Os três se encontraram como combinado, na hora da saída e foram andando até suas casas. Não quiseram ir de ônibus, pois os gêmeos queriam mais tempo e privacidade para contar toda a história a Paul.
Andaram por algum tempo em silêncio até Paul questionar por que eles não haviam começado.
- E então? Vão me contar a ‘tão séria história’ ou não?
- Senta Paul. – Disse Benji se sentando na guia da calçada de uma rua pouco movimentada. Os três se sentaram e Benji olhou para Joel como se pedisse permissão para poder começar a contar tudo. Joel retribuiu o olhar, e Benji começou.
- Olha Paul, tudo que eu peço é pra que você não surte como alguém fez. – Benji lançou um olhar de reprovação a Joel quando disse isso, e ele apenas abaixou a cabeça, envergonhado. – Não peço que você entenda, mas pelo menos tente e por mais complicado que seja, por favor aceite.

- Bom você já me assustou. Então começa.
- Ok. – Benji deu um suspiro. – Eu... Sou... Gay. – Benji parou esperando a reação de Paul.
- Só isso? Você achou que eu iria surtar por isso? Cara, eu sou seu amigo e...
- E eu também. – Completou Joel. Paul ficou em silêncio por alguns segundos.
- Como eu ia dizendo, eu não tenho problemas quanto a isso e...
- O Billy também.
- Como? O Billy? Só eu sou hétero aqui?
- Ahm, sim.
- Mas era só isso?
- Não. Agora vem a parte complicada, e que você tem que se esforçar pra entender e aceitar.
- Ok... Continuem.
- O Billy é, ou era apaixonado pelo Benji. – Paul esboçou uma cara de espanto que seria cômica se o que Joel havia dito não fosse tão sério quanto parecia ser. – E, eu também.
Joel corou e abaixou sua cabeça novamente. A expressão de espanto de Paul aumentou de intensidade e ele não sabia o que dizer.
- Isso... Isso não é uma brincadeira, não é? Vocês não estão zoando com a minha cara...
Paul sabia que não. Pôde ver pela expressão tímida de Joel e pela sinceridade nos olhos de Benji que permanecia de cabeça erguida, parecendo não se envergonhar com tudo aquilo, mas sabia que estava tão desconfortável quanto qualquer um dos outros dois.
- É verdade, sim Paul.
- Cara, isso é... É... É incesto! – Os gêmeos nada disseram. Ficaram esperando Paul chegar a alguma conclusão para que não dissessem qualquer besteira. – Cara, eu nem sei o que dizer...
- Tudo bem se você achar imoral, errado, feio... A gente não se importa. A gente simplesmente não tem culpa.
- Bom. Certo não é, e vocês devem saber disso. Vocês são irmãos! Mas quem sou eu para julgar? Eu só não entendi onde o Billy entra nessa história. E posso perguntar uma coisa?
- Claro. – disseram os irmãos ao mesmo tempo.
- Vocês estão juntos, não é?
- Sim.
- Certo... Agora me expliquem o que o Billy tem a ver com tudo isso. – Benji contou tudo para Paul, com algumas interrupções de Joel, que foram bem-vindas. Contou o que sabia sobre as mudanças de Billy que havia contado para Joel na hora do almoço.

- Caraca! Quanta coisa eu perdi nessas férias. Desculpem-me caras, mas isso parece novela. Eu sinceramente não sei do que o Billy é capaz de fazer. Mas vocês sabem que podem contar comigo, não é? – Benji inconscientemente estampou um sincero sorriso em seu rosto ao ouvir aquelas palavras. Era bom saber que tinha algum amigo além de Joel. Olhou para o irmão e viu que ele tinha a mesma expressão em seu rosto. Sem pensar duas vezes deu um abraço apertado em Paul, que retribuiu também sorrindo.
- Obrigado, Paul! Você não sabe do quanto isso é importante para nós. – Benji o soltou.
- Eu não vou abandonar meus únicos e melhores amigos numa hora dessas.
Os três se levantaram, deram um último abraço de despedida e seguiram para suas respectivas casas.