Confession escrita por Hikaru_S_River


Capítulo 1
Verdade ou Conseqüência?


Notas iniciais do capítulo

Fic feita para o Amigo Secreto da Pscoa do FRUM DGrayBr!E minha amiga secreta foi a...Kao-chan!Espero que goste dessa fic, pois fiz com bastante carinho e dedicao. ^^ Beijos,Hikaru~



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D. Gray-Man

Verdade ou Conseqüência?

Allen Walker x Natsuno Kaoru

             Todos estavam sentados em volta de uma das mesas do refeitório, conversando animadamente sobre acontecimentos dos dias ou da semana. Relembrando momentos engraçados ou irritantes. Lá estávamos nós sentados enquanto a maldita garrafa rodava trezentas vezes e nada de parar de alguém para alguém. Revirei os olhos quando vi Lavi olhar para mim com um sorriso cínico. Ótimo, agora sim eu estava detestando a idéia de ter aceitado a jogar Verdade & Conseqüência, principalmente porque a garrafa acabou parando em minha direção.

“Allen! Verdade ou conseqüência?”, ele perguntou animado.

“Verdade.”, respondi sem muita vontade.

“Você ainda faz xixi na cama?”, o vi sorrir de lado.

“Que raio de pergunta é essa?”, arqueei a sobrancelha sem entender.

“Hey, só vale dizer a verdade!”, ele me alertou.

            Incrivelmente todos estavam parados e olhando atentamente para mim, querendo saber a resposta. Ah, qual é. Eu já tinha 15 anos. Lógico que não fazia isso mais. Revirei os olhos e cruzei os braços, levemente irritado.

“Não.”

“Ok. Sua vez de girar.”

            Girei a garrafa e apoiei o queixo na palma de minha mão, olhando para as infinitas rodadas que aquele objeto executava. Vi quando parou para a Yuu-chan. Meu sorriso se alargou ao vê-la se surpreender por ter sido a escolhida. Olhei ao redor, contando novamente as pessoas que estavam ali. Hikaru, Lavi, Yuu-chan, Kelly, Kanda, Lucas, Lenalee, Pteron e por fim... ela. Kaoru. Ela estava no momento atenta a amiga que se animava ao lado para perceber que eu a observava. Era muito bonita com seus cabelos escuros e lisos, presos em um rabo-de-cavalo baixo, colocado para frente. Não me permitir olhar muito tempo para ela, afinal, não podia deixar transparecer o que sentia. Estava escondendo aquilo há meses e continuaria a esconder enquanto fosse possível.

Desviei o olhar calmamente para a garrafa, tentando pensar em alguma coisa para falar caso ela escolhesse uma das duas opções. Tive uma pequena idéia.

“Yuu-chan, verdade ou conseqüência?”

“Consequência! Esse povo só sabe pedir verdade...”

“Uhuuul! Isso aí Yuu-chan! Você é das minhas!”, Lavi gritou, bagunçando o cabelo da mesma.

“Ai, Lavi! Seu besta!”, riu divertida, mas logo se virando para a minha direção.

“Hmm... Dê um apelido constrangedor a alguém.”, era a coisa mais leve que achava que pudesse pedir a pequena albina.

“Apelido constrangedor?”, pensou calmamente enquanto observava ao redor, pessoa por pessoa. “Hmm... Me deixe ver.”, seu olhar passou vagarosamente por todos até chegar na jovem de cabelos castanhos escuros e longos. “Ah, Kaoru! Eu escolho você! A partir de hoje todos devem lhe chamar de... De... Ka-nyan~”, comentou animada.

            Ri ao observar a cara de surpresa e de incredulidade de todos. Eu já esperava algo como aquilo da Yuu-chan, afinal, ela é muito fofa para fazer alguma maldade com alguém. Vi a face da Kaoru enrubescer levemente, mas logo o sorriso inocente estava desenhando seus lábios. Nossa, como ela ficava bonita quando ficava envergonhada. Virei o rosto para o lado, fingindo prestar atenção em qualquer coisa, mas o sorriso e o olhar malicioso da Hikaru me fizeram entrar em pânico. Droga. Ela parecia ter percebido o que estava acontecendo e isso não era nada legal.

            Yuu-chan rodou a garrafa até parar logo na menina de cabelos ruivos e curtos, que tanto parecia rir de mim por dentro. Soltei um suspiro pesado, já imaginando o que veria a seguir.

