When I Look At The World escrita por xxxkh-y


Capítulo 1
when u look at the world, what is it that u see?


Notas iniciais do capítulo

Comecei a escrever essa oneshot quando fiz minha viagem anual à Santa Cantarina. Não sei porque terminei só agora, mas lembro que era excepcionalmente bom escrever da sacada ao fim da tarde.

Boa leitura.



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Há muito se via ali parado.

Naquele lugar, ninguém se importava com os outros, pois se está lá por si só; mas ao contrário de todos que simplesmente passeavam pela areia clara sem se importar com quaisquer coisas que não fossem si próprios, este focava algo a mais.

Era o que todos chamariam de visão dos céus, ou visão do paraíso. Era esplêndido, simples, imensamente maravilhoso. Não cabia em palavras, gestos ou explicações; cabia apenas ao sentido da visão, do qual nascera privilegiado.

Na linha do horizonte se via, lá longe quando a singela curvatura da Terra pode ser observada, o sol dizendo adeus àquela parte do mundo onde se encontrava.

Ao redor de si havia ainda muitas pessoas, que caminhavam de forma calma, inundando seus sapatos e membros inferiores na camada de areia clara da praia.

Os raios de Sol ainda tocavam sua cabeça, clareando ainda mais os fios loiros que possuía. Perdido pela contagem das horas, seu olhar a tempos não pertencia ao pôr-do-sol.

Havia, próximo a maré que subia, um moreno alto, de pele bem alva e cabelos que se esvoaçavam com o fim de tarde próximo. Sua cabeça se mantinha na direção a visão privilegiada que se tinha do pôr-do-sol, como se estivesse maravilhado com tudo aquilo, o que era natural de se acontecer.

Perdido em seus próprios pensamentos, Hiroto se viu caminhando até o maior, um pouco receoso, porém determinado. Não sabia o que estava acontecendo consigo, era como se algo o puxasse com força para o outro.

Descrever como atração ou algo assim não era viável, uma vez que nem a face do maior havia observado ainda. No fundo sabia que era pelo simples fato dele também ser parte de todo aquele cenário incrível, como se o admirasse completamente por também desfrutar do que a natureza os oferecia.

Achava que hoje em dia ninguém dava atenção para esse tipo de coisa, a vida lhes passava rapidamente e pareciam também querer correr de toda e qualquer coisa; gastando, perdendo; desperdiçando.

Quando deu por si, já estava ao lado do moreno, este que para sua surpresa mantinha seus olhos fechados e uns óculos escuros entre as mãos, com os braços apoiados em sua perna, embora caídos entre as mesmas.

Seus pés tocavam a areia macia, ao passo que seu chinelo se via bem organizado ao seu lado. Vestia uma calça jeans e uma camiseta azul anil que se misturava com algumas estampas.

Sua expressão era de total calmaria, como se toda a brisa marítima lhe arrebatasse conforme chacoalhava seus fios negros. Hiroto não pôde evitar olhá-lo sem rodeios, observando cada trecho de seu rosto sereno.

Era um homem muito bonito, de traços bem fortes, mas não menos encantadores. Vê-lo daquela forma lhe dava uma vontade de abraçá-lo, não que parecesse precisar de amparo, mas porque soava como se houvesse algo mais, escondido por entre toda sua estrutura.

- Algum problema? – sua voz grave e rouca pronunciou de repente, surpreendendo ao pequeno loirinho. O menor podia jurar que não havia feito barulho algum até ali, ou que em momento algum vira o olhar do outro sobre si; até porque não deixara de fitá-lo.

- N-não, me desculpe. – respondeu por fim, ainda envergonhado, vendo um sorriso singelo se formar nos lábios do outro. Mantinha ainda seus olhos fechados, desta vez inclinando um pouco a cabeça, direcionando-a para o chão da areia.

- Por que está aqui? – questionou de forma gentil, não como quem não quer ter sua privacidade violada. Hiroto pensou por um tempo; não queria dizer que a razão de estar ali era o próprio, mas não queria ter de mentir dizendo qualquer coisa que lhe viesse à cabeça.

