Nerv escrita por Meg_Muller


Capítulo 4
Surpresas e Suspeitas




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Elrich olhou a figura feminina que o olhava com uma mistura de nojo e ódio. Ele se divertia com a pobre Elisa, agora era mãe e principalmente uma dona-de-casa. Riu pensando que a maior das preocupações dela era sua pobre família.

-Não sei o que você quer, mas pode ter certeza de que eu não tenho. – A ouviu murmurar fazendo-o soltar uma gargalhada gutural.

-Tem sim Elisa, eu sei que sim. E pra compensar o favor que você vai me fazer me dizendo tudo o que você sabe eu vou te fazer outro. – Ele começou com o tom provocativo que sempre usava com ela. – Eu te trouxe companhia, acho que ele deve ter uns quinze anos... Belos olhos verdes e um sorriso tão cativante.

-Você não ousaria... – Ela murmurou tentando levantar sendo impedida por algemas que a mantinham fixa a cadeira. – Você nem sabe do que está falando.

-Se sim, Tomas. Acho é esse o nome que vocês deram... tão bonitinho.

-Você é um doente Gart! Fica longe do meu filho! – Elisa esbravejou se remexendo em desespero como se aquilo fosse fazer alguma diferença. – Não ouse tocar nele!

-Tem uma jovenzinha também, mas eu achei que ele seria melhor. Sempre dizem que a conexão entre mãe é maior com o filho e do pai maior que a filha, não é? – Ele comentou como se estivesse realmente pensando no que acabara de falar enquanto ela continuava furiosa.

-Não tenho idéia do que você quer! NERV não existe mais e não tem nada que eu possa te oferecer! – A mulher quase gritou enquanto ele sorria satisfeito por ela finalmente ter tocado no assunto.

-Por mais que me digam isso, eu me nego a acreditar que tenham mesmo acabado com tudo... É a mesma coisa que tentar me convencer que uma mãe mataria o próprio filho! Não era assim que chamava os filhotinhos que cuidavam? Eram todos uma grande família feliz. – Elrich alfinetava em um tom suave fazendo-a balançar a cabeça negativamente.

-Uma família grande que cumpria regras! Mandaram fechar tudo e destruir qualquer vestígio, e assim o fizemos até o ultimo pedaço de experimento. – Ela rebateu com um tom que buscava controle na voz.

-Destruiram tudo eu sei. Mas todos? – Ele perguntou incrédulo. – Não teriam coragem pra se desfazer do que passaram a vida estudando e aperfeiçoando, eu sei que não Elisa.

Ela não sabia mais o que dizer. Ele tinha razão. Eles nunca teriam coragem e por isso mesmo não o fizeram, ela mesmo participara ativamente de tudo quando pegara o menino que mal cabia em seus braços pra si. Ele era um pequeno milagre e não algo a ser destruído.

-Eram todos cientistas e não assassinos. – Elrich afirmou sentando na cadeira em frente a ela. – Vocês nunca acabariam com eles porque eram seres vivos e não aberrações que ameaçavam a sociedade, certo?

Ela sentiu vontade de afirmar com a cabeça, mas não podia, era Elrich ali afinal. Quem sabe o que ele queria com as informações que ela tinha? Não colocaria a vida de ninguém em risco. Eles eram tudo o que eles tinham a prova concreta de todo o seu trabalho, estudo e esforço. E principalmente pra Elisa um deles era muito mais, ele era um bebê que ela tinha passado a chamar de filho.

Sentiu um frio na barriga lembrando-se do que o homem de cabelos negros a sua frente tinha dito minutos antes. Eles tinham pegado Tomas. Mas ele aparentemente não sabia de nada, ou teria comentado pra fazê-la falar... isso significava que ele podia estar preso ali e o que ela passara anos tentando esconder sobre o filho podia ser descoberto a qualquer segundo.

-Onde eles estão? É a única coisa que eu quero saber. – Elrich perguntou por fim dando a ela a chance de sair daquele lugar unto com o filho, que pra Elrich ainda se encontrava no quarto em que tinha ordenado que o colocassem.

-Eu já disse o que sei. Foi destruído. Tudo e todos. – Ela afirmou tentando parecer o mais convincente possível.

-Elisa, Elisa... devia aprender mais temas como linguagem corporal.

-Como é?

-Você sempre pisca muito e respira de uma forma inconstante quando esta mentindo.

==

Ellen estava jogada no chão imóvel e Marcos pensava em correr até ela. Mas era censurado pelos gemidos de Alice que continuava suspensa no ar pelo pescoço, e sua coloração mostrava que cada segundo que passava o desespero pra conseguir oxigênio era maior. Não havia outro jeito. Ia tentar agredi-lo mesmo que o seu esforço fosse inútil.

-Maddox... – A voz infantil fez toda a tensão desaparecer momentaneamente. O ser que antes torturava Alice a trouxe de volta ao chão apesar de não tirar a mão do seu pescoço, e Marcos entrou em choque com a pequena figura a sua frente.

