Think Twice escrita por Nuvenzinha


Capítulo 9
C9. Too Close to Comfort


Notas iniciais do capítulo

AEAEAEAEAEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEEE MALANDRAAAAAAAAGEM
Demorou mas chegou, demorou mas chegou! ~
Depois de um mês e meio de intervalo, chegou!
E olha só, veio grandão! 8D -Q
Tipo, da primeira vez que eu vi a contagem de palavras no Word, estava com 3 mil e poucas palavras. Agora que terminei o capítulo, BAM! 6050 PALAVRAS! RECOOORDE! Bom, claro que o Nyah deve indicar bem mais palavras, mas enfim.
A capa foi ligeiramente mudada porque é como se fosse outra temporada. As coisas começam a ficar mais claras, como branco no preto.
O Título do capítulo é \"Too Close To Comfort\" pois quando eu estava tentando bolar um capítulo novo, logo que acabei Awkward, eu estava ouvindo a música do McFLY - minha banda britânica favorita - que tem esse nome, que eu tenho a impressão que diz algo como \" Eu estava tão próximo do conforto que eu não pude ver você se afastando \", e é mais ou menos isso que o capítulo mostra. Os dois começam a descobrir um pouco do que realmente sentem e acabam perdendo um pouco a proximidade que tinham \'v\' / isso de afastar vai aparecer mais nos próximos capítulos, mas eu só quis esclarecer.
Enfim, espero que não se zanguem pela demora da atualização, e boa sorte tentando ler esse texto enorme! ~



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Numa certa hora da manhã, começou a sentir um pouco de frio. Encolheu-se na cama, soltando um gemidinho; o sol incomodava seus olhos, que estavam fortemente fechados pelo sono. Seus finos braços esticavam-se e mexiam-se meio desgrenhados, procurando algo completamente às cegas, franzindo as sobrancelhas ao perceber que não havia absolutamente nada nem ninguém ao seu lado.

Virou-se um pouco no colchão, sentindo o lençol roçar em suas pernas. Mexeu um pouco os ombros, alongando-se enquanto abria lentamente os olhos, logo fechando-os outra vez; a luz que vinha de fora desinclinava-a a sair da cama. Tinha a impressão de ouvir seu despertador do celular. Jogou seu braço para a esquerda, para fora da cama, procurando seu celular. Apenas deu-se conta de que não estava no seu quarto quando não conseguiu achar o aparelho.

Tsugumi abriu seus olhos e sentou-se na cama, usando o velho truque de erguer a perna e usar de impulso pra sentar de uma vez, finalmente desperta. Viu ao seu redor caixas e mais caixas, mal iluminadas pela luz que atravessava a cortina do quarto originalmente inabitado, e um guarda-roupa marrom bem à sua frente. Foi até o pé da cama, onde viu uma mala. Foi quando lembrou-se da noite passada e corou ao dar-se conta de que a lembrança de ter voltado para seu quarto fora apenas um sonho.

Shizuo já não estava mais no quarto. E agora? Não tinha nem como ela acordar antes e fingir que nunca esteve ali. Como ela iria se explicar, se desculpar? Levou as mãos à testa, absurdamente nervosa; sentia o suor na pele. Não ouvia nenhum movimento no apartamento, apesar de ter a pequena impressão de ouvir as vozes dos personagens de um anime que passa todo dia de manhã. Será que ele estava assistindo TV na sala?

Resolveu ir dar uma olhada. Tomou coragem depois de alguns minutos e então colocou seus pés descalços sobre o chão gelado de madeira, sentindo um arrepio subir sobre sua perna. Ela realmente não deveria ter deixado seus chinelos no meio do corredor na noite anterior. Enfim. Abriu a porta do quarto bem devagar e foi caminhando até a cozinha. Olhou para a janela; o sol estava forte. A julgar pela luminosidade, já era tarde demais para ir à escola. Sorriu para si e então foi direto para a geladeira, tirando o leite de lá de dentro e logo se pondo a caçar um copo nos desorganizados armários.

Ela quase que podia sentir os braços de Shizuo envolvendo-a; que coisa mais constrangedora. Seu coração batia forte só de lembrar. Com o rosto avermelhado, tomou um gole de leite gelado para se acalmar. Por que ela continuava com aquela sensação? Ela não conseguia ignorar a agitação.

Olhou ao redor, estranhando a falta de gente por perto. Se estava sozinha, o grande mistério em questão era o porquê de ela continuar sentindo aquela atmosfera reconfortante e protetora em seu apartamento. Olhou por cima da bancada e viu a televisão acesa, mas não viu Shizuo. Será que ele havia ligado para ver as notícias e, ao ver que estava passando desenho, foi embora e esqueceu-se de desligar? Duvidou bastante. Ele poderia ter simplesmente ido embora mais cedo e a TV apenas acendeu sozinha. Ela fazia isso às vezes. Bom, não importava agora. Tsugumi pegou seu copo e saiu da cozinha, indo diretamente para o sofá da sala. Não ia perder uma das poucas chances que tinha de poder assistir aos desenhos da temporada passada, que ela tanto gostava e assistia sempre nas férias. Pulou as costas do sofá para sentar-se, coisa que sua mãe detestava; mas ela não estava ali para ver. Procurou o controle remoto e acabou por acha-lo embaixo de si; isso acontecia com irritante frequência.

