Attempts. escrita por Duda Guedes


Capítulo 34
Capítulo 34




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[...]
Eu encostei na porta e ofeguei. Coloquei a mão na testa, depois arrumei o cabelo e a roupa.
– O que foi? – a voz de Victoria me assustou.
Dei um grito.
– Quer dizer... Nada. Eu vou... Vou dormir. – Victoria ficou com uma cara de "hã?" , mas desistiu de perguntar.
Peguei uma roupa leve e entrei no banheiro.
A água descia pelo meu corpo e eu formulava perguntas sem respostas, textos reflexivos, músicas sem melodias – mais ainda sim tristes – e lágrimas secas.
Eu precisava de alguém. Eu sempre precisei. E quando Justin surgiu... Foi tão... diferente. Eu me senti tão.. segura. Tão protegida...
Eu não sabia se me entregava ou se seria algo grande demais. 
A essa altura, eu não sabia de mais nada.
Eu o queria. Mas eu tinha um receio. Eu tinha um orgulho. Eu sou só mais uma. Eu gosto da sorte. Mas parece que eu nunca a enxergo. Eu nunca me enxergo. 
Por um instante, mas só por um instante, eu pensei que se Justin aparecesse naquele momento eu voltaria para seus braços. Mas uma lágrima caiu, e eu percebi... Isso nunca... Nunca mais vai ser possível. E a palavra tentar não significa nada. Porque nós não podemos só tentar. Nós temos que fazer. Temos que fazer acreditando. E a minha crença nisso estava empoeirada, num porão abandonado, e extremamente doente por culpa dos arrependimentos. Essa minha crença, estava em algum lugar que nem eu mesma ousei visitar, um lugar escondido... Bem lá, no fundo do meu peito [...]

DIAS DEPOIS
JUSTIN NARRANDO

Como sempre, eu estava fazendo meus shows. Meus compromissos...
Não tive mais notícias de Kate, desde o baile. Eu estava sofrendo... Mas desistindo. Aos poucos, bem lentamente. 
Apaguei o telefone dela, queimei uma rosa que pensei em levar pra ela – mas desisti –, e fiz Ryan me prometer não me lembrar dela, nem que eu pedisse.
Eu estava indo a um parque, totalmente distraído. Totalmente estranho. Totalmente sem saber se sentia qualquer pressentimento ou se esquecia de tudo por um segundo – ou até, um pouco mais de tempo.
Eu sentei num banco velho, com a tintura descascada. E tive a leve impressão de que também estava bambo.
Coloquei meus fones, e o capuz da blusa. Me enrolei em meus próprios braços e fechei os olhos.

Eu parei de respirar por alguns segundos. Eu parei de pensar por alguns instantes. Eu simplesmente parei de fazer tudo.
Senti uma respiração ao meu lado. Ouvi dentes começarem a bater, por causa do frio. Mãos inquietas, apertando uma a outra. 
Por um momento, cheguei a pensar porcaria – todas elas.
Mas percebi lábios se abrirem, e uma voz conhecida sair. Eu só não esperava ouvi-la. Não a aquela voz.
– Eu odeio quando encontro você. Mas ao mesmo tempo, é tão legal ver que nós...Sabe, não estamos trancados nos quartos e chorando como bebês sem a mãe. 
Eu me virei, imediatamente. Tirei os fones.
Sorri pra ela. E a abracei. 
– Kate...

– Pois é. Sou eu – ela riu abafado, em meu ouvido coberto.
– O que você está fazendo aqui? – perguntei, quando nos soltamos.
– Nada – ela sorria.
– Como você está?
– Estou bem, eu acho.. E você?
Eu percebi que olhava fixamente pro sorriso dela. Pros lábios dela. Pro mar que se escondia em seus olhos brilhantes.
– Justin? Você ainda está aqui? – ela arqueou uma sobrancelha. 
– Ah, ahn.. Sim. – eu mexi em seus cabelos.
Ela sorriu. Um sorriso debochando de mim.
– Nós somos... Amigos? – perguntei, fixando-me mais a o olhar de Kate.


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