Às vezes surpreendo a mim mesmo divagando sobre a maciez do contato entre a sua mão e a minha. A suavidade agressiva na pressão ligeiramente aplicada ao toque entre intervalos complexos. Que pensas? Seus lábios contorcem-se em um sorriso indiscreto. Divagas quanto ao toque com tamanha intensidade, como o faço? Ou talvez pensas em aleatoriedades diárias, quase inconsciente de mim. Não notas que penso no quão preciso é o encaixe de nossas mãos? Provavelmente não... Vejo o quão vago é o brilho refletido em seus olhos castanhos. Me fitas, mas não com intensidade necessária. Por que? Ah, duvidas! Me levarão a insanidade! Vê o que fazes com corações alheios? Um piscar de olhos e já o pertencem. Pobres vítimas... Ai de mim. Ignoro a frieza de sua derme anormalmente pálida contra a minha – não me fará nenhum bem chegar a conclusão de que não existes. Só intensificará o pouco bom senso que me resta, que grita que tudo isso não passa de uma ilusão de uma mente extremamente perturbada. Ilusão, talvez. Mas não concordo com a moderada escolha de palavras – a insanidade dentro de mim tem proporções quase inimagináveis. O quão pior pode ficar? O quão esdrúxulo é reconhecer a própria loucura?

Dane-se. Por que em um piscar de olhos o adocicado do seu hálito preenche-me os sentidos e o fervor dos seus suspiros enchem-me os ouvidos. A precisão e maciez do seu toque percorre-me a pele, fazendo-me arrepiar até meu último fio, e meu coração volta a bater da forma que deveria. Desgovernado e sem controle. É isso que me causas.
Sei como procederias. Como seu peso cairia contra mim e o brilho dos seus olhos ganharia significante aumento por conta de sua excitação. Reconheço o timbre da sua voz sussurrando as mais belas mentiras, mentiras que me fizeram como se eu, de fato, fosse digno de tamanha importância Como se de alguma forma existisse a possibilidade de alguém ter sentimentos tão elevados em relação a mim. Em sonhos eu volto aqueles momentos, Frank. De novo e de novo. Encontro refúgio dentro daquelas memórias na esperança de voltar a sentir meu coração pulsar. Sonhando posso dizer que te amo novamente, e que era recíproco Que era verdadeiro. Posso voltar a fazer a mesma idiotice, posso voltar a ser ingênuo e vulnerável. Posso-me deixar levar. Eu posso ser feliz de novo e transformar o efêmero em eternidade. Eu prendo a mim mesmo naquele momento de felicidade, me agarrando aquilo como se dependesse daquela fuga para manter-me vivo. Mesmo agora, é você quem mantém o meu coração batendo, adicionando cor perante meus olhos.

Mesmo que você não me ame mais, posso me sentir como se você deveras o fizesse Completo. Mesmo que não estejamos juntos posso sentir o seu hálito contra a minha pele, o roçar dos seus lábios nos meus, a suavidade da sua mão junto a minha. Eu ainda sinto tudo isso.
Mesmo que você não esteja mais entre os vivos, eu te amo.