Escute Seu Coração escrita por Chiisana Hana


Capítulo 39
Capítulo XXXIX




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Os personagens de Saint Seiya pertencem ao tio Kurumada e é ele quem enche os bolsinhos. Todos os outros personagens são meus, eu não ganho nenhum centavo com eles, mas morro de ciúmes.

ESCUTE SEU CORAÇÃO

Chiisana Hana

Beta-reader: Nina Neviani


Capítulo XXXIX


Manhã de 25 de dezembro

Arvanitakis bate à porta do quarto de Shiryu e Shunrei.O rapaz abre a porta apreensivo, pois dada a discrição do criado, ele só viria até seu quarto por alguma razão realmente urgente.

(Arvanitakis) Senhor, perdão por acordá-lo de modo tão brusco, mas será que pode me acompanhar?

(Shiryu) Claro. Além do mais, eu já estava acordado.

Os dois saem do quarto e Shiryu fecha a porta com cuidado para não acordar Shunrei. A expressão do criado é grave.

(Arvanitakis) Acabo de receber um telefonema informando que o senhor Dohko sofreu um acidente.

(Shiryu, nervoso) Acidente? Como?

(Arvanitakis) Ainda não sei os detalhes, senhor. A ligação foi agora há pouco, avisando que ele e a senhorita Fatma tinham se acidentado.

(Shiryu, engolindo em seco) Certo. Eu vou avisar Shunrei e então irei para lá.

Inquieto, Shiryu entra no quarto e, delicadamente, acorda a esposa. Depois, explica a situação a ela e diz que vai para o hospital imediatamente.

(Shunrei) Eu quero ir com você!

(Shiryu) Não, você precisa ficar em casa, tomar seu café e descansar. Eu vou lá e ligo assim que tiver notícias.

(Shunrei) Mas Shi, eu quero ir!

(Shiryu) Eu vou ficar mais tranquilo se você estiver em casa, certo?

(Shunrei) Está bem, eu fico. Não é possível que ele tenha sobrevivido a tantos séculos de batalhas e vá morrer num acidente de carro, é?

(Shiryu, hesitante) Claro que não. Estou indo. Aguarde notícias.

(Shunrei) Certo.

Ele se despede com um beijo e deixa o quarto. Shunrei toma um banho rápido e desce, mas não tem vontade de tomar café, então, ela vai para a sala e senta na poltrona mais próxima do telefone. Pouco depois, Seiya aparece na sala, de pijamas, com os cabelos assanhados e esfregando os olhos.

(Seiya) Bom dia, Shunrei.

(Shunrei, desanimada) Bom dia, Seiya.

(Seiya) Ih, o que foi? Ficou com raiva por que o Shiryu saiu de madrugada? Fomos só procurar a Seika! Ele se comportou, viu? Juro!

(Shunrei) Não é isso, Seiya. É que o mestre sofreu um acidente. Shiryu foi para o hospital saber o que aconteceu de fato e estou esperando que ele telefone.

(Seiya) Nossa! Mas acidente como? De carro?

(Shunrei) Parece que sim. Ontem à noite ele saiu daqui com a senhorita Fatma, parece-me que iam para o Santuário. Mas hoje cedo Arvanitakis recebeu o telefonema avisando do acidente.

(Seiya) Puxa vida...

Seika aparece no alto da escada, igualmente de pijamas, e descendo com alguma dificuldade.

(Seika, resmungando) Caramba, minha cabeça tá girando muito!

(Seiya) Bem feito! Quem mandou beber até cair?

(Seika) Não fala em cair que eu já tô rodando, poxa!

Depois de conseguir descer a escada em segurança, Seika se senta ao lado do irmão.

(Seika) E aí? O que vocês estão fazendo?

(Seiya) Esperando o Shiryu telefonar porque o Dohko sofreu um acidente de carro e está no hospital.

