Ops Desculpe! escrita por Emmy Black Potter


Capítulo 13
A Floresta das Vozes - parte 2




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Harry de doze anos e Farllen ficaram em silencio por algum tempo, só olhando em volta, ouvindo os sons que a Floresta fazia.

- Farllen... – começou o pequeno Harry, hesitante – você disse sobre uma profecia...

- Não vou contar-lhe ela, Harry, um dia... – ia repetir a mesma coisa o pégaso, mas Harry gentilmente o interrompeu.

- Eu sei, um dia, vou descobrir... Não é isso, é que eu queria saber, se essa profecia fala... Se algum dia vou lembrar do meu passado... Ou ver minha família... Se eu tiver uma – e agora ele parecia desapontado.

         Os olhos do Harry brilharam por alguns instantes, esperançosos na direção de Farllen, mas este nada comentou por alguns segundos, sobre a pergunta do garoto.

- Olha, Harry, isso depende de você. Profecias acontecem, porque as pessoas querem que aconteçam – explicou Farllen – e não está escrito no destino se você vai ou não encontrar sua família, como também não está escrito se você vai ou não recuperar sua memória.

         Harry obviamente ficara decepcionado com a resposta, mas não reclamou, ficando quieto e pensativo. Olhou para cima com o intuito de ver se já estava tarde, mas as árvores não deixavam nenhuma brecha de luz entrar.

- Farllen... – começou o garoto, naquele seu tom de pergunta – se eu sou o Mago Branco... Quem é a Feiticeira Branca? Eu conheço ela?

         A cabeça de Harry virou para o lado, com um olhar questionador. O pégaso novamente deu aquele seu sorriso “de cavalo” e disse:

- Não posso responder muitas perguntas suas – disse Farllen – Entretanto, posso dizer que um dia serão respondidas.

         O pégaso respirou profundamente e disse:

- Você pode se sentir decepcionado por nada ter sido respondido, hoje, mas, aguarde, seja paciente, um dia, a resposta virá e você ficará contente por ter esperado.

- Mas... E se eu tivesse mesmo uma família? Devem pensar que eu sumi porque não gosto deles, que eu deixei eles... Ou morri – a última parte foi somente sussurrada, mas foi ouvida como se ele tivesse gritado.

         A Floresta das Vozes parecia estranhamente quieta.

- Aqueles que nos amam nunca nos deixam de verdade – disse, com um tom sábio, Farllen.

         O Harry de doze anos aparentemente não entendeu, pois franziu as sobrancelhas e a expressão estava confusa.

- Eu... Eu não entendo – admitiu o moreno de doze anos, corando ligeiramente.

         Sirius, vendo isso, esboçou um sorriso.

- Já ouviu aquele ditado que diz “Longe dos olhos, perto do coração”? – perguntou Farllen, mas não esperou por uma resposta – O que eu quero dizer é que onde quer que você esteja, não importando a quantos oceanos de distancia, ou até mesmo a morte, sua família ainda vai te amar.

- Aonde quer que eu esteja... – murmurou o garoto.

         Aquela luz branca começou a circulá-lo novamente, vento brincou furiosamente com os cabelos dele, e, para espanto do moreno e dos que assistiam a memória, fogo brotou na palma de sua mão.

         Harry pulou, levantando rapidamente. Balançava a mão com desespero – Harry de quinze anos viu que Alicia pegara a varinha como se quisesse lançar um feitiço para apagar o fogo – mas o fogo não sumia.

         Farllen, porém, ficou sentado, observando tudo divertido. Harry aos poucos foi parando, tomando consciência que o fogo não estava lhe queimando a pele.

         Quando finalmente ficou calmo, de sua outra mão saiu um imenso jato de água, que extinguiu o fogo. O vento parou de brincar com seus cabelos, mas a luz branca ainda o circulava e seus olhos ainda eram dourados.

- O que – Harry pegou fôlego – foi... – respirou profundamente, reparando em como estivera nervoso – isso?

         Farllen deu o mais parecido de uma risada que um cavalo alado podia fazer e explicou: - Você é o Mago Branco, garoto! – exclamou Farllen – O que esperava?

         E explodiu em risadas. Harry deu um meio sorriso, ainda constrangido e com as bochechas ligeiramente vermelhas. “Que cavalo doido”, pensou Alicia, assistindo a memória.

- Bom, até logo, Mago, ainda nos encontraremos novamente, você verá – falou Farllen – e, nesse dia, você entenderá o que falo.

         Harry, confuso, perguntou: - Como vou sair daqui sem me perder? É impossível!

         Mas Farllen deu seu estranho sorriso e disse:

- Tenho certeza que encontrará um jeito, mas, se quiser uma dica, as aves de fogo são realmente incríveis não são? A maneira como se deslocam... – e, com esse último comentário, pareceu se fundir ao ar, sumindo de repente.

