No dia seguinte fomos para a casa da minha mãe à noite.

Sentamos no sofá e a empregada disse que ela já estava descendo.

Ficamos ainda um tempo esperando e então ela desceu, com um cara?

Encarei Bill confusa e eles se aproximaram. Olhei o cara de cima a baixo, de baixo a cima. Eles se sentaram no sofá da frente.

- Tudo bem, quem é ele? – Perguntei já um pouco nervosa. –

- Olha filha, a gente se conhece há bastante tempo, ele se mudou pra cá há duas semanas e então estamos namorando agora. – Eles se olharam e sorriram. –

Eu fiquei estática e aquilo começou a ecoar em minha cabeça. Fiquei um longo tempo tentando assimilar as coisas e então me dei conta do que estava acontecendo.

- Namorando?

- É eu pensei que se vocês se conhecerem talvez... – A interrompi. –

- O que é que você está pensando? – me levantei – Eu nunca precisei disso! Você nunca precisou e nem precisa! – comecei alterar a voz – Eu pensei que ia ser só a gente pra sempre, eu...Ah quer saber, faz o que você quiser! – Disse com lágrimas nos olhos e corri em direção à porta. –

- Hanna! – Bill veio correndo em minha direção. –

- Hanna, filha espera... – Escutei a voz dela de longe, mas eu já estava na rua. –

- Bill, por favor, me tira daqui. – Disse me escorando no carro, deixando algumas lágrimas escorrerem. –

Eu fiquei o tempo todo encolhida no banco do carro remoendo o que havia acabado de acontecer.

Chegamos em casa e eu comecei a subir a escada.

- Hanna, vem aqui... – Bill me chamou e eu me virei indo ao seu encontro. -

- Por que ela fez isso comigo? – O abracei. –

- Olha, ela tem todo o direito de fazer o que ela quiser. – Falou firme. –

- O que? Não, sempre foi só ela e eu, e ela me prometeu uma vez que seria só a gente pro resto da vida! – desfiz o abraço – E vai me falar que você também não ficou assim com a sua mãe?

- Claro que eu fiquei, mas a vida é dela, ela fez a escolha dela e nós não temos que interferir nisso! – Falou um pouco alterado. –

- Mas ela me prometeu! – Gritei. –

- Para Hanna! Você ta agindo feito uma criança! – Gritou também. –

Tampei o rosto com as mãos, me virei e corri pro quarto.

Me joguei na cama. Logo em seguida Bill entrou no quarto e sentou na cama.

Respirei fundo tentando parar de chorar. Enxuguei minhas lágrimas e sentei na cama de cabeça baixa.

- Desculpa. – Falei baixinho. –

- Acho que não é a mim que você deve desculpas... – Falou tirando uma mecha de cabelo do meu rosto. –

- Eu sou uma idiota! Você tem razão, isso foi infantilidade da minha parte... – coloquei uma de minhas mãos na testa – Fiquei até zonza com essa situação.

- Vou fazer um chá pra você. – Deu um beijo em minha cabeça e saiu. –

No dia seguinte eu conversei com ela e nós resolvemos tudo.

Eu estava em casa sozinha ouvindo música bem alta quando fui atingida por uma almofada vinda do além.

- Hey! – desliguei o som – Tom existe campainha aqui sabia?

- Eu toquei umas trezentas vezes, liguei pro telefone, pro seu celular e pensei em gritar, mas isso também seria uma perda de tempo. Acho que se a casa explodisse você não perceberia, aliás, que músicas são essas? – Se aproximou de mim. –

- Isso se chama cultura, o que você não tem por ouvir aqueles hip hops horríveis... – Cruzei os braços. –

- Não, isso é barulho, não música! – Falou sério. –

- Ta, a que devo a honra da sua ilustre visita?

- Como eu estava entediado e você ta sozinha aqui...pensei que seria bom eu vir pra cá e te humilhar no Guitar Hero. – Disse me mostrando uma caixinha com o jogo. –

- Me humilhar? Tenho pena de você...

- Então vamos jogar logo. – ligou a TV e colocou o jogo – Nível fácil? – Me entregou um controle. –

- Fácil? Para de ser chato!

- Tudo bem, nível médio... – sorriu – Ok, a gente vai no mais difícil, eu deixo você escolher a música mais fácil. –

- Tom! E eu não conheço nenhuma dessas músicas, então pode colocar qualquer uma. – Falei me ajeitando. –

- Vamos apostar então, se eu ganhar você admite que eu sou o melhor e tudo mais, se você ganhar... – O interrompi. –

- Se eu ganhar você vai ter que comprar pra mim alguma coisa pra comer porque eu to morrendo de fome! – Falei e ele riu. –

Começamos a jogar.

Ele estava se achando de mais, fazia poses e tentava fazer graça. Eu também comecei a curtir o jogo, enlouquecer na verdade.

- Uhuu! Bem feito! Vai se achar o gostosão agora! – Comecei a pular de felicidade assim que o jogo acabou. –

- Foi sorte...Melhor de três!

E então jogamos mais duas vezes. E nas três vezes quem ganhou fui eu.

- Desiste Tom, agora vai lá, pega o telefone que meu estômago não agüenta mais esperar!

- O que foi que aconteceu aqui? Escutei os gritos lá de fora, e Tom que cara é essa? – Bill havia acabado de entrar em casa. –

- Aconteceu que ele acabou de perder no Guitar Hero. Três vezes seguidas! – Falei toda convencida. –

- Não acredito! Mas como? – Perguntou incrédulo. –

- Acontece que ele só é bom com uma guitarra de verdade e assim mesmo ainda não é grande coisa. – Brinquei. –

- Vai querer o que? – Tom perguntou ainda com a cara fechada. –

- Qualquer coisa que tenha carne!

Depois de algum tempo meu fast food favorito chegou.

- E como castigo eu quero os dois sentados do meu lado me vendo devorar essa carne deliciosa... – Disse pegando meu lanche e sentando no sofá. –

- Um animal morreu pra virar isso aí sabia? – Bill comentou se sentando ao meu lado e Tom logo em seguida. –

- Uma garota vai morrer se não comer isso aqui sabia? – Falei dando uma bela e demorada mordida. –

Os dois faziam caretas bem engraçadas a me ver mastigando lentamente.

- Nossa que falta de educação da minha parte. Vocês aceitam um pedaço? – Coloquei o pão na frente do nariz de cada um. –

- Chega! Eu vou acabar morrendo aqui! – Bill falou se levantando. –

- Não vai não. – o puxei de volta para o sofá – Eu nem acabei de comer ainda... – Os dois me fuzilaram com o olhar. –