(Seika) Acidente, é? Que tipo de acidente? Bateram? Despencaram num penhasco?

Shunrei dirige a Seika seu olhar mais indignado.

(Seiya) Não fica agourando, Seika. Que coisa mais feia.

(Seika) Ai, só queria saber. Tomara que não seja nada.

(Seiya) É, vamos torcer. Mas eu vou ali na cozinha ver se tem alguma coisa pra comer porque meu estômago tá roncando que nem louco. Vocês não vêm?

(Seika) É, eu vou. Quem sabe comendo um pouco minha cabeça pare de girar.

(Shunrei) Não, Seiya. Obrigada.

(Seiya) Acho melhor você vir com a gente, Shunrei. Come pelo menos uma coisinha para enganar o estômago.

(Shunrei) Não estou com vontade, Seiya.

(Seiya) Então vem pelo menos nos fazer companhia. Se o telefone tocar, eu corro pra atender.

(Shunrei, esboçando um sorriso) Está bem, Seiya, eu vou. É impossível dizer não para você.

S - - - - A- - - - I - - - - N - - - - T - S - - - - E - - - - I - - - - Y - - - - A

Mansão Solo.

Já passa das dez horas da manhã, mas Saori não descera para o café. Assim, o próprio Julian prepara uma bandeja e sobe até o quarto da noiva. Ao entrar lá, encontra a moça ainda deitada na cama, mas já acordada.

(Julian, bastante sério) Bom dia, senhora minha noiva.

(Saori) Bom dia.

(Julian, depositando a bandeja sobre a cama) Trouxe seu café.

(Saori) Obrigada.

A moça come sob os olhos atentos do noivo, que não diz uma palavra sequer, mas mantém o semblante grave e assim que ela termina de comer, tira do bolso um envelope de comprimidos.

(Julian) Agora tome isto.

(Saori, irônica) O que é que o senhor meu noivo deseja que eu tome?

Julian dá um sorriso esnobe e coça o queixo.

(Julian) Apenas um pequeno artifício para garantir que de sua loucura temporária não advenham frutos indesejáveis.

(Saori, atônita) Está brincando?

(Julian) Não, não estou. Eu não vou criar um filho daquele... hum... cavaleiro.

(Saori, levantando-se da cama) Você é mais doente do que eu pensava...

(Julian) Pense o que quiser, desde que engula o comprimido.

(Saori) E se eu já estiver grávida de você? Vai querer matar o próprio filho?

(Julian) É um risco necessário.

(Saori) Eu não vou tomar nada.

(Julian) Ah, vai! Eu não saio daqui enquanto você não engolir esse comprimido.

(Saori) Vai me fazer tomar à força?

(Julian) Só se você tornar isso necessário. Agora, seja uma dama, e engula o comprimido.

(Saori) E se eu quiser ter um filho do Seiya?

(Julian) Não, você não quer.

(Saori) Julian, é hora de parar com essa brincadeira, sim? Eu não vou fazer isso.

(Julian) Vai. Enquanto for minha noiva, você fará o que eu quiser.

(Saori) Certo. Então acabou o noivado. Adeus.

(Julian) Não, não, não. Não se acaba um compromisso assim, senhorita Kido. Além do mais, o ofendido aqui devia ser eu, não a senhorita. Agora engula esta droga de comprimido.

Julian segura Saori pelos braços com força e lhe diz algo que a convence a ingerir o comprimido.

(Julian) Excelente. É o que se espera de uma boa noiva. E a partir de agora, por misericórdia e para o seu próprio bem, não faça mais bobagens, senhora minha noiva.

Assim que ele sai do quarto, Saori agarra um travesseiro e põe-se a chorar.

S - - - - A- - - - I - - - - N - - - - T - S - - - - E - - - - I - - - - Y - - - - A

Casa de Dohko.

O telefone toca. Seiya corre para atender conforme prometera a Shunrei.