-Finalmente acordou. – Olhou para trás e assustou-se ao ver Shizuo se aproximando, ajeitando a gravata borboleta no colarinho da camisa – Não vai para a escola?

-Não me assuste desse jeito! – a adolescente pulou do sofá, no susto; deu um tapa no braço do mestre quando ele se aproximou mais – Não apareça assim do nada, Shizuo-san!

-Eu estava no banheiro. O que você queria? Que eu gritasse de lá?

-Também não é assim...

-Então não reclama e responde a minha pergunta.

-O que foi que perguntou?

-Você não vai para a escola?!

-Eu? Não, já não dá tempo de ir.

Shizuo olhou meio bravo para a menina; aquela era uma pergunta retórica, quase que uma ordem para que ela se levantasse e fosse para a escola. Ficou até surpreso que Tsugumi não captou sua mensagem ou apenas se fez de não entendida como uma amostra de sua preguiça. Deu de ombros; não se importava se ela não fosse para a escola, era escolha dela ir ou não – apesar de que não gostava nem um pouco de que sua aprendiz fosse deixar de ir à escola por causa dos animes que estavam passando na TV. Mas ele tinha de ir trabalhar.

-Tô indo embora. – Levantou-se do sofá ajeitando a calça e o colete mais uma vez.

-IADAAAAAAA! – ela imediatamente deu um pulo do sofá e grudou em seu braço, como um carrapato – Não me deixa sozinha não me deixa sozinha não me deixa sozinha!

Gotas de suor escorreram por sua testa. Nervoso, bastou um balançar de seu braço para que ela caísse sentada no chão do apartamento – mesmo que continuasse a segurar sua mão. Finalmente botou para fora o que estava pensando: mandou que ela fosse para a escola, que deixasse de ser vagal, mostrando-lhe o horário no celular. Ela fez bico, olhando para o outro lado; estava com preguiça, dizia que havia dormido mal. Tentou com todos os seus argumentos convencê-lo de que não havia necessidade de ir à escola, mas chegou uma hora que ela teve de ceder.

-Pelo menos me acompanha até a escola, então.

-Tá bom, mas eu só vou esperar cinco minutos.

Tsugumi concordou, mas não deixou de tomar providências para que ele realmente a esperasse. Levantou rapidamente e correu na direção da porta, trancando-a com todas as chaves e guardando o molho de chaves no bolso da calça do pijama, logo pondo-se a saltitar pelo corredor na direção de seu quarto. Shizuo soltou um leve riso, quase como um suspiro. Era engraçado de ver aquela criatura miúda alegre daquele jeito. Chegava a parecer uma daquelas menininhas meigas e fofinhas dos contos de fada.

Mas não podia distrair-se com nada. Tinha de contar os minutos no relógio para não deixa-la abusar de sua boa vontade e paciência – que sempre foram escassas. Já haviam se passado três minutos e nem sinal da menina; chamou-a em tom alto, batendo o pé no chão, recebendo como resposta um singelo ‘já estou indo’. Logo em seguida, a adolescente deu as caras, usando o uniforme da Raira e um sorriso no rosto, além dos cabelos presos em dois laços, um de cada lado da cabeça – dando ainda mais a impressão de que aquela era uma garotinha do ensino fundamental, não uma colegial. De certa maneira, aquilo lhe trazia memórias de quando ele tinha de vestir uniforme de colegial. Não eram suas melhores memórias, uma vez que todos os dias significava uma nova encrenca armada pelo desgraçado do Izaya, mas era um pouco nostálgico de qualquer maneira. Sentiu-se meio velho pensando dessa maneira, então simplesmente virou pra frente e foi em direção à porta, sendo seguido pela menina.

Saíram do prédio e foram caminhando pela rua lado a lado. Parecia bastante calmo enquanto andava, mas ainda estava um pouco desconfortável pelo que havia acontecido na noite que passara, mas não via porque demonstrar que estava incomodado. Sem falar que não custaria nada acompanha-la até o colégio, já que não conhecia mais ninguém de lá e era caminho para onde ele tinha de ir para o trabalho de qualquer maneira.

Tsugumi, por sua vez, parecia mais contente do que nunca. Seria aquele algum dia especial e ele não estava sabendo? Ou ela só tinha encontrado uma alegria em sair de casa e sentir o vento no rosto? Estava até com os cabelos presos em duas marias-chiquinhas, coisa que ela nunca fazia normalmente. Era quase bizarro que a rapariga estivesse toda risonha daquela maneira quando nem meia hora antes ela tentava com todas as forças convencê-lo de não sair de casa. Tinha coisa ali, podia sentir! Ela estava planejando alguma coisa. Franziu as sobrancelhas, suspeitando severamente de tal possibilidade.

