Interlúdio escrita por Ju Dantas


Capítulo 14
Capítulo 14




Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/139212/chapter/14

Edward sentiu como um soco no estômago. E por um instante achou que estivesse num horrível pesadelo.
O que Bella estava fazendo nua na cama daquele homem?
-Bella? – ele chamou seu nome incrédulo, como se aquela que jazia nua na cama de um estranho fosse outra que não a sua Bella
Ela estava branca como papel e os olhos arregalados
-Edward... eu... não era para você estar aqui! – estas palavras agiram como um veneno em sua mente e ele sentiu um ódio gelado o dominar
-Mas eu estou aqui – falou friamente – e você esta nua na cama de outro homem! Não posso acreditar Bella! – falou impotente, a encarando como se ela fosse dar um daqueles sorrisos lindos e dizer que tudo não passava de uma brincadeira tola. Mas Bella permaneceu séria, os olhos castanhos não brilhavam como sempre. Era como se fosse outra pessoa.
-Eu sinto muito – disse por fim – não era para você descobrir assim!
Edward sentiu as vistas se escurecerem. Decepção, dor, ódio. Tudo passando por sua mente na velocidade de um raio. Bella o traíra.
Por deus, como aquilo podia estar acontecendo? Não fazia sentido! Sua mente se recusava a acreditar no que seus olhos viam.
-Você esta dormindo com este homem? – perguntou desesperado
-Sim, Edward. – ela disse simplesmente
E algo morreu dentro dele.
As palavras de Tânia. “Você a conhece realmente?”, fazendo eco em sua cabeça.
Não, não a conhecia. Esta Bella fria, que o encarava com os olhos vazios e confessava seu pior pecado era um estranha.
Respirou fundo varias vezes, as mãos suavam e sentia um zunido no ouvido.
Tinha ganas de matar. Um insistindo assassino tomando conta de seu ser.
-Edward, acho melhor você ir embora - Bella falou calmamente e isto o descontrolou
-Como pode Bella? Eu acreditei em você eu... Meu Deus! - ele segurou a cabeça com as mãos – isto é muito cruel!
A encarou novamente e por um instante pensou ter visto uma sombra em seu olhar, como se ela não estivesse tão calma como gostaria e aparentar. Com uma fúria cega, aproximou-se da cama e agarrou seus ombros e a sacudiu

-Quem é você afinal, me diga? - ele gritava descontrolado – como pode olhar na minha cara e dizer que me amava! Tantas mentiras! Meu Deus, eu tenho vontade de matá-la!
Então ela começou a chorar
-Me solta, Edward, por favor...
-Sua... como pode ser verdade Bella? – ele sentia os próprios olhos marejados.
Jacob aproximou-se da cama
-Solta ela! - falou friamente
Edward virou-se enfurecido e socou cozinheiro, que caiu para trás com um baque.
-Cala a boca! Você não tem o direito de... – Edward deu uma risada irônica – talvez tenha, não é? Se esta dormindo com ela!
Jacob passou a mão pela boca que sangrava
-Talvez fosse melhor ir embora – falou calmamente
Edward respirou fundo várias vezes. Não ousava mais olhar para Bella
A fúria o cegava. Se olhasse pra ela novamente, era capaz de cometer um desvario. Ou cair de joelhos implorando para que ela dissesse que aquilo não era verdade.
-Sim, eu irei – respondeu por fim e com esforço, pousou os olhos na figura na cama – eu estou voltando para os Estados Unidos. Você é livre para fazer o que bem entender a partir de agora. Pode ficar com tudo o que eu te dei, afinal, trabalhou bastante por tudo!
Ele saiu do quarto, batendo a porta.

