Um sentimento de confusão assolava sua mente. Não sabia onde estava, a quanto tempo estivera neste lugar nem porque. Por pouco não sabia nem quem era.

Não tinha forças para mexer-se, muito menos para abrir seus olhos. A única coisa que percebeu, ao mexer de leve um de seus pés, é que estava deitado em uma cama. Ou um colchão.

Passou longos minutos ali com essa sensação estranha de morbidez e moleza como se tivesse ficado ridiculamente bêbado ou algo do gênero. Poderia começar a pensar em agir mas foi surpreendido de repente. Ouviu passos lentos ao seu redor. Eles se aproximavam devagar. Ele esperou atento para mais movimentos, mas eles demoraram a vir. Um barulho de vidro. Seria um copo? Um suspiro, e então uma explosão cortou-lhe a garganta. Algo envolvia seu rosto, uma mão. Ela não envolvia-o por completo mas ele podia sentir dedos vacilantes passando por sua pele. Sentia também um pouco de cócegas e aspereza neste movimento indicando que provavelmente estava com barba. Mas ele não tinha barba. Quanto tempo teria ficado ali? A barba parecia pequena e roliça, mas este fato estranho pareceu dar-lhe forças suficientes para abrir vagarosamente as pálpebras. Estava muito claro onde ele estava e seu olhar não conseguiu se acostumar. Seus olhos piscavam inutilmente e a mão que o tocava hesitou.

– Oh – uma voz conhecida e feminina entoou. Sim, ele a conhecia mas não podia se lembrar. Ou podia? Lembranças vagas de uma floresta começam a voltar.

E em segundos tudo voltou. Tudo. A noite do sacrifício de Klaus era-lhe agora muito clara na memória. E a voz feminina que ouvira tinha quase certeza ser a de Katherine.

–Katherine? - ele sussurrou. Seus olhos agora começavam a se acostumar e ele via cabelos castanhos e um rosto claro e pálido, porém nada mais.

–Eu estava certa, você sabe. - passos foram ouvidos e sua voz tornou-se levemente distante – se você soubesse desde o princípio não teria dado certo.

 - Ela está morta não está?

 - Você não pode me ver, pode? - sua resposta veio em seguida, veloz. Ela suspirou e ele jurou que derramara uma lágrima. Ele começou a ficar impaciente, tinha muitas perguntas a fazer – Eu sempre soube que aquele não era o seu plano. Você nunca quis matá-lo, quis?

 - Você já disse isso ontem. Ou quando for que aquele dia tenha sido – seus olhos agora enxergavam melhor e a primeira coisa que via era uma parede bege onde uma prateleira ia do chão ao teto, cheia de livros e porta-retratos.

 - Não. Na verdade, eu não disse. Elena disse.

Os passos se tornaram novamente próximos e meio que por coincidência seu olhar pareceu ficar 100% claro neste momento. Mãos tocaram-lhe o rosto novamente e desta vez ele pode ver com detalhes quem o fazia companhia.

E não era Katherine.

Não era Elena.

Não era Bonnie.

Era Katerina.

Talvez ele tivesse entrado em estado de choque – ele surpreendeu-se por dentro por não ter entrado, na realidade - mas depois ele percebeu que já estivera em choque tempo demais.

Ela não sabia se ele podia vê-la com clareza mas logo percebeu quando a mão dele roçou em seu rosto, vacilante.

 - Você....

  - Não morri – uma risada calma e doce soou de sua garganta mas foi logo refogada por mais lágrimas.

 - Achei que fosse Katherine.

 - E foi.

 - Não, achei que fosse Katherine que estivesse aqui. O que.... houve com ela? - ele estava tão perturbado que desviava do assunto falando de fatos de certa forma aleatórios.

– Katherine está morta.

Uma bomba estourou dentro dele como se de repente tivesse sido posto no corpo de outra pessoa.

 - Katherine e Elena morreram? E Klaus....

