precisa de espaço e aquela mesma história.

-- Ele é um idiota! Perdeu uma mulher como você. A culpa é dele não sua. – ficou um tempo em silêncio. – E se tiver outra mulher na parada?!

-- O que importa se a culpa é dele?! Ou se há uma amante?! Isso não me interessa mais. Ele terminou comigo, não terminou?! Então que se ferre! – disse expressando sua raiva.

-- Então por que tá chorando assim?!

-- Porque por mais que eu não queira... Eu me importo! Eu não queria, mas é impossível não me lembrar dele e não me perguntar quando e como meu namoro começou a definhar. Eu o amo, Claire. Eu amo aquele idiota do Jacob Black!

[...]

Jacob Black. Moreno, alto, forte e dono de incríveis ônix no lugar dos olhos. É dono de uma oficina mecânica, herdeiro da rede de hotéis Ritz-Carlton, tem vinte e sete anos e é o EX de Lúcia.

Há mais ou menos três anos, ele estava andando na sua Suzuki Boulevard C50 Black e não notou uma garota, que atravessava a rua sem olhar. Quando percebeu já era tarde demais e a única coisa que pensou em fazer foi jogar a moto sobre a calçada, para que ele não a atingisse.

Salvou a moça, acabou quebrando duas costelas e o braço direito. Naquele instante isso não importava. Ele queria saber se a garota estava bem, se estava viva e à salvo. No início, não entendeu pra que tanto cuidado para com uma pessoa que mal tinha visto, mas quando viu um par de olhos castanhos o fitando com extrema preocupação, compreendeu que ela era um anjo e jamais se perdoaria por machucar um anjo...

Passou três semanas no hospital, aguentando as reclamações da mãe e recebendo visitas do seu anjo, que podemos chamar de Lúcia. Primeiro, ela foi visitá-lo com a desculpa de que era a causadora de todo aquele estrago no rapaz, depois as visitas se tornaram mais frequentes e finalmente eles assumiram pra si mesmos que aquele sentimento era muito mais que amizade.

Neste momento, ele está deitado na sua cama... E não. Ele não acabou de acordar. Na verdade, não pregou os olhos durante a noite, se perguntando sobre o porquê de ter terminado com a mulher de sua vida. Jacob passou a mão sobre o travesseiro ao seu lado, o levando às narinas e sentindo o cheiro peculiar de amêndoas e merengue que só ela tinha.

A cama estava vazia, o apartamento estava vazio, sua vida, seu coração, tudo estava mais vazio e sem vida, isso em menos de vinte e quatro horas, imagina passar o resta da vida sem ela?! E era sua culpa. Onde estava com a cabeça quando resolveu ouvir a mãe?! Ela nunca foi fã do seu namoro com Lúcia, mas agora percebia que tinha passado dos limites. Falar que a garota estava interferindo demais em sua vida e no seu trabalho?! E o pior: como ele acreditou?! Ridículo!

Fazia um tempo que Jacob não estava mais tão empenhado com o relacionamento, ele havia se acomodado juntamente com Lúcia. O namoro não tinha mais aquelas faíscas como no início... E nem a dedicação e cumplicidade. Será que eles passaram pela crise dos três anos?! Ele nunca ouviu falar sobre tal coisa, mas a viveu e perdeu sua namorada por conta dela. Ou foi por seu próprio descuido?!

As dúvidas preenchiam sua cabeça mais e mais... Jacob estava arrependido. Mas como concertar o erro?! Lúcia era orgulhosa e nunca o perdoaria por isso. Pra fazê-la admitir que tinha algum sentimento por ele foi uma dificuldade tremenda... Imagina tentar fazê-la o perdoar?! Impossível!

Apesar do orgulho, ele a amava. Amava o jeito dela de organizar o seu apartamento, a mania que ela tinha de cantarolar enquanto trabalhava, adorava a sensação de conforto quando suas mãos passeavam pelos fios curtos e negros de seu cabelo. Era apaixonado por cada gesto e mania daquela mulher. Mas não teve tempo de dizer isso. Ou melhor, não teve coragem de dizer enquanto podia. Porque tempo teve, e de sobra. Três anos de namoro e ele nunca disse um simples: Eu te amo!

