Chance para Amar escrita por Sandrini Matyas Mazazrini


Capítulo 5
Capítulo 5


Notas iniciais do capítulo

Espero que gostem! Espero que eu esteja sabendo conduzir a história...



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No dia seguinte, Milo voltou à casa de Amelié, lembrando-se de levar um novo pacote de mingau para compensar o que estragou.

A garota já estava bem melhor de aparência. Sorria; os olhos menos inchados que antes; só estava um pouco mais magra que o normal. Mas já conseguia se levantar da cama e recepcionar o escorpião na porta.

-Nossa! Que bom que melhorou! Acho que meu chá com biscoitos ajudaram!

-Sim! Você faz mágica! - riu Amelié, dando passagem para que Milo entrasse.

Ele deixou o pacote em cima da mesa: - Trouxe mingau, o outro eu estraguei afinal...

-Mas não precisava, bobo! – dizia, já subindo a escadaria para voltar ao quarto.

Milo ainda não sabia como se comportar no quarto de uma garota, estando a sós com ela, sem que fosse para sexo. Dessa vez se sentou na cadeira da escrivaninha, enquanto ela ficou na cama onde um gato alaranjado dormia preguiçosamente.

-Não sabia que tinha um gato.

-Não tenho. – respondeu enquanto acariciava a cabeça do felino, que moveu as orelhas por um instante e depois voltou a ressonar. – Ele não é meu. Ele só vem de vez em quando, dorme, as vezes lhe dou um pouco de leite e ele vai embora.

-Por isso que eu prefiro cachorros.

-Eu também! – riu – Mas não posso ter nenhum aqui!

Milo se arriscou a fazer uma carícia no animal, mas ele despertou fazendo o escorpiano retesar a mão. Amelie riu e puxou o felino para seu colo, onde ele continuou a dormir.

-Você tem medo de gatos?!

-Não!! É que ele me assustou! Acordando assim, de repente!!

Os dois ficaram rindo; logo o loiro percorreu os olhos pelo quarto, parando na pequena televisão na escrivaninha, ao lado do computador.

-Isso não estava ai ontem.

-Eu sei. É que compraram uma TV melhor para colocar no quarto deles, e essa ai veio pra cá. – sorriu, pegando o controle e ligando o aparelho.

Passaram canais e mais canais, sem nada de atrativo para se ver. Viram comerciais de tudo quanto era tipo: panelas, casas, celulares, programas, filmes, shoppings.

-Ah, isso me lembrou de uma coisa!

-O que? – perguntou Milo, virando-se para ela e franzindo a testa.

-Preciso ir numa livraria comprar alguma coisa. Tudo que tenho aqui já li umas três vezes no mínimo!

-E... vai com quem? – o escorpiano sentiu o coração gelar, temendo uma possível resposta para aquela pergunta, e já se arrependia por tê-la feito.

-Não sei. Quer ir comigo?

Milo só faltava cair da cadeira, de tão aliviado que respirou.

-Claro! Quando?

-Não sei, quando eu tiver melhor! Hoje é quarta, então que tal sábado?

-Perfeito! – sorriu.

-Isso dá tempo de você planejar uma livraria boa pra me levar. – riu-se Amelié, enquanto o outro ficava rubro e ria para disfarçar.

Mais tarde, voltando para casa, deu de cara com Kamus que passava pelo seu templo para ir à cidade.

-Kamus! Meu amigo!

-Milo.

-Nossa, que desânimo! Vem cá, me dá um abraço!

-Não Milo! Por favor! – resmungou o francês, driblando o amigo para passar por ele o mais rápido que pudesse.

-Nossa, que mau humor! Ta bem seu francês desmiolado, pode passar!

-Humptf. – Kamus resmungou, e já estava saindo da Casa de Escorpião, quando voltou-se para o loiro abruptamente. – Temos que conversar, Milo, mas não agora, estou ocupado. Amanhã, antes de sair depois do almoço, venha até a minha casa. É urgente, se não resolver isso, Athena vai chamar-lhe a atenção!

-Ok, ok! Pode deixar, estarei lá!

-Humptf!

@@@

No dia seguinte, antes mesmo da hora do almoço, lá ia Milo de Escorpião para o templo de Aquário, com as mechas loiras presas num rabo de cavalo por um elástico, e o óculos escuro escondendo as safiras.

-Kamus! Estou aqui! – gritou, adentrando a décima primeira casa.

-Milo, achei que tivesse dito para vir depois do almoço..

-Ah! Podemos almoçar juntos! – sorriu amarelo.

