Esperado escrita por Verooh-Grace


Capítulo 1
Capítulo Único


Notas iniciais do capítulo

Oi pessoaaaaaaaaaaaaasss *-*
Pediram histórias Percabeth, aqui tem uma
Espero que gostem, bjs



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Esperado

     Eu estava  tendo sonhos extremamente estranhos ultimamente, mas o dessa noite, me deixou empolgada. Minha mãe falava comigo, havia uma coruja pousada em seu ombro e seus olhos cinzentos como os meus, me fitavam como um sinal de alerta.

     -Annabeth, minha filha, esteja atenta. Aquilo que você tanto esperou, está por chegar. – Ela disse, com uma voz suave e confiante.

     -O que eu mais esperei? Isso seria...

     -Sim. Aquele que vai ajudá-la na sua primeira missão, chegará esta noite.

     -Esta noite? Mas... por que? – Perguntei confusa, mas minha mãe não teve tempo de responder, um trovão lá fora, me fez acordar.

     Levantei com um sobressalto e corri até a janela. Eu era a única acordada no meu chalé. Através da chuva fina, pude ver Quíron galopando, até a entrada do acampamento. Ele parecia preocupado, e só algo sério o faria sair na chuva aquela hora da madrugada.

     Aquilo despertou minha curiosidade, vesti a camiseta laranja do acampamento e um jeans e saí noite adentro. A chuva não me incomodava, não estava tão frio. Corri até Quíron e perguntei:

     -Algum problema?

     -Annabeth! O que está fazendo aqui? – Quíron me perguntou, surpreso.

     -O mesmo que você. Investigando algo no meio da noite.

     -Ah, Annabeth, você deveria estar dormindo!

     -Você também. O que o fez vir até aqui?

     -Nada. Só... um pressentimento.

     De repente lembrei-me do sonho com minha mãe, que ela avisou-me de que quem eu esperava chegaria esta noite. E como sempre, ela estava certa. Deitado sobre a grama, aos pés da árvore de Thalia, havia um garoto desmaiado, com Grover nos braços.

     Com um impulso, corri até ele. Sua pele estava molhada com a chuva que já havia cessado. Ele estava todo ferido, havia sangue escorrendo por seu rosto. Coloquei a mão sobre a sua testa, estava muito fria. Olhei para Quíron e afirmei, confiante:

     -É ele. Tem de ser. Eu sei que é.

     -Calma, Annabeth. Não vamos nos precipitar. Antes de termos certeza de qualquer coisa, vamos levá-los até a enfermaria.

     Quíron colocou Grover e o garoto sobre suas costas e galopou as pressas até a Casa Grande. Eu o segui.

     Quando chegamos lá, Grover já estava mais consciente, mas o garoto não. Estava pálido, suando e ofegando. Quíron deitou-os em camas separadas, lado a lado.

     -Vou chamar um filho de Apolo para ajudar. Pode vigiá-los enquanto isso, Annabeth? – Perguntou-me Quíron.

     -Claro, sem problemas. – Respondi, sorrindo. Logo, Quíron saiu as pressas até o chalé de Apolo.

     Ajoelhei-me ao lado da cama do garoto desmaiado e limpei o sangue e o suor do seu rosto cuidadosamente com uma toalha que havia por ali, e fiquei observando-o.

     Ele tinha cabelos pretos e a pele clara, aparentava ter mais ou menos a minha idade. E eu tinha de admitir: ele era bonito. Fiquei imaginando qual seria a cor dos olhos dele: Azuis? Verdes? Castanhos? Pretos? Não importava, qualquer cor combinaria com suas feições bem definidas.

     -Ahn... A-annabeth? – Gemeu Grover, despertando-se.

     -Grover, você está bem? – Perguntei, indo diretamente até ele.

     -A-acho que sim... Só estou um pouco fraco... – Ele sentou-se lentamente na cama e piscou várias vezes, até estar completamente desperto. – Ah meus deuses! O que aconteceu? Há quanto tempo estou aqui? Eu falhei outra vez? Oh, não, de novo não!

     -Acalme-se! Você não falhou, está deitado aí não faz nem cinco minutos! – Respondi. Ele olhou para a cama ao lado, onde estava o garoto que dormia, e suspirou aliviado.