Ela estava coberta com o mesmo liquido que o outro de olhos vermelhos, mas era bem menor e ainda por cima uma menina. Talvez pelo tamanho não tenham percebido ela ali antes. Marcos pensou que o coração ia sair pela sua boca. Que diabos estava acontecendo ali? Um rapaz que podia ser criminoso era absurdo. Mas uma criança? Ele nem tinha palavras.

Cabelos castanhos na altura dos ombros e enormes olhos tom chocolate, aparência extremamente convencional pra uma menina, se não fosse pela gosma que se encontrava em todas as partes do seu corpo.

-Que nojo... – Ela murmurou olhando pro próprio corpo e logo em seguida pra Marcos, o jovem sujo como ela e a garota presa entre a mão esquerda dele. – Alícia! Maddox o que está fazendo?

Alice que até então não tinha reparado na garotinha por se preocupar em recuperar o oxigênio perdido, olhou pra menina que parecia conhecer o seu insano agressor.

-Estou fazendo o que ela fez comigo, e talvez até com você. – Ele murmurou seco com uma raiva que parecia contida por muito tempo.

-Eu não... fiz nada... – Alice murmurou com a voz fraca se arrependendo em seguida quando a mão dele voltou a apertá-la brutamente.

-Ela não fez nada! Quem diabos são vocês!? O nome dela é Alice! – Marcos resolveu se manifestar em desespero, mas ninguém pareceu nem percebê-lo no local.

-Solta ela Maddox. – A menina falou de novo e Marcos podia jurar um tom de ameaça, mesmo vindo de algo tão pequeno.

-Eu não ouço pirralhas... – Foi a ultima coisa que Marcos conseguiu entender claramente, já que a cena seguinte foi tão rápida que ele mal conseguira processar.

A pequenininha tinha avançado a uma velocidade desumana pra cima do homem que ela parecia conhecer como Maddox, e este havia sido jogado alguns metros de onde estava com o impacto contra o corpo dela. Alice sugava todo o ar que conseguia agradecendo por finalmente ter seu pescoço livre das mãos do estranho.

-Tudo bem, Ali? – A menina perguntou olhando com uma expressão piedosa pra Alice que apenas tentava acenar positivamente enquanto ofegava. – E pirralho é você seu monstro! Olha o que tava fazendo com a Alícia!

-Isso não é assunto seu Emma! – Ele rebateu olhando furioso pra pequena que mantinha a expressão irredutível. – Foi ela quem fez isso comigo! E deve ter feito com você também! – Ele esbravejou apontando o próprio corpo e logo depois as capsulas em que eles estavam antes.

Emma piscou algumas vezes tentando lembrar a ultima coisa que tinha visto. Parecia estar tudo em branco, mas conseguia lembrar Alícia, e de ter sido colocada naquele subsolo por ela.

-Ela disse que seria um teste de rotina... – A menina murmurou lembrando-se de quando foi introduzida na capsula e o desespero que sentiu quando o liquido verde começou a tomar seu corpo. Não conseguia se mover. Tinha sido sedada e o líquido se aproximava cada vez mais do seu rosto e depois nada.

-Ela me viu me debater em agonia enquanto o liquido me consumia e eu não tinha forças o suficiente pra me mover. – Ele comentou e uma amargura acompanhava cada uma das palavras proferidas.

Marcos já havia se aproximado de Alice no chão, mas não sentia que podia dizer nada, não sabia se podia dizer alguma coisa. Tudo o que estava acontecendo era chocante demais. E nada melhorou quando olhos cheios de lágrimas viraram na direção dele e da amiga.

-Por quê?... – Emma perguntou com a voz fraca olhando pra Alice enquanto lágrimas ameaçavam deixar os seus olhos. – Porque fez isso... com a gente?

Alice sentiu uma tristeza a consumir, mas aquilo não fazia o menor sentido. Até tinha cogitado a teoria de que Alícia podia ser seu alter-ego, mas aquilo já era demais. Eles conheciam uma Alícia que tinha feito coisas que ela tinha certeza de não ter feito. Elas não podiam ser a mesma pessoa.

-Ela não fez nada! O nome dela é Alice e não Alícia e nós nem sabíamos que esse lugar existia! Se alguém fez alguma coisa foram os pais insanos dela que tem um laboratório bizarro no subsolo da própria casa! – Marcos explodiu chamando finalmente a atenção não só da menina como de Maddox também.

-Alice?... – A menina repetiu confusa olhando pra Maddox como se perguntasse o que estava acontecendo.

Maddox se aproximou de repente como se buscasse uma forma de responder a menina, olhou Alice por breves instantes antes de levantá-la pelo braço sob protestos de todos, e partindo blusa regata que ela usava em duas partes deixando-a só de sutiã.

-Que porra você ta fazendo agora!? – Marcos esbravejou enquanto Alice não sabia o que dizer o que fazer ou o que pensar. Estava tão absorta nos próprios pensamentos que tudo o que via no momento passava como um filme do qual ela só era figurante e não tinha direito de agir.

-Não é a Alícia. – Ele murmurou olhando pra algum ponto nas costas quase totalmente desnudas de Alice.

-Então quem é? – Emma perguntou como se nada do que Marcos tenha dito tivesse sido ouvido por ela.