Kamus passou as mãos pelas têmporas e fechou os olhos com força, imaginando o que tinha feito para Zeus para que fosse castigado dessa forma. Mesmo que não tivesse gostado da “surpresa” do escorpião, serviu-lhe o almoço simples.

-Então Kamy, o que quer falar comigo? – Milo falava com a boca cheia.

-Primeiro, Milo, pare de me chamar de Kamy! Depois, engula primeiro e depois a gente conversa! É por isso que não gosto de conversar à mesa.

-Desculpa... – o loiro mastigou direito e engoliu, voltando sua atenção para o ruivo. – Então, pode falar?

-Milo, a quanto tempo não vai ao bar com os outros dourados?

-Faz um tempo...

-Sim, desde que conheceu Amelié. Os outros não tem te visto mais nem aqui, pelo Santuário.

-Kamus, onde quer chegar com tudo isso?

-Ora Milo! Você esta trocando sua vida de saídas e mulheres por aquela garota.

-Não estou! Eu ainda bebo e me divirto, é só que estou mais seletivo com mulheres!

-Deixa de ser idiota, Milo! Está apaixonado por ela!

-NUNCA!! – Gritou o loiro, batendo na mesa com ambas as mãos, fazendo os pratos e copos balançarem.

-Pare com isso, Milo! Você não vê porque esta no meio do redemoinho, mas eu tenho te observado todo esse tempo! Você não se reporta mais à Athena, mal fica no Santuário, está sempre com ela! Esta na hora de parar de negar seus sentimentos, Escorpião!

-Kamus, não inventa! Ela é apenas uma amiga, é novidade para mim ter amizade com uma garota sem segundas intenções, mas ela não passa disso!

-Não acredito! Vai ter que me provar!

-Provar o que?! Como?!

-Vamos ao bar hoje com os outros, e não vá vê-la!

-Não!

-Milo! Só por hoje! Caso contrário, vou reportar á Athena essas suas saídas furtivas!

-Você é um maldito, sorvetinho!

Na mesma noite, lá estavam Milo e Kamus descendo com os outros cavaleiros para o bar que costumeiramente freqüentavam. Máscara da Morte ia à frente conversando alto com Shura, atrás deles iam Aiolia, os gêmeos e Mu. Shaka e Afrodite decidiram ficar em seus templos aquela noite. Kamus ia mais atrás, observando como Milo estava calado e pensativo.

-Ei, inseto! – foi tirado de seus devaneios pelo canceriano. – Por onde andou todo esse tempo? Sentimos falta de você! Nosso grupo não é o mesmo sem nossa garotinha!

-Vai se foder, Máscara!

O canceriano riu, enquanto já entravam no bar e cada um ia para um canto. Alguns iam para a mesa, outros pegavam tacos de sinuca e começavam um jogo. As amazonas logo se animaram assim que avistaram Milo no balcão, pedindo vinho.

 O rapaz estava com os pensamentos longe, mas a conversa que teve com Kamus mais cedo e o dilema que se encontrava com Amelié o perturbavam. Tanto que não viu uma moça de cachos castanhos e olhos azuis escuros se aproximarem dele.

-Olá, Milo! Há quanto tempo não o vejo por aqui!

-Ehr, olá.... Fátima?

-Sou a Rose! Não acredito que já esqueceu meu nome! – bufou, virando o rosto para o lado mas logo se voltando para o cavaleiro. – Quer saber? Não tem importância! Pode me chamar do que quiser, querido, hoje eu serei só sua...

Milo suspirou, passando seus olhos pela face da garota, descendo para seu pescoço esguio e moreno; seu busto insinuante num vestido tomara-que-caia verde-esmeralda. Percorreu cada curva da mulher, subindo os olhos novamente para os dela, sorrindo de forma gentil e naturalmente sedutor. Lembrou-se de como era divertido estar ali; dos tempos que deitava-se com mulheres diferentes a cada dia; de quando embebedava-se para esquecer uma mágoa, e conseguia.

Decidiu aceitar a companhia feminina e embebedar-se, quem sabe assim esqueceria-se de seus próprios sentimentos confusos. Quem sabe assim, voltaria a ser o Milo de antes, aquele que não se sentia sufocado, aquele que tinha certeza do que sentia, aquele que tinha quem quisesse em seus lençóis.

Conversaram, a moça se mostrando verdadeiramente sedutora, ainda mais depois de alguns copos de vinho. Milo já estava um pouco alterado, mais feliz que antes, mas não tanto para cair nas armadilhas da mulher.

-Sabia que vou viajar pra fora da Grécia?

-Sério? – respondeu o loiro, verdadeiramente sem vontade de saber sobre isso.

-Sim, no sábado. Vou sair do país, viajar um pouco, e...