Escutou o barulho da porta da frente se destrancando, não se preocupou. Se fosse um ladrão?! Ora! Ele ficaria muito feliz se o sujeito lhe desse um tiro bem no coração, só assim aquela dor terrível acabaria e ele descansaria.

-- Filho?! – perguntou sua mãe entrando no apartamento.

Era só o que faltava! O estopim do fim de seu namoro estava bem ali na sua frente, com uma cara de inocente.

-- O que está fazendo aqui mãe?! – levantou-se nervoso.

-- Jacob! Foi essa a educação que lhe dei?!

-- Não! Mas é essa que receberá daqui pra frente. Por favor, saia do meu apartamento. – pediu “educadamente” para a mãe.

-- Como é que é?!

-- Isso mesmo que a senhora ouviu. Saia do meu apartamento.

-- Mas você não pode fazer isso! EU SOU SUA MÃE!

-- Estou pouco me lixando pra isso Sra. Black. No momento eu só vejo a mulher que destruiu meu namoro com a mulher que eu amo!

-- Ama! Ama nada! Aquela golpistazinha que te enfeitiçou. A Leah que é mulher pra você!

-- Mãe! – disse sem paciência. – Eu não quero a Leah, será que dá pra entender?!

-- Não! A Leah é sofisticada, bonita e é do seu nível social!

-- Mas a Leah não é a Lúcia! – deixou-se abater pela tristeza e voltou para a cama abraçando o travesseiro com o cheiro dela e chorando.

Sarah, nunca viu o filho tão abatido e triste. Será que ela havia acertado ao fazer o filho separar-se da namorada? Com certeza não, concluiu. Parecia que ele realmente a amava.

-- Você a ama, não é?! – perguntou ao filho o aconchegando em seu colo.

-- Depois que eu a perdi que você descobre?! – disse com a voz abafada.

-- Se a ama por que está aqui chorando feito um bebê?!

-- Como?!

-- Você sempre lutou para ficar com ela. Faça isso! Lute!

-- Mas mãe... Ela nunca vai me perdoar. – disse com pesar.

-- Então você vai ter que fazer muito mais do que um pedido de desculpas. – Jacob não entendeu aonde a mãe queria chegar com aquela conversa. Não era ela que sempre lutou contra esse romance?! Agora queria o quê?! Ajudá-lo?! – Jacob meu filho! Francamente, achei que seria mais inteligente e persistente. Não te criei pra ser um fraco!

-- Ok! É isso mesmo que eu vou fazer. Lutar. Mas a senhora vai me ajudar! – falou olhando acusadoramente para a mãe. - Não sei como eu terminei com ela no dia do seu aniversário... – a mãe o olhou possessa.

-- Você terminou o namoro no dia aniversário da garota?! – começou a dar tapas na nuca do rapaz. – Como... Você... Fez... Isso?! – cada intervalo era um tapa.

-- A senhora que me coagiu a isso! – tentou se defender com uma almofada.

-- Se fosse comigo eu nunca voltaria com você!

-- Vivia falando mal da Lúcia e agora a defende?!

-- Eu defendo as mulheres meu filho! E isso não se faz com mulher nenhuma seu tapado! – e saiu do quarto mandando Jacob se arrumar e resmungando algo como: “Onde foi que eu errei...”

[...]

Sábado, nove de maio, nove e meia da noite.

-- Claire... Eu não estou nem um pouco a fim de sair hoje! – reclamou Lúcia deitada na cama, enquanto sua amiga revirava o closet que ela demorara mais de duas horas organizando.

-- Você vai sair sim! Todo sábado nós saímos. Hoje não vai ser diferente. Cadê aquela mulher que estava escutando Without You do Hinder hoje?! Gritando aos quatro ventos que estava muito melhor sem aquele traste do Jacob?!

Claire não perdia a chance de xingar o ex da amiga. E deixava isso bem explícito em todas as suas falas durante a semana. Na sua opinião, o que ele fizera não tinha perdão. Ela não gostava de ver sua quase irmã sofrendo, infelizmente não podia mandar nas pessoas e muito menos no idiota do Jacob! Mas não deixaria Lúcia em casa sozinha completamente deprimida, em pleno sábado à noite. Sabia que a garota se fazia de forte, mas por dentro estava quebrada.