(Seiya) É o Shiryu! Claro, ele quer falar com você, Shunrei!

(Shunrei, pega o fone) Pode falar, Shi.

(Shiryu) Shu, está tudo bem. O mestre quebrou uma perna, mas fora isso e alguns arranhões, está bem.

(Shunrei) Graças a Deus!

(Shiryu) A senhorita Fatma é que se machucou bastante...

(Shunrei) Minha nossa...

(Shiryu) Ela está em coma. O mestre vai ficar aqui mais uma noite, em observação, e se tudo continuar bem amanhã ele terá alta.

(Shunrei) Tomara. Vou rezar por isso, e também pela senhorita Fatma.

(Shiryu) Faça isso, querida. Eu vou ficar mais um pouco com ele, mas volto pra almoçar com você.

(Shunrei) Eu queria tanto ir aí!

(Shiryu) Shunrei...

(Shunrei) Eu não sou de porcelana! Quantas vezes já enfrentei um hospital por sua causa? Eu quero ir e eu vou.

(Shiryu) Está bem. Venha. O que é eu posso fazer? Pegue um táxi. Só não venha de moto com o Seiya, pelo amor de Deus!

(Shunrei, rindo) Também não sou tão maluca assim. Até já, meu amor.

(Shiryu) Até, querida.

(Seiya) E aí? O que foi?

(Shunrei) O mestre está bem, apenas quebrou uma perna. Eu estou indo para lá e Shiryu disse que não é pra ir de moto com você!

(Seiya) Haha! Mas se quiser ir, ó, tô à disposição!

(Shunrei) Melhor não. Vou de táxi mesmo.

Ao sair do condomínio, o táxi de Shunrei passa por Ikki que, apressadamente, faz o caminho inverso. Já na casa de Kanon, ele arruma sua mala, jogando as coisas dentro dela sem qualquer organização. Depois, desce carregando-a, joga-a no meio da sala e vai até o quarto onde Pani está hospedada. Ele abre a porta sem bater e, para sua surpresa, a moça e Kanon estão despidos, trocando carícias ousadas.

(Ikki) Foi mal...

Constrangido, o casal procura se esconder sob o lençol.

(Ikki) Pani, só vim te avisar que vá trabalhar na casa do Shun porque eu não volto para o Japão. Continuem aí. Fui.

Ele pega a mala jogada na sala e deixa o condomínio a pé, pensando no que acabara de ver e torcendo sinceramente para que Pani se acerte com Kanon. Enquanto anda, Ikki relembra a cena que acontecera horas antes, no aeroporto de Atenas...

(Pandora) O que é que você quer?

(Ikki) Que você entenda que o que eu te dou é o máximo que eu posso e que eu realmente a quero na minha vida. Se eu não quisesse, se eu não gostasse de você, não teria deixado tudo chegar ao ponto que chegou.

(Pandora) Não é o suficiente. Já disse que não quero mais dividir você com um fantasma. Simplesmente não consigo.

(Ikki) Pandora...

(Pandora) Não, Ikki. Eu quero ter um homem de quem eu seja a única mulher. E você não pode me dar isso, infelizmente. Aliás, até hoje não entendi por que raios você não foi buscar os ossos dessa Esmeralda. Podia ter até um caso de amor com os restos mortais dela. Se bem que profanar cadáveres é crime. Você podia acabar na cadeia.

(Ikki) Não vou ser grosso com você porque sem querer você me deu uma ideia.

(Pandora, indignada) Seu doente! Suma daqui! Nunca mais quero vê-lo!

(Ikki) Então tá. Adeus.

(Pandora) Adeus.

Ela pega a mala e anda na direção do portão de embarque. Ikki segue na direção oposta.

S - - - - A- - - - I - - - - N - - - - T - S - - - - E - - - - I - - - - Y - - - - A

Dias depois...

