– Você gosta de mim? – perguntei, sem pensar.
Ele não respondeu e pousou a mão – levemente – em minhas bochechas – acariciando-as.
Eu sabia a resposta.
– Mas... Ryan, você... Já pensou... Quer dizer... – eu não sei por que estava perguntando, mas simplesmente as palavras saíram. Eu estava com vergonha de dizer, estava tentando escolher as palavras mais fáceis.
Suspirei fundo, pra tentar para de gaguejar. Ele me olhava, paciente e atencioso.
– Ryan, eu sou bonita? – perguntei, um pouco tímida.
Ele riu.
– Você é linda, Kate!
Eu bufei alto.
– Não Ryan... Não me diga isso como o meu melhor amigo.
– Então você quer que eu diga como?
– Como um garoto... Entende?
– Ah... Ahn... Bem...
– Tudo bem, não precisa falar. Eu sei. Eu sou uma segunda opção – murmurei. – Meu Deus! Nem meu melhor amigo me acha...Suficiente. – eu não ia falar palavras mais "fortes", se é que você me entende...
– N-Não, Kate! Você é... Linda – ele sorriu, mas um pouco embaralhado nas próprias palavras.
– Pare. De. Mentir. – cruzei os braços e olhei pro outro lado do parque.
– Kate, olhe... Não estou mentindo. – ele olhou com ainda mais atenção pra mim.
– Olhe pra mim. – pediu. – Olhe pra mim – repetiu.
Eu o olhei.
– O que foi? – saiu mais rude do que eu pretendia.
– Você é legal. Bonita. Existem muitos caras por aí, Kate. Se você quer esquecer ele, esqueça. Mas não acaba com a tua vida, só por causa de uma bobagem por culpa de baixa auto-estima. – meu coração paralisou. Ryan foi tão... Direto. – Está bem? – ele segurou de leve meu queixo.
Afirmei, com um suspiro.

– Mas Ryan... Eu estou falando de você – o quê? Como assim, Kate? Você está louca?, pensei.
– Ah... Como assim?
– Você... Você namoraria... Comigo? – fechei os olhos e fiz uma careta, com medo da resposta – qualquer que fosse ela.
Ele demorou um pouco pra responder. Então abri os olhos e o fitei com uma expressão de " e então? Não vai responder? ".
– É... Sim. Claro. Eu... – ele travou pra dizer a palavra, então a cortou da frase. –... Com você...
– Não minta pra mim.
– Kate, para. Por favor, para. Você é bonita e Justin não...
Eu coloquei meus dedos de leve na boca dele.
Suspirei fundo.
– Ryan... Eu preciso esquecê-lo. – me aproximei mais dele. O que diabos eu estava fazendo? – Por favor... Me ajude. – estávamos de testas coladas. Eu senti que as lágrimas iam cair, mas respirei e elas só umedeceram meus olhos.

– Como? Como vou te ajudar?
– Só... – mordi o lábio inferior.
Eu não sei o que me deu. Não sei porque, não sei nem se sentia uma atração física por ele. Ele era meu melhor amigo. A pessoa que eu mais confiava. A pessoa que mais me amava aqui. Ele era praticamente... Tudo pra mim. 
Nós nos aproximamos mais e nos beijamos. Eu não era a única ali que queria – e que fez – aquilo. Parecia tão errado. Tão estranho. Mas foi bom... Realmente muito bom. 
Eu coloquei minhas mãos nos ombros de Ryan e o empurrei devagar. Ele se separou de mim. Eu levantei do banco onde estávamos com a mão direita na testa, decepcionada.
– Ai meu Deus, Ai meu Deus, Ai meu Deus... – repeti, começando a andar de um lado pro outro.
– Ei! Acalme-se. – Ryan disse, tranquilo.
– O que? Você está pedindo pra me acalmar? Ryan... Me desculpa... Eu só... Eu não sei! Só... Esquece isso, está bem? – gritei e saí correndo, sem olhar nem para os lados.
– KATE! VOLTE AQUI! – ele gritou, já longe. Aumentei a velocidade.