Ela continuou a falar, falar, falar, mas o cavaleiro já estava vagueando longe em pensamentos. Sábado... lembrou-se do que teria sábado, de onde iria, com quem estaria, e sentiu o peito apertar. Não tinha falado com ela o dia todo, não sabia como estava, se tinha melhorado ou não... E aquilo o agoniava.

-...Milo? Milo?!

Foi despertado pela voz feminina que o chamava ao seu lado.

-Ah, sim! Desculpe-me! Acho que é feito do álcool. – mentiu. – O que disse?

-Perguntei se não gostaria de sair daqui. Tem gente demais...

-Ah, é verdade, o bar encheu. Para onde quer ir? – fez-se de inocente.

-Pra qualquer lugar, vamos sair daqui por enquanto.

E dizendo isso, foi puxando Milo pela mão, que fez um sinal ao barman tentando dizer “bota na conta”. Olhava para a mulher à sua frente, e já do lado de fora percebeu como estava frio e ventando.

-Então, para onde... – Não conseguiu terminar a frase, pois teve os lábios tomados pela boca carnuda da mulher.

-Não me importo de ficar aqui, Milo de Escorpião. Eu quero ser sua, apenas isso...

Rose se inclinou para frente, apoiando as mãos nos ombros do cavaleiro, fazendo com que ele notasse seus fartos seios.

Milo soltou um suspiro. Percorreu os olhos pelo pescoço da moça, por seu busto e braços frágeis. Era bela, era sedutora, era fato. Devia estar excitado com sua presença, mas o leve toque de seus lábios o fizeram sonhar... Ah! Fosse outros tempos, o loiro a teria atacado ali mesmo; fosse outros tempos, ele teria se divertido aquela noite.

Mas não era mais o mesmo desde que conhecera...

-Desculpe. – ele disse, afastando gentilmente a moça de si. – Não posso. Me desculpe, hoje não estou com cabeça para isso.

E dizendo isso, se afastou a passos lentos, mas determinados, deixando para trás uma incrédula mulher.

Parou já longe, na praia grega. Ali, a maresia trazia uma brisa refrescante para o dia quente que tiveram. O cheiro gostoso de água salgada o fez sorrir e ergueu os braços, tomando aquele vento em todo seu corpo. Permitiu que fechasse os olhos e se ajoelhasse na areia, longe do mar. Depois, ergueu-se e caminhou até a água, deixando que molhasse seus pés. Estremeceu com a água gelada, mas ficou ali, refletindo.

Tudo que se ouvia era o barulho das ondas se chocando na areia. Lamentou por estar ali sozinho, era uma sensação única estar naquele lugar à noite. O horizonte noturno era belo demais para se ver sozinho.

Pegou o celular do bolso da calça, viu que tinha uma chamada não atendida de Amelié. Desesperou-se e tratou de ligar para ela, imaginando o que diria para não ter dado noticias o dia todo. Não podia dizer a verdade, tinha medo que ela o achasse igual a todos.

Mas porque queria que ela pensasse que ele era diferente?

A chamada foi atendida rápida:

-Alô?

-Amelié!

-Oi Milo! Tá tudo bem com você? – disse num tom visivelmente preocupado.

-Sim, mas porque a pergunta?

-Você não deu noticias o dia todo, não é do seu feitio. Achei que tivesse acontecido alguma coisa...

Milo emudeceu. Ela havia se preocupado com ele, provavelmente ficou pensando nele o dia todo. Será que ela gostava dele? Será que estava com os mesmos dilemas que ele?

-Milo? – escutou a voz ao telefone.

-Desculpe, eu estou bem! Se não mandei noticias hoje, é que tive alguns deveres a fazer e não tive muito tempo livre. Só agora eu pude te ligar, desculpe.

-Tudo bem! Fico mais tranqüila que esteja bem!

O Santo ficou sorrindo, como se ela pudesse vê-lo através do aparelho.

-Então... – ela tornou a dizer. – Não esquece que sábado vamos sair, viu?

-Claro!

-Até sábado, então!

-Até... Amelié!

-Sim?

-Ehr... nada.

-...Ok. Milo, boa noite.

Chamada desligada.

O Escorpião ficou fitando a noite, o céu noturno de repente, tornou-se muito mais estrelado do que antes. Nem parecia ser o mesmo céu que estava contemplando a poucos minutos.

Mas quase, quase dissera a ela que... o que diria? Que a amava? Não! Milo de Escorpião não era de uma mulher só! Era um caçador feroz, muitas já haviam se entregado à ele! Em outros tempos, ele participou até de orgias!

Mas já não eram mais outros tempos...


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Notas finais do capítulo

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