Todos os visitantes já se preparam para partir da Grécia, exceto Shiryu e Shunrei, que decidiram ficar um pouco mais com Dohko. A tempestade que se aproxima deixa o dia cinzento e lúgubre. Hyoga acorda cedo, arruma suas coisas e vai à casa de Mu despedir-se de Eiri. A própria moça o recebe.

(Eiri, aparentando frieza) Então já vai?

(Hyoga) Sim. Logo o meu curso recomeça.

(Eiri) Boa viagem.

(Hyoga) Obrigado. Eiri, eu gostaria que você me mantivesse informado sobre a gravidez, sabe? Queria saber de tudo, da primeira vez que ela mexer aí dentro de você, essas coisas.

(Eiri) Quem vê até acha que você se importa.

(Hyoga) Você não vai me irritar com esse comentário porque eu sei que me importo.

(Eiri, irônica) Hum... também sei...

(Hyoga) É difícil conversar com você. Bom, se cuida.

(Eiri) Pode deixar que eu me cuido sim. Além do mais, tenho o Mu para me ajudar.

(Hyoga) Que bom pra você. Então vou indo.

Eiri fecha a porta com força além da necessária. Hyoga retorna à casa de Camus com a certeza de que ela ainda não o esquecera.

Enquanto isso, June ainda tenta consolar Shun, que chora desde a partida de Ikki.

(June, abraçando-o) Ainda chorando por causa do Ikki?

(Shun) É...

(June) Mas você sabe como ele é, Shun! Vamos parar com esse choro agora porque esse assunto já deu o que tinha que dar. Às vezes eu acho que é isso que seu irmão quer, sabe? Que você fique assim, se contorcendo de tanto chorar por ele. Vai dar o que ele quer? Vai?

Shun nada responde. June o auxilia a levantar do canto onde ele está sentado e o arrasta até a sala, onde se despedem de Camus, agradecendo pela hospitalidade. Hyoga acaba de retornar à casa e também se despede de seu mestre.

(Shun, em tom choroso, para Hyoga) Ainda não consigo aceitar que o Ikki tenha sumido outra vez sem se despedir de mim, sem me deixar um bilhete, só um recado vago com a Pani.

(June) Isso de novo? Haja paciência, Shun! Vou pegar o resto das nossas coisas enquanto você se lamenta com seu amigo pela milionésima vez.

(Hyoga) Ela está bem brava, Shun...

(Shun) Eu sei, mas não consigo evitar. Estou muito magoado com a atitude do Ikki.

(Hyoga) Convenhamos, Shun. Isso é bem típico dele. Eu estava mesmo estranhando o fato de ele ficar tanto tempo num lugar.

(Shun) Eu pensava que ele e Pandora iam mesmo ficar juntos. Aí, de repente, eles se separam depois da festa, ela volta para a Alemanha e o Ikki some.

(Hyoga) Shun, o Ikki nunca esqueceu a Esmeralda e isso não devia ser fácil para a Pandora. Essas coisas nunca são fáceis.

(Shun) Eu sei... mas não pensei que ele me abandonaria de novo. Às vezes eu me sinto tão só.

(Hyoga) Não seja dramático.

(Shun) Olha só quem fala de drama!

(Hyoga) Eu estou controlado! A Eiri acaba de tentar me tirar do sério, mas não conseguiu.

(Shun) Ela parece bem com o Mu, mas sei lá, acho que ainda gosta de você.

(Hyoga) Isso está excessivamente claro. Bom, vamos lá, né? Ainda precisamos nos despedir do descerebrado e do casado.

(Shun, rindo) Descerebrado foi boa!

Hyoga sorri de volta e os dois se abraçam longamente.

(Shun) Eu sinto sua falta. E agora, sem o Ikki, sentirei ainda mais.

(Hyoga) Você tem a June.

(Shun) É, ela é uma pessoa ótima, mas às vezes preciso de um amigo. O Seiya é meio moleque, não dá para falar de coisas sérias com ele, e Shiryu agora tem outras preocupações.

