Pesadelo do Real escrita por Metal_Will


Capítulo 24
Capítulo 24 - Desmascarando




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"Quando você dança com o diabo, você não muda o diabo, o diabo muda você."

~ Andrew Kevin Walker

Capítulo 24 - Desmascarando

 Monalisa havia deixado se levar. Seus lábios uniram-se com os de Gabriel em um longo beijo. Ao agir dessa forma, nem se deu conta de quantos poderiam estar olhando. Mas não importava. Se esse era o gatilho, foi feito.

"Todo mundo deve ter visto, droga", pensou ela, um pouco antes de abrir os olhos e se soltar dele, "Os pais dele, minhas amigas, todo mundo. O que vai acontecer agora?"

 Mesmo insegura, Monalisa não fugiu. Permaneceu ali, olhando para o rapaz, aguardando o que poderia ocorrer. Ela o beijou, não? Se isso não significasse nada, não sabia mais o que poderia fazer.

- Então...você aceita ficar comigo? - pergunta ele.

- Bem...ainda precisamos conversar, não? - responde ela, estranhando o fato de que, mesmo todos terem visto o ocorrido, ninguém estar pronunciando uma palavra. Pelo contrário, pareciam todos sérios, como se aqueles dois fossem os únicos atores no palco de uma peça. O evento já teria iniciado?

- Não acho que tenhamos mais nada para conversar - diz ele, colocando as mãos no bolso e mudando de uma personalidade romântica para uma voz mais cínica - A sua escolha já foi feita.

 O coração da garota começa a acelerar e o pressentimento dela não era nada bom. Do nada, todas as pessoas na festa começam a aplaudir, batendo palmas. Isso incluia suas amigas que, diferente do jeito brincalhão que estavam encarando a situação, agora tinham um olhar totalmente distinto.

- Imagino que...não precisamos mais fingir para conversar, não? Isso aqui é um evento.

- Sim - responde Gabriel - Um evento extremamente importante

- Ótimo. Já sabia que iria acontecer algo do tipo. Então...o que você tem a me dizer? - por uma lado Monalisa estava tensa, mas por outro tentava manter uma aparência confiante agora que tinha certeza de ter ativado o evento. Mesmo assim, o evento era mais estranho do que ela imaginava. Gabriel parecia ser o único a falar.

- Não tenho muito a dizer a não ser deixar meus parabéns por ter feito a escolha correta. 

- Heh! Então finalmente agi certo, não é? - diz a garota.

- Claro que sim - respondeu ele - Finalmente você descobriu que o melhor é ficar conosco para sempre!

 O que ele disse? A garota arregala os olhos e sente seu ritmo cardíaco acelerar mais ainda. Agora, sem dúvida, aquele evento não parecia nem um pouco positivo.

- O que disse?

- Você aceitou ficar com todos nós para sempre, Monalisa. Parabéns por sua escolha!

 Ela dá alguns passos para trás, suando frio e trêmula.

- C-Como assim? Esse evento não vai me dar os próximos passos para sair do Labirinto?

- Sair do Labirinto? Do que está falando? - Gabriel continuava a falar de forma sorridente - O beijo é um símbolo claro de selar um acordo. E se você escolheu ficar nessa festa, significa que escolheu selar um acordo de ficar no Labirinto para sempre

- Eu nunca quis isso! Deve estar havendo algum engano!

- Não é engano algum - sua amiga Luana entra na conversa e segura as duas mãos da mocinha - O Labirinto é feito de escolhas, não? Se decidiu ficar nessa festa, é sinal de que desistiu de sair daqui.

- Ou será que... - agora era Cibele que estava falando - ...você interpretou tudo de forma errada e achou que ativiaria um evento diferente? Ops...é possível, não é?

- Não é possível...então vocês são... - Monalisa solta bruscamente as mãos de Luana - Vocês são...vírus!

- Que grosseria é essa? - corrige Gabriel, chegando lentamente por trás da garota e colocando as mãos em seus ombros - Queremos apenas que você fique conosco...queremos o seu bem, Monalisa.

- Esqueça esses problemas - completa Cibele - Deixe que façamos o melhor dos mundos para você...não precisa se preocupar com nada enquanto estiver do nosso lado.

"Não, não! Não pode ser!", a loirinha pensava desesperada, em meio a lágrimas,  "O que eles estão dizendo? A minha mãe...a minha guia disse que esse era o caminho correto...como?"

- Como? - fala Monalisa - Como isso pode ter acontecido? Eu...segui os passos da minha guia!

- Está falando de quem? - perguntou Luana.

- A minha mãe! A minha mãe era minha guia e me orientou para vir nessa festa! Como pode ter sido a escolha errada?

- Mas não foi a escolha errada - disse Cibele - Sua mãe também sempre quis o melhor para você...permancer conosco para sempre

"Isso não está certo...minha guia deveria me orientar a sair do Labirinto e não a me perder nele para sempre", se desesperou Monalisa, "Isso quer dizer...quer dizer que ela não era minha guia de verdade...eu...eu fui enganada!"

- Está tensa, amiga - diz Luana - Esqueça de tudo isso...conforme-se com tudo, termine o evento e vamos continuar a festa!

- Ela está certa - concorda Gabriel - Assim que esse evento terminar, à meia-noite, tudo estará acabado. Você poderá continuar sua vida normal de sempre, sem se preocupar mais com tutores, saídas e enigmas. Tudo que precisará fazer é viver como sempre.

