Estávamos sentados embaixo de uma árvore no topo de uma colina, assistindo o pôr-do-sol e abraçados. 
Estava feliz. Me virei, fechei os olhos e nos beijamos. 
– Eu te amo. – sussurrou ele.
– Eu também. Muito – respondi.

Acordei, sonolenta e irritada. Estava tão bom...
Mas era só um sonho. Apenas um sonho. E sim, estou completamente ciente disso.
...
O dia passou, até que rápido. Saí do estágio, me despedi de todo mundo – menos do Ryan, que estava meio distante hoje - e fui pro hotel (sim, eu estava morando num hotel). Marcus tinha me chamado pra ir numa festa. E você pode até pensar que ele estava me chamando pra sair, mas na verdade ele é meu amigo colega de estágio e queria que eu o levasse de volta pro hotel, já que ele ia estar bêbado no final. Não que eu esteja reclamando. De algum modo eu ia me divertir. Veja pelo lado bom, eu não iria ficar trancada no hotel, e só sair pra ir ao estágio, como se eu fosse uma adolescente sem os pais que estava depressiva.
A maioria dos alunos do Estágio (ou pelo menos os que cursavam o mesmo que eu), também estava no hotel. Tinham 2 ou 3 também brasileiros, que ganharam bolsa..como eu. Mas não nos conhecíamos. E todos estavam no mesmo andar. Eu fui a única que ficou no andar de baixo. Não que eu esteja reclamando de novo. Eu não me importava.

Só falava com Marcus e com Ryan. Mas Marcus era mesmo, apenas um colega. Ryan Butler era meu amigo desde que eu chegara aqui. Fazíamos o estágio juntos. E só nos víamos lá. Mas éramos muito amigos. Ele era o único que eu tinha aqui. O únicomesmo. Ele era meio misterioso as vezes. É legal, dá um pouco de adrenalina. Mas não deixa de dar medo. Ele sempre saía do hotel sem que ninguém visse, e sem que ninguém soubesse aonde ele fora e se voltava. Era estranho. Mas eu sabia que podia contar com ele.
Me arrumei. Tentei me animar, dizendo repetidamente " vamos lá, vai ser legal ". Me olhei no espelho, e não gostei muito mas tentei me convencer de novo " vamos lá, você está...razoável".
Não ache que eu tenha auto-estima baixa por causa disso. Porque se você quer saber... Eu tenho mesmo!
Depois de me admirar por 7 minutos longos, tentando achar algo que prestasse no meu visual, a "campainha" do quarto toca.

– Ah, oi – eu disse, era Marcus.
Ele me olhou de cima à baixo, me deixando constrangida.
– Você está... – ele travou.
Ah, super legal. Super...legal mesmo.
– Ok. Eu entendi, está bem?...Agora...Vamos– falei empurrando-o pra fora do quarto, com tapinhas nas costas dele.
Quando eu ia fechar a porta, lembrei da bolsa.
Entrei correndo, peguei e fomos. Marcus me olhando como se quisesse me comer (ah, claro..pois é, fez um pouco de lógica agora... ). Fomos a pé. Eu não tinha carteira e ele..bom, ele iria voltar bêbado. E o lugar não era tão longe do hotel.
– Então..chegamos – eu disse, parando na porta e olhando pro nome acima com luzes. Aquilo parecia uma boate. Em todos os sentidos. Mas tentei convencer a mim mesma que era apenas um lugar para baladinhas (como se não significasse a mesma coisa, hum).
– Então...eu..ahn..– disse Marcus. Entendi. 
– Ah, vá em frente. Nos vemos daqui a pouco – respondi, como se esse " daqui a pouco " não fosse daqui a 1,2 ou até 5 horas. Graças a Deus, era sexta.
Entramos no recinto. Ele foi pra um lado. E eu fui tomar um suco. Ou qualquer coisa não muito forte, pra eu retornar pro hotel sóbria e aguentar levar o Marcus.
Eu realmente tive a sensação de a noite seria daquelas. E eu também pude sentir, que iria me divertir. ( e que iria me ferrar, como sempre) . 
Só não tinha ideia do quanto.