(Hyoga) Você sempre pode me telefonar.

(Shun) Olha que eu telefono mesmo.

(Hyoga) Pode ligar se precisar. E reze para eu emplacar minha carreira.

(Shun) Quando sair seu primeiro filme, estarei lá na estreia, na primeira fila.

(Hyoga) Contarei com isso.

June reaparece com uma mala de mão aparentando estar pesadíssima, e os três vão juntos até a casa de Kanon, para buscar Pani, e de lá seguem até a casa de Dohkoonde ele, Shiryu e Shunrei já se despedem de Seiya e Seika.

(Seiya) Vocês não vão voltar mesmo?

(Shiryu) Não. Dohko precisa de nós.

(Dohko) Eu disse que não preciso, mas eles insistem.

(Shunrei) Não seja teimoso! Vamos cuidar do senhor, queira ou não!

(Dohko) O que é que eu posso fazer contra esses dois cabeças-duras?

(Seiya) Mas e seu trabalho na fundação?

(Shiryu) Que trabalho, Seiya? Estou indo lá para aprender. Eles não vão nem notar a minha falta. E depois, não vamos ficar eternamente, só mais alguns dias.

(Seiya) Está bem. Então, vamos lá, porque a van já está nos esperando.

(Shiryu) Boa viagem. E juízo nessa sua cabeça de vento! E na sua também, Seika.

(Seika) Eu? Eu sou muito ajuizada.

(Shiryu) Sei...

(Seiya) E a Saori, hein?

(Shiryu) Que tem ela?

(Seiya) Será que ela está bem?

(Shiryu) Deve estar, Seiya. Ela sabe se virar.

(Seiya) Será que sabe mesmo?

(Shiryu) Esperamos que sim, não é?

A campainha toca. Shun e Hyoga vieram despedir-se também do casal, enquanto June preferiu ir direto para a van com Pani. Depois de longos abraços, Shiryu, Shunrei e Dohko, na cadeira de rodas, ficam na porta da casa, observando o movimento.

Rose, Angélica, Celina, June e Pani já estão dentro da van quando Shun, Hyoga, Seiya e Seika começam a se acomodar. Abraçados, Saga e Agatha despedem-se do lado de fora.

(Saga) Em breve levarei boas noticias para você.

(Agatha) Assim espero, meu querido. Assim espero.

(Saga) Pode acreditar. Sempre cumpro minhas promessas.

(Agatha) Eu não duvido.

(Saga, hesitante) Mas seria melhor se você ficasse aqui com as meninas.

(Agatha) Já conversamos sobre isso...

(Saga) Está bem. Não vou insistir de novo. Boa viagem.

(Agatha) Obrigada.

Aldebaran se despede de Violet com beijos, olhares ternos e poucas palavras.

(Aldebaran) Espero que a gente volte logo a se ver.

(Violet) Eu também...

Já entre Milo e Lily, o clima era de consternação.

(Milo, sussurrando) Eu vou morrer de saudade.

(Lily, também aos sussurros) Eu também. Foi tudo lindo, foi um sonho. E mesmo que não nos vejamos nunca mais, tudo isso já valeu a pena.

(Milo) Nunca mais? Se a saudade apertar, eu largo tudo e vou pro Japão.

Lily apenas sorri. Quer acreditar que ele está sendo sincero, mas no fundo acha que foi só uma aventura. O cavaleiro a abraça, e Lily se deixa envolver naquele último abraço, que segue seu curso natural até o último beijo. Depois, ela entra na van e senta próxima à janela. Milo segura a mão da namorada, tocando os dedos alvos e finos de leve, e olhando para ela com um olhar tão apaixonado que fez a menina querer descer do carro e pular nos braços dele. Só quando o motorista dá a partida é que ele solta e observa o veículo se afastar portão a fora.