-Chegamos! – a menina anunciou, parando bem ao lado do muro que circundava a Raira, meio longe do portão de entrada; ficou um tempo em silêncio, apenas encarando-o – Neh neh, você podia abaixar um pouquinho?

-Por que está pedindo para eu abaixar?

-Só abaixa, caramba!

Sua aprendiz pôs uma das mãos em seu ombro direito e, com certa força, puxou-o para baixo, fazendo com que ele ficasse da mesma altura que ela. O mundo lhe pareceu diferente; era até desanimador ver o mundo tão de baixo, uma vez que estava acostumado a olhar para baixo quando falava com os outros por causa de sua altura; mas não deixou de ficar nervoso com o fato de que não conseguiu se mexer nem dizer nada quando a menina aproximou-se rapidamente dele e apoiar seu queixo em seu ombro, acabando por pressionar sua bochecha contra a dele. Não conseguiu deixar de arregalar os olhos, estático. Seu corpo todo ficou tensionado. Sentir os fios de cabelo da menina roçando em sua orelha fez com que grande parte de seu sangue subisse ao seu rosto de tão desconfortável que se sentia. Teve a breve ilusão de que aquele momento estava durando vários minutos, mas percebeu que foram apenas um ou dois segundos quando Tsugumi deu-lhe um tapinha em seu ombro e se afastou, com um pequeno sorriso em seu rosto.

-Tinha uma sujeirinha no seu ombro. – A menina mostrou um fiapo de tecido em sua mão – Consegui tirar! 

Ficou perplexo no início; apenas agradeceu por ela ter lhe feito aquele favor, mas não conseguiu acalmar-se até que aquela proximidade física se desfizesse. Muitos olharam, cochichando entre si. Se não estivesse constrangido daquele jeito, ele não teria hesitado em mandar todos cuidarem de suas próprias vidas. Tsugumi, por sua vez, pareceu nem notar as pessoas ao redor. Pôs-se de pé outra vez, ficando com a coluna reta, tendo de se alongar; ficar agachado daquele jeito lhe dera dor nas costas. Ainda não conseguira entender o porque dela ter feito ele abaixar daquele jeito por um fiapo de roupa, era só avisar. Mas, ao invés de perguntar, ficou calado.

-Agora que está tudo certo, tô indo! – Tsugumi deu um último sorriso antes de virar-se de costas para Shizuo – Soreja, mata!

E então se foi, correndo desengonçadamente para o portão do colégio, assim como da primeira vez que ele a viu, deixando-o para trás, parado e ereto como um pilar, com uma das mãos sobre a face direita.

Correu até o portão do colégio com um desespero no coração e o sangue rubro indo direto para o seu rosto de um jeito que nunca lhe acontecera antes, parando na primeira parte interna do muro que rondava a Raira, pondo a cabeça para fora apenas para dar uma última olhada em Shizuo. Seu coração bateu mais pesado ao vê-lo naquele estado de choque, ao mesmo tempo em que suspirou aliviada; Não sabia que ele iria reagir tão mal à sua fracassada tentativa de abraça-lo e mal podia acreditar que ele acreditara numa desculpa tão singela como a do fiapo de tecido na roupa. Imaginar a bronca que ele lhe daria se descobrisse a verdade lhe dava calafrios. Deu um tapa em seu próprio rosto; Onde ela estava com a cabeça?! Ela não poderia ultrapassar a barreira criada pelo respeito que tinha por seu mestre, mesmo que algo dentro dela queria que ela pudesse ter a liberdade de trata-lo com um pouco mais de carinho.

Deu uma piscada quase assustada, dando-se conta de que ela já deveria estar na sala de aula àquele horário. Deu uma ajeitada nos laços brancos de fita grossa que prendiam seus cabelos antes de caminhar pela passarela de tijolos que levava à entrada do prédio, com a respiração lhe pesando nos pulmões. Mentalmente, perguntava-se a respeito de seus próprios sentimentos. Queria saber porque ela tinha aquela vontade insana de estar junto de seu mestre, porque ela ficava tão nervosa em sua presença. Percorreu todos os corredores da escola até a sua sala com o olhar voltado para o chão e essas coisas na cabeça. Teve de fazer a expressão mais neutra que conseguia para não atrair perguntas dos colegas – àquela altura, sabia que qualquer atitude que tomasse poderia gerar fofocas naquela escola. Ao menos, esse era seu medo.

Caminhou com um semblante sério pelos corredores de carteiras depois de fechar a porta atrás de si, indo diretamente para a carteira que lhe fora designada no começo do ano sem cumprimentar ninguém. Ficou com a cabeça abaixada por alguns instantes, mirando a mesa de madeira. Percebera facilmente que as pessoas olhavam-na de canto, cochichando; o que será que estavam espalhando dessa vez? Boatos novos e sem cabimento como os primeiros?

