7th Theater escrita por Shushure


Capítulo 1
Oh, Charles...


Notas iniciais do capítulo

O nome da fanfic me surgiu hoje. Eu não fazia ideia do que colocar. +nunca faz né

A menines me comentou sobre o live tals do Nona Hélice, que seria chamado de 7th Theater.

Eu dei um gritinho de felicidade só pela palavra 'Theater'.
O 7th nem tem nada a ver mesmo, sorry.

Amo você m, aceite com carinho.

Boa leitura.



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Que se ferrasse minha dignidade, o dinheiro me faltava, não importaria se faltasse algo mais nessa altura do campeonato.

E era até bom estar ali, pra falar a verdade.

Uma luz ao alto ofuscou minha visão rapidamente, tempo o bastante para que ouvisse um pigarrear apressado para iniciar toda aquela bobagem.

Um bom motivo eu tinha.

Okay, dois bons motivos.

- Prefere com trilha sonora? – chamaram-me relativamente perto, eu acho. Não reparei muito bem quem foi, mas pelo modo que ele me olhava, era óbvio que havia sido uma indagação dele.

É a conspiração pra me deixar mais nervoso, só pode.

- Não, tá tudo bem. Eu só tava me concentrando. – sorri amarelo para todos que me encaravam, relaxando a musculatura dos ombros e pescoço. – Tô pronto, tô pronto.

O silêncio e o breu se fizeram – tanto no local quando na minha mente –, enquanto eu esperava a deixa do nosso assistente para finalmente começar.

“Iniciem!”

Toda atmosfera mudou, como se eu tivesse me transportado para épocas longínquas na costa atlântica dos Estados Unidos, entrando na pele de outro alguém.

Ou tentando, se eu me dedicasse um pouco mais e me distraísse um pouco menos.

- Um momento, por favor, Senhorita Whitney. – uma voz grossa ressoou no canto esquerdo do carpete de madeira, a pessoa tomava todas precauções para que só sua voz fosse notada, emitindo poucos ruídos no emadeirado. – Eu vou verificar se o Sr. Stanhope está.

- Charles... – pronunciei-me grave demais para uma garota, arrancando risos abafados dos demais que estavam ali observando o trecho de encenação que fazíamos.

E ainda tinha que fazer uma voz chorosa para dar mais veracidade.

- Tracy, é você Tracy? – ele desesperou-se seriamente, enquanto arrancava de mim sorrisos desconcertantes. Af, era muito cômico vê-lo tão entregue.

Muito fofo.

“FOCO NA CENA, KOHARA!” – ouvi a repreensão ao fundo.

-S-sou eu mesma, querido. – gaguejei pelo pressão que fora imposta a mim, e não pela personagem. – Oh~, Charles, eu tentei falar com você... – afinei a voz levemente, só para parecer um pouco com a voz de uma garota.

Se eu afinasse demais, minha reputação iria para o lixo.

- Eu estava enlouquecendo, Tracy. – gesticulou com as mãos, caminhando e rodopiando em suas pernas, dando algumas voltas pelo palco; que pra mim, parecia uma imensidão sombria. – Os jornais aqui estão repletos de histórias terríveis a seu respeito. Não posso acreditar no que eles dizem.

Após terminar a sua fala, parou à minha frente, numa espécie de teste de vida ou morte. De continuar com tudo aquilo ou sair correndo. De coragem ou covardia. Olhava-me de uma forma fixa, no fundo dos meus olhos, desvendando toda e qualquer coisa que se passava pela minha mente, absorvendo toda a informação que vazava pelos meus poros por puro desespero.

Minha mente gritava: “Corre daqui porque você não é capaz!”

No entanto, eu a ignorava, na medida que continuava encará-lo... Tão envolto no personagem... Como eu jamais conseguiria.

Pelo menos perto dele.

- Nada é verdade, querido. – engoli em seco, eu não agüentaria por muito tempo estar assim, com toda aquela proximidade. Correndo o risco de que todas aquelas pessoas notassem como eu estava nervoso por ele. Suguei o ar, e tomei coragem para continuar. – Absolutamente nada. Eu...

- Onde você está agora? – falou tão abruptamente que dei um salto.

O vi andando pelo palco; absorvendo cada leve movimento que fazia, totalmente focado nos ruídos proporcionados pelo contato dos pés descalços na madeira velha. Os rangidos tinham padrões, assim como seus passos eram carregados de descaso.

