Ele me puxou pra perto de seus lábios e me girou. Eu estava presa entre uma parede de tijolos laranja e o astro teen por quem eu tinha me apaixonado. Ah, que ótimo.
– Você... Tem... Mesmo... Certeza? – ele ofegou, cada respiração um espaço entre nós que fora quebrado.
Eu ia responder. Eu estava com a resposta na ponta da língua. Mas agora as minhas palavras e a minha língua estava em algum lugar. Algum lugar onde eu sabia que era bom eu estar. Um lugar que eu gostava de estar. Mas eu ainda não voltaria. Talvez ele – esse lugar – não fosse meu. 
Quando Justin tirou sua boca da minha, percebi seu sorriso.
– Eu não acho que você tenha tanta certeza assim – disse ele.

O olhei com repreensão e culpa.
Ele parecia me decifrar. 
Percebi o olhar de Justin enfraquecer e entristecer na luz fraca.
– Desculpe – eu disse. Ele se afastou de mim, eu me virei. Meus olhos ardiam.
Dei passos apressados. 
Percebi que o casaco de Justin ainda me aquecia. 
– Não acredito, não acredito, não acredito – reclamei.
Aos poucos, começava a chover.
– Ah, que ótimo – murmurei.

Mas que droga! O que está acontecendo comigo?. Eu não sabia o que fazer. Não sabia o que pensar, o que sentir. Eu nem ao menos sabia pra onde ir agora. Meus olhos trabalharam juntos e avistaram a noite, eu tive uma idéia: eu iria pra meus sonhos, onde eu podia ficar pra sempre. Eu iria pra minha confortável cama e fecharia meus olhos como se só conseguisse ver de verdade assim, de olhos fechados – e talvez até seja. Eu não me importava. Eu queria me afogar em meu próprio mar de sonhos [...]

Victoria e Ryan não tinham... Você sabe.
Ela me contou como ele foi fofo, e como eles riram e se divertiram a noite toda. Ela disse que ele à levou a um lugar, mas não me contou onde e nem os detalhes. Só o detalhe mais importante: eles tinham ficado. 
– Que demais, cara! – eu sorri pra ela.
– Eu sei... Acho que eu gosto dele. 
– Você chegou aqui praticamente gritando " Ryan, me coma" – fiz aspas com as mãos –, Vic.
– Ei! Não... Eu acho... Acho que gosto mesmo dele. 
– Ele me parece gostar de você também.
– Isso é tão perfeito. Me sinto num conto de fadas.
Eu ri e ela me acompanhara.
[...]

ALGUNS DIAS DEPOIS
Justin havia me mandado mais mensagens, eu me recusei a respondê-las. Até que meu celular toca de novo.
Aquilo foi só um beijo. Pare, você não é uma criança. E estou com saudade de dormir agarrado com alguém . Ele colocou uma carinha sorrindo. 
Canalha. Ordinário. Idiota. Eu estava xingando ele de todos os nomes possíveis, inclusive palavrões que eu nem sei se tem como traduzir pra inglês. 
Eu respondi, com toda frieza que pude. Eu quebrei todas as esperanças dele, assim como eu sentia que ele só estava brincando comigo. 
Tudo bem, eu posso estar sendo um pouco radical. Posso estar sendo má e fria. Talvez aquilo tenha sido só "um beijo".
Eu podia dizer que naquela boate, o nosso primeiro 'encontro', aquilo foi só um beijo também. Não haviam motivos pra eu me preocupar com ele. Não haviam motivos pra dizer que eu estava apaixonada. Não haviam motivos pra Justin ficar implorando pra eu voltar. Porque eu nunca estive lá, entende? Não, não entende. Não tem como entender. Nem eu entendo. Não havia nem sentido por eu estar aqui, agora, reclamando e vendo como fui idiota em acreditar numa paixonite pra tentar resolver minha solidão. Porque, pois é, eu sentia falta. Mas, talvez, acho que exagerei. Acho que fui longe demais. Ainda mais longe do que podia sentir [...]