Hanna ainda estava tentando se adaptar ao ambiente, ainda fazia várias perguntas. Mas ela parecia estar sofrendo, não sorria mais, não falava nada além das perguntas, ficava o tempo todo sozinha em algum canto da casa.

Alguns meses haviam passado e nada dela se lembrar.

Todos estavam sofrendo com isso, mas eu tinha esperanças de que ela se lembraria, mesmo que isso demorasse.

Ela já havia se recuperado dos ferimentos, mas não quis se reativar em sua banda.

[Bill Off]

[Hanna]

Estava difícil agüentar tudo aquilo. Aquela casa parecia estar em clima de luto, ninguém sorria, a não ser quando Tom tentava nos animar.

O que estava me cortando o coração eram os gêmeos. Eles viviam me pedindo pra fazer algumas coisas que diziam que eu fazia antes do acidente, mas eu não sabia o que fazer.

Eu queria me lembrar, não queria que ninguém sofresse por minha causa.

Eu estava saindo do quarto quando comecei a ouvir Bill conversando com os gêmeos.

- Pai, por que a mãe ta estranha? – Um deles perguntou em tom triste. –

- Ela ta só um pouco doente, logo ela melhora! – Bill respondeu também parecendo triste. –

Aquilo entrou em meus ouvidos cortando meu coração.

Me joguei sentada no chão e as lágrimas começaram a sair sem parar.

Antes que alguém percebesse, corri pra dentro do quarto e tranquei a porta.

[Hanna Off]

[Bill]

Mais tarde eu teria o ensaio da banda.

Eu não queria deixar Hanna em casa, mas não daria pra levá-la naquele dia.

Tom já estava me esperando para irmos.

- Eu quero ir na casa da vó Simone!

- Eu também!

Os pequenos pediram antes que eu saísse.

- Por mim tudo bem, pergunta agora pra mãe de vocês. – Respondi apontando pra escada. –

- Mãe, a gente pode ir na casa da vó Simone? – Os dois correram em direção à Hanna. –

- Pode sim. – Respondeu parecendo bastante triste. –

- Então vamos logo. Hanna, não vou demorar a voltar Ok? – Dei um beijo em sua testa e saímos. –

Entramos no carro e eu pedi para Tom passar na casa da nossa mãe pra deixar os meninos lá.

Passamos o resto do dia inteiro ensaiando e depois tivemos uma reunião.

Acabamos saindo tarde de lá e já era noite.

Resolvi passar em casa e levar Hanna pra dar uma volta, já que ela parecia não estar bem.

Tom ficou dentro do carro enquanto eu entrava.

Entrei em casa e dei de cara com uma cena que me matou no mesmo instante.

A cozinha estava toda bagunçada e Hanna estava jogada no chão com os pulsos cortados.

Meu coração disparou e senti como se estivesse ficando sufocado.

- Tom! – O gritei com todas as minhas forças e então comecei a chorar. –

Mas chorar não resolveria nada.

Rapidamente a peguei em meus braços e corri até o carro.

- Bill o que aconteceu? – Perguntou preocupado. –

- Tom corre o mais rápido que puder. Ela não pode morrer! – Falei assim que entrei no banco de trás do carro ainda com ela nos braços. –

- Ok! – Pisou no acelerador. –

Eu a apertava contra meu corpo enquanto minhas lágrimas não paravam de cair.

Chegamos ao hospital e Tom foi na frente pra pedir ajuda.

A levei para uma sala de emergência e o médico foi examiná-la.

Eu fiquei do lado de fora agarrado a Tom.

Pouco tempo depois o médico saiu da sala.

- Ela não corre risco nenhum. Fizemos um rápido exame de sangue e constatou que ela ingeriu grande quantidade de álcool, os cortes nos pulsos foram superficiais. O que fez a fez ficar desacordada foi o efeito do álcool. Ela vai ter que passar a noite aqui no hospital. Um de vocês pode ficar aqui com ela. – Explicou. -

- Bill, eu vou ficar em casa com os gêmeos, amanha cedo eu venho aqui buscar vocês. Se cuida. – Me abraçou forte novamente e saiu. –

Entrei no quarto onde Hanna passaria a noite.

Sentei em uma cadeira ao seu lado, segurando sua mão.

Algum tempo depois o hospital havia ficado mais calmo, já era de madrugada.

Eu ainda não havia dormido, e nem sabia se conseguiria.

Quando já estava quase amanhecendo ela começou a despertar.

- Eu to aqui de novo... – Riu fraca. –

- Hanna, por que você fez isso? – A encarei triste olhando fundo em seus olhos. –

- Não agüentava mais ver vocês sofrendo. Aquilo estava acabando ainda mais comigo. – Abaixou o olhar. –

- Você tentou se matar! Mas você não tiraria apenas sua vida, tiraria a minha também, porque eu não posso viver sem você! – Disse deixando uma lágrima escapar. –

- Eu quero voltar a ser como antes do acidente, mas não consigo me lembrar. – Também deixou algumas lágrimas escorrerem em seu rosto. –

- Você não precisa tentar se lembrar, seja apenas você mesma, já é o suficiente pra mim!

Ela ainda deixava suas lágrimas caírem.

Ficamos ali em silencio até o dia clarear e Tom nos levar pra casa.