     -Graças aos deuses, ele está vivo!

     -Qual é o nome dele? – Perguntei, curiosa.

     -Percy Jackson. Tem doze anos.

     -Hum... – Respondi, pensativa. Queria fazer mais perguntas a Grover, como: se Percy já sabia que era um semideus, quem era o seu pai olimpiano, qual era a cor dos seus olhos, qual era sua cor favorita, quando ele fazia aniversário, mas eu não queria parecer muito interessada.

     -Ahn... P-porque...? – Percy gaguejou. Fui esperançosamente até ele, que ainda estava com os olhos fechados. Encarei o seu rosto por um longo minuto, mas ele não disse mais nada. Eu bufei, frustrada.

     -O que foi? Por que está tão preocupada? Ele só está desmaiado. – Disse Grover calmamente.

     -É, mas quanto antes ele acordar, melhor.

     -Porque? Você não acha que ele é...

     -Eu não acho nada, Menino-Bode. Eu sei. Eu sinto.

     -Ok, ok... Você está certa. Eu estou errado. Não vou discutir com uma filha de Atena.

     -É bom mesmo. – Respondi. Olhei para Percy, preocupada, sua pele estava muito branca para o meu gosto. – É melhor darmos um pouco de néctar a ele.

     Corri até uma prateleira, peguei um cantil de néctar que estava ali e servi em um copo com um canudinho. Fui até Percy e dei o líquido a ele, que começou a beber lentamente. Imediatamente, a cor voltou ao seu rosto, e sua respiração ficou mais regular, mas infelizmente ele não acordou. Eu suspirei.

     -Bem... teremos que esperar até Quíron chegar com o filho de Apolo. – Murmurei, mas não passaram-se nem cinco segundos e eles chegaram, com uma maleta de primeiros-socorros e uma tigela de ambrosia em pudim.

     -Grover, bom ver que você já está consciente. – Murmurou Quíron, sorridente. – Percy ainda está desmaiado, Annabeth?

     -Sim... – Respondi cabisbaixa. – Mas ele murmurou algumas palavras.

     -Já é um bom sinal. – Comentou Kevin, um dos mais velhos filhos de Apolo. Ele foi até Percy e examinou-o com os olhos por alguns segundos. Depois, murmurou algo como uma bênção e começou a tratar de seus ferimentos. Fiquei observando-o o tempo todo, ansiosa. Por fim, ele concluiu:

     -É. Ele vai ficar bem. Mas paciência, Annabeth, ele não tem chances de acordar nem hoje, nem amanhã, nem depois de amanhã.

     -Nem um pouco de chances? – Supliquei.

     -Não. Porque tanta ansiedade? Poderia ser bem pior. Ah... Você acha que ele é aquele por quem você está esperando...

     -Eu não acho. Quantas vezes eu vou ter que repetir? Eu sei que é ele.

     -Então ta. Você sabe. – Kevin ergueu os braços, rendendo-se. – Espero que seja ele mesmo. Boa sorte. – Kevin sorriu, virou-se para Grover e começou a examiná-lo. Deu um chá de ervas místicas para ele, que dormiu instantaneamente, e virou-se para mim.

     -Pode ir dormir, Annabeth. Eu já disse. Ele não vai acordar.

     -Talvez não. Mas eu posso dormir aqui. – Sentei-me na cama ao lado da cama de Percy e cruzei os braços, decidida a não sair dali.

     -Se você insiste mesmo... –Ele levantou-se e comentou algumas coisas com Quíron, acenou para mim e foi para o seu chalé.

     -Ele tem razão, Annabeth. Você não precisa ficar aí a noite toda. – Murmurou Quíron.

     -Mas eu quero ficar aqui a noite toda. Tem que ter alguém para vigiá-lo enquanto ele está inconsciente.

     -Argos pode fazer isso.

     -Eu também posso. – Argumentei.

     -Tudo bem... – Concordou ele, por fim. – Fique aí. Argos já está a caminho, qualquer coisa, mande ele me chamar.

     -Certo. – Respondi alegremente. Quíron deu uma última espiada em Percy e saiu da enfermaria.

     Deitei-me de lado na cama e fiquei observando Percy dormir. Ele estava babando. Que ótimo... Ele não moveu-se nem disse nada, então, logo adormeci.