Estávamos totalmente errados, aquilo era pra ser um telefonema e aquela dinâmica estava toda errada.

Ele fez de propósito.

“Estou...”

O som não saíra pela minha garganta, eu estava afogado em tudo. Não podia me conter em perceber que estava ali, sofrendo um teste dele, com ele.

E falhando no meu sonho.

Demorou demais para que a ficha caísse.

E demorei de mais para concluir a minha fala, hehe.

E as estátuas que até então eram camufladas, começaram a chamar mais do que a minha atenção. Seus olhares praticamente gritavam pra mim: “Oi, estou te observando. E você é um tremendo idiota!”

- Tá bom por hoje, gente. Vocês já podem ir pegar suas coisas. E aliás, amanhã o ensaio é meio dia em ponto, okay? – agora sua voz não mais alterada, tilintava nos meus tímpanos, arrancando-me do meu pseudo-transe de ‘babaca-que-só-erra-nas-horas-mais-importantes’.

- Kohara, eu prec–

- Me desculpe, Shinji-san. Eu me distraí um pouco com o texto, porque também não tive tempo o bastante pra decorá-lo desde que você me convocou. Sei que todos querem me expulsar e substituir agora, mas por favor, por favor, me desculpe! – sorri amarelo novamente.

Aquela não seria a primeira e nem última vez que teria que usar desse artifício para esconder minha vergonha.

Mas, incrivelmente, ele sempre correspondia ao meu sorriso sem graça de uma forma diferente. Ele conseguia me entender.

E eu estava bem com isso.

Até o momento que ele sorrira pra mim de volta. Com um daqueles sorrisos que não só os lábios se curvam; aqueles sorrisos que o corpo todo sorri pra você.

Até as unhas.

Tudo mesmo.

Eu até tentava não me ater tanto em admirá-lo, e sim em prestar atenção ao que ele me dizia. Porque parecer babaca mais de duas vezes no dia já era demais.

A tarefa era praticamente e notavelmente impossível.

- Notei que estava, digo, que está – frizou. – um pouco voador hoje, Kohara. Então achei melhor que se eu mandasse os outros embora, eu pudesse conversar um pouco melhor com você... A respeito da Tracy.

- Olha, já que todos já foram, não mentirei dizendo que estou confortável com meus colegas de cena... – murmurei pesaroso, vendo-o afastar-se para arrumar o local para os próximos grupos de encenação. – E...

- Certo, continue! – gritou ao longe, entre as cortinas do grande salão. – E fale mais alto! – soou, puxando com certa dificuldade uma das cordas próxima ao pano vinho escuro.

- Tá. – e fiquei em silêncio.

Alguns segundos se passaram, até que o moreno voltasse, agora com um ambiente um pouco menos sombrio; trazendo consigo duas banquetas abandonadas no teatro.

- Eu disse que poderia continuar, só era falar mais alto. – deu-me um, enquanto fazia uma cara de ‘é né’.

- Eu que não vou sair gritando por aí o que me incomoda. – sentei. – Nem sei se os outros foram embora mesmo. E se você já está aqui, eu continuo a contar como uma pessoa civilizada. – sorri em escárnio.

- Tsc, tá. – riu soprano. – Continua logo.

- Eles me encararam como se eu fosse péssimo, tudo bem que eu posso ser ruinzinho, né; mas é como se eu estivesse aqui por uma concessão sua! – gesticulei nervoso, apontando para o maior. - E ainda me chamo Tracy! Que espécie de público irá achar que isso é algo sério?

- De certa forma, foi uma concessão minha sim. – soou sério, fazendo meu queixo cair com o que dizia. – Mas isso só aconteceu porque sei que é bom. E tem potencial para ser um ator excepcional. Posso dizer que até um diretor mil vezes superior a mim. – cruzou os braços no peito com um sorriso de lado estampado no rosto.

Enquanto eu me detinha em ficar só um pouquinho lisonjeado.

- Sabe, Shinji-san, não acho que posso ser tudo isso que diz. Há muitos medos e inseguranças que preciso superar. E você, af, parece tão certo do que faz. – bufei. – Sem falar que temos o mesmo tempo de carreira. Você é o que é, e eu sou o que sou. Isso até me irrita, e muito.

- Não sou tão seguro como pensa... Vivo no dilema de saber se a Tracy consegue perdoar o Charles pelas mancadas dele. – dramatizou, fazendo com que eu risse e o admirasse. De novo.