“Hika-chan! Você! Verdade ou conseqüência?”

“Hm... Não sei.”, a vi parar para pensar por um momento. “Ah, vai verdade.”

“Hmmm... Ok. Vamos ver, se você pudesse escolher alguém para ser seu animal de estimação, quem você escolheria?”, Yuu-chan perguntou animada.

“Hein?”, todos ali exclamaram, menos eu.

“Deixem ela.” , comentei simples, a observando por um tempo.

“Vamos ver...”, Hikaru olhou ao redor, até parar o olhar de volta a Yuu-chan. “Acho que... Você!”, levantou-se e agarrou a Yuu num abraço apertado que me deu claustrofobia só de olhar.

“Haha! Hika-chan! Assim eu não respiro!!”, Yuu reclamava, rindo divertida.

“Certo! Desculpe-me, Yuu-chan! Bem!!”, exclamou batendo palmas animada. Meu Deus. Que ela não me tire. “Minha vez.”, tornou a se sentar e rodou a garrafa.

            Observei o objeto girar um tanto apreensivo. E se parasse em mim e ela perguntasse alguma coisa? Pior! Se pedisse para eu fazer alguma coisa? Fechei os olhos rezando internamente para que ela não parasse em mim, mas um grito agudo soou e me tirou da minha prece, me fazendo olhar para o objeto. Ele apontava exatamente para... a Kaoru? Opa. Alguma coisa não estava cheirando nada bem. Novamente aquela ruiva esperta estava com o sorriso malicioso no rosto.

“Kao-chan! Kao-chan!”, incrível como ela e o Lavi tinham uma forma idêntica de chamar as pessoas que achavam fofas. “Verdade ou consequência?”, e ainda o mesmo timbre na voz.

“Hããã? Ah, hm... Verdade.”, comentou simples.

“Você gosta de alguém daqui da Ordem?”

            Arregalei levemente os olhos, sentindo a curiosidade me corroer por dentro. Como assim ela estava perguntando aquilo justamente naquele instante? Meu olhar saiu de seu rosto para se fixar no rosto da outra, sentindo uma queimação aguda em meu interior. Silêncio. Maldição. Aquele suspense todo estava me matando. Será que ela estava gostando de alguém? Será que era de alguns dos meninos ali? Certo. Eu nunca me senti tão estupidamente ridículo. O que eu era? Uma criança de cinco anos? Meu Deus. Tenho de dar um jeito nessa minha ansiedade mórbida.

“Hm... Etoo... E-Eu. Caham.”, ela suspirou vermelha, logo puxando o ar com força. “Gosto sim.”

“Ok. Pode girar, Kao-chan!”, o sorriso dela era um tanto carinhoso, mas logo que se virou para mim, ela riu suave como se soubesse de algo. Seria...?

“Lavi! Verdade ou conseqüência?”

“Conseqüência!”

“Escolha alguém para dançar sobre a mesa It’s Raining Man!”, comentou alegre.

“HAHAHAHAHA!”, não consegui me conter. Ri junto com Hikaru, Yuu-chan, Kelly, Pteron e Lucas.

“Hmm... Alguém? Bem, se vou dançar uma música gay! Preciso de um parceiro gay para isso!”, riu de lado, como se quisesse aprontar. “Yuuuuuu! Levante-se e venha dançar sua música predileta comigo!”, Lavi andava em direção ao Kanda, começando a puxá-lo pelo braço.

“Baka Usagi! Não venha me colocar nos seus problemas! E GAY É...”

“Kanda-kun! Vai logo, afinal, você aceitou brincar com a gente.”, Kelly sorria para ele, que por fim obedeceu. Pisquei. Para tudo. Desde quando o Kanda fazia o que a Kelly pedia?

“Tch. Você me paga, baka usagi!”, rosnou para o outro.

“Pessoal, comecem a cantar!”, Kaoru ria, pedindo ajuda aos demais.