Bella o viu sair do quarto.
Sair da sua vida
E começou a tremer em choque
Jacob levantou-se e aproximou-se dela
-Você esta bem? – perguntou preocupado
Mas ela não respondeu. Como poderia? Estava tudo acabado.
Ela estava acabada. Fora mais difícil do que previra, afinal
As lágrimas jorraram sem que conseguisse contê-las. Os soluços sacudiram seu corpo, Jacob sentou ao seu lado e a abraçou pelos ombros.
-Fique calma, Bella.
-ele foi embora.. – ela falou entre soluços
-Não era isto que você queria? Não foi o que me disse quando propôs este plano? – ele falou carinhosamente
-ele me odeia...
-Sim, ele te odeia. Mas achei que era isto que queria. Que só assim ele te deixaria ir.Bella nada respondeu. Aos poucos o pranto foi passando e ela foi se acalmando. Sentia-se vazia de qualquer sentimento. Anestesiada.
Teria idéia de que seria tão difícil? Tão doído? Ver Edward a encarar com ódio, com desprezo, fora mais do que pudera suportar. Agora ele a odiava.
Quando chegara aquela tarde no restaurante de Jacob, buscava um conselho sobre o que fazer.
Mas a decisão já estava tomada. Iria deixar Edward. O problema era que sabia que ele não a deixaria ir. E de nada adiantava fugir. Ele a acharia. E Bella não queria mais isto. Queria que Edward a deixasse. Que a esquecesse.
E quando encontrara com Jacob, ele lhe contata algo. Havia percebido alguém a seguindo. Ele já desconfiava a dias, mas só hoje tivera certeza que alguém a seguia e os fotografava. Bella não precisou pensar muito para saber quem estava por trás daquilo: Tânia.
Fora então que tivera a idéia de usar a maldade de Tânia a seu favor. Se ela queria separar Edward de Bella, então teria sucesso. Mas somente as fotos não seriam suficiente. Edward não acreditaria numas simples fotos. Então soubera que ele teria que ver com os próprios olhos. Jacob fora contra a principio, mas afinal concordara em ajudá-la.
E agora estava acabado. Tudo saíra como planejado. Edward achava que ela e Jacob eram amantes, que ela o tinha traído. E finalmente a deixaria ir.
Mas, Deus, como doía! Tivera que se segurar para não desfazer tudo, para não se agarrar a ele e dizer que nada daquilo era verdade, que ela o amava mais que tudo. Mas sabia que tinha que ser daquele jeito.
Vê-lo sofrer daquela maneira quase a dilacerara, mas dizia a si mesma que era para o bem dele.
Edward voltaria para os Estados Unidos e com o tempo a esqueceria. Quem sabe até casasse com Tânia. Isto embrulhava o estômago de Bella. Mas ela nada podia fazer. Só confiar no bom senso de Edward para escolher uma mulher melhor que a médica. Bella ficaria feliz de saber que ele estava feliz.
E ela voltaria a ser quem sempre fora: uma fugitiva.

-eu preciso ir – se desvencilhou de Jacob.
-esta mesmo bem?- Jacob se virou para ela se trocar.
-Como poderia estar? - respondeu com um sorriso triste – mas vou sobreviver.
Ele a encarou
-Você é uma guerreira Bella. E muito corajosa por ter feito o que fez.
-Pois eu acho que sou covarde.
-Não, você abriu mão do que mais amava, para vê-lo bem. Precisa-se de muita coragem para isto.
-Você fala como se conhecesse bem o assunto
Ele sorriu tristemente
-quem sabe um dia eu lhe conte esta historia
-Obrigada, Jacob. Por tudo
-Sempre que precisar. Pode me procurar.
Assim, Bella saiu da casa de Jacob para a tarde quente de Paris. E agora, para onde ir? Por onde começaria a sua fuga?
Ela caminhou a esmo pelas ruas da cidade e quando percebeu estava em frente ao hotel Ritz.
Será que Edward estava lá? Afinal ainda tinha que pegar algumas coisas. Não as coisas caras que ele lhe dera. Mas suas antigas coisas e documentos.
Entrou na recepção e pediu para perguntar se Edward Cullen estava no quarto. Como a resposta foi negativa, ela subiu
Quando entrou no quarto silencioso, tão cheio de memórias, quase sucumbiu. Mas respirou fundo e foi em frente. Arrumou suas coisas e olhou uma última vez para o quarto, para a cama ainda desarrumada.... Ah Edward, como faria para viver sem seus braços, sem seus beijos, sem seu amor?
Ela sacudiu a cabeça e fechou a porta lentamente e quando se virou lá estava ele
Edward havia entrado na saleta sem que ela percebesse e a encarava com o semblante esculpido em pedra.
-Edward! – ela gaguejou - vim apenas pegar minhas coisas. Já estava saindo
-Só isto? – ele falou irônico – pode levar tudo! Não era para isto que estava comigo?
-Edward... – ela pronunciou seu nome com angustia, o reflexo a guiando para falar a verdade, porém se calou a tempo. Não, chegara até ali e não podia voltar atrás. Levantou a cabeça e lembrou-se que já fizera isto muitas vezes. Ela sempre podia mentir – Sim, eu estava com você por dinheiro, era isto que queria ouvir?