- Peraí. Você nunca leu o livro até o final? – estridente, soei surpreso.

- Eu não. – disse simplista. – Vou lendo a partir do desenrolar dos nossos ensaios. Não quero adiantar nada.

- Certo... – pensei um pouco alto, inclinando-me no banquinho e apoiando meus cotovelos na coxa. – E se... Houvesse uma cena de sexo entre a Tracy e o Charles, como faríamos? – encarei meus sapatos. – Porque afinal, eles são prometidos um ao outro.

- Seria retratada da forma mais verídica o possível. – soltou, nem se dando ao luxo de pensar para responder. – De acordo com a faixa etária do nosso público. – imitou-me, colocando mechas da minha franja atrás da minha orelha.

Não se deixe abalar, garotão.

- Claro que... – tocou meu rosto com as pontas dos dedos, de um jeito que parecia mais admirar ao meu ser, do que querer mesmo fazer algum tipo de carinho. – Você deverá dar mais vida ao personagem, sabe? – fez oitos imaginários por toda a tez. – Se entregar um pouco mais, quem sabe...

Eu estava totalmente entregue.

Ele quer mais?

Seu carinho era singelo, mas seus dedos quentes me despertavam pensamentos não tão singelos, e tal.

- E tem como se entregar mais do que isso? – aproveitei-me um pouco da situação; mas dessa vez, eu que o imitava, entregando as minhas mãos ao acaso, deixando elas fazerem o circuito que quiserem pelo rosto do maior.

Era uma pena que elas só estavam se atendo a acariciar de leve seus lábios, sentindo a suavidade que estes tinham.

Também era uma pena que eu não me contentaria em acariciar com os dedos.

Minhas mãos escorregaram lentas por sua face, deslizando pelos fios negros de Shinji. Não consegui ser tão suave e leve todo o tempo, e acabei prendendo meus dígitos na raiz de seus cabelos, puxando-o para baixo.

Eu nem ligava mais para o carinho que ele fazia, eu já lambia meus lábios de antecipação da minha próxima ação.

Por pouco não percebi que seu olhar havia sido direcionado para outro ponto do meu rosto, sem querer – ou talvez não –, desviei seus orbes para meu último gesto, fazendo com que estes ficassem estáticos ali.

Shouzin não marca bobeira, né galera?

Antes mesmo que eu pudesse tomar uma atitude que eu jamais iria me arrepender, provavelmente a única na minha vida, os macios lábios do moreno prensaram os meus, sem cuidado algum, impondo rapidamente sua autoridade e soberania sobre mim.

Não que eu não gostasse, mas as coisas não funcionavam bem assim.

Mordi seu lábio inferior, puxando-o com força mesmo; o moreno veria que haveria de me tratar com um pouco mais de respeito. Ouvi algo parecido com um gemido ou resmungar vindo dele, e uma tentativa de descontar o que eu fizera nele também. Tentei me levantar indo em dire–

- Tá pronto pra ensaiar então? – levantou-se desesperado, num rompante enorme, tropeçando nas próprias pernas e a banqueta que estava atrás de si.

Nada ali fora calculado por ele, muito menos essa minha vontade de não ser controlado.

- Acho que já está bem familiarizado com a personagem – ajeitou as vestes, postando-se imponentemente felino à mim.

Tadinho... Eu nem tinha pensado em tê-lo sob meu controle, eu só queria mostrar que não era bobinho também, nee.

- Não sei...- bati meus dígitos no queixo, ainda sentado, numa falsa e visível posição pensativa. – Sabe, lembrei agora mesmo que a Tracy consegue perdoar o Charles... Eles até se encontram num hotel, e, depois de muita conversa, eles fazem as pazes.

- A gente pula a parte das conversas. – afirmou solenemente.

Não pude deixar que um riso escapasse, e junto com ele, um desejo.

Que nessa noite, eu esperava que finalmente conseguisse incorporar o personagem,

Ou que ele incorporasse à mim.

Tanto faz.


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Notas finais do capítulo

Tanto eu quanto o Shou e o Tora não lemos o livro até o final. Uma coisa eu garanto: O Shou mentiu quando disse que a Tracy perdoaria o Charles. Pra quem estiver interessado um pouquinho de como termina o livro, lá vai: A Tracy é presa, estuprada na cadeia, e vira uma golpista super doidona. Perfeito pro Shouzin né?



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