            Aquilo sim seria bom de ver. Kanda e Lavi dançaram de maneira amadora a música, inventando as coreografias e vezes ou outras se batendo. Após a linda coreografia dos dois, boas risadas e a corrida do Lavi para salvar sua própria vida da lâmina da Mugen, tornamos a voltar para o jogo. Porém, enquanto ainda acontecia o escarcéu, Hikaru sentou-se ao meu lado, cutucando minha bochecha e me fazendo olhar para ela. Sua expressão era de que havia descoberto sim, o meu segredo. Corei. Agora eu tinha certeza. Ela sabia dos meus sentimentos pela Kaoru, e por perceber isso tive de virar o rosto para o lado oposto, na intenção de impedi-la de me ver envergonhado.

“Allen-kun! Você sabia que você é péssimo em esconder certas coisas?”

“Não. Eu sou um ótimo mentiroso, e você sabe muito bem disso.”

“Hey, você pode ter aprendido a mentir sobre coisas casuais, mas sobre seus sentimentos... Você é terrível.”, ela exibiu um sorriso simples, o qual não existia nenhum toque de humor negro.

“Como você...?”

“Seus olhos, Allen. Você não consegue mentir o que sente por ela. Pelo menos, não para mim. Hey, eu sou mais experiente nesse assunto de sentimentos que você, viu?”

“Sua velha.”, ri, provocando-a.

“Nanico.”, senti o tapa em meu braço de leve, mas logo vi que ela estava sorrindo. “Por que não conta logo para ela?”

“Por que... Bem. Não sei... Talvez medo da resposta. Nunca gostei de nenhuma garota, entende? E ela, bem... É a primeira.”, revelei ao dar um suspiro exausto.

“Eeeto, você só vai saber o que ela sente se você falar, não? Ficar parado não vai te ajudar em nada. Já sei! Quando a garrafa cair para você de novo, vou dar um jeito de te ajudar!”

“Mas...”

“Relaxa, vai ficar tudo bem. Só não quero te ver assim, Allen.”

“Hm... Obrigado. Eu acho....”, tentei sorrir, mas acho que foi em vão. Estava começando a ficar mais nervoso ainda para retribuir qualquer gentileza.

            Lavi sentou-se e tocou a garrafa, porém, antes que fizesse algum movimento, o vi escutar algo que a Hikaru lhe contava em seu ouvido. A expressão de surpresa em seu rosto foi tamanha, e só pude ler em seus lábios a pergunta “Tem certeza?”, que logo em seguida foi respondida por um simples aceno de cabeça da outra. Engoli em seco. Só me faltava essa. Não era para ser algo assim tão na cara, né dona Hikaru? Ai, o que a Kaoru vai pensar de mim?

            Por fim, ele girou a garrafa e novamente fiquei na mesma ânsia de espera pelo termino daquele movimento giratório. Oh, infelicidade. Porque eu tinha de ficar passando por aquilo, mesmo? Ah, claro. A bisbilhoteira da Hikaru tinha de prestar atenção em tudo? Oh, droga. Puxei o ar, mas logo o prendi ao ver que a garrafa apontava para ninguém mais, ninguém menos do que para mim. Revirei os olhos, lançando um olhar fulminante em direção a ela.

“Macumbeira.”, sussurrei.

“De nada!”, a vi falar mudamente, ou seja, mexendo os lábios.

“Eeeeennntããããão, Allen! Verdade ou conseqüência? Consequência, né? Bem...”

“Hein, mas pera aí, eu não escolhi ain-”

“Mas você escolheu verdade na passada, e não pode se escolher duas verdades consecutivas.”

“Hey, desde quando isso virou regra?”

“Desde agora. Então, vamos ver.”

“!!”, ótimo. Obrigado aos dois ruivos mais idiotas, depois do meu mestre, claro, e que estão tentando fazer algo que duvido que vá dar certo.

“Você terá cinco minutos dentro do armário de vassouras da Ordem, junto com a... Kaoru-chan!”

“O QUÊ?!”, exclamamos juntos.

            Por favor, não me olhem. Eu provavelmente fiquei sem graça e muito vermelho com aquela idéia.

“Mas...”

“É a brincadeira, Allen! Anda logo!”, Lavi encostou-se à parede, me olhando com um sorrisinho de canto infeliz.

“Eu vou te bater! Eu juro...”, mexi os lábios, olhando em seu olho esquerdo.

