Chance para Amar escrita por Sandrini Matyas Mazazrini


Capítulo 8
Capítulo 8


Notas iniciais do capítulo

A música que me inspirou esse capítulo foi Dido - Thank You, mas eu postei a letra traduzida. É uma mulher que canta, sim, mas achei que coube certinho na cena!



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“Maldita idéia que fui ter ontem à noite!”

É o que pensava um certo escorpião, acordando às duas da tarde com uma cara horrível e uma dor de cabeça pior ainda. Esfregava as mãos nos olhos lacrimejantes, virava de um lado pro outro tentando voltar a dormir, mas o mínimo de luz e barulho o infernizavam.

Lembrava-se vagamente do que fez na noite anterior. Lembrava-se de Kamus o carregando para casa, de que lhe dissera algo sobre Amelié... queria vê-la, essa distância estava deixando seu peito pesado, sem vontade de sorrir.

“Será que eu vou aguentar ficar ao lado dela sem tentar nada? Será que eu digo a ela o que eu sinto? Mas ela parece não sentir nada... Mas acho melhor eu falar do que ficar aqui com essa... coisa no meu peito, que parece um tatu, mexendo dentro de mim.”

Fez menção de se levantar, mas assim que se encontrou sentado, as pontadas na cabeça voltaram e ele tornou a se amaldiçoar.

“Ok, fica pra outro dia... Além do mais, preciso de um momento ideal para isso... Se vou me declarar de coração, coisa que nunca fiz antes, merece algo especial!”

E pensando nisso, alcançou a caixa de analgésicos ao lado da cama e tomou alguns dez comprimidos, caindo de sono segundos depois.

Acordou com o celular tocando e fazendo sua cabeça quase explodir. Olhou pela janela, atordoado, sem saber que horas eram, mas já estava escuro. Com os olhos semicerrados, procurou o aparelho na escuridão do quarto, tateando a mesa ao lado da cama. Assim que o pegou, atendeu sem ver quem ligava:

-Alô?

-Milo?

Arregalou os olhos e congelou na cama, reconhecendo de imediato a voz. Amelié! Não falava com ela praticamente a dois dias, ficou feliz em ela ter ligado, mas o que diria?

-Oi Amelié! – não tinha palavras para explicar a situação em que se encontrava, e não queria dizer a verdade do que fez para ela.

-Está tudo bem?

-Sim, tudo ótimo! – por dentro, estava gemendo de dor; cabeça latejando cada vez mais.

-Que bom! Como foi o encontro de ontem?

-Não foi ruim, e é só o que eu vou contar!

-Blé, chato!

O grego riu da reação da garota, apesar de cada riso seu fazer querer arrancar os cabelos de dor.

-Ah sim, o motivo da minha ligação... Meu padrasto conseguiu um trabalho pra mim, três vezes por semana, vou ganhar um salário mínimo, mas pra começo tá ótimo! Eu não estou fazendo nada mesmo, vou começar amanhã.

-Isso é ótimo! Meus parabéns!

-Sim! Obrigada! Bem, não vamos nos ver como antes, mas acho que você aguenta três dias sem mim!

-Aguentaria um mês e nem notaria que você sumiu. – brincou.

-Aham, sei! Ah, tem mais uma coisa! É mais um convite, na verdade.

-O que?

-Daqui a umas duas semanas é meu aniversário, vou fazer dezoito anos...

-Oh! – a informação deixou Milo mais animado do que deveria. Ela já não seria mais menor de idade, seria uma preocupação a menos.

-Minha mãe – ela disse essa ultima palavra com uma entonação sarcástica – vai me levar num bar junto com umas amigas dela, eu disse que ainda não tinha nenhuma amizade feminina, ela respondeu “não faz mal, convida aquele loiro que estava com você outro dia!”. Bom, está convidado.

-É só me falar onde será o bar que estarei lá.

-Nem pensar! Você vai conosco, vamos festejando desde casa!

 -Hum, tudo bem, é só me falar o dia e o horário que estarei ai!

-Obrigada, Milo! Você é o melhor! Agora tenho que ir, começo o trabalho amanhã.

-Boa sorte!

-Obrigada. Tchau!