(Aldebaran, sentando no meio-fio) É, meus amigos, agora é torcer para o tempo passar rápido e as férias chegarem logo.

(Saga, acompanhando-o) Ele passa.

Kanon se senta ao lado do irmão, e os outros vão se sentando também, formando uma rodinha.

(Kanon) E como passa...

(Saga) Você gamou na empregada do Ikki, hein?

(Kanon) Gostei dela, mas meu foco é outra...

(Saga, surpreso) Que outra?

(Kanon) Não conto nem sob tortura.

(Saga) Pelo jeito, é comprometida.

(Kanon) Não. Não é mais. Mas nem insista, não direi quem é.

(Aldebaran) Quem mandou a gente arrumar namorada que mora longe, né? O jeito é sofrer de saudade.

(Saga) É até bom. Torna os reencontros mais emocionantes.

(Aldebaran) É, mas até conseguirmos o reencontro...

Shura, que observava de longe a partida das meninas, se aproxima do grupo e também se senta.

(Shura) Que dureza, né?

(Aldebaran) Mas você não terminou com a mexicana?

(Shura) Nós brigamos, mas isso não quer dizer que eu deixei de gostar dela. Só não me sentia pronto para o que ela queria de mim. Acho que ela vai pensar melhor sobre isso e que ainda teremos outra chance.

(Aldebaran) Tomara. Vocês formavam um casal bonito.

(Shura) Eu também acho.

Camus também se aproxima e participa da conversa.

(Camus, irônico) Os maiores na hierarquia do Santuário, sentados no chão, lamentando a partida de suas amadas.

(Saga) Isso prova que nós não somos insensíveis como você.

(Camus) Eu não sou insensível, sou objetivo.

(Aldebaran) Queria ver a objetividade se o amor da sua vida estivesse indo pro Japão, sem perspectiva de voltar tão cedo.

(Saga) Ele nem se importaria.

Camus ignora o comentário de Saga, e Afrodite, curioso com a movimentação na entrada do condomínio, junta-se ao grupo.

(Afrodite) Não tenho nada a ver com isso, mas ouvi seu comentário, Camus, e acho uma graça esse bando de homenzarrão metido a super heroi sofrendo por amor. Engraçado o que amor faz com as pessoas, né?

(Aldebaran) Não sei se engraçado é o termo adequado.

(Afrodite) Pode não ser o termo adequado, mas eu sei bem o que vocês estão sentindo.

(Saga) Claro. O seu... erh... namorado também está longe.

(Afrodite) Pois é.

(Aldebaran) E agora estamos todos aqui, sozinhos, meio perdidos, sem saber para onde ir...

(Afrodite) Hum, até certo ponto. É como se o amor fosse um grande labirinto e mesmo enquanto estamos perdidos nele tudo é fabuloso.

Ao ouvir o comentário, Máscara da Morte também se junta ao grupo.

(Máscara da Morte) Que conversa de gay!

Afrodite o fuzila com o olhar e continua seu discurso.

(Afrodite) E mesmo que não saibamos se um dia vamos encontrar a saída, ou ainda que encontremos o fim antes do esperado, tudo vale a pena porque ficam as boas lembranças de tudo o que vivemos nele. E ainda que haja armadilhas, ainda que tropecemos pelo caminho, sempre vale a pena enfrentar o desconhecido caminho do amor.

(Aldebaran) Bonito isso.

(Saga) Bonito mesmo.

Todos ficam em silêncio, refletindo sobre o que Afrodite acaba de dizer, até que Milo se levanta e expressa sua opinião, antes de sair correndo até a garagem.

(Milo) Bonito é o caramba! Eu é que não vou ficar aqui perdido nesse tal desse labirinto!

S - - - - A- - - - I - - - - N - - - - T - S - - - - E - - - - I - - - - Y - - - - A

Enquanto isso, os passageiros da van estão em silêncio, acostumando-se com as próprias saudades, pensando no que deixaram para trás e em quando reencontrarão seus amores. Todos, exceto Seiya.