     Acordei-me com o som de cascos pisando no chão. Sentei-me e vi que já era de manhã, Argos estava sentado em uma cadeira ao canto, observando tudo, e Grover já estava de pé.

     -Bom dia, Annabeth. – Disse ele.

     -Bom dia. – Respondi, sonolenta. – Onde está indo?

     -Quero falar com o Conselho do Casco Fendido. Tenho que contar a eles como foi a minha missão.

     -Boa sorte.

     -Obrigado. Vou precisar. – Grover baliu tristemente e saiu pela porta.

     Levantei-me da cama e observei Percy. Ele parecia fraco. Decidi dar a ambrosia em pudim para ele. Enchi a boca dele com uma colherada. Ele babou metade do conteúdo e eu ri comigo mesma. Dei-lhe umas duas colheradas apenas, e depois limpei sua boca com um guardanapo.

      Segurei a sua mão, para verificar a temperatura, agora sua pele não estava já não estava mais fria.

     -Não solte... – Ele murmurou com a voz fraca e os olhos fechados. Eu corei e arregalei os olhos.

     -Percy... Eu sou Annabeth. Você pode me ouvir? – Perguntei com a voz suave. Ele não respondeu nada, mas apertou minha mão com força. Perguntei-me se ele podia me ouvir, mas estava fraco demais para responder, ou se ele não escutava nada mesmo.

     Por algum motivo eu ainda não havia soltado a sua mão e eu sorria enquanto a segurava. Fiquei ali por mais alguns minutos, até que Luke entrou na enfermaria e eu recuperei a noção. Soltei a mão de Percy imediatamente. Meu rosto ficou quente e minha respiração acelerou.

     -Olá, Annabeth. Você vem para o café da manhã? – Luke perguntou com um lindo sorriso. Eu não estava com muita fome, mas não iria recusar um convite dele.

     -Claro, Luke. Já estou indo. – Respondi alegremente.

     -Ok. Vou lhe esperar lá no pavilhão. – Um segundo depois que ele saiu, eu levantei-me para ir atrás dele.

     -Não vá... – Murmurou Percy, cansado, e eu voltei-me para ele e observei-o. – E-eu preciso de você... aqui... – Ele moveu a mão que eu segurava, procurando pela minha. Fui até ele e segurei suas duas mãos, ele suspirou e lambeu os lábios.

     -Tudo bem. – Murmurei. – Não vou mais sair. Eu prometo.

     Não sei quanto tempo fiquei ali, imaginando a cor dos seus olhos, mas Quíron entrou e perguntou-me:

     -Annabeth, por que você não foi tomar o café da manhã?

     -Não fui? Mas eu fiquei aqui apenas alguns segundos.

     -Não. O café da manhã já acabou há uns dez minutos.

     -Tudo bem. Não estou com fome mesmo. – Eu disse, dando de ombros.

     -E Percy? Ele já comeu a ambrosia?

     -Eu dei algumas colheradas a ele.

     -Ele deve comer tudo hoje de manhã.

     -Tudo? Mas ele vai virar cinzas! – Protestei.

     -Não se preocupe, não é ambrosia pura, não tem perigo. – Assim que Quíron saiu, Percy murmurou, remexendo-se freneticamente:

     -Solstício... até o solstício... roubado... foi roubado... – Eu franzi o cenho e segurei os seus ombros, acalmando-o. Enchi uma colher com ambrosia e levei até a boca dele, que babou uma grande quantidade, como da outra vez.

     Segui alimentando-o, quando ele finalmente abriu os olhos pela primeira vez. Eu congelei, eram mais lindos do que eu poderia imaginar. Não era nenhuma cor que eu pensei que seriam, eram de um verde-mar cintilante, e brilhavam enquanto me observavam.

     -O que vai acontecer no solstício? E o que foi roubado? – Foi tudo o que eu consegui perguntar.

     -O que? Como você sabe... – Ele perguntou, confuso.

     -Você fala dormindo, sabia? – Respondi. Percebi que ele não desgrudava os olhos dos meus, fiquei meio envergonhada por isso, porque eu também não conseguia parar de encarar os olhos verdes dele.

     -Onde eu estou? – Perguntou ele, sentando-se na cama.

