- Flash In –

Liv encontrou-se com Kathy no parque. Somente as duas. Andavam lado a lado, sem falarem nada. O silêncio reinava, até que Kathy resolveu quebrá-lo:

- Quando você voltou?

- Há mais ou menos um mês.

- E o que aconteceu com a bonitona?

- Quem, a Bitche Beck? – Liv deu um sorrisinho, e Kathy uma risada.

- Que bom que você também não gostava dela.

- É. Ela voltou para o seu antigo trabalho.

- Bom, por quê?

- Sei lá, talvez ela não tenha dado certo na SVU.

- Eu me sinto melhor por ter