            Levantei-me, balançando as vestes para tirar a sujeira. Esperei até que a Kaoru fizesse o mesmo e pudéssemos caminhar. A vi olhar para a Yuu-chan, com um olhar triste e logo depois se levantar. Assim que ela chegou ao meu lado, me virei e continuei a me locomover em direção ao tal armário de vassouras que ele havia falado. Caminhamos em silêncio até chegarmos em frente a porta, que por sinal estava quase que completamente coberta por ferrugem. Respirei fundo, tocando a maçaneta velha, mas logo me arrependi pois senti a frieza do metal me causar um arrepio extremo.

            Olhei de lado para ela e a vi com a cabeça abaixada, onde a franja cobria-lhe os olhos não me permitindo saber qual era a sua expressão. Suspirei, fechando a porta. Não. Eu não queria que ela ficasse triste como me aparentara mais cedo ao olhar para a Yuu. Virei-me em sua direção e puxei-lhe pelo queixo delicadamente, fazendo com que a mesma me olhasse nos olhos. Não sei se minha expressão era de preocupação, mas tentei parecer o mais calmo possível.

“Oe, Kaoru. Se não quiser fazer isso, tudo bem... A gente...”

“Não!!”, a vi exasperar e por segundo me assustei. “Não. A gente concordou em brincar, não foi? Então... Acho que devemos fazer isso como nos foi mandado."

            Pisquei. Já fazia alguns meses que ela chegara da sucursal asiática e não imaginava que em tão pouco tempo pudesse nutrir algum sentimento por ela, mas acontecera. Não a conheci quando fui parar lá, aos cuidados da For, do Wong e do Bak. Ela estava em uma missão ao redor da sucursal, procurando algumas Innocences com um grupo de Finders. Suspirei e logo sorri, não contendo meu alívio. Soltei seu queixo calmamente, e voltei a abrir a porta, adentrando o lugar.

            Estava escuro e cheio de vassouras, panos e baldes. Teias de aranhas entre o teto e as paredes laterais. Algumas rachaduras no concreto. Um cheiro de mofo e a poeira me fizeram espirrar desesperadamente. Após alguns espirros meus e dela, procurei tatear as paredes a procura do interruptor e acender a luz antes que fechássemos a porta, mas parecia que não havia qualquer indicio que revelasse sua existência.

“Acho melhor a gente não...”, escutei o baque da porta e logo em seguida a escuridão tomou conta do lugar.

“Allen-kun?!”, a escutei gritar preocupada.

“Estou aqui. Onde você está?”, procurei tatear a parede com o meu braço direito, enquanto a procurava pelo meio do quarto com a esquerda.

            Assim que toquei em suas costas a vi gritar e por reflexo a puxei para perto de mim, fazendo com que nossos corpos se encostassem. Prendi a respiração ao sentir suas curvas grudadas em meu corpo, como se encaixassem perfeitamente em mim. Ficamos em sem pronunciar alguma palavra por um momento, apenas apreciando o contato dos nossos corpos e o calor ardente que emanavam. Senti sua respiração próxima ao meu pescoço me fazendo notar que sua boca estava um pouco abaixo da minha, e que não estava nada distante também. Pressionei o olhos tentando me conter.

            Por Heblaska. Aquilo era tortura demais para mim em um só dia.

“A-Allen-kun?”

“Sim?”

“Hm... Bem... Como vamos sair?”

“Eles vão dar por falta da gente...”, comentei sem ainda largá-la.

“Hm... Ok.”, a senti abaixar a cabeça.

            Permanecemos em silêncio, respirando o mesmo ar e sentindo o calor que ambos emanavam. Suspirei calmamente, olhando para baixo e encostando meu queixo no topo de sua cabeça. Aspirei o cheiro do seu cabelo e sorri ao sentir o aroma de chocolate que dele exalava. Sem perceber, a vi se remexer sob mim o que foi o suficiente para parar com aquilo que fizera.

“Am... Desculpe-me Kaoru!”

“Nã-Não! Tudo bem, Allen-kun!”, escutei um som leve, o que pude deduzir que fosse um riso.

“Ahn... Kaoru.”

“Sim?”

“...”, senti algo borbulhar em meu peito. Ri internamente. Eu estava com medo de perguntar.

“Allen-kun?”

“Mais cedo quando a Hikaru perguntou a você sobre a pessoa que você gostava... Bem, ela estava entre a gente?”

“...”, ela ficou em silêncio e escondeu o rosto.

“Err... Não precisa...”

“Sim.”

“O que?”

“Ela estava sim. Digo, a pessoa que eu gosto...”

“Sei... E ela já sabe que você gosta dela?”