     -Você está na enfermaria. E é melhor você ficar deitado. – Segurei seus ombros e deitei-o de volta na cama. Ele gemeu um pouco. Kevin entrou na enfermaria e eu rapidamente enchi a boca de Percy com ambrosia, ele fechou os olhos, cansado. Eu suspirei, frustrada, queria que Kevin o visse acordado.

     -Olá de novo, Annabeth. Não vai sair daí nunca? – Perguntou ele, lançando-me um sorriso ofuscante, digno de um filho de Apolo.

     -Agora que Percy acordou, não vou sair mesmo. – Respondi. Kevin revirou os olhos.

     -Como assim, acordou?

     -É verdade. Há dois segundos atrás, ele estava acordado.

     -Ta, ta... Finja que eu acredito– Respondeu Kevin, sarcástico. Eu bati os pés no chão, raivosa. Por que ninguém acreditava em mim? Sentei na cama e observei enquanto Kevin examinava Percy.

     -É. Com certeza ele não vai acordar amanhã. Seria impossível, considerando o estado em que ele está. Ele bateu a cabeça com muito força. – Anunciou Kevin, olhando para mim.

     -Mas ele acordou! – Rosnei, confiante. – Custa tanto acreditar?

     -Annabeth, desista de esperar. Ele vai acordar depois de amanhã. Paciência. Ele vai ficar bem. – Explicou ele, ignorando o que eu dissera. – Não se preocupe, eu sou um filho de Apolo, sei o que estou fazendo.

     -E eu sou uma filha de Atena, sei o que estou falando. – Rebati. Kevin riu e em seguida, se foi, mas eu me recusei a sair, principalmente por que me senti no dever de cuidar de Percy. Protegê-lo. Não o deixaria sozinho ali, quando estava desmaiado, não importava se eu o conhecia ou não.

      E também porque eu estava ansiosa para ver seus lindos olhos verde-mar novamente, brilhando intensamente com a luz do dia.

     Mais tarde, Quíron entrou na enfermaria e arregalou os olhos, incrédulo, e ficou me observando.

     -Annabeth! Eu não acredito! Já está na hora do almoço e você ainda está aí! – Exclamou ele.

     -Sim. Estou aqui ainda. E não vou sair. – Respondi, firme.

     -Minha querida, admiro sua persistência e sua compaixão por esse campista, mas você não pode ficar o dia todo sem comer. – Argumentou ele. Eu não podia discutir, agora estava morrendo de fome. Por mais que eu não quisesse, tive que ir almoçar.

     -Eu volto depois, Percy. – Sussurrei, tão baixo que Quíron não pôde ouvir. Então saí da enfermaria, relutante, sem parar de pensar se Percy acordaria enquanto eu não estivesse observando-o.

     Fui andando rápido até o pavilhão, de longe eu vi que todos já estavam sentados, apenas esperando que as ninfas viessem com a comida.

     Quando entrei no pavilhão, todos me encaravam com uma expressão estranha, e as filhas de Afrodite se seguravam para não rir. Fiquei sem entender nada por alguns segundos, então me dei conta do porque de todos me observarem: Eu estava horrível!

     Nem havia lavado o rosto aquela manhã. Minhas roupas estavam amassadas, meu cabelo estava totalmente embaraçado e meu colar de contas do Acampamento estava enroscado nele.

     Sentei-me à mesa de Atena, todos meus irmãos me encaravam, sem dizer uma palavra. Até que Gustavo murmurou:

     -Ahn... Annabeth, onde você estava?

     -Na enfermaria. – Respondi simplesmente.

     -É. Você está mesmo com uma aparência doentia. – Comentou Sandy, olhando para a mesa.

     -Eu não estava doente. É o novo campista, Percy Jackson. Ele está desmaiado. – Eu disse. Meus irmãos me observaram, agora sorrindo com cara de deboche.

     -Ah... Claro. Você ficou a manhã toda cuidando do recém-chegado, porque acha que ele é aquele que você tanto espera. – Refletiu Sandy. Queria contar a todos eles o sonho que tive com mamãe, mas geralmente, esses sonhos devem ser mantidos em segredo.

     -Eu não acho. Eu sei! Eu tenho certeza.

