- Ah – gritou. Mas não foi um grito estérico nem fino como as garotas fazem. Ela gritou... de um jeito diferente. Foi estranho, mas agradeci mentalmente por poupar meus ouvidos.
Ela logo fechou a cara de novo. Veio a mim. Estava com uma expressão tão misteriosa que me deu medo mentira. Não dava pra saber o que ela estava sentindo. Mas algo atravessou minha mente e a face misteriosa dela podia ser de desejo. Opa, vai ser tão fácil assim agora?
- Dá licença – não, não vai ser tão fácil assim... Ou vai, respondi a mim mesmo. Ela apontou pra porta.
- Não – sorri, malicioso.

- Você...vai..o..que? – ela gaguejou, se enroscando e se perdendo nas palavras.
- Nada – disse indiferente, respondendo.
Ela me olhou sem entender, e com um pouco de raiva. A girei, de repente, e a prendi contra a parede. Encostei meu corpo no dela, e cheirei seu pescoço perfumado. A respiração dela ficou mais alta. Ela não estava apenas ofegante... Parecia... Mais que isso. Pareciadesesperadamente desesperada pra sair de meus braços. Ou desesperadamente assustada, com medo de qualquer coisa que ela achava que eu pudesse fazer.

- Por favor...po.. – ela cortou o "r", como se estivesse com falta de ar – favor... – ela disse, já de olhos fechados. Não consegui distinguir se ela estava falando "por favor" pra uma coisa, ou pra outra.
Então a beijei. Carinhosamente.
Enquanto segurava sua cintura com uma mão, a outra segurava a nuca dela, e eu a puxava pra mim.
Minha língua percorria, explorando, cada parte da boca dela, e a dela fazia o mesmo comigo. Eu sentia um gosto doce. Melhor que açúcar. Foi estranho. Mas foi incrível. 
Nossas respirações ficaram aceleradas e ainda mais altas quando separamos nossos lábios, de má vontade. Dei selinhos nela.
E aí, raciocinei: ela não hesitou em me beijar. Então...? Iria mesmo ser assim? Fácil demais?

E pensei também: então, eu iria dizer pros meus amigos que ganhei a aposta e depois...? Iria sumir? Iria nunca mais vê-la? Seria sempre assim a minha relação com as garotas? Iria senti-las e usa-las, pra depois joga-las fora? Como se elas não fossem nada? E as minhas músicas? O que elas querem dizer? Elas não ensinaram nada pra mim, mesmo? Será que depois daquele choque e do que o Christian disse eu simplesmente...? O que, diabos, está acontecendo comigo agora?

- Você é um idiota – ela disse sorrindo, de olhos fechados ainda.
"Bom, depois de me perguntar tudo isso, eu concordo com você", pensei.
Ri.
- Mas você gostou disso – disse, a beijando novamente. Não muito demorado. Mas com o mesmo fervor de antes.
- Quem sabe? – sorriu, e abriu os olhos.

KATE NARRANDO
Foi completamente incrível. E por mais que eu tenha dito todas aquelas coisas dele, e por mais que eu continue achando aquilo dele, foi um beijo... bom. 
Por favor, ele é um garoto. E eu estava MUITO arrependida de não ter agarrado o Vitor. Você sabe quanto tempo faz que eu não fico com alguém? Talvez, seja também, por isso que o Marcus não olha pros lados. Deve pensar que eu sou lésbica, ou sei lá.
Ok. Foi bom. Incrível. Eu diria que até...delicioso. 
Mas... ele é o Justin Bieber. Bufei mentalmente, me perguntando: o que eu acabei de dizer? O que eu acabei de FAZER?

Eu acabei de beijar Justin Bieber. 
Tudo bem, tenho um plano.
- Você é um idiota – sorri, inevitavelmente.
- Mas você gostou disso – e me beijou de novo.
Nos separamos um pouco. A poeira baixando. Isso. Obrigada.
- Quem sabe? – respondi abrindo os olhos.
Três, 2, 1. REVENGE!

Peguei a chave do banheiro do bolso dele, enquanto ainda estávamos nos beijando, depois dei uma joelhada entre as pernas dele e ele caiu com a mão no seu "amiguinho". 
- Talvez não – respondi. – Talvez eu não tenha gostado disso – sorri, apenas.

JUSTIN NARRANDO
Tudo bem, Justin. 
O que você perguntou? " Iria mesmo ser fácil demais? ". Não. Não vai ser fácil demais.
O que Kate disse? " Você é um idiota " . Sim, eu concordo.
Cara, o que aquela garota era? Um pacto da luz com as trevas? Má quando quer, boazinha quando precisa? Era só por isso que eu só via (e queria) o suficiente nela? O suficiente pra me deixar insano e excitado? Pra me deixar apaix... Digo, assim?

Vi ela se afastar e sorrir pra mim. Ouvi a porta sendo trancada por fora.
O que iria acontecer agora?