“Não.”

“Hmm.”

            Voltamos a ficar em silêncio, mas dessa vez o silêncio era pesado e dificil de suportar. Talvez fosse o nervosismo e o medo se misturando dentro de mim, não sabia ao certo. Ou talvez fosse o desconforto que surgira nela após a pergunta. Fechei os olhos lembrando-me das palavras da Hikaru. Ela disse que era para eu fazer logo o que eu tinha de fazer. Certo. Ela estava preocupada comigo, mas poderia ter pensado que isso era algo muito diferente na prática do que na teoria? Suspirei, me afastando um pouco da morena.

            Minha visão já estava se acostumando com a escuridão do quarto. Levei as mãos ao pescoço, o coçando de leve tentando me livrar do desconforto que agora me atingia. Puxei o ar, e me virei para ela tentando criar coragem para dizer o que tanto deveria dizer.

“Kaoru. Eu... Eu tenho algo para te falar.”

“Hm?”, não consegui ver sua expressão, mas posso deduzir que era de surpresa.

“Eu... Eu.”, respirei fundo, pressionando os olhos enquanto tentava formular alguma coisa para falar além daquela simples frase, mas não consegui.

“Eu gosto de você.”, falei por fim.

            Ela ficou em silêncio. Eu sabia. Allen seu burro. Por que eu caía sempre na onda da Hikaru? Argh. Que raiva de mim mesmo.

“O... que...?”, a escutei sussurrar.

            Ai Kaoru. Já fora tão difícil expelir aquelas palavras de uma vez e você me pedia por uma segunda? Droga. Mas se eu já tinha começado, então deveria ir até o fim.

“Eu gosto de você Kaoru.”

“...”

“Já faz um tempo, mas só consegui te contar agora. Sei que você não gosta de mim da mesma maneira, mas...”

“...também.”, parei ao escutá-la.

“O quê?”, foi a minha vez de perguntar.

“Eu também gosto de você, Allen.

            Ok. Me belisquem. Como assim? Quer dizer que eu estava sendo... retribuído? Não. Aquilo não era possível. Ou era? Bem, parecia que era.

“Espera. Eu acho que não entendi direito...”

“Haha. Allen seu bobo.”, a escutei rir.

            Senti que ela se aproximava, mas apenas me surpreendi quando senti seu toque morno em minha face. Dei um pequeno sobressalto e me arrependi disso quando a senti recuar. Sentindo uma pontada esquisita em meu peito, aproximei meu rosto do dela para tornar a sentir seu toque sobre minha pele. Assim que o senti, deixei que meus olhos se fechassem enquanto apreciava aquele gesto tão quente e carinhoso. Inclinei um pouco o rosto em sua direção, mantendo um maior contato com a palma de sua mão. Sem perceber, um sorriso já se moldara em minha face sendo a prova mais viva da minha alegria interior.

“Eu disse, Allen... Que eu também gosto de você.”, ela sussurrou rente aos meus lábios.

            Certo. Não era para eu ter feito aquilo, mas fora meu reflexo as suas palavras. A trouxe para mim pela cintura, virando-me e apoiando seu corpo contra a parede. Kaoru abaixou o rosto olhando para nossas posições, mas não permiti que o fizesse por muito tempo. A puxei para cima empurrando seu nariz com o meu, enquanto ao mesmo tempo aproximava nossos lábios. Antes que eu desse um fim a nossa distância, ela resolveu fazer isso por mim.

            Kaoru me abraçou pelo pescoço, puxando meu rosto para mais perto do dela e dando início ao nosso primeiro beijo. Pedi passagem para que pudesse aprofundá-lo, e sem qualquer impedimento vindo dela, eu o fiz. Passei os braços pelas suas costas, indo em direção ao seu pescoço alvo e fino para segurá-lo enquanto nos beijávamos, enquanto com o outro braço, a enlaçava pela cintura a trazendo mais para perto. Senti uma das suas mãos me arranharem a nuca, me fazendo sentir arrepios leves.

            Se pudéssemos, teríamos ficado ali por mais tempo se a falta de ar não viesse tão depressa. Separei-me de seus lábios por um momento, respirando pesadamente de olhos fechados. Abri os olhos, me deparando com os seus tão escuros. Permanecemos assim quietos, apreciando o momento com maior vontade e desejo que qualquer outro. Por fim, sorrimos e nos separamos. Posso dizer que internamente agradeci por termos feito isso, pois nos segundos seguintes, a porta do armário abriu apresentando um Ro-kun não muito feliz.