     -Então ta... – Murmurou Sandy, então todos se calaram.

     Depois do café, eu estava ansiosa para ver se Percy havia acordado, mas eu tinha de treinar esgrima.

     Depois da aula, finalmente consegui voltar a enfermaria. Argos ainda estava lá, observando tudo. E Percy, ainda estava desmaiado. Ajoelhei-me a o seu lado e murmurei:

     -Voltei. Desculpe-me por ter saído, eu tinha de treinar.

     Ele se moveu um pouco na cama, ao ouvir minha voz. Por algum motivo, eu sorri por ele ter me reconhecido, mesmo desmaiado.

     Então algo ocorreu á minha mente. Será que eu estava... apaixonando-me por Percy? Eu sabia que sentia algo forte por ele, como um pressentimento, mas era estranho admitir que era paixão. Afinal, eu nem conhecia o garoto. A ideia fez meu rosto ficar quente e meu coração acelerar um pouco.

     -Annabeth? – Ouvi a voz mais perfeita do mundo me chamar, Luke.

     -Sim, Luke? – Respondi.

     -Os chalés de Atena e Hermes estão juntos no próximo jogo da Captura da Bandeira. Seus irmãos convocaram os meus para uma reunião, para combinara  estratégia, ou coisa assim. Eles querem você lá.

     -Ah, claro, eu vou.

     Levantei-me e fui até Luke, então partimos lado a lado para o chalé de Atena. A reunião durou mais ou menos uma hora, era difícil explicar nossos planos para alguns irmãos de Luke, retardados, por não entender coisas tão simples!

     Depois da reunião, teve o jantar. Eu me servi, dei parte da minha comida para os deuses e depois fomos todos para a fogueira, cantar as canções do Acampamento.

     Depois da fogueira, eu pretendia dar uma ultima olhada em Percy. Então fui com passos rápidos até a enfermaria. Mas percebi que havia alguém atrás de mim. Virei-me para ver quem era. Luke.

     -Annabeth, espere. – Chamou ele. Eu parei. – Eu queria lhe dar os parabéns.

     -Parabéns? Por que? – Perguntei.

     -Hoje Você lutou muito bem na arena, foi incrível mesmo. Você tem potencial, garota.

     -Ah, que é isso, você é muito melhor do que eu.

     -Mas eu treino a muito mais tempo, sou mais velho e luto com uma espada. Você apenas com um punhal, faz coisas incríveis.

     -É por que foi você quem me deu ele.

     -É. Você guarda ele desde aquele dia. – Disse ele, observando o punhal de bronze no meu cinto. – Bem, eu tenho que ir para o meu chalé. Travis e Connor devem estar aprontando alguma, sabe como é. Boa noite.

     Luke abriu os braços e me abraçou. Então ele foi embora para o chalé de Hermes. Minha respiração estava meio irregular e eu estava corada. O que eu ia fazer mesmo? Ah, é, ver Percy.

     -Aonde está indo, mocinha? – Perguntou Quíron.

     -Ver Percy. – Respondi.

     -Annabeth, Annabeth, já está muito tarde. Você tem de dormir.

     -Mas e Percy...

     -Argos está lá vigiando-o. Não se preocupe.

     -Mas Percy gosta quando eu estou com ele. Ele reconhece a minha voz, reconhece minha mão. – Quíron ficou meio que surpreso e eu, meio vermelha.

     -Bem... Ah, bem, ele está desmaiado, não tem como ele reconhecer os sons, ele está inconsciente.

     -Mas justamente por isso. O inconsciente dele me reconhece, mesmo sem me conhecer. – Respondi, era tão óbvio! Quíron pareceu um tanto confuso com o que eu falei, mas continuou firme com a ideia de eu ir para a cama.

     -Bem, pode até ser verdade, mas você tem de dormir. Amanhã você cuida de Percy.

     -Mas... – Quíron ergueu a mão, calando-me. – Tudo bem. Boa noite, Quíron... – Respondi relutante, e fui para o meu chalé.

     Á noite, sonhei que estava deitada sobre a relva do Acampamento, lendo um livro. Logo, pude ouvir duas pessoas correndo na minha direção. Ergui a cabeça para ver quem era. Percy e Luke.