-- Anda! Levanta essa bunda da cama e se arruma! Hoje nós vamos cair na night! – disse com seu jeitinho gentil.

Vendo que Claire não desistiria tão fácil, Lúcia se deu por vencida e foi trocar de roupa. Optou por um vestido preto e azul e pegou um peep toe, também preto. Chegou à sala e encontrou Nana assistindo algum reality show na TV e Claire ao seu lado.

-- Como estou Nana?! – perguntou dando uma voltinha e tentando ficar pelo menos um pouco animada com o programa do dia. Como diria a amiga: ”É o que tem pra hoje!”

-- Você está linda! Vai arrumar vários pretendes hoje. – a senhora disse despreocupadamente.

-- Nana! Sabe que não quero ninguém!

-- É que nunca se sabe o que vai nos acontecer, filha. Temos que estar preparadas.

-- O que quer dizer com isso? – Lúcia questionou.

-- Nada! Vão e divirtão-se! – falou as empurrando para fora de casa.

[...]

-- Ai Lúcia! Tenta pelo menos se divertir um pouquinho vai?!

-- Claire, eu sinto muito, mas não dá. Eu não consigo fazer isso.

-- Tenta só um pouquinho! Vários caras já te convidaram pra dançar e você nem deu uma chance a eles.

-- Não dei porque não quero dar. O que eu mais quero no momento é deitar na minha cama e curtir a minha solteirice forçada ok?!

-- Não gosto de te ver assim.

-- Nem eu. Mas não mando no coração né?! – deu um sorrisinho triste.

-- Tudo bem! – falou a abraçando. – Qualquer coisa me liga.

Lúcia começou a andar em direção a saída, mas foi forçada a parar quando ouviu seu nome sendo chamado, chamado não, gritado pelos auto-falantes da boate.

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Ela virou-se e encontrou o olhar da pessoa que menos esperava: Jacob. Ele pigarreou, sinal que deixou explícito o quanto estava nervoso, e começou a descer as escadas indo em sua direção.

Quando estavam frente a frente, ela percebeu o arranjo de frésias que o rapaz segurava na mão esquerda. Ele ainda lembrava que frésias eram suas flores preferidas?! Quem se importa?! Vai ver que aquelas flores nem eram pra ela!

-- É... Bom eu q... Queria...

-- Vai ficar gaguejando ou dizer alguma coisa?! – perguntou tentando parecer indiferente, o problema é que lá no fundinho, Lúcia queria que ele dissesse algo, algo que mudaria tudo.

-- Eu queria pedir desculpas. – soltou de uma vez com um longo suspiro. – Isso, desculpa.

-- Tá desculpado! – falou fingindo um sorriso. – Agora tchau. – e foi passando pelo meio dos curiosos que olhavam a cena, mas uma mão a impediu de chegar à porta da boate.

-- Espera! Escuta, eu sei que eu errei. – ela lhe deu um olhar acusador. – Tudo bem, errar é pouco, mas eu tô pedindo desculpa. E... Eu não sei mais o que falar... – suspirou derrotado.

Olhou dentro daqueles olhos que tanto o ajudaram, que lhe deram força quando ele precisava, lhe deram amor, sem precisar usar uma só palavra. Neles, Jacob encontrou coragem pra dizer o que precisava ser dito, coragem para demonstrar a admiração e o amor que sentia pela mulher à sua frente.

-- Eu te amo! – disse com um sorriso torto. – Eu te amo desde o dia em que olhei pra você e vi um anjo. E você é um anjo... O meu anjo... Desculpa ter deixado o que a gente tinha acabar. Desculpa por ter estragado o seu aniversário, eu estava confuso e fui um idiota fazendo aquilo. Só queria que soubesse o quanto eu te amo e que me arrependo amargamente de ter terminado com você. E... Essas flores são pra você, eu sei que adora frésias então eu comprei. Porque eu não sab... – foi impedido por Lúcia que colocou o indicador sobre seus lábios.

