Quem nunca sentiu algo além daquilo que o dicionário traz ou além do que as bocas peçonhentas cospem sobre o amor, não sabe do que é capaz um coração pulsante fazer por seu calor, por seus batimentos acelerados e ao mesmo tempo embalados pelo sorriso de outro alguém, ou até mesmo por uma pequena lembrança que mesmo não passando de réstias de um pensamento se torna o ar dentre os pulmões de quem a possui esculpida em sua mente ou nas paredes descascadas do coração.

Quanto mais eu caminho pelas folhas da vida mais secas elas se tornam, até uma hora que todas caem, e eu cai junto, porque a única pessoa que me seguraria já voou para longe enquanto meu coração dolorosamente seca e aos poucos pedaços caem como folhas de uma árvore já morta pela frieza de viver solitária.

Algum dia eu espero que aquele Sol volte a brilhar entre as cortinas de minha alma, que me escondem dos olhares assassinos de quem bate a minha porta em busca de calor, mas encontram apenas um gélido sopro do que sobrou de você aqui dentro, de tudo que você deixou e também de tudo que você levou.

Não importa quanto eu me esconda sob os cobertores, o frio que vem de dentro de mim não me deixa vacilar os olhos sobrecarregados por incontáveis noites em claro, cujas passei a procura fracassada da tua imagem dentre as sombras dançantes que embalavam as folhas das árvores lá fora, nem as poucas luzes de seu olhar que escorrem sobre os borrões de minha memória aqui dentro de minha mente, agora perturbada e confusa. Mesmo depois de toda droga inserida em meu organismo eu ainda sinto seu perfume flutuando suave sobre o vazio de meu quarto, ainda sinto o seu lugar na minha cama vazio, mas com as formas de seu corpo levemente marcadas por seus traços, os quais tenho em detalhes gravados em meus olhos. 

Mesmo quando amanhece eu sinto que em mim tudo permanece escuro. Onde estão suas mãos para me puxar para fora desse pesadelo, cujo começou com nosso indecifrável amor, mas que por cegos erros foram nos rasgando, deixando-nos cada vez mais distantes e quando nos jogamos de prédios sem termos criado asas foi dado por você à outra pessoa assim que tocamos o chão. Você se levantou e seguiu sua linha com outra essência ao seu lado, outras memórias foram gravadas em seus lábios sobre as que escrevi, mas meu corpo permanece estaqueado no concreto pesado de nosso vôo, as minhas memórias não mudaram, ninguém consegue lhe apagar de mim.

Eu sinto o tic-tac de meu coração desacelerar cada vez que olho para todas as direções para qual você partiu e não enxergo rastros de sua presença, nem mesmo a mais distante que poderia haver entre nós. Assim que você partiu, eu virei um mero fantasma vagando pelos cômodos da casa, caçando mínimas memórias impregnadas em cada milímetro dos nossos cobertores, em cada centímetro do agora desflorado jardim, a cada quilometro que separa meu corpo do seu.

Se você sentisse o desencadeamento de emoções que brotam em mim quando ouço a porta bater, você voltaria para tomar o lugar do vento neste ato; se sentisse por uma noite como as lagrimas se tornam cortantes por meu rosto, você voltaria para secá-las e nunca mais as deixarem cair. O que eu ainda preciso sofrer para você voltar com meus sorrisos e minha alegria presa em cada célula de seu corpo, em cada pigmento de seu olhar, em cada momento que você me permite viver e não apenas existir?

PS: Talvez seja verdade que eu não consiga viver sem você. Eu sempre vou sentir sua falta Ge ♥

Ass: Frank.