Pesadelo do Real escrita por Metal_Will


Capítulo 34
Capítulo 34 - Despertar




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"So há um tempo em que é fundamental despertar. Esse tempo é agora"

~ Frase budista

Capítulo 34 - Despertar

 A pergunta de Ariadne pega Monalisa de surpresa, mas talvez fosse uma boa oportunidade de falar sobre o que realmente estava acontecendo. Além disso, Ariadne parecia ser do tipo que não acharia esse tipo de assunto tão louco. O problema é que Monalisa não tinha muita ideia de como dizer tudo de forma simples. Nem ela sabia direito o que estava se passando. Da última vez que fez isso na outra linha de tempo Ariadne acabou despertando e entendendo tudo antes dela terminar, mas agora não tinha certeza. O que dizer?

- Se você sonhou comigo, quer dizer que eu te afetei de alguma forma - continua Ariadne - O que você acha que pode significar?

- Bem...tenho um palpite

- Sério? Pode falar! Adoro essas coisas!

- Na verdade - Monalisa até tenta olhar nos olhos da ruiva, mas acabava desviando para pensar em uma explicação boa - Bem...pode parecer uma coisa meio louca.

- Não importa! Pode falar o que for! Você disse que confiava em mim, não disse?

- É que...isso é absurdo demais para falar, mas se você prometer que não vai me achar louca...

 Ariadne ri deliciosamente.

- Ah, que é isso? Você não pode ser mais louca do que eu!

  Monalisa faz uma pequena pausa. Ariadne insiste para que ela desabafe.

- Vai lá. Agora eu tô curiosa. Conta, vai? O que pode ser de tão estranho? Você vê gente morta?

- O problema não é com os mortos, mas sim com os vivos.

- Como assim?

- Bem...você já deve ter parado para pensar que esse mundo é cheio de conspirações, não é?

- Ah, sim! Muitas! Coisas como os Illuminati ou aqueles ladrões de órgãos, não é?

- Na verdade, a coisa é mais bem elaborada que isso...eu digo que o mundo inteiro é uma conspiração contra mim

- Contra você? Mas por quê? Você é tão boazinha..o que iriam querer com você?

- Eu também não sei! Esse que é o problema! Eu sou vigiada o tempo todo simplesmente por todo o mundo e não tenho o direito de saber a verdade...dizem que estou em um Labirinto

- Labirinto? - indaga Ariadne, agora com uma cara um pouco mais séria - E...dizem? Quem diz?

- Tudo começou quando resolvi mudar o caminho que sempre faço para ir à escola. No começo parece que não foi nada demais, mas aí comecei a ter sonhos estranhos, recebia mensagens estranhas, até que o dono de uma papelaria do centro me disse a verdade. O mundo todo conspira contra mim, mas ninguém pode confirmar isso. O Labirinto é uma prisão que me faz pensar estar em um mundo real, mas é uma mentira. E ninguém me diz qual é a verdade e nem como sair daqui. Entendeu?

- Acho que não - responde Ariadne, com um sorriso leve - Err...seria algo como esquizofrenia?

- Está falando daquela doença mental que a pessoa ouve vozes? Não. Não é algo assim. Tudo é real. 

- Mas como falaram disso sobre você se você mesma disse que ninguém pode falaar nada sobre a verdade?

- Então..há exceções. Quando eu executo certas ações posso ativar eventos. E esses eventos permitem que os habitantes do Labirinto falem abertamente sobre a verdade comigo.

- Como assim?

- Bem, imagine que... - ela olha pela janela e vê um passarinho - Sei lá, imagine que eu ligue o ventilador do quarto e o passarinho comece a falar comigo. Eu ativei um evento em que o passarinho fale comigo através da ação de ligar o ventilador. Isso é ativar um evento.

 Ariadne permanecia em silêncio, admirada com tudo que a colega estava contando.

- Mas... - a ruivinha continua o diálogo - Como você sabe quais eventos ativar?

- Eu não sei. Mas recebo mensagens através de sonhos que me dão pistas.

- Sonhos? - repete Ariadne, pegando novamente o caderno de Monalisa - Então...você anota seus sonhos para estudar as pistas?

- Isso mesmo. Os sonhos que tenho são todos referentes a essa conspiração chamada Labirinto. Mas nada garante que eu consiga interpretá-los da maneira correta. Se eu cometer as ações erradas posso mudar a história de um jeito que eu nunca consiga achar uma forma de sair daqui.

- Quando fala sair daqui, está se referindo ao...

- Sim. Ao Labirinto. O meu objetivo é sair desse lugar! - exclama a loirinha, praticamente socando a cama onde estava sentada.

- E como você pode conseguir as interpretações certas?

- O único jeito é achando uma guia.

- Guia?

- Sim. A guia é a única pessoa do Labirinto com permissão para me ajudar a sair dele, dando as orientações corretas. E essa guia... - nessa hora a voz dela falha.

- O que tem essa guia?

- Essa guia é você! - exclama Monalisa.

- Eu?! - repete Ariadne - Você deve estar enganada...eu não sei nada sobre isso.