Não, não era isso.

-Neh neh, Tsuu-chiin, - ouviu seu nome sendo chamado e ergueu o rosto; Misaki, assim que chegou na sala, jogou suas mãos sobre a mesa da menor, deixando seu peso cair sobre os braços, que estavam tão esticados que pareciam arquejar – Quem era aquele que te acompanhou até o portão?

-M-Misa-chan!

Aquela pergunta pegou-a completamente de surpresa. Olhou ao redor; estavam todos em silêncio, mirando-as. Estavam todos falando daquilo, então? Tinha tomado todo um cuidado para não chegar perto demais do movimento principal da escola para que não a notassem na companhia de Shizuo. Começara a duvidar um pouco se tivera feito tudo realmente certo, uma vez que, pra ser honesta consigo mesma, ela não prestou muita atenção no movimento ao seu redor enquanto esteve com seu mestre. Ficou a olhar Misaki com uma expressão de espanto. Como ela iria explicar o porquê de ter sido acompanhada pelo homem mais forte de Ikebukuro sem remeter ao motivo inicial de ter vindo à cidade – detalhe de que ela tanto fugia desde sua chegada à Raira? Mantinha-se em silêncio enquanto pensava no que responder; o olhar da ruiva fuzilava-a, o que só a deixava mais tensa.

-A-Anno... – ainda buscava uma justificativa, mas não conseguira mais se manter em completo silêncio.

O sinal, como já fizera algumas vezes, tocou no ato de Misaki abrir a boca para falar algo mais. Ela rosnou à sirene, sentando-se em seu lugar de braços cruzados e de cara fechada; quase podia-se enxergar a fumaça saindo por suas ventanas. Nunca suspirara tão aliviada quanto suspirou naquela hora; agradeceu mentalmente ao sinal por este ter lhe concedido um tempo a mais para pensar – mesmo que aquilo não pudesse lhe garantir uma fuga (apesar de ainda ter um pingo de esperança de que a amiga iria esquecer isso).

Permaneceu a pensar naquilo por maus uns cinco ou dez minutos, enquanto o professor passava a matéria na lousa. Pensava seriamente em dizer que aquele que a acompanhara até o portão era um primo que viera visita-la – assim como dissera ao Yuzuku, o porteiro, na noite anterior – mas logo descartou essa possibilidade; Misaki não era ingênua ao ponto de acreditar numa mentira tão mal bolada como aquela. Era muito estranho, mas a amiga sempre parecia saber mais do que suas palavras pronunciaram. E se a pergunta que fizera fosse uma pergunta retórica? E se ela já soubesse que era Heiwajima Shizuo? Não tinha como saber; presumir coisas antes de ter mais provas poderia ser um grande erro. Suspirou pesado ao ver que a única escolha que tinha era contar a verdade e, quando terminou de soltar o ar, deixou a cabeça pender para frente e sua testa na madeira encostar.

Ter de voltar a um assunto do qual havia conseguido escapar meses antes simplesmente porque a viram com seu mestre era humilhante demais para se descrever com palavras. Humilhante e irritante.

“Se bem que, se eu quiser que confiem em mim, também tenho de confiar nos outros”.

Cerrou os punhos batendo-os determinada em seus joelhos descobertos antes de tomar a iniciativa de falar. Preferia ter respondido naquele momento mesmo, para se livrar logo do fardo, mas não precisou fazer muito esforço para perceber o silêncio que reinava na sala. Suspirou, frustrada; teria, então, que escrever o que queria num papel, ou, ao menos, pedir para que conversassem melhor depois. Pegou seu caderno de matemática de dentro de sua bolsa, tirou a folha do final, e, com uma caneta qualquer de seu estojo, escreveu as palavras “Almoce comigo hoje que eu te conto tudo, pode ser?”. Olhou de um lado para o outro, olhou bem para o professor; estavam todos muito focados no que estavam fazendo para dar-lhe alguma atenção. Com cuidado, esticou-se para o lado e colocou o papel na mesa de Misaki, embaixo do cotovelo da mesma. A ruiva, assim que notou a presença do bilhete, leu-o rapidamente e logo concordou.

Tsugumi respirou aliviada. Levou a mão ao coração; este parecia se acalmar um pouco do sufoco que passara.  Ela teria até o almoço para conseguir aceitar o fato de que seu segredo não seria mais tão secreto.

Estava na hora da verdade.

Por que continuava desconfortável mesmo depois de tantas horas?

Já havia se passado muitas, muitas horas desde o horário em que batera o sinal das aulas da Raira; seu turno do trabalho de cobrador de impostos já estava em suas horas finais, assim como o dia já estava acabando para dar lugar à noite. Mas ainda continuava com a cabeça nos fatos daquela manhã.