Edward deu uma risada dolorida que cortou seu coração. Mas ela enterrou as unhas nas mãos, para não correr até ele.
-como eu pude ser tão idiota? Me diz Bella, você ria muito de mim? Ria com seu amante?
Bella deu de ombros
-As vezes!
Bella viu-o se enfurecer e chegou a pensar que fosse agredi-la
-Mas não fique triste Edward. Tivemos bons momentos não foi? Nós divertimos muito!
-Como pode ser tão fria? – ele gritou por fim – será que eu me enganei? Você não passa de uma criminosa fria e calculista?
-Se você quiser colocar assim... Eu chamo de sobrevivência. Nem todos nascem privilegiados, nem todos tem a vida cor de rosa...
-cale-se! Não quero ouvir mais nada!
-eu tentei te avisar Edward. Somos diferentes. Sou uma fugitiva, como você mesmo disse. Não vou mudar! Foi melhor mesmo que tenha descoberto sobre Jacob...
-Foi tudo fingimento, Bella? O tempo todo?
Bella abaixou o olhar, conjurando forças.
Perdoe-me Edward
-Sim, foi tudo fingimento. É assim que eu sou. Eu finjo, engano, e vou embora. Aliás até o idiota do Jacob eu estava usando. Os homens só servem para um propósito para mim: para serem usados e descartados! Esta satisfeito? Era isto que queria ouvir? Agora me da licença, preciso ir!
Bella passou por ele e bateu a porta atras de si.
Agora sim estava acabado.
Como sobreviveria a partir de agora, não fazia idéia.
Talvez achasse uma ponte bem alta sobre o Sena e pulasse dela

1 ano depois Bella caminhou por entre as mesas. Tentava equilibrar as duas bandejas nas mãos. E quando conseguiu depositá-las na balcão respirou aliviada por não ter quebrado nenhum prato. Olhou o relógio na parede, faltava menos de 20 minutos para acabar seu turno. Sorriu.
Voltou a calçada para anotar o pedido de dois velhinhos que acabara de chegar
-Olá querida – eles falaram em francês e Bella respondeu na mesma língua. Um ano vivendo entre os franceses a ajudara bastante.
-Bom dia. Como estão? – perguntou carinhosamente. Adorava aqueles dois, alias ela adorava um monte de cliente do café. Afinal, era tão sozinha que não era de se admirar que seus únicos amigos fossem os clientes!
-Estamos bem. E você?
-estou ótima! – respondeu sorrindo – ainda mais que faltam 20 min para eu sair! E poderei finalmente ir para minha casa.
-Ah, mas é muito desperdício! Uma moça linda como você sempre trabalhando!
Bella sorriu e sacudiu a cabeça. Eles sempre falavam a mesma coisa.
Mas ela não queria saber de relacionamentos, pensou com uma dorzinha incômoda.
-O que vão querer hoje? – perguntou tirando o bloco e a caneta do bolso do avental
-O de sempre.
Bella foi entregar o pedido no balcão. O chef olhou para o papel e fez uma careta
Nestas horas Bella pensava em como sentia falta de Jacob.
Ele tinha se tornado um amigo querido e a ajudara muitos nos primeiros meses sem Edward. Sem Jacob, Bella nem sabia o que teria acontecido com ela. E fora ele também quem lhe arranjara aquele emprego. Mas Jacob partira para a Austrália há três meses e ela estava sozinha. Sentia muita falta dele, de seu apoio. Mas agora estava conseguindo andar com seus próprios pés.
Quando deu seu horário, tirou o avental e soltou os cabelos. Vestia jeans e sapatos confortáveis. Se despediu de todos e saiu para a tarde ensolarada de Paris. Adorava viver ali.
Estar tão longe dos Estados Unidos. E da Policia
E o mais importante.
Longe de Victória e Laurent. Ali ela não precisava ter medo.
Era como o paraíso. Caminhou feliz, sentindo a brisa do Sena despentear seus cabelos. Andava devagar apreciando a tarde. Quando deu por si estava passando em frente ao mesmo restaurante que fora com Edward. Nestas horas era como se tudo voltasse. O amor, a paixão, a dor. E a saudade a consumia como um veneno. Sempre acontecia isto quando passava perto de algum lugar que lembrava Edward. O Ritz, as ruas por onde caminharam felizes como se o mundo lhes pertencessem.
Mas tudo ficara para trás. As vezes se perguntava se fizera a coisa certa.
Porém, no fundo, sabia que tinha sido o melhor a fazer. Será que ainda estariam juntos se ela não tivesse feito o que fez? Ela duvidava sinceramente. Uma hora Edward se cansaria de viver fugindo com ela. A paixão acabaria, ele ficaria frustrado e voltaria a sua vida de médico ocupado. Ela apenas precipitara as coisas.
Entrou na rua tranqüila onde morava e logo avistou o pequeno prédio de apartamentos. Sentia-se orgulhosa de ter conseguido aquele pequeno pedaço de tranquilidade.
Subiu as escadas e abriu a porta.
-Boa tarde! – Bella cumprimentou a senhora que bordava assistindo a um programa de TV
-Olá querida! - a senhora se levantou – que bom que chegou, preciso ir! Minha filha esta vindo para cá com meus netos!
Bella sorriu
-Que bom! Obrigada senhora Gillys. Até logo!
A mulher saiu e Bella fechou a porta atrás de si e foi até o quarto.
-Angie! - exclamou ao ver a pequena trouxinha de tecido no berço de ferro.
Aproximou-se e o bebê de cinco meses sorriu feliz a reconhecendo e Bella sentiu o peito se expandido. Sua filha, ela pensava embevecida.

continua

Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!