- Sim, não sabe. Mas é porque não tem consciência disso ainda. Preciso ativar um evento que desperte sua consciência de novo. Você é a única que pode me ajudar!

- Nossa...que viagem - comenta Ariadne - E como você sabe que eu sou sua guia?

- Na verdade, você mesma contou isso em uma outra linha de tempo.

- Como é que é?

- É mais maluco ainda, mas eu já passei pela história. O que eu vou falar pode parecer horrível, mas eu já vivi um futuro onde você confessava ser a guia, mas ativei um evento errado e você simplesmente se matava.

- Me..matava?

- Porque eu ativei um evento irreversível e você não podia mais me levar para a saída. Esse é o destino da guia! Você não pode mais permanecer no Labirinto se não puder me mostra alguma saída!

- E...eu me mato só por isso?

- É que a morte... - Monalisa faz uma pausa - ...A morte é uma saída do Labirinto. Mas graças a outro evento que ativei desesperadamente consegui reverter a linha do tempo e por isso estamos aqui agora conversando.

 Ariadne fica séria por alguns instantes. Monalisa observa isso e pensa se não cometeu um erro em contar tudo isso. Por mais mente aberta que aquela garota pudesse ser, revelar todos esses fatos era demais mesmo para a pessoa mais compreensiva do mundo. Mas deu certo da outra vez. Ou será que ela confundiu o gatilho? Será que contar a verdade não era a ação certa? Se não era isso, até que podia fingir que foi tudo uma brincadeira, mas ainda assim ficaria com fama de louca. 

- Bem trágico isso, não? - comenta Ariadne.

- Você deve estar me achando uma louca mesmo, não é? Eu imaginei que você não fosse acreditar em mim...mas juro estar falando a verdade!

- Você não parece ser do tipo mentirosa, né?

- Juro que é! - nisso Monalisa se lembra de um detalhe importante, algo que ela nem sequer lembrava pela afobação, mas que devia, no mínimo, despertar alguma curiosidade - Claro! As datas! Veja as datas que marquei antes de cada um dos sonhos! Várias delas são de dias do mês que vem...é só olhar. Não fiz isso de feliz. É porque esse caderno veio do futuro! Consegui ativar um evento que o trouxe da outra linha do tempo!

 De forma bastante paciente Ariadne olha as folhas do caderno com mais atenção. Claro. Como foi capaz de esquecer algo tão importante? E se Ariadne não tinha perguntado nada sobre isso é porque também não tinha reparado! Afinal, seria estranho ter marcado datas que ainda não aconteceram. Ela devia pelo menos ter perguntado as razões daquilo. Aliás, se Monalisa não estivesse tão nervosa em mostrar seu caderno para Ariadne, não teria deixado esse detalhe escapar.

- Viu só? Por que eu marcaria datas futuras?

- Não tem nenhuma data futura aqui, Mona.

- Como?

- Seu último sonho foi esse em que eu apareço nessa semana. Mas todas as datas são anteriores a essa. Não tem nada de errado.

 Como é que é? Será que o caderno foi alterado quando trazido da outra linha do tempo? Fazia sentido...se alguém por acaso o encontrasse acharia estranho. As datas dos sonhos devem ter sido alteradas para o caso de alguma outra pessoa ler. Mas Monalisa se lembrava de ter folheado o caderno e ter visto as datas como do futuro. Será que a leitura muda se o leitor do caderno for outra pessoa além dela? A garota estava confusa.

- Impossível. Eu lembro dos sonhos estarem todos em datas futuras. Como pode isso?

- Haha. Entendi. É alguma brincadeira, né? Você é bem criativa, Mona. Poderia escrever um livro.

- Eu juro que estou falando a verdade. Não contei isso para ninguém, só para você.

- Só para mim?

- Isso mesmo.

- Mas...por que só falou isso para mim? Hoje foi o primeiro dia que nos falamos.

- Porque na outra linha do tempo você despertou quando eu contei a verdade...achei que fosse funcionar agora, mas parece que não.

- Bem...desculpe...

- A culpa não é sua. É toda minha. Estou nervosa e não sei o que fazer. Mas você é a única pessoa que pode me ajudar...por favor, não ache que sou louca! Você precisa me escutar! Eu não sou louca, estou falando a verdade!

 Monalisa solta algumas lágrimas. Qualquer outra pessoa se sentiria constrangida, mas Ariadne apenas sorri ternamente.

- Claro, Mona. Eu sempre vou te escutar. Mas...primeiro me confirme uma coisa.

- O quê? - a loirinha olha chorosa para a colega.

- Você confia em mim?

- Sim. Confio - responde ela, limpando as lágrimas e tentando parecer forte - Você é a única que pode me ajudar.

- Então isso já basta - diz a ruiva, olhando para janela, onde um passarinho pulava calmamente de galho em galho.

- Como assim?

- Permita que eu me apresente - diz Ariadne sorrindo - Meu nome é Ariadne, sou sua guia no Labirinto.

   "Como?", pensa Monalisa, arregalando os olhos. "Ela...ela despertou? Mas...como?"


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