Shizuo andava pelas calçadas de Ikebukuro com o olhar vago fixado no horizonte, com um cigarro mexendo-se inseguro entre seus lábios; as mãos, nos bolsos da frente da calça. O barulho das pessoas e dos veículos ao redor não pareciam atingi-lo de nenhuma maneira.

Estava um tanto desconsertado com o que Tom lhe dissera enquanto conversavam naquele dia. Sim, ele acabou por contar todos os fatos ao moreno, visto que não conseguiu mais manter suas opiniões para si e acabou por contar tudo pelo que tivera de passar e tudo que aconteceu desde que se tornara mestre de Tsugumi. Todas as suas opiniões, frustrações, as discussões, os ferimentos que sofrera, as preocupações que agora tinha em relação à menina e até mesmo alguns dos frutos de seu consciente e inconsciente, tudo; Falou tanto que arrependeu-se de ter se exposto tanto e abaixou a cabeça.

Agora que estava sozinho, chutava as pedrinhas que haviam no chão a sua frente, perturbado. Seu trabalho, mesmo que recebesse um salário suficiente para pagar contas e poder se alimentar, era um incômodo; na verdade, com a dor de cabeça que estava sentindo, tudo parecia muito pior do que realmente era. Não estaria daquele jeito se não tivesse confidenciado suas opiniões ao amigo e este não tivesse lhe dado o sermão que deu, lhe dizendo para tomar cuidado com o envolvimento que teria com a menina, que isso só traria problemas; além de outras coisas que normalmente se escuta dos pais quando se está na adolescência.

Ficou, de fato, com raiva; ele sabia muito bem o que estava fazendo e o que estava acontecendo com ele como consequências de suas atitudes. Não estava preocupado consigo; só andava preocupado com a apavorada aprendiz, que havia sido ameaçada por uma das maiores gangues da cidade. Ele não se importava se aquilo iria acabar ferindo-o ou prejudicando-o, via-se no dever de ajuda-la, como um bom cidadão faria. Não poderia deixa-la desamparada. Não se arrependia de nenhuma das consequências de não deixa-la de lado.

Começara a duvidar de seus motivos, o que só agravou sua enxaqueca. Estava passando perto do escritório do irritante Izaya quando estava tentando lembrar-se do motivo inicial de ter aceitado Tsugumi como aprendiz, mesmo não tendo nada a ensinar. Só se recordava do olhar pedinte com que ela o mirava naquela noite escura e fria. Não, ele não seria tão mole de só aceita-la por isso. Pensou também na hipótese de ter feito o que ela havia pedido porque sentia remorso por tê-la acertado com aquela máquina de refrigerantes sem ter esse propósito. Mas que droga. As consequências ruins estavam ficando cada vez mais numerosas, enquanto as boas diminuíam. Queria cada vez mais deixa-la para trás, deixar de ser mestre dela. Aquilo estava irritando-o; mas pensar nisso soava inadmissível, mesmo sem saber porquê. Tentar se entender parecia inútil; Nada do que propunha a si mesmo o convencia. Haveria mesmo um motivo? Quando finalmente se deu conta do que era, deu um soco na parede ao seu lado.

Como ele ousara se deixar apegar a ela?

Socar a parede não era suficiente para descontar sua frustração e raiva; apenas não socava a si próprio porque sabia que ia se arrepender depois. Não era bem o que ele esperava de si próprio, mas sabia que era verdade. Não queria desistir da aprendiz pelo simples fato de ter se apegado à mesma; era isso e nada mais. Estava sozinho demais para livrar-se de sua única companhia. Mesmo depois de tantas frustradas tentativas de ensiná-la algo, mesmo com tantas vezes que teve de dar conselhos que nunca imaginara ter de dar, mesmo das vezes que acabou se passando de pai, que teve de consolá-la, que a acompanhou à lugares que não queria ir, ele se esquecia de tudo isso logo depois. Ver um sorriso brotar no rosto dela depois de momentos difíceis – mesmo que fosse um sorriso bestamente infantil – compensava a humilhação; atribuiu isso ao fato de que ninguém ao seu redor sorria para ele daquele jeito por terem medo dele.

-Ah, Shizuo! – Simon parou de entregar seus panfletos para as pessoas na rua e foi conversar com o barman – Está com o espirito leve, dá pra sentir. Finalmente saiu da puberdade?

-A puberdade já acabou faz tempo. – não era de seu feitio, mas soltou um breve riso – E que história é essa de espírito leve?

-Are? – o vendedor de sushi pareceu de fato surpreso com a reação do rapaz à sua frente – Você parece contente, Shizuo. Aconteceu alguma coisa? Andou fazendo algo de bom?

-Não aconteceu nada. Minha vida continua a mesma coisa.

-Não tente me enganar! Aconteceu algo sim! Algum motivo para não querer me contar?

