Pesadelo do Real escrita por Metal_Will


Capítulo 22
Capítulo 22 - Convite


Notas iniciais do capítulo

Não aguentei. Minha mão estava coçando para escrever! =D



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"Sua interpretação faz parte da sua imaginação."

~ Fred Almada

Capítulo 22 - Convite

 Então o sonho que Monalisa teve aquela tarde poderia soar como um alerta. Mas que tipo de alerta? Sua mãe dirige-se ao sofá da sala e pede que a garota se sente. Ignorando os tênis de Monalisa jogados no meio do tapete, Eleonora senta-se no sofá, suspira e começa a tecer seus comentários sobre o sonho da menina.

- Vejamos se eu entendi...você sonhou com um baile de máscaras do século XVIII ao som de uma valsa, não é?

- Algo assim...

- Interessante - a mulher coloca a mão no queixo - Bem, as datas não coincidem muito.

- Não?

- É que a valsa só se popularizou nos eventos da alta sociedade no século XIX, quando compositores como Strauss e Chopin estavam no auge.

- Sério? Mas as roupas se pareciam muito com filmes que assisti se passando em épocas anteriores à Revolução Francesa...talvez tenha sido um baile temático com roupas de época.

- Pode ser que sim, pode ser que não. Mas o importante não é a veracidade histórica do seu sonho e sim os acontecimentos. Você disse que o jovem desapareceu assim que você decidiu ir embora?

- Exatamente. Eu não sabia o motivo de ter que ir embora à meia-noite...sabia apenas que precisava ir.

- Como no conto da Cinderela.

- Exatamente! Como no conto da Cinderela.

- Que por sinal é um conto ainda mais antigo que o século XVIII. É...realmente interessante.

- Que seja, mas como posso interpretar isso? Você sabe o motivo de eu ter que ir embora?

- No conto, Cinderela precisava ir embora antes da meia-noite ou o encantamento feito pela fada madrinha perderia o efeito.

- Sim, eu conheço a história - retruca Monalisa.

- Acabar com o encanto, naquele caso, significaria retornar ao estado anterior de Gata Borralheira. Você se lembra, não lembra? Ela era uma garota maltratada pela madrasta e as filhas dela que só conseguiu ir ao baile por ser encantada pela fada e transformar-se em uma linda princesa. No entanto, esse feitiço só duraria à meia-noite, momento onde ela voltaria à situação original.

- Sim, eu realmente conheço essa história - repete Monalisa - Mas como devo aplicar isso no meu sonho?

- Simples, minha cara. Retornar ao estado de Gata Borralheira pode ser interpretado como voltar ao que era antes da transformação. 

- Como assim? Não me ajudou em nada!

- Bem, tente pensar assim: você estava em um baile de máscaras, dançando com um misterioso rapaz, quando, de repente, o relógio marca meia-noite e você se lembra que precisa sair de lá por alguma razão. Essa razão só pode ser um chamado do Labirinto para que você saia desse evento e retorne a ele.

- Quer dizer que o baile é um evento importante?

- Você disse que parecia mais velha nesse sonho, não disse?

- Sim. Acho que me daria uns quinze anos.

- Os quinze anos representam a idade que a garota deixa de ser menina para se tornar uma moça. Entendo...sem dúvida é algum símbolo de transformação. Você abandonaria uma fase da vida para chegar a outra.

- Claro, faz sentido - Monalisa espalma as mãos - Esse baile deveria representar um evento importante a ser ativado no Labirinto.

- Sem dúvida - completou Eleonora - Você disse que todos usavam máscaras, não disse?

- S-Sim. Eu era a única com o rosto descoberto.

- Tirar a máscara simboliza a revelação de algo. Os mascarados certamente iriam revelar algo no final da festa que se daria após à meia-noite.

- Mas eu escolhi sair antes...

- Exatamente. O Labirinto é essencialmente feito de escolhas. Ao decidir sair da festa naquele momento, você desativou o evento, abandonando as chances que tinha de descobrir o que havia por trás das máscaras. Eles simplesmente sumiram, deixando apenas suas máscaras e roupas para trás, não é?

- É. Foi isso mesmo que aconteceu.

- Impressionante. Fez bem em me contar esse sonho, Monalisa.

- Então ele mostra um evento importante?

- Muito importante. Esse evento pode ser capaz de mudar totalmente os seus caminhos. Você foi convidada para algum acontecimento importante nos últimos dias? Alguma festa, comemoração ou baile?

- N-Não - responde a garota - Raramente me convidam para esse tipo de coisa.

- Caso seja convidada, aceite sem pensar duas vezes.

- Aceitar...um convite para uma festa?

 Eleonora faz que sim com a cabeça.