(Seiya, com voz firme) Para o carro!

(Motorista) Como?

(Seiya) Para aí que eu vou descer, caramba!

Sem entender, o motorista encosta a van.

(Seika) Você está maluco?

(Shun) Ele é maluco, Seika.

(Seiya) Preciso fazer uma coisa. Seika, você volta com o pessoal. Eu vou no próximo voo.

(Seika) Tem certeza de que sabe o que está fazendo?

(Seiya) Muita certeza. Boa viagem pra vocês.

(Seika) Seiya!

Seiya se despede da irmã com um abraço, sai do veículo e pega sua mala no bagageiro, tudo sob o olhar perplexo dos outros.

(Hyoga) Não sei porque vocês estão com essas caras. É óbvio que ele vai atrás da Saori.

(Shun) Será?

(Hyoga) Pode apostar.

Na estrada, Seiya vai andando, até conseguir uma carona até a cidade, onde ele pega um táxi e vai direto à mansão dos Solo, onde ele pula o muro e, sorrateiro, esgueira-se pelo enorme jardim até se aproximar da casa. Saori lê no pergolado e se assusta quando Seiya toca seu ombro. Certificando-se de que não eram vistos, ela o puxa até um canto fora do campo de visão dos moradores da casa.

(Saori) O que você está fazendo aqui, seu maluco? Não ia voltar para Tóquio hoje?

(Seiya) Eu não podia ir embora sem saber como você está.

(Saori, tentando ser convincente) Eu estou bem, eu estou ótima.

(Seiya) Não é o que parece.

(Saori) Mas eu estou bem, sim.

(Seiya) Por que você está aqui? Por que está com o Julian? E, principalmente, por que tem tanto medo dele? Eu preciso saber.

(Saori) Eu estou onde tenho de estar, fazendo o que tenho de fazer. É isso.

(Seiya) Não entendo. Simplesmente não entendo. E não vou sair daqui sem uma boa explicação, porque tudo que você faz diz que é a mim que você ama. Seu olhar me diz isso a todo momento. E o que nós vivemos na noite de Natal...

(Saori, interrompendo-o) Estou fazendo o que meu coração manda fazer, Seiya. Só posso lhe dizer isso.

(Seiya) Definitivamente não é verdade. Eu sei que você me ama. Eu sinto isso. E você sabe que eu...

(Saori, interrompendo-o outra vez) Não termine...

(Seiya, engolindo em seco) Me deixa entender! Me dá uma razão lógica!

(Saori) Não tem o que entender. É o que é. Pronto.

(Seiya) Cada hora mais enigmática. Não aceito essa explicação.

(Saori) Vá embora, Seiya. Volte pro Japão, vá viver a sua vida, seja feliz.

(Seiya) E você? Vai ser feliz com esse homem que você não ama?

(Saori, hesitante)Espero que sim.

Ele a toma nos braços e a beija. Ela resiste a princípio, mas logo se entrega e corresponde ao beijo.

(Seiya) Viu como você me ama?

(Saori) Vá embora. Por favor, por favor. Não torne as coisas ainda mais difíceis.

(Seiya) Está bem. Eu vou, mas não de vez. Vou ficar no condomínio. Se precisar de mim, para qualquer coisa, até para dar umas porradas nesse seu noivo fajuto, estarei lá.

(Saori) Não precisa ficar, pode voltar pro Japão tranquilamente.

(Seiya) Eu vou ficar, sim! Você diz que está fazendo o que seu coração manda. Pois o meu me diz para eu não me afastar de você.

Ele corre até o muro e pula para o outro lado. Agora que ele se foi, as lágrimas fluem sem controle dos olhos de Saori, enquanto ela murmura:

(Saori) Você não entenderia, Seiya. Esse é o meu sacrifício... só meu.

FIM


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