Aquelas perguntas não eram de seu agrado, além de que não estava mais disposto à compartilhar suas opiniões com outras pessoas mais uma vez. Pra levar outro sermão? Não, obrigado. Shizuo acabou por fazer como costumava fazer: apenas virou-se de costas para Simon e se foi, acenando para trás sem nem olhar ou dizer nada. Tem certas coisas que ele acabaria respondendo que não seriam agradáveis, mesmo que as perguntas que foram feitas já não fossem lá grande coisa; algumas delas mereciam ser ignoradas. Entrar em detalhes não era uma opção naquele momento.

Caminhou pela rua movimentada mais alguns minutos, com as mãos no bolso da calça, meio indiferente, distraindo-se apenas olhando o movimento ao redor com a mente meio desligada; parecia não ligar muito para a quantidade de gatos que havia escapado de uma loja ali perto. Na verdade, até achava engraçado o jeito que um seguia o outro para a rua, como uma pequena família, com o gato maior na frente e os menores seguindo-o alinhados.

Não se distraiu com aquela cena bonitinha dos gatos, nem tempo de ajudar a trazê-los de volta à loja. Quando se deu conta, já estava ficando atrasado. Ele tinha “aulas” a dar.

De certa maneira, ter contado deu segredo trouxera não só uma leveza à alma, mas também uma grande felicidade por não ter mais de fingir ser algo que não era.

Misaki agora sabia de seus treinamentos com Shizuo. Em primeiro momento, ficara boquiaberta, mas logo em seguida aceitou aquilo com um entusiasmo estranho – chegava a parecer falso, mas não se importou - e começou a conversar com um pouco mais de naturalidade. Tsugumi ficou visivelmente mais tranquila depois daquilo. Achava que só iria assustar a amiga, quando, na verdade, o oposto veio a acontecer. As coisas melhoraram de um jeito entre elas depois daquela conversa sincera que tiveram que acabaram por voltarem ao apartamento da menor para passarem um tempo a mais juntas – sugestão da ruiva, que “queria compensar o tempo perdido”. Vai entender o que ela quis dizer com isso.

Tudo parecia tão mais feliz entre elas que sentia-se culpada de não ter confiado nos amigos logo no primeiro dia de aula, mas o que já havia acontecido não poderia ser mudado.

Sentadas no sofá da sala, jogavam videogame incessantemente, conversando e fazendo piadas sem tirarem seus olhos da tela, a não ser que fosse para pegar um punhado de batatinhas do saquinho que compraram no caminho; nunca tinham se divertido daquele jeito antes. Dava até a sensação de que estavam se tornando melhores amigas de novo; isso fez com que a anfitriã sorrisse.

Conversa aqui, piada ali, guerra de batatinha dali e várias rodadas de lutas no videogame fez com que as duas adolescentes fossem perdendo a noção do tempo lentamente; efeito que foi agravado pelo fato de que as grandes janelas do apartamento mantiveram-se cobertas pelas cortinas o dia inteiro.

O sol sumira do céu havia pouco menos de uma hora; Misaki e Tsugumi resolveram parar por um instante de jogarem contra si mesmas e jogarem no modo Adventure, uma ajudando a outra a completar as fases, fazendo comentários sobre os vídeos do jogo entre um punhado de pipoca que levavam à boca e outro. As duas sequer haviam notado a passagem das horas. Talvez nunca tivessem pensado em olhar num relógio se não tivessem ligado no celular da ruiva por engano, fazendo-o tocar estridentemente. Quando se deram conta do horário e de quanto tempo haviam passado apenas jogando videogame, desligaram o aparelho para ligarem o DVD e assistirem animes.

Aquela interrupção, mesmo que pequena, serviu de abertura para a entrada de outros assuntos não muito agradáveis.

-Quem diria que você é aprendiz de Heiwajima Shizuo. – sua expressão facial não concordava com a tonalidade alegre com que dissera isso – Tá aí uma coisa que eu jamais imaginaria sozinha, e olha que eu tenho muita imaginação!

-O que quer dizer com isso?! – ficou um tanto zangada com aquela observação da amiga.

-Ah, você sabe, - aproximou-se de Tsugumi no sofá e abraçou-a – Você é tão miudinha e fofinha que é difícil te ver como um ser semelhante ao Shizuo, aquele homem enorme e intimidador. Isso se dá pra chama-lo de cara! Parece mais um monstro!

-Ele não é intimidador! Nem um monstro! – protestou – Ele é muito gentil por baixo daquela cara de enfezado!

- Jura? – disse, em tom de deboche – Não é o que ele demonstra.

-B-Bom, - suas bochechas ficaram mais quentes – Pelo menos, ele é gentil comigo. – ficou a tocar os indicadores por alguns instantes.

-Tche! Quem poderia imaginar que o Heiwajima-san tinha um gosto tão peculiar quanto o gosto por lolitas.