     Luke chegou primeiro até mim, e ergueu a espada sobre a minha cabeça, um olhar maligno em seu rosto. Eu estava totalmente indefesa, nao porque estava desarmada, mas sim porque nao havia jeito de lutar contra ele.

     -Não! – Gritou Percy, pegando uma espada enorme e brilhante. Ele desarmou Luke com apenas um golpe, mas ele logo pegou a espada de volta, enquanto eu assistia a tudo, confusa.

     Os dois começaram a lutar como animais, de repente, Percy desferiu um corte no braço de Luke, que caiu no chão com um grito de dor. Percy aproximou-se de mim, com um olhar preocupado. Ele me pegou pela mão e ergueu-me do chão, perguntando:

     -Você está bem?

     Então, com um sobressalto, acordei. Meu coração estava muito acelerado, e eu estava suando.

     -Annabeth, você vai tomar café? – Perguntou meu irmão, Gustavo.

     -Mas é claro que vou. – Respondi.

     -Então é bom ir logo, porque a corneta já soou. Todos já foram, não conseguiram lhe esperar.

     -Por que não me chamaram antes? – Perguntei, levantando-me da cama.

     -Ninguém teve coragem. Você estava se remexendo toda na cama, e gritando. Não é bom acordar as pessoas quando elas estão dormindo assim.

     -Bem, eu vou tomar um banho antes do café. Pode ir indo. Eu serei rápida.

     -Ok, então. Tchau.

     Entrei no chuveiro, e deixei a água quente correr por meu corpo tenso. Eu nao conseguia tirar as imagens do meu sonho da minha cabeça. Luke com a espada sobre mim, Percy defendendo-me, os dois lutando, Luke sendo derrotado.

     Isso tinha um significado. Eu sabia que tinha. E o que quer que significasse, não era nada bom. Eu sabia que Luke tinha algumas idéias estranhas em sua mente, mas ele nunca seria capaz de me atacar. Ele prometeu que nao deixaria ninguém me machucar.

     Me vesti e fui até o pavilhão. Comi bem pouco, minha fome nunca era grande quando eu estava intrigada com alguma coisa. Levantei-me e fui em direção á saída. Notei que Luke me seguia.

     -Annabeth, está tudo bem? – Perguntou ele.

     -Claro que está. – Respondi. – Por que não estaria?

     -Você me parece meio... preocupada. – Concluiu ele. Ótimo, ele percebeu.

     -Eu só estou meio preocupada com Percy, ele ainda não acordou. – Menti.

     -Não acordou? Annabeth, você viu Dionísio, Grover e Quíron no café hoje?

     -Não. Onde eles estão? – Assim que perguntei, percebi do que Luke estava falando. – Percy já acordou? – Nem deixei Luke responder, fui correndo até a Casa Grande.

     Pelas janelas, pude ver Percy de pé, com Quíron e Grover ao seu lado. A expressão de confusão dele era impagável. Dionísio estava sentado, jogando pinochle, como sempre.

     Quíron me viu pela janela, e fez gesto para que eu entrasse. Subi os degraus e fui até eles. Percy ficou me encarando, com o rosto bem confuso.

     -Percy, essa é Annabeth. – Disse Quíron. – Essa mocinha cuidou de Você o  tempo todo. Não saiu de seu lado um minuto.

     Percebi que Percy estava carregando um chifre nas suas mãos. Ele me encarou, esperando que eu dissesse alguma coisa. Ai, o que dizer a ele?

     A única coisa que passava na minha mente era “nossa, como seus olhos verdes são lindos”, mas se eu dissesse isso, eu iria parecer muito atirada. Ou então “Você gostava de segurar minha mão quando estava desmaiado”, mas eu iria parecer muito convencida. Então sem pensar, eu disse:

     -Você baba quando está dormindo. – Ah, droga Annabeth, porque você disse isso? A cara que Percy fez, reagindo ao que eu falei, foi hilária. Misturava incredulidade, constrangimento e confusão, tudo ao mesmo tempo.

     Saí correndo pela porta, rindo comigo mesma, por ter dito algo tão estúpido para ele. Mas eu estava feliz, feliz demais. Percy Jackson, o garoto que me lavaria para minha primeira missão, estava acordado.


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Notas finais do capítulo

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