ERICK NARRANDO

Aquela louca da Kate estava bêbada. Levei-a pra um canto.
- Eaí gato! Me beija! – ela gritou pra mim. E me agarrou, me beijando. Depois que nos soltamos ela riu.
- Não! – eu disse.
- Não o que amor – ela misturava inglês com português – você é tão sexy – Kate estava MUITO bêbada.
Ela se inclinou e me agarrou. Consegui me soltar, e ela não me beijou.
- KATE, NÃO! – Gritei, segurando os braços dela com a minha mão. Sem querer, percebi que a tinha sacudido.
Vi uma lágrima no olho dela. Estava voltando ao normal, aos poucos.
Ela não disse nada.
- Você está louca? Você não pode fazer isso! Kate, seus hormônios podem estar à flor da pele, mas não interessa porque isso não é motivo pra agir como se você fosse uma P-R-O-S-T-I-T-U-T-A! – soletrei "prostituta" em inglês - Você estava escutando o que dizia? Você não pode fazer isso, sabia? Você podia até estar bêbada, porque hoje é sexta e sei que você está tentando se divertir... mas tudo tem limite, sabia?! Vamos embora – ela hesitou - Agora – completei, firme. 
Ela respirou.
- Desculpa... – ela abaixou a cabeça, fitando o chão.
- Tá... agora vem cá – eu a abracei.

- A gente tem que ir mesmo? – ela disse, um pouco triste. Já estava ciente agora, um tempo depois. Estávamos quase alcançando a saída. 
- Vou te dar mais uma chance, tá bom? – eu parei e disse pra ela, sorrindo.
- Vou beber, tá bom? – ela disse, esperançosa. 
- Mas só um pouquinho, tá bom? – nós rimos.
Nós demos meia volta e voltamos pra onde estávamos.

JUSTIN NARRANDO

Um tempo depois me aproximei, mas eles não me viram. Ouvi ele soletrando a palavra prostituta, porém o resto da conversa foi em português. Esperei, já me irritando.
O que...? Ele xingou a minha garota de..? E agora ela está lá, com ele... rindo? 
Não consegui me segurar. Andei até eles, e empurrei o garoto com força mas ele não caiu. Meus olhos ardiam em raiva. Deixei Kate atrás de mim, que com certeza estava com um olhar assustado.
- Ei, qual seu problema, cara? – o garoto disse.
- Deixa... Ela... Em paz. – eu disse, pausadamente.

Meus dentes estavam roçando uns nos outros, praticamente colados, com muita força, porque eu estava nervoso.
- Por quê? Ah, claro... Se eu puder saber... – ele disse desentendido e irônico.
- Justin, para. O que você está fazendo? – Kate sussurrou no meu ouvido. Me arrepiei.
- P-R-O-S-T-I-T-U-T-A – soletrei igual ele -, é a sua mãe! Seu idiota! – eu gritei e o empurrei de novo. Ele me empurrou de volta e me deu um soco de leve. Cambaleei pra trás.
- Você só pode estar louco – disse ele, pacífico.
Esse cara está tirando uma onda com a minha cara.
- Estou louco pra te arrebentar...! – eu disse, mas alguém me segurou pela cintura e me puxou pra trás. Imediatamente senti que era Kate e voltei.
- Não quero brigar – ele disse, com um olhar calmo.
- Mas eu quero...! – gritei de novo, e Kate me segurou. Me virei pra ela.
- Mas qual é o seu problema?! – falei impaciente e irônico. – Ele te xinga e você deixa por isso mesmo? Você está namorando com ele e ama ele tanto que aceita qualquer coisa que ele faz?! VOCÊ ESTÁ LOUCA?! – gritei pra ela.
- O louco aqui é você! – ela olhou nos meus olhos – Porque eu não sou NADA sua! E a MINHA VIDA não te INTERESSA! – Kate gritava – E se eu estiver namorando ele? QUAL É O PROBLEMA, SENHOR DONO DO MUNDO? ACHA QUE EU SOU SUAS FÃS, LOUCAS?! – comecei a me sentir péssimo - ACHA QUE EU VOU CAIR NA SUA LAIA?! – ela disse em português. Não entendi, mas ouvi risadinhas atrás de mim.
- EU SÓ QUERIA AJUDAR TÁ BOM! E SIM, EU ME IMPORTO SE VOCÊ... – não terminei de falar e ela passou por mim e agarrou aquele garoto ali mesmo.
Meus olhos queimaram de raiva. E eu saí dali. Fui pro bar, de novo. 
Uma garota apareceu. Aproximei-me dela e a agarrei também. Ela retribuiu. 
E eu fiquei com várias garotas, pra esquecer o que Kate me contara. Que estava namorando... Namorando outro garoto. E isso bem debaixo do meu nariz. E eu não podia fazer nada. Absolutamente nada. Mas eu iria tentar. Iria tentar de novo.