Misaki dissera aquilo com um sorriso maroto e sarcástico no rosto, que muito lembrou o sorriso de Orihara Izaya. Tsugumi se afastou num pulo, com o olhar aterrado fixado na amiga. Que tipo de observação era aquela?! Não conseguia ouvir tamanho insulto ao seu respeitável mestre. Ele era gentil, pois essa era sua natureza; tinha certeza disso! Repetia isso incessantemente à ruiva, indignada.

-Shizuo-san é uma pessoa maravilhosa! – proferiu com um olhar determinado mirando a amiga e os dedos das mãos entrelaçados juntos ao busto; sua voz nunca soara tão infantilmente confiante quanto naquele momento – Ele só não demonstra o quanto ele é bom e querido para todos pois a maioria das pessoas faz que nem você: se refere à ele como um monstro! Como se ele fosse uma fera que não sabe o que está fazendo, apenas sai atirando máquinas de refrigerante e placas de trânsito por aí, quando isso não é verdade! As pessoas não confiam nele, se sentem inseguras ao lado dele. – um sorriso se iluminou em seu rosto – Eu confio nele.

Mais um sorriso comprido se formou nos lábios da ruiva, este parecendo mais cínico que o primeiro, tendo seu sentido completo pelo olhar petulante da mesma. Misaki varria-a com seu olhar; aquilo intimidava um pouco, mas não ligou. Defendeu Shizuo com todo o coração e sentia-se satisfeita com o que tinha feito. Ela sabia que, se ela soubesse como se expressar, resolveria pelo menos uma parte do mal entendido, e acreditava que tinha se expressado direito. O orgulho de defender com unhas e dentes aquilo que ela achava importante queimava em seu peito.

A amiga não disse mais nada a respeito de seu mestre, apenas riu um pouco no tom de quem apreciara o que ouvira. Não conversaram sobre mais nada, apenas voltaram a assistir o anime. Alguns minutos se passaram em completo silêncio, com o apartamento apenas sendo preenchido pelos sons do programa, até que Misaki soltou um longo suspiro e disse, num tom manso:

-Sabe de uma coisa? – Tsugumi imediatamente olhou na direção dela – Se não fosse você para me dizer essas coisas, com essa sua carinha de apaixonada, eu jamais teria sido capaz de adivinhar que Heiwajima Shizuo ainda tinha um lado humano. Você deveria se orgulhar disso.

Aquilo pegou-a completamente desprevenida; respirou atônita, arregalando seus olhos violeta e deixando seu queixo cair. Uma batida estranha em seu peito se iniciou, assim como eu rosto assumiu uma coloração mais rubra do que já tinha naturalmente. O que foi que ela tinha acabado de lhe dizer? Tinha escutado direito? Ou aquilo havia sido apenas mais um de seus devaneios? Conseguiu sentir um suor gelado escorrer por todo o seu aquecido corpo; em suas mãos e rosto, principalmente.

Sua mente parecia estar em colapso. “Essa sua carinha de apaixonada” ecoava em sua mente. Por que aquilo a abalara tanto? Não, não. Ela não estava apaixonada, não podia estar. Mas, se não estava, qual era o nome do sentimento que tinha por Shizuo? Afeição? Amizade? Até aquele momento, nunca tinha pensado numa maneira de nomear aquela sensação que tinha. Claro que ela sabia que sua relação com seu mestre era muito mais estreita que a que a maioria dos aprendizes tem. Qual o nome mais adequado ao que ela sentia? Já estava começando a duvidar do que ela própria achava que sabia a respeito de si mesma; Buscou no fundo de seu coração o mais puro sentimento apenas para descobrir que o que sentia realmente era paixão.

Abaixou o olhar, pousando uma das mãos sobre o lado esquerdo do peito. A respiração lhe falhava enquanto tentava se entender; suas orbes rolavam nervosas de um lado ao outro. O rosto enrubesceu ainda mais apenas com um relance da imagem de Shizuo aparecendo em sua mente. E agora? Como ela poderia olhar nos olhos dele sem entregar o que sentia? Tsugumi estava em aflição; nunca tinha se apaixonado antes para saber, sendo bem sincera; aquela sensação lhe era completamente nova. Era incomodamente cálida. Não conseguiria mais ver o rosto dele sem corar; uma angústia enorme consumiu-a apenas no ato de pensar em se afastar de seus treinos. Mas ela não podia! Não antes de trazer seu irmão de volta à família! Sua mente, coração e alma estavam em conflito constante.

Quase deu um soco na ruiva ao perceber o quanto ela parecia se divertir com eu sofrimento calado.

-Tsuu-chiin, fica calminha! – deu-lhe um forte abraço outra vez – Estar apaixonada não é nada de errado!

-D-Demo... – sua voz oscilava devido ao movimento nervoso de seus pulmões em busca de oxigênio. Fechou os olhos com força – Isso não podia estar acontecendo... – colocou as mãos trêmulas sobre seu rosto – Queria poder ter impedido isso...