         O Harry de doze anos concentrou-se, obviamente pensava na dica que o pégaso dera. Murmurava sozinho o que aquele cavalo louco queria dizer.

- Aves de fogo?... Ele fala de fênix, é claro... Mas, Akemi não pode chegar até aqui... – murmurava, consigo mesmo, o garoto. Ergueu a cabeça, olhou em volta, as árvores, o silêncio – Aqui é muito denso, seria impossível fazer um vôo da fênix para Akemi vir e me levar junto, deve ser por isso que não veio...

         E, para a surpresa do menino, ele transformou-se numa ave. Uma fênix. Suas penas eram brancas como a neve – Alicia reparou num detalhe que ainda não tinha visto no primeiro dia de aula, quando foram de vôo da fênix para a sala – na testa, ele possuía uma fina cicatriz de raio de cor vermelho fogo.

         Todos, na verdade, repararam que a fênix de Harry não era igual de quando ele tinha nove anos. Era branca, sim, e tinha uma cicatriz de raio na testa. Mas, mesmo sem luz, as penas de suas asas pareciam diamantes refletindo a luz do sol e formando as cores do arco-íris, era lindo de se ver.

         Harry deu um giro gracioso, enquanto seu corpo ficava em chamas, que sumiram, sem deixar rastros de que alguém estivera ali.

         Os sons da floresta voltaram, e a memória se dissolveu.

Pov’s Alicia:

         Senti minha boca se entreabrindo, um tanto chocada, diante dessa lembrança. Eram... Tantas coisas, tantos poderes novos, para processar, que ficava difícil entender.

         Não pude deixar de sentir um pouco de ciúmes da “Feiticeira Branca”, quem ela pensa que é?! Aposto que é uma metidinha que, quando descobrir que Harry é o Mago Branco e o encontrar, vai acabar ficando com ele e “felizes para sempre”.

         Meu ciúme foi dissolvido rapidamente só de pensar na ultima parte de meu pensamento. Felizes para sempre. Senti, repentinamente, uma imensa vontade de rir. Gargalhar alto, como nunca fizera.

         Felizes para sempre, repeti em minha mente. Felizes... Seria muito irônico mesmo se isso acontecesse. Porque, eu, Alicia Melanie, não conseguira meu “felizes para sempre” – seja como amiga ou namorada – ao lado de Harry Potter. Mas, a Feiticeira Branca conseguiria isso, ao lado do Mago Branco.

         Irônico. Só isso que eu poderia dizer.

- Al? – chamou Harry, e eu percebi que todos olhavam para mim, confusos, vendo meu rosto inexpressivo – Tudo bem?

         Por um milésimo de segundo, ouvi minha própria voz na minha cabeça dizer “Realmente, não é sua culpa”. Eu tinha dito isso para ele há tanto tempo que parecia outra vida, mas tinha lhe dito isso enquanto me desculpava por meus pais, tio Remo e meus padrinhos me paparicarem demais no dia que nos conhecemos.

         Isso tudo não demorou nem um segundo. Logo, me vi sorrindo e respondendo:

- Claro que eu estou bem, Pontas, é que... Adorei te ver menor! – sorri largo, não era uma completa mentira, eu realmente gostara, mas seria um absurdo dizer-lhe o que eu estava pensando.

         Despedimo-nos, dizendo que voltaríamos amanhã para mais perguntas. Caminhamos, por um tempo, em silencio. Pensando.

         Não era um silêncio desconfortável, era um tanto agradável e, analisando bem, parecia um silêncio pensativo – por mais estranho que isso possa parecer.

         Em determinado momento, eu tive que rompê-lo:

- Pontas... – comecei hesitante – lá em Harmony...

- Sim? – incentivou meu amigo. Ele me olhava com curiosidade óbvia, provavelmente se perguntando o que eu ia dizer.

- Lá em Harmony você acreditava que tinha uma família? Uma família te esperando? – por sorte, conseguira fazer minha voz sair firme e sem gaguejos.

         Ele ficou desconfortável e parecia um tanto encabulado, mas disse:

- Sim, imaginava se tinha uma família ou não, muitas vezes pensava se, algum dia, eu recuperasse minha memória, poderia vê-los... – ele deu uma pausa, como se pensasse, mas continuou – mas esse dia nunca chegava, e comecei a pensar se era só um sonho que tive quando criança.

         Senti meus olhos ficarem lacrimosos – e eu nem sabia direito o motivo, só me deu, de repente, uma imensa vontade de cair aos prantos e dizer que ele nunca poderia desistir de procurar sua família, nossa família, de mim.

         Me perguntei qual era me problema. E, com isso, continuamos nosso caminho ao Salão Comunal da Grifinória.

         E eu, sinceramente, esperava que meu rosto não mostrasse meu desespero, meu medo e minha tristeza.


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