A aula de literatura correu normalmente. Bem, tão normal quanto poderia ser de pois da cena de Jake e Matt no refeitório, minutos mais cedo.

A sala novamente estava separada em duplas de carteiras; Jake ia se sentar em uma carteira que estava sem nenhum aluno do lado, mas quando viu que eu o seguia, para sentar junto com ele, ele mudou o caminho e se sentou no fim da sala, ao lado de uma menina que lia um livro concentrada. Ele chegou perto dela e disse, dando um sorriso lindo:

– Hey, posso me sentar aqui com você?

Ela sorriu tímida e sussurrou um "claro, fique a vontade" e voltou a atenção para o livro.

Corri para me sentar ao lado de Carol, no lado oposto da sala.

– Que isso, Ness, primeiro dia de aula e já está estressada?

Não a respondi e lancei um olhar fulminante a Jacob. Ele agora conversava avidamente com a garota.

"Ah, ok, já entendi tudo." – Carol continuou. – Vocês brigaram, é?

– Eu não sei o que deu nele! – Ela me olhou acusadora. – ok, talvez eu saiba.

– Conte.

– Sabe o Matthew?

– Claro que sei. O que tem ele?

– Ele me chamou para ir na casa dele hoje a tarde. Ele vai chamar uns amigos dele e me disse para convidar você. Eu disse que ia perguntar ao meu irmão se eu poderia ir e depois eu ia respondê-lo, mas ele me perguntou se eu já tinha a resposta na frente de Jake e eles quase brigaram, e então, Jake ficou com raiva e veio andando na minha frente. – Falei olhando para todo lado menos para Carol e Jacob, do outro lado da sala. E ela começou a rir. – Sabe, ainda não achei a graça nisso tudo...

– Ele está com ciúmes, Nessie. – Ela disse abaixando a voz. Olhei para Jacob que olhava estático para a frente da sala; claro que ele tinha escutado.

– C-claro que não, Carol. Ele acha que eu sou a irmãzinha mais nova dele. Por que é que ele teria ciúmes do Matt?

– Nessie, é só ver o jeito que ele te olha. Como se você fosse a coisa mais preciosa do mundo, pra ele, como se estivesse disposto a... Sei la!... Se jogar na frente de um trem para proteger você! – Olhei para ela descrente e ela retribuiu um olhar de quem diz "pode acreditar". Mas não podia ser verdade... Eu sabia que Jake me amava. Tinha certeza. Mas como irmã dele, como amiga, não é? O que Carol havia acabado de descrever era mais o jeito que Jared olhava para Kim, ou Sam olhava para Emily, e até mesmo como Quil olhava para Claire. Como ele me olharia se eu fosse o imprinting dele. E isso, é claro, eu não era. Tinha certeza.

– Srta. Cullen e Srta. Owens, poderiam virar para frente e prestar atenção na minha aula? Tenho certeza de que vocês terão tempo para conversar sobre outras coisas quando minha aula acabar. – O professor reclamou, me despertando. – Agora copiem o texto que estou passando no quadro, se não for incômodo para vocês

– Vai comigo na casa do Matt hoje? – perguntei no fim da aula enquanto olhava Jake deixar a sala, acompanhado daquela garota, e indo para o estacionamento.

– Claro. Vai ser legal. – Ela disse sorrindo. Segui seu olhar e dei de cara com Seth acenando um "tchau", acompanhado dos outros lobos, Kim e Claire.

– Gostou do Seth, Srta. Owen? – perguntei segurando uma risada.

– Nessie... A namorada dele que me desculpe, mas que cara mais gato!

– Ele não tem namorada. – Falei rindo.

– Então, amiga, me passa logo o telefone e o endereço que eu tô indo lá agora! – Ela falou rindo junto comigo.

– Amanhã eu te apresento ele sozinho, sem os outros. Agora deixa eu ir la, que eu acabei de ver o meu irmão. Tchau, Carol.

– Vai lá. Beeeijo.

Enquanto eu ia para casa no carro com meus pais, com muito esforço, consegui finalmente convencer Edward e Bella de me deixararem ir a casa de Matt naquela tarde. Quer dizer, vovô e tia Alice conseguiram convencer Edward. Meu pai ligou para vovô e perguntou o que ele achava daquilo, e ele disse que ia ser bom para mim ter contato com humanos e finalmente fazer amigos que não fossem sobrenaturais, para variar. E tia Alice não parou de gritar em pensamento para ele me deixar ir.

Agora, minha mãe foi um caso engraçado. Ela adorou a ideia de eu ter amigos humanos – depois de se preocupar um pouco com relação ao sangue -, mas ficou estranha quando contei a ela sobre a reação de Jake.

Cheguei em casa, almocei e subi para trocar de roupa. Em cima da minha cama tinha uma calça jeans clara, uma blusa preta com uma caveira bordada em branco na frente. Do lado uma jaqueta de couro rosa e uma sandália. Suspirei rindo. "Tia Alice...". Coloquei a roupa que ela escolhera, prendi meu cabelo em um rabo de cavalo alto e desci para a garagem, para esperar meu pai. Mas ao invés dele, encontrei Jake encostado em sua moto e rodando as chaves na mão, preso em pensamentos.

– Oi, Jake... – Falei tímida, ainda parada na porta da garagem.

– Hm? Ah, oi, Ness. Vem, vou te levar pra casa do seu amigo. – Ele disse com um sorriso fraco, e não consegui evitar de sorrir junto.

– Mas meu pai ia...

– Relaxa, já falei com ele. Vem.

Jake estacionou na estrada da garagem da casa de Matt, deixando o motor estrondando enquanto saia da garupa dele. Ele tinha ficado quieto durante o caminho até aqui. Assim que virei para partir, sussurrando um baixo "tchau" ele me puxou e me encontrei sufocada em um enorme abraço de urso.

– Jake, o que foi? - Sussurrei no seu peito.

Ele suspirou e se afastou apenas o suficiente para poder me olhar nos olhos. Senti uma onda repentina de preocupação enquanto via a tristeza profunda em seus olhos escuros.

– Nessie.. - ele murmurou suavemente. - por favor tenha cuidado.

– Claro, Jake, - eu disse confusa. - Sempre terei cuidado. De qualquer forma, sou indestrutível, lembra? - Acrescentei brincando, tentando fazer ele sorrir, mas não adiantou.

– Eu quis dizer tenha cuidado com quem você deixa entrar no seu coração - ele disse em voz baixa com toda seriedade.

Meu coração perdeu uma batida com o medo em seu tom.

– Jake...

Ele me puxou em outro abraço esmagador.

– Ah, Ness… Por que eu sinto como se estivesse prestes a te perder? Que você não será mais a minha Nessie?”

– Jake, isto é bobagem.. - murmurei - Você nunca me perderá. Sempre serei sua Nessie assim como você sempre será meu Jake.

Ele acenou com cabeça desanimado e subiu em sua moto. Enquanto assistia sua forma diminuir na distância, não pude deixar de pensar no que ele tinha falado. O que ele quis dizer com me perder? Por que ele alguma vez me perderia? Eu sempre seria a Nessie dele no fim das contas. Certo? Mas enquanto andava em direção à porta da frente, ouvindo as risadas, provavelmente, de Matt e seus amigos, não pude evitar de me sentir um pouco preocupada. Eu estava dizendo a verdade quando falei a ele que sempre seria sua Nessie, ou só estava tentando convencer e enganar mim mesma assim como também a ele?