- Eu vi você lá do quiosque, e não sei ao certo... – respondeu se envergonhando, corando ainda mais quando ouviu um riso baixo e divertido vindo do outro. Agradecera mentalmente pelo maior estar de olhos fechados e de cabeça baixa.

- Entendo... Tudo bem, não precisa se envergonhar. – a resposta fez com que o loiro arregalasse os olhos. Era ele assim tão previsível? O outro não lhe olhara ainda, como poderia saber? Talvez fosse só paranóia. – Por que não se senta comigo?

- Ah... Okay.

Sentou-se por ali, perdido ainda entre seus pensamentos e indeciso sobre olhar o mar e a linda paisagem que ele complementava ou por olhar para o moreno hipnotizante ao seu lado.

- Você está longe demais, hm, qual o seu nome?

- Ogata Hiroto. – respondeu simplesmente quando se deu conta de que lhe fora perguntado algo. Pensou em perguntar o nome do moreno, mas este fora mais rápido que si.

- Amano Shinji, é um prazer. – respondeu, sua voz soando como se sorrisse e Hiroto podia jurar que o fazia, mesmo sem lhe olhar nos olhos. – Pois bem, está longe demais Hiroto, não se acanhe, sente-se mais perto.

Incerto sobre o que fazer, acabou por ceder ao pedido do outro; sentando-se bem próximo de si. Ao passo que se aproximara do maior, sentiu certo arrepio lhe atingir, certa palpitação em seu peito que havia tempos que não sentia.

Sentiu reconfortado pelas incontáveis sensações que o maior lhe proporcionava.

- Sabe... Faz tempo que não venho até aqui. – dizia enquanto colocava seus óculos, finalmente virando sua cabeça até o menor. – Fico feliz por ter conhecido alguém gentil como você desta vez.

- Gentil? – questionou, como se desacreditasse no que ouvira. Não era como se ele estivesse errado, qualquer pessoa que conhecesse o loirinho sabia que ele era imensamente gentil; mas estranhava ouvir isso de um completo estranho até então.

- É, gentil, de gentileza. – disse, rindo um pouco, divertido. Hiroto se mantinha a observá-lo, menos indiscreto desta vez, visto que os olhos estavam cobertos, e não havia como saber onde o moreno olhava.

Não sabia ao certo o que dizer. É claro que sabia que era de gentileza, mas dizer isso soava grosseiro, não sabia se era capaz de fazê-lo no mesmo timbre do outro.

A luz do sol o tornava ainda mais bonito, parecia realmente, parte dos elementos . Permaneceu em silêncio, sem saber ainda o que dizer ao certo. Mas de qualquer forma, ali, perto do maior, sentia como se o silêncio fosse mais que acolhedor.

- A gente percebe quando alguém é gentil e tem caráter. Da última vez que vim, não foram tão educados como você. – sorriu amarelo, recomeçando a conversa. Parecia um pouco entristecido, embora os óculos inibissem a visão de sãs expressões.

Não podia evitar olhá-lo, não com desejo, mas com necessidade. Como se quisesse participar daquela pintura também.

- Sinto muito por isso. – foi tudo o que conseguira dizer. Não queria se intrometer onde não era chamado, perguntar coisas para alguém que acabara de conhecer, por mais que se sentisse tão bem ali, que se tivesse alguma mágoa a chorar, provavelmente contaria ao moreno.

Era uma sensação de liberdade que pairava ali. Não sabia mais se era a incrível paisagem, ou a presença do moreno. Mas sabia que gostava daquela sensação acolhedora, que o envolvia tanto quanto os, já fracos, raios de sol.

- Não se preocupe com isso. – disse ainda, virando seu rosto para o mar, mas logo o escondendo entre seus braços, apoiados sobre os joelhos. Parecia tão perfeitamente indefeso, não conseguia entender o porquê.

