Attempts. escrita por Duda Guedes
– Nós somos... Amigos? – perguntei, fixando-me mais a o olhar de Kate.
– Eu acho que sim. Você pode contar comigo – ela sorriu e estendeu a mão.
A segurei, por mais que isso pudesse me machucar.
Eu hesitei em abrir a boca, pra dizer – dizer tudo –, e tentar de novo. Mas a fechei, quando Kate balançou a cabeça como se dissesse um "sinto muito".
– Estou com... Um cara... – ela fechou os olhos, estava tentando fazer não doer em nenhum de nós dois.
Eu adivinhei no mesmo instante que ela abriu os olhos de novo.
– Erick. – foi o que eu disse.
Segurei os ombros dela.
Kate abaixou a cabeça.
– Eu... Sinto muito.
Soltei-a e fiquei completamente parado e mudo. Eu não sabia nem se estava respirando.
– Mas... – Kate hesitou.
Soltei-a e fiquei completamente parado e mudo. Eu não sabia nem se estava respirando.
– Mas... – Kate hesitou.
– Mas...? – a indaguei, olhando em seus olhos de novo.
– Mas não é... Normal... É como.. Como se eu estivesse sozinha.
– Você não é a única se sente assim – sorri de lado, e segurei a nuca de Kate.
– Pois é. Eu sei... Mas.. Olha.. Nós podemos tentar.. Só sermos amigos – ela me olhava esperançosa. E ao mesmo tempo parecia ter medo da resposta, qualquer que fosse ela.
– Eu não quero, eu não posso, ser só seu amigo.
– A vida é assim, garoto.
– Você é assim? – arqueei uma sobrancelha.
– A vida é assim, garoto.
– Você é assim? – arqueei uma sobrancelha.
– Não exatamente. – Ela pensou um pouco. – Ah, quer saber? Dane-se! – Kate me beijou.
Um beijo de saudades. Ela sorriu enquanto sua boca ainda dançava com a minha.
– Uau. Isso foi... – Kate disse, quando se separou de mim, um pouco ofegante.
– Incrível – completei.
– Uau – dissemos juntos.
– Eu acho... Acho que nós... – ela gaguejava, sem saber o que dizer. – Eu acho... Eu preciso ir.
Ela levantou-se do banco. Segurei seu pulso.
– Kate...
– O que? – ela parecia ansiosa em sair dali, ao mesmo tempo em que queria ficar.
– Obrigada – sorri pra ela.
Sua expressão ficou ainda mais nervosa e ela, bruscamente, soltou-se e foi embora com passos apressados.
Eu mal percebi, mas estava a vendo partir – de novo. Talvez partindo pra todo o sempre, sem voltas. Ou semanas, ou dias. Mas eu senti – uma parte de mim, já entristecida por isso –, que seria muito tempo. Eu só não sabia quanto.
Eu saí do parque, do mesmo jeito que havia chegado. A música que atravessava meus ouvidos parecia insignificante e sem sentido, porque eu simplesmente não prestava atenção nela.
Andei silencioso até chegar em meu quarto. Fiquei no escuro, e tentei entender cada sílaba, cada letra, de cada música que cruzava minha mente até eu adormecer.
•••
KATE NARRANDO
– COMO VOCÊ PÔDE? – Victoria gritava, depois de ter me dado um tapa na cara. Eu ainda sentia minha bochecha formigando.
Ela já não falava em português, talvez porque passara muito tempo com Ryan e não queria se distrair.
Nada saía de minha boca. Eu estava incrivelmente parada, como uma estátua.
Victoria pediu pra que eu me sentasse.
Abri a boca pra protestar.
– Agora – completou ela, como uma ordem.
Sem jeito, sentei-me.
– Me diga.
Respirei.
– O que você quer que eu diga? – perguntei, saiu mais rude do que parecia. Limpei uma lágrima que sem minha consciência, havia escorrido.
Ela não respondeu.
– Quer que eu diga que eu beijei ele porque... Porque estou apaixonada? Porque é bonito, legal e divertido ser amante? Quer que eu diga que estou pouco me lixando pra o que você pensa, e que ele também quis? – meu olhar se transformou no mesmo ódio que jazia dos olhos dela.
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