- Nunca! Nunca vou aceitar isso! Com esse evento ativado ou não, irei procurar outra saída desse lugar, não importa o que aconteça! Não vou aceitar ser enganada para sempre! - grita a menina, já não podendo segurar suas lágrimas.

- Você não pode fazer nada contra isso, Mona - fala Cibele, com um olhar mais sério - Ter aceitado aquele beijo foi um selo definitivo de fechamento de todas as saídas. Quando o relógio tocar meia-noite, todos iremos nos calar e voltar à festa. Foi você que escolheu isso

- Eu fui enganada...não pode ser verdade, não pode!

- É a única verdade... - diz Gabriel - Conforme-se logo com isso e vamos aproveitar nossa festa. Ainda temos uma hora até meia-noite, mas podemos acabar esse evento logo e...

- Nunca! - ela dá um tapa no rosto de Gabriel. Estava, de fato, desesperada.

- Garota... - diz o garoto, com a mão na face esbofeteada - Entendo que esteja confusa, mas não pode fazer mais nada. Aceite seu destino. É tão simples!

- Nunca vou aceitar! Uma hora até meia-noite, não é? - diz ela, olhando para o relógio de seu celular - Até lá ainda existe uma esperança.

- Você não vai conseguir sair - diz Luana - Aceite. Fique conosco e se conforme. Foi você que escolheu isso.

- Eu nunca escolhi nada disso! - falou a loirinha - Vocês que me induziram a escolher!

- O que não muda o fato de você ter escolhido...o livre-arbítrio é seu - argumentou Gabriel.

- Não pode ser...não pode ser verdade - Monalisa cai de joelhos no chão, desolada. Então foi enganada o tempo todo? Sua mãe agiu tão bem como guia...mas era tudo uma fraude! Parando para pensar, de fato, Monalisa nunca descobriu que tipo de evento ativou a guia. Foi a guia que veio até ela e não o contrário. Como pode ser tão ingênua? E agora? Não havia mais esperança...dentro de uma hora, todos os eventos seriam fechados. Ela estaria condenada a viver num mundo de mentiras para sempre e nunca, jamais descobrir o porque disso.

- Levante-se, amiga - diz Luana - Foi melhor assim. Vamos continuar com a festa.

 A festa. Como ela não percebeu os detalhes do seu sonho antes? A festa nunca é um símbolo de liberdade. A vida não é uma festa. Um dia o baile termina, a noite acaba, o sol nasce e é preciso continuar em mais um dia de trabalho. Não se pode ter uma valsa eterna. Uma hora, a festa precisa acabar. A alegria e a dança não podem durar para sempre, por mais que gostemos delas. A realidade não pode estar na festa. Isso é que o sonho queria dizer. Só podia ser isso. Quando Monalisa decidiu sair da festa naquele sonho, todos sumiram. Ela não precisou ver os rostos por baixo das máscaras. Havia se libertado da ilusão da valsa. Mas agora...ela se deixou levar e fez a escolha errada. E os rostos escondidos sob as máscaras eram os piores possíveis. E em menos de uma hora, tudo estaria acabado e ela estaria perdida para sempre. Sempre...

- Entendeu agora? - Gabriel se abaixa e segura o queixo da mocinha - Não há mais nada a fazer. Aceite sua condição e vamos continuar com a festa. Como sua amiga disse, foi melhor assim.

- Mas...ainda não é meia-noite, é? - Monalisa pergunta com dificuldade.

- Não, mas será dentro de cinquenta e cinco minutos. O código Cinderela que desativa todos os eventos ocorrerá e finalmente você poderá ficar conosco para sempre - responde o aniversariante, com um sorriso simpático.

- Então ainda tenho uma esperança - a garota se levanta repentinamente, empurra Gabriel violentamente ec correm em direção à porta. Os outros convidados que ela não conhecia, simplesmente abrem passagem.

- É inútil, Monalisa! - grita Gabriel - Você já fez sua escolha! Nada do que você faça pode mudar isso!

- E como posso garantir que você está dizendo a verdade? - ela grita, sem se virar - Pode até ser verdade, mas eu não vou desistir ainda. Não acaba, enquanto não termina!

 Ela sai correndo da casa do garoto. Todos olham indiferentes para as últimas tentativas dela. Fora enganada, escolheu o caminho errado e agora não havia como voltar atrás. O código Cinderela estava prestes a ser ativado. Monalisa sai correndo pelas ruas enquanto tentava discar desesperada em seu celular. Era sua última esperança. No fundo, ela imaginava não ter mais saída, mas tinha que tentar. Ela continuava a correr, quase foi atropelada por um carro e esbarrou em um homem aleatório na calçada.

- Você está bem, menina? - perguntou ele - É perigoso andar sozinha por aí tão tarde! No que posso te ajudar?

- Desculpe - disse ela - Tudo bem. Eu sei me virar...

 Naquela altura, ela não estava nem aí se as ruas da cidade eram perigosas ou não. O que queria era falar com a sua última esperança. Sabia o endereço, era um prédio perto dali, mas precisava avisar de sua chegada. Ela ouve alguns toques, quando, enfim, o telefone atende.

- Alô? - atende uma voz sonolenta.

- Ariadne! - grita Monalisa, com o pouco que podia falar entre o choro e o desespero - Pelo amor de Deus! Eu preciso falar com você! E rápido!


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Notas finais do capítulo

E agora? O que você tem a dizer, heim?

Até o próximo! ^^