O sol quase sumia, e sua maestria final resultava no tingir do céu, em tons de azul, avermelhado, verde claro. Adorava fins de tarde, era a transição entre a noite e o dia, de forma tão simples, mas esplendorosamente bonita, que artista algum parecia capaz de retratar com tamanha perfeição o que podia se visualizar.

- Eu amo o céu no fim de tarde. – disse, fitando fixamente o misto de cores, que não tardaria a se transformar em um azul bem escuro, pedaço a pedaço.

O silêncio permaneceu. Shinji não levantara o seu rosto para observar a paisagem, apenas sentia os últimos raios deixando de lhe esquentar o corpo magro. Hiroto sentiu-se triste, sentia como se tivesse dito algo errado.

Se não gostasse dos fins de tarde, não haveria em si uma razão para si ir ao mar àquela hora. Não entendia ao certo, mas sentiu-se triste consigo mesmo, como quem realmente diz algo que não se deve.

Limitou-se a encarar o final de tarde. E por fim, certo de que sua presença apenas atrapalhava o moreno, levantou-se, batendo a calça jeans a fim de livrá-la de toda a areia. O moreno elevou sua face, incrivelmente focando direto ao seu rosto.

- Me desculpe, não quis te deixar triste. – sua voz parecia soprada aos ventos, estes que se tornavam mais constantes ali na beira do mar. Levantou-se também, ficando de frente para o menor, imitando-o, bateu em sua própria roupa, tirando à areia destas.

Era incrivelmente mais alto que si, seu rosto se mantinha um pouco inclinado para que pudesse ficar no mesmo nível do loirinho. Mantinham-se fixos entre si, e pareciam não ligar para isso, nem ao menos se dar conta da tal fixação.

As mãos do moreno tatearam a frente, o corpo esguio do mais novo, pousando sobre os ombros do mesmo. Deslizaram até seus fios claros, entrelaçando-os pelos dedos, sentindo o quão macios podiam ser.

Inicialmente, Hiroto olhou assustado, mas assim como se entregara à figura próxima ao mar, fechou seus olhos amendoados e deixou-se ansiar pelas carícias incertas do moreno.

Os dedos longos do mais velho deslizaram ainda por seu pescoço, subindo então até sua face. Pararam nos ângulos de sua mandíbula, tão salientes, acariciando-os em pequenos gestos.

Seu toque era tão caloroso; não se importaria em ter aquelas mãos sobre si, tocando-o daquela forma gentil. Parecia tratá-lo como se fosse um objeto delicado demais, e gostava da sensação de cuidado que sentia transbordar pelo toque.

Toque este que prosseguia, contornando a linha de sua mandíbula até, por fim, envolver as mãos novamente entre seus cabelos, puxando-o para mais perto de uma forma afável, necessária.

Hiroto aproximou-se ainda mais, em pequenos passos, quase encostando seu corpo no do moreno. Sentia-se envolto a tamanha sensação que não sabia descrever. Fora tudo tão rápido, mas tão certo. Premeditado.

Deixou que suas mãos pequeninas também tocassem o moreno, ainda que seu corpo estivesse envolto do dele. Pousara os dígitos sobre sua nuca, devagar, dedilhando suavemente em um acariciar ritmado como as ondas e o vento ao redor.

Já não sabia mais, que cores o céu trazia. Perdera-se em tudo através do maior.

- Me desculpe por isso também. – disse por fim, aninhando-se na curva de seu pescoço, com as mãos agora sobre a cintura esguia do outro. O mais novo, sem entender, apenas o apertou ainda mais para si.

Inúmeras perguntas se faziam em sua cabeça, mas não se sentia no direito de perguntar. Não se importava tanto com os porquês, não quando a respiração quente do outro, chocava-se ao seu pescoço, abafada, aquecendo a ambos.

- Hiroto. – recomeçou, sua voz soando abafada não só por estar acomodado nos braços do menor, mas pelo vento que se tornava mais e mais constante. – O pôr-do-sol deve ser lindo como você, Hiroto.


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Notas finais do capítulo

Tell me, tell me, what do you see?



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