-Eu sou Alice... – Os três ouviram a voz trêmula da adolescente soar pela primeira vez desde que havia conseguido respirar livremente.

Todos permaneceram em silêncio por alguns minutos até que Emma ofereceu um sorriso simplório pra jovem a sua frente.

-Eu sou Emma, e esse é o Maddox. – Ela cumprimentou apontando pra si e depois pro jovem de cabelos negros.

-Eu sou Marcos. – O mais desesperado com tudo informou já que ninguém provavelmente perguntaria. E o fato da menina conseguir saltar três metros em um segundo foram momentaneamente ignorados.

-E aquela quem é? – Todos olharam pra onde Emma apontava e encontraram a figura feminina desacordada no chão.

-Ellen! – Marcos gritou se culpando por ter esquecido completamente dela e correndo acompanhado por Alice até o corpo da jovem.

==

Tomas tremia e não sabia por certo se era por causa do frio, da fome que sentia ou pelo simples fato de não ter acordado em seu quarto. Estava trancado em um ambiente mal-iluminado e com um cheiro horrível. Tinha uma cama e era isso era tudo, além de um banheiro minúsculo com apenas uma pia e um vaso sanitário em péssimas condições.

Não sabia onde estava e muito menos o que fazia ali. A ultima coisa que se lembrava era a mãe deixando seu quarto depois de um beijo de boa noite. E era isso. Aquilo não fazia o menor sentindo e o fato de não falar ou ouvir ninguém não melhorava a situação. A única coisa que quebrava o silêncio naquele momento eram os pingos que saíam da torneira no banheiro.

Encolheu-se mais ainda na cama. Tinha provavelmente sido pego por alguém enquanto dormia. Talvez aquilo fosse um seqüestro e iam pedir dinheiro a seus pais pelo resgate dele. Seus pais, eles deviam estar desesperados sem saber dele, e a irmã também. Ellen tinha que arrumar as roupas pro desfile e nesse momento devia estar perdendo o tempo procurando por ele.

Mas e se os seqüestradores já tivessem ligado? Então eles estariam desesperados. Sentiu o coração apertar, atrapalharia o trabalho do pai, faria a mãe chorar e Ellen provavelmente perderia o desfile. Sentou na cama sentindo um desespero o invadir. Ele não podia deixar isso acontecer.

Levantou da cama tentando olhar cada detalhe daquele quarto em busca de câmeras ou qualquer coisa que pudesse denunciá-lo. Sabia que a mãe ia odiar o que estava prestes a fazer, mas ele não podia simplesmente fingir que nada estava acontecendo.

Caminhou até a porta respirando fundo e dizendo a si mesmo que aquela era uma situação adversa na qual ele corria risco vital, então era uma exceção, assim não precisava se prender a regra. Seguindo o raciocínio apenas fechou os olhos em frente á porta de metal colocando ambas as mãos sob a fechadura.

Sua temperatura aumentou absurdamente em questão de segundos, e não demorou muito pra que o cheiro de metal derretido invadisse as narinas nele, causando certa irritação, porém ele não parou. Não ia ficar trancado enquanto a família morria de preocupação com ele se pudesse fazer qualquer coisa a respeito.

O ranger da porta o fez tirar as mãos da porta, e apenas um buraco restava onde antes era a fechadura. Sorriu limpando a mão na roupa e satisfeito por ter conseguido fazer algo certo, quase nunca conseguia controlar direito e como nunca tinha oportunidade pra tentar, tudo acabava meio que enferrujando.

Abriu a porta devagar na intenção de fazer o mínimo de barulho. O corredor era enorme com mais de vinte portas em ambos os lados. Todas identificadas com uma plaquinha que enumerava cada uma, mas todas eram do mesmo tipo de metal, iguais a da que tinha acabado de abrir.

Sentiu seu coração bater mais forte e não tinha a mínima idéia do que fazer quando se viu sozinho no corredor, que ao contrário do quarto era bem iluminado. Olhou pra cada uma das portas imaginando o que teria dentro de cada uma, mais crianças pelas quais eles pediriam resgate?

Já tinha andado por três corredores com as mesmas características do primeiro quando ouviu passos fortes e firmes não tão longes quanto ele gostaria. Agora era o fim. Não viu alternativa e colocou as mãos na fechadura se concentrando na temperatura da mão. O que quer que colocassem ali dentro não podia ser pior do que o que se aproximava.


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Notas finais do capítulo

Heeeeeeeeeeeeeeey,

Como vão vocês? Tudo bem?

Bom primeiro agradecer como sempre a todo apoio, todo interesse, as criticas e todo o resto.

Valeu mesmo e espero que tenham gostado do capítulo, sei que não respondi as duvidas de todos e que provavelmente só deixei tudo um pouco mais confuso, mas foi o jeito... to pensando em escrever capítulos maiores pra deixar tudo mais claro.

Mas por enquanto tento esclarecer pouco o pouco sempre que posso.Well, digam ai tudo o que acharam e podem criticar a autora por confundirem vocês mais ainda e espero que ainda estejam tão interessados como estavam nos outros.

Bom é isso, =*************** e o de sempre, reviews? :D



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