-- Para de falar... – ele a olhou atônito. – Você fala demais quando está nervoso...

-- Mas eu não estou nervoso. Eu até que estou calmo e... – a interrompeu.

-- Tenho que admitir que você fica bonitinho nervoso... – deu um pequeno sorriso e aproximou a boca do ouvido de Jacob. – Eu te amo. – sussurrou e deu uma risadinha ao perceber que ele havia se arrepiado. – Eu te amo. Eu te amo. Eu te amo.

Jacob a abraçou, se perguntando como conseguiu ficar tanto tempo longe dela. Longe do seu corpo, do calor que emanava dele. Havia sentido tanta falta de Lúcia, que não encontrou palavras pra explicar. A ausência dela o deixava sem chão, sem algo pra acreditar, para ter fé. Ela era seu sol, e ele, como qualquer ser humano precisava do sol, para lhe guiar, aquecer... Amar...

Depois da experiência de passar alguns poucos dias separado de Lúcia, se deu conta de que não queria aquilo nunca mais. Ele ansiava passar a vida inteira ao lado da mulher que o transformou em um homem digno de amar e ser amado. Então em um ato totalmente espontâneo perguntou:

-- Quer casar comigo?

Lúcia não esperava esse pedido tão cedo. AH! A quem ela estava querendo enganar?! Três anos de namoro... Já era de se esperar um pedido de casamento. Será que não era nova demais?! Vinte e seis anos...

Ela ficara indecisa. Sim ou não?! Olhou para os olhos cor de ônix que lhe fitavam intensamente e ansiosamente esperando uma resposta. Ela amava tanto aquele homem, nada mais justo do que passar o resto de sua vida ao seu lado. Pôde até imaginar, os dois juntos, de cabelos brancos e enrugadinhos, sentados numa cadeira de balanço e olhando os netos brincarem no quintal.

Não hesitou em responder “Sim” em alto e bom som, levando não só as pessoas ao redor, mas Jacob ao delírio. Vendo o sorriso lindo que ele lhe enviava, Lúcia não teve dúvidas de que havia feito a escolha certa.

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-- Dança comigo futura Sra. Black? – perguntou Jacob para ela, que nada respondeu e o arrastou para a pista de dança.

As mãos se tocaram... Ele passou um braço sobre a sua cintura a trazendo para mais perto. Sentiram cada pedacinho, toda a extensão de seus corpos, os corações batendo descompassados...

Jacob acariciou o rosto de Lúcia, gravando seus olhos, nariz, boca... A última realmente lhe chamou a atenção e prendeu seu olhar ali... Ele se aproximou, ansiando provar o gosto daqueles lábios tão convidativos. Tocou-os timidamente com os seus... E de repente, o beijo que começou com um selinho tornou-se urgente e sensual. Eles queriam mostrar o que sentiam um pelo outro naquele simples gesto. Uma explosão de sensações se fez presente... Eles estavam se redescobrindo... Suas almas finalmente estavam se reencontrando...

Passaram a noite em meio a danças, declarações de amor e troca de carícias. Nunca se sentiram tão vivos quanto naquele momento. Nunca foram tão felizes até aquele momento.

Tiveram que passar por todos os obstáculos e provações para perceberem que só seriam completamente felizes se estivessem juntos, unidos. Foi na hora da dificuldade que tomaram consciência do quanto se amavam.

Muitas pessoas encontram seus amores, almas gêmeas (ou qualquer outro nome que preferir), mas poucos têm a oportunidade e a chance de passar o resto da eternidade com eles. Lúcia e Jacob souberam consertar a tempo o erro cometido. Sorte?! Destino?! Quem sabe... A única coisa que posso fazer é lhes passar essa história. Para que não deixem a razão sobrepor o coração, os sentimentos... Porque em algum momento sentiremos falta de alguém para amar e nos amar, e se deixarmos a ocasião certa passar, nada vai nos fazer voltar no tempo e mudar o futuro.

Por isso, amem sem medo de sofrer. O sofrimento é inevitável, mas antes uma vida com amor, felicidade e uma pitada de sofrimento do que uma, sem sofrimento e mergulhada na infelicidade.

~FIM~


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