“O. Que. Estão. Fazendo. Aqui?”, a voz dele era um tanto carregada de repreensão.

“Ahm...”, como eu ia explicar.

“Ah, estávamos pegando alguns baldes e vassouras para limpar o refeitório, mas a porta acabou batendo e bem... Acho que ela não abre por dentro.”, a vi sorrir um pouco sem graça. Uau. Ela era mesmo muito linda.

“Sei... Bom. Então peguem logo essas coisas aí e vão voltar ao trabalho! Não quero ninguém vadiando, ouviram?”

“Ro-kun. Não seja tão mal com eles. São jovens ainda, estão aqui para viver e não trabalhar.”, a voz calma da general Saleh soou pelo corredor.

“Saleh-sama!”, Kaoru sorriu suave.

            Acho que tanto ela quanto eu estávamos aliviados por sua chegada.

“Meninos. Voltem para o refeitório. Todos estão esperando vocês há 15 minutos.”, ela falou calma, se posicionando ao lado do Ro-kun.

“É. Voltem logo antes que eu mande todo mundo trabalhar de verdade.”, respondeu se fazendo de mandão.

“Já vamos. Vem Allen... err... Allen-kun!”, ela sorriu e saiu andando na frente.

“Hm? Ah, ok. Estou indo. Até mais Ro-kun e Saleh-sama!”, acenei antes de correr para perto da Kaoru.

            Chegamos ao salão e só percebemos a presença de duas pessoas. Hikaru e Lavi. Eles olhavam para nós dois curiosos, e logo vi o que estavam querendo saber. Suspirei e olhei para os dois com uma expressão nada amigável. Aquilo só dizia a respeito de mim e da Kaoru, ninguém mais precisava saber.

“Ah, chegaram! Finalmente. Todo mundo desistiu de jogar. A Kelly e o Yuu foram treinar. A Yuu-chan e o Pteron foram jogar alguma coisa e o Lucas e a Lenalee, bem... Não sei o que foram fazer, acho que ajudar o Komui.”

“E vocês dois, o que estão fazendo aqui?”, Kaoru perguntou inocente.

“Esperando vocês dois.”, responderam após se entreolharem.

 “O que mais a gente estaria fazendo? A Hika-chan estava preocupada com vocês e eu fiquei aqui com ela esperando.”, vi Hikaru corar levemente e ri.

“Hi. Ka. Ru~.”, sussurrei, a olhando. “Acho que você também deveria dar uma volta no armário das vassouras! O Ro-kun está pedindo que você dê um jeito lá.”

“Hein? Sério? Ai, que droga. Queria tomar um banho... Mas bem. Ok.”, a vi levantar e ir em direção ao lugar. Ri suave. Que ingênua.

“Lavi, porque não vai ajudá-la?”

“Hm?”, Kaoru me olhou por um instante e apenas sorri de lado para ela. “Ahhh! É Lavi-kun! Vai com ela, e ajuda lá!”

“Ah, vou sim! Ei, Hika-chan, me espera!”

“Não precisa!”, a vi gritar.

“Mas porque?”

“Por que... Por que... Ah, er...”

            Tudo bem, eu admito. Sei me vingar muito fácil de algumas pessoas. Olhei para o lado e vi Kaoru rindo de mim. Arqueei a sobrancelha sem entender.

“O que foi?”

“Você é malvado!”

“Só estou fazendo um favor a ela...”

“Coitada. Você vai é arranjar uma bela de uma encrenca depois.”

“Nada que não tenha valido a pena.”, respondi a puxando para mim quando vi que estávamos sozinhos.

“Allen?!”, a vi olhar para os lados aflita.

“Tudo bem. Não tem ninguém aqui.”, sussurrei enquanto lhe roubava outro beijo.

            Na verdade eu não sabia se havia ou não alguma alma por ali, eu só queria beijá-la outra vez e me deliciar com os sentimentos que ela me despertava com um simples tocar de nossos lábios. 

Fim.


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Notas finais do capítulo

Espero que tenha gostado!
Yuu-chan! Não fique com ciúmes! Fiz uma para você também!
Beeeijooos!
Hika-chan!



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