 - Por que não me deixa terminar? Eu sempre soube o que você faria. Mas não poderia permitir. Então eu fui até Katherine, e estranhamente tivemos a mesma ideia. Ambas concordamos e corremos para a clareira antes que fosse tarde demais ou que mudássemos de ideia. Achar uma bruxa fora fácil, o difícil foi distrair Klaus e chamar Elena.

 - O que eu quero dizer é que... Bem, naquela noite eu era Katherine. Elena era eu e Katherine era Elena. Foi uma noite e tanto. Katherine sacrificou-se para salvar Elena, mas principalmente você. Sabe, Stefan foi o primeiro a perceber. Quando ela morreu ele soube que não era Elena. Algo haver com sorrisos, não sei ao certo. Temi que você ou Klaus também percebessem mas parece que não foi bem assim. Bem, então Bonnie entrou em ação e Elena foi até a clareira com vocês. Ela estava com o anel de imortalidade que sua mãe lhe deixara. Então atraiu Klaus e ele a matou. Ela demorou algum tempo para voltar a si mas, quando voltou ela... Confesso que duvidava um pouco se conseguiria. Mas ela matou Klaus. E....

 - Temo que já tenha entendido tudo - Aquele não era um momento feliz. Mas também não era triste. Vidas haviam sido perdidas e era doloroso mesmo que todos já soubessem que isso ocorreria. Porém Elijah sentia muitas emoções ao mesmo tempo. Primeiro ele deu-se conta de que toda sua família estava morta. Segundo que ela provavelmente permaneceria assim para sempre, a menos que ele passasse sua vida procurando. Mas Katerina estava certa, não valia a pena. E Katerina.... Ele havia se esquecido de como era estar com ela nos últimos tempos. Depois que Klaus os separara no passado eles haviam passado tempo demais separados. E Katherine? Katerina parecia achar que Katherine se sacrificara por ele mas ele sabia que não era verdade. Ela nunca o amara, pelo menos não após conhecer Stefan. E fora por ele que ela morrera. Fora por ele que ela dera sua vida. Ela já estava perdida, sua vida era uma fuga constante e o homem que ela amava, estava apaixonado por uma mulher idêntica a ela. Mas que aparentemente não possuía defeitos. Irônico que Stefan tivesse fugido. Ele não amava Elena, amava Katherine. Parecia uma história de Romeu e Julieta atual. Porém o mais irônico é que Katherine morrera na noite que a libertaria para sempre.

Ela estava agora livre, e morta.

 - E Elena? Ela está então no corpo de Katherine? Onde ela está?

 - Sim. Eu não sei onde ela está. Receio que com Damon mas não tenho certeza. Com Stefan ela não está. Ele foi embora logo após a morte de Klaus.

 - Você está usando – ele interrompeu-a, pegando sua mão direita onde o anel prata estava.

 - Oh – ela corou levemente – Sim. Estou usando. Sabe, muitas pessoas deixam a vida passar e acabam perdendo o que elas mais querem. Elas imploram uma segunda chance. Elas não querem ser deixadas, abandonadas. Não querem ter que dizer que ele foi em bora. E muitas vezes a única coisa que lhes falta é força de vontade. Força de vontade para realizar o que realmente querem. Não temer pelo que pode ocorrer, pelo que vai ocorrer inevitavelmente. Porque não importa se você é um humano, um vampiro, um pano, uma poeira, um lobisomem. O que importa no final do dia é a sua força de vontade. O quanto você se esforçou para fazer o dia valer.

 - Sete de Novembro de 950. Ella nos disse isso no dia que nos conhecemos. Como você ainda se lembra? - Ele agora estava sentado na cama, ela à seu lado, suas mãos entrelaçadas. Ela apoiou sua cabeça em seu ombro

 - Foi o melhor dia da minha vida.

“All this money can't buy me a time machine, no
Can't replace you with a million rings, no
I should've told you what you meant to me, whoa
'Cause now I pay the price

In another life, I would be your girl
We'd keep all our promises
Be us against the world
In another life, I would make you stay
So I don't have to say you were the one that got away
The one that got away

The one (the one)
The one (the one)
The one (the one)

In another life, I would make you stay
So I don't have to say you were the one that got away
The one that got away “