-Não se escolhe quando nem por quem se apaixona, baka!

Foi então que Misaki não parou mais de falar, desta vez sem nenhum sinal ou sirene para pará-la. Levantou-se do sofá num ímpeto, deixando a amiga sentada no sofá toda encolhidinha, começando um discurso sobre “estar apaixonada”, fazendo gestos com as mãos que lembravam performances teatrais de tão dramáticos; falava num tom tão teatral quanto seus gestos corpóreos, dando a impressão de que a ruiva recitava Shakespeare. Como poderia dizer tantas coisas a respeito de uma só emoção? Os olhos da amiga apresentavam um brilho perolado enquanto esta monologava com uma força muito passional para quem iniciara aquilo com o intuito de dar uma lição de moral; não era, de forma alguma, um discurso impessoal.

Abafou o riso com a mão. Uma apaixonada reconhecia outra com grande facilidade, era impossível de negar. A atitude que resolvera tomar, sim, fora imprudente, mas não hesitou em perguntar assim que a ruiva terminou de falar:

-Por quem você está apaixonada, Misa-chan?

A colega deu um pulo para trás, indo de encontro direto com a mesa de centro, caindo por cima do móvel com o rosto assumindo uma tonalidade mais voltada ao rubro. Não conseguiu mais segurar a risada; se pensava que tinha tido uma reação ruim quando descobriu seus próprios sentimentos, já não pensava mais dessa maneira. A reação de Misaki tinha sido tão exagerada – que já era mais que esperada se tratando dela – que era engraçado.

Ela negou fervorosamente estar apaixonada, levantando-se fazendo pose de indignação. Dizia coisas como “Por quem eu me apaixonaria?! Não conheço quase ninguém dessa cidade e os meninos da nossa idade são macacos!”, mas era tão óbvio que era mentira que Tsugumi sentiu-se ofendida. A amiga pensava que ela era tonta àquele ponto? Mas não reclamou; insistiu em tom de gozação. A ruiva continuava negando. Negava, negava, negava. Quanto mais tentava negar, a franzina tinha mais e mais certeza de que a amiga escondia uma paixão indócil e incondicional por alguém que conheciam.

-Affe, tô indo embora! – pegou uma das malas escolares que estava na borda do sofá, enfezada – Você enche o saco, menina!

-Eu também te adoro, Misa-chan! – sorriu, acompanhando a amiga até o elevador do prédio.

-...Tsc! – riu de leve, logo entrando na cabine de elevador – Até amanhã Tsuu-chiin! – Acenava enquanto a porta se fechava, quando de repente pôs sua mão entre o vão que sobrara, fazendo a porta abrir de novo – E toma cuidado com o Shizuo! Vê se não tenta agarrá-lo enquanto treina!

-Pode deixar! – deu risada, e então, a menina finalmente se foi.

Assim que o elevador partiu, entrou em seu apartamento com passos mansos e silenciosos, voltando a sentar-se no sofá da sala abraçada aos joelhos e com a boca apoiada nas juntas. O local agora estava quieto, tão quieto que podia ouvir seu coração palpitar. Imediatamente voltara a pensar no que andava sentindo; refletia sobre os pensamentos e atitudes estranhas que tomara sem nem saber seus motivos. Agora, algumas dessas coisas que fizera sem se entender faziam um pouco mas de sentido, apesar de ainda não se sentir completamente resolvida. Sentiu seu rosto aquecer-se; Ainda tinha que tomar uma providência para saber como esconder seus sentimentos de Shizuo. O que ele iria pensar se descobrisse algo assim? Teve medo dele se afastar.

Ficou mais um tempo fitando o breu que tomava seu apartamento, até que conseguiu ouvir seu conhecido toque de celular (conhecido porque o mantinha como toque padrão desde sempre) e a luz que emanava de sua tela iluminou um pouco o local. Soltou um suspiro angustiado; ela queria refletir sua vida, dava pra dar licença, mundo? Mas o toque persistiu e foi atendê-lo, arrastando-se até a outra ponta do sofá. Pegou o aparelho e logo deitou-se no sofá, erguendo-o à frente do rosto; abriu um sorriso ao ver que o número no visor era o primeiro contato de sua lista: o de Shizuo.

Por que será que ele estava ligando para ela? Será que ele estava preocupado? Ou apenas queria conversar? Soltou um risinho abafado, provavelmente rindo de si mesma por estar fantasiando tantas coisas. Sabia que não deveria ter tantos devaneios, mas era tão tentador que não resistira; imaginar que talvez estivesse vivendo uma história de amor platônico em que ambas as partes se correspondiam mas eram impedidos de ficar juntos pela barreira da sociedade a fazia se sentir mais confortável com o que sentia. Ficou olhando o celular tocar mais alguns minutos antes de atendê-lo, com um sorriso no rosto.

Realmente. Estar apaixonada era uma sensação cálida e que, felizmente ou não, não parava de aumentar e intensificar. 


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