Milo desligou o telefone e o deixou jogado de qualquer jeito, na cama. Se conseguisse se declarar pra ela antes desse dia, poderia lhe dar um presente inesquecível, que seria para ele também.

É, escorpião, parece que o destino está sorrindo ao seu favor!

No dia seguinte, precisou se ocupar de seus deveres como Cavaleiro; deveres como: observar os novos aprendizes, fazer a ronda no santuário, relatar ao Grande Mestre se ouve atividade suspeita de inimigos, cosmos agressivos, ou se havia cavaleiros se portando indevidamente. Athena já não proibia mais que seus guerreiros se divertissem, mas que mantivessem a postura quando em horário de serviço.

Mas o dia de Milo fora demais cansativo. Tivera que parar uma briga entre cavaleiros de bronze, ajudar alguns aldeões e ouvir calado suas reclamações sobre a vida, tivera que aguentar algumas mães jogando suas filhas recém moças para cima de si, fora a papelada a assinar no final do dia para entregar ao Grande Mestre.

Tudo o que queria era chegar em casa, tomar um banho e cair na cama. Nem pensava em bar, depois daquele vexame. Pelo menos, por um tempo. E ainda tinha que pensar em como diria tudo a Amelié... Ainda nem tinha certeza se a amava, mas ao menos explicaria a ela o que estava sentindo. Ela, com certeza, iria lhe dizer se estava confundindo as coisas ou o eu poderia ser.

[...]

Bebi demais ontem à noite, tenho contas a pagar

Minha cabeça dói tanto

Perdi o ônibus e o dia será um inferno

Estou atrasada pro trabalho de novo

E ainda que estivesse lá, todos insinuariam

que eu não vou ficar nem mais um dia

E foi quando estava massageando as têmporas, subindo para sua casa zodiacal, que o celular tocou. Não era permitido aos cavaleiros andar com estes aparelhos enquanto faziam seus serviços, mas ele havia “esquecido” desse detalhe.

Viu o nome: Amelié.

-Alô!

-Milo!

O loiro respirava mais tranquilo ao ouvir sua voz. Nem notava o quão feliz seu coração retumbava com aquela voz no seu ouvido, apesar de ser por telefone.

Mas daí você me liga, e não está tão ruim assim.

Não é tão ruim.

[...]

Ah, simplesmente estar com você

é ter o melhor dia da minha vida

-Amelié! Como foi o trabalho?

-Estou gostando! Tudo que tenho que fazer é ficar sentada e anotar recados!

-Nossa, que vida boa! E eu não parei um minuto se quer hoje!

-Coitado! Quando vai pra casa?

-Já estou a caminho, na verdade.

-Atrapalho?

-Não, muito pelo contrário, me faz companhia!

Por um tempo, ela ficou calada e ele não soube o porque, fora o tempo de entrar em casa. Ela começou a falar novamente, contando como é o lugar em que estava, e ele ficou imaginando como seria bom vê-la falando aquilo pessoalmente.

Empurro a porta, finalmente chego em casa

Estou encharcada, completamente molhada

Então você traz uma toalha, e tudo o que vejo é você

Mesmo se minha casa desabasse agora,

Eu não perceberia

Porque você está perto de mim.

Milo foi retirando a armadura devagar, indo a caminho do quarto com o celular numa mão. Sorria a cada risada que a garota dava no outro lado, lembrando-se do sorriso gostoso que ela tinha.

Sentou-se na cama, não estava preocupado em tomar banho ou comer alguma coisa para dormir, na verdade, nem sentia mais o cansaço sobre o corpo. Jogou-se na cama e ficou conversando ainda muito tempo antes de desligarem o telefone, com promessas de que ele ligaria amanhã.

Levantou-se até mais animado, foi ao banheiro tomar um banho, já querendo ouvir aquela voz novamente. Mas não importa a saudades, estava feliz demais para senti-la.

Eu quero agradecê-lo

Por me dar o melhor dia da minha vida

Ah, simplesmente estar com você

é ter o melhor dia da minha vida


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Notas finais do capítulo

E é só isso por um tempo, pessoal. A história ja ta no final, eu espero, e espero também que estejam gostando! Não está tudo como eu gostaria que estivesse, mas tudo bem!



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