- Não. – Suspirei. Desviei seu olhar do meu, que até então estavam fixos um no outro. – Eu não vou fazer isso. Eu nãoposso fazer isso. Seria como esquecer uma parte de mim... – Percebi pela expressão dela, que as respostas haviam fugido de sua mente. Eu estava tentando ser romântico o bastante (o que foi e é um pouco difícil) pra finalmente amolecer o coração de Kate. Mas parecia que nada que eu falasse resolvesse as coisas.
- SAIA DAQUI! – Gritou e diversas lágrimas saíram de seus olhos e molhando seu rosto perfeito.
- Tudo bem, eu vou. – Me rendi, aquilo estava indo longe de mais. – Mas coloque uma coisa em sua cabeça, Kate: Isso não acaba aqui. Não agora. – Terminei de dizer e a soltei. Ela apenas me olhou e me deu um tapa no rosto. Um tapa um tanto quanto forte para uma garota.
- SAIA DAQUI. – Ela repetiu, enquanto eu passava minha mão por cima do local onde ela tinha dado o tapa.

Uma lagrima caiu novamente de meus olhos – mas não pelo fato de estar sentindo alguma dor, pelo que Kate acabara de fazer. Mas sim, por ter sido tão idiota a ponto de machucá-la emocionalmente. Eu não suportava ver Kate sofrer. Ainda mais, por uma segunda vez que eu era o culpado. –, e não fiz questão nenhuma de enxugá-la. Aquilo era uma forma de me expressar, e de “tentar” aliviar a culpa.
- Vá embora. – Kate disse, em um tom baixo e desviando seu olhar do meu. – Você não merece nenhuma lágrima minha.
- Eu sei disso, e sei que eu nunca vou ser a pessoa certa pra você. Mas Kate... por favor... me perdoe.
- Você se perdoaria? – Ela rebateu.

- Não. – Só disse a verdade.
- Então por que eu faria isso? – Pela primeira vez naquele dia, Kate me olhou “verdadeiramente” nos olhos. Foi... profundo. Eu podia sentir seu olhar fulminando a minha alma – ao contrário de algumas horas atrás, quando ela queria "fulminar" mais comigo.
- Por que você é melhor do que eu. – Eu disse, a olhando piedoso.
- Não sei se posso ser tão melhor assim... Por que você gosta de mim? Se é que você gosta de mim... – Ela estava exagerando. Ela sabia que eu a amava, bem mais do que a mim mesmo.
- O que te faz pensar que eu não gostaria? – Perguntei.
- Quem gosta cuida... Você só sabe me machucar... Fazer eu me sentir mal... 
- Eu sou um idiota. 
- Eu sei disso. – Kate não hesitou em dizer.

- Você quer saber por que eu gosto de você? – ela bufou – Por que você é minha única chance de melhorar. Por que eu quero ser alguém melhor quando estou com você. Por que eu sinto que sou alguém melhor quando estou com você... – nós estávamos sem jeito, os movimentos tentando fazer lembrar as palavras à dizer. 
- Você ao menos me conhece? Sabe minha musica favorita? Sabe meu filme favorito? Minha comida favorita? Você sabe alguma coisa de mim? Não, você não sabe. Eu não sou nem a sua namorada! – ela disse a última frase com um tom de deboche. Porque nós dois sabíamos daquilo, o que ela dissera... Era verdade.
- Não... – Confirmei em voz alta.