- Sei que você não é do tipo que gosta de festas - diz a mulher - Mas nesse caso, a festa pode ser sua passagem para o caminho certo.

 Incrível. Ter um guia realmente ajudava muito. Parecia intuitivo entender que o baile do sonho pudesse representar uma festa ou alguma ocasião onde várias pessoas estivessem reunidas. Era um sinal verde para aceitar o próximo convite para festa que recebesse. Não que sua mãe se importasse muito em deixá-la sair, mas a própria Monalisa não tinha muito interesse nesse tipo de evento. Na verdade, mesmo agora, não parecia nem um pouco empolgada. Um baile de quinze anos é o sonho de qualquer garota, mas seu interesse maior estava em ativar o evento. Também precisava de orientações para depois de aceitar o convite, quando estivesse na festa.

- E o que devo fazer nessa festa?

- Deve ficar até o fim, não importa o que aconteça.

- Até o fim...entendi.

- Lembre-se de que você perdeu a oportunidade por decidir ir embora antes do término. Fazer isso pode custar muito caro e atrasar imensamente a sua jornada.

- Ficar até o fim, custe o que custar. Não parece complicado.

- E não é. Em certos momentos, é necessário esperar, ter paciência. Mas, devo dizer que é mesmo um sonho difícil de interpretar.

- Verdade - concorda a garota - Muito obrigada. Sem você, estaria perdida.

- Sempre estarei do seu lado - diz Eleonora, abraçando a garota, que corresponde desajeitadamente. Abraços não era mesmo o forte de Monalisa - Precisa de mais alguma coisa?

- Acho que não...se receber o convite para qualquer festa falarei com você.

- É bem provável que isso aconteça nos próximos dias - alertou a mãe - Normalmente os eventos não demoram muito para acontecer após o sonho.

- Sim, é o que tem acontecido nas últimas vezes.

- Bom, espero ter ajudado. Em caso de dúvida, não hesite em me chamar.

- Obrigada.

 Quando a guia deixa a personalidade da mãe de Monalisa voltar, ela parecia meia confusa. A garota apenas observa.

- Ah, sim, eu ia tomar banho, não é? - diz ela. Parece que a personalidade dela se adequava à situação sem problemas. Mesmo tendo se passado uns bons quinze minutos daquela conversa, ela parece não ter percebido - Ai, ai, estou tão cansada.

"Festa, heim? Imagino que tipo de evento será esse...", pensa a mocinha, enquanto recolhia seus tênis para levá-los a seu quarto.

 De fato, o evento ocorreu rapidamente após o sonho. Embora Monalisa não tenha sonhado com mais nada de palpitante na última noite, assim que se aproxima de seu colégio na manhã seguinte é abordada por sua outra amiga, Cibele.

- Mona? Bom dia - cumprimenta ela.

- Bom dia - responde a loirinha.

- Está melhor? Ontem você parecia meio cansadinha

- Ah, sim. Foi só um mal-estar - respondeu Monalisa, esforçando-se para sorrir simpaticamente.

- Ah, que bom! - Cibele se alegra - É bom mesmo que esteja saudável...sabe da última novidade?

- Novidade?

- Esse fim de semana é o aniversário do Gabriel!

- Que Gabriel?

- Ai, Monalisa, você não tem jeito! Gabriel Jereth, o garoto mais lindo da sétima série! 

- O que tem ele?

- É a festa de aniversário dele nesse sábado! Eu fui convidada e ele disse que você também está convidadíssima!

- Eu? Mas ele nem me falou nada...

- Digamos que ele seja um pouco tímido..

- Tímido? Mas por que...

- Realiza, amiga. Ele não diz, mas eu sei que o rapaz sempre foi a fim de você, só que é meio receoso de chegar na cara dura. Mas, como eu tenho contato contigo, achou melhor se aproximar de mim primeiro, te convidando por tabela. Ai, que inveja desses seus olhos verdes!

 O problema é que Monalisa nunca teve nenhum interesse por aquele garoto. Na verdade, nunca nenhum rapaz chamou a atenção dela e olha que ela já estava na idade de se interessar por esse tipo de coisa. Pelo menos até agora. Afinal de contas, após ouvir sobre "festa de aniversário", lembrar-se do sonho e de tudo que sua mãe havia dito, agora ela tinha muito interesse nesse assunto.

- Festa, heim?

- Você é meio desligada dessas coisas, mas desperdiçar essa chance, não dá, né? - diz Cibele - Vai, diz que vai...eu vou me matar se você não for, eu juro!

- E quem disse que eu não vou?

- Você vai? Vai mesmo?

- Sim. Pode contar comigo. Sábado estaremos na festa do Gabriel com toda a certeza! - diz Monalisa, firmemente.


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Notas finais do capítulo

Nos vemos no dia da festa, galera! =D