Já estava de noite novamente. Eu e Vic conversávamos já faziam-se horas. –...Aí, eu fui perguntar quanto que tinha sido e em vez de perguntar "quando custa" eu falei alguma coisa parecida com "cuspe" e o cara ficou com uma cara de "hã?!", sabe? Eu paguei mesmo assim. Depois, eu saí da loja toda vermelha e rindo que nem uma louca! – ela comentava. Nós estávamos rindo. Até que alguém entra no quarto (detalhe: eu não sabia que a porta estava aberta).

– Olha, nós precisamos conversar com mais calma... – ele parou, quando viu que eu estava com alguém e rindo. Justin estava louco ou o quê?
Eu fechei a cara e o olhei com uma expressão alarmada e com o melhor olhar de "saia! Ela não pode saber! Você pirou?!". 
– Ahn... Desculpe. Quarto errado – sorriu, simpático. E fechou a porta. 
Vic me olhou boquiaberta.
Eu corri e tranquei a porta, e depois voltei pra onde estava.
– O... O que o Justin Bieber tá fazendo aqui? – ela parecia querer gritar, mas algo a impedia.
– Não sei. Talvez seja por causa do Ryan...
– O que? – ela aumentou o tom de voz. – Ryan Butler está AQUI?
– É... Mais ou menos.
– Você tá brincando né? – ela disse, esperançosa.
– Ahn.. Não.
Ela estava tão pasmada que o grito não saiu.
Eu levantei e fui até a mini-cozinha tomar um copo d'água.
– A propósito, eu tenho que ligar pro Ryan... Pedir pra ele trazer as lições pra eu fazer – "pensei" alto comigo mesma. Droga.
– Espera... Você tem o telefone dele? Você estuda com ele? E mais... Você é amiga dele? – Vic estava sentada na mesa na cadeira, não na mesa, fitando o nada. Ela parecia fazer as perguntas a si mesma, incrédula.
– Ahn... É.
– Ah, por favor, me apresenta pra ele! Por favor, por favor, por favor... – ela estava implorando, arrã.
– Tá, ok, calma. Depois eu faço isso.
Ela bateu as palmas de animação e eu dei uma gargalhada.
(...)

ÍNICIO DA LIGAÇÃO 
– Você está louco?
– Me desculpe.
– Ela quase descobriu. 
– Eu gostaria que todo mundo soubesse.
– Não deveria ter acontecido nada entre nós dois. Eu não te conheço. Você não me conhece. O fim.
– Eu gostaria de estar com você agora.
– Ah, sério? Eu aposto que aquela garota tem o melhor beijo do mundo.
– Ela é só uma fã, Kate – ele tentava se explicar.
– Se ela não fosse tão bonita você não a teria beijado – coloquei pra fora. 
Silêncio. Eu tinha razão.
– Mas eu amo você.
– Você não me conhece – sim, eu iria jogar na cara.
– Por favor...
– Me esqueça, está bem?
– Não posso.
– Você também não podia ter a beijado.
Silêncio.
Tu, tu, tu.
Eu não sabia se ele havia desligado ou a força com que apertei o celular na orelha me fez clicar em algum botão e desligar. Mas foi o fim da nossa conversa. Da nossa última conversa. FIM DA LIGAÇÃO.

– Com quem você tava falando? – Vic perguntou saindo do banheiro, secando o cabelo.
– Com... Ahn... É melhor você não saber.
– Era o Ryan, não era?
– Não vou falar. Não quero ouvir seus gritinhos histéricos.
Nós rimos.
(...)

1 SEMANA DEPOIS
Eu havia recebido inúmeras mensagens de Justin no meu celular e ele havia ligado todos os dias, mas eu não atendi. Ele havia usado até Ryan pra falar comigo, mas eu fingi escutar tudo que dissera. 
Vic estava preparando tudo para o baile, e ela estava tão animada que tive de levá-la pra ajudar a montar tudo no lugar. O baile seria daqui a algumas semanas, então eu teria tempo pra convencer Victoria de que eu não iria.

(...)
ÍNCIO DA LIGAÇÃO 
– Ryan... Ahn... Tenho uma amiga que chegou do Brasil e ela quer te conhecer. Por favor, tente ser o mais normal possível e não ria dela – pedi. – Ela ainda está aprendendo a falar em Inglês – sussurrei.
Ele deu uma risada.
– Ok. Ela é bonita?
– Ryan!
– Só estou perguntando! – ele ria do outro lado da linha.
– Se ela é bonita? Eu acho que sim... – eu não sabia como julgar a beleza de alguém pra um garoto. Ainda mais quando esse garoto é o Ryan. E essa garota é a minha melhor amiga.
– Ok. Estou indo.
– Ok. Tchau – e desliguei o telefone.
Vic é tipo uma versão feminina de Erick – e eu ri pensando nisso, porque parecia mesmo.
Então, digamos que ela é realmente muito bonita. Bom, é o que eu acho. E eu juro, que não é porque ela é a minha amiga. 
Eu estou falando a verdade! Eu sempre falo a verdade... Por mais que depois eu me arrependa disso e que eu veja, que a verdade foi um erro. Ou talvez, uma mentira.
Kate, pare de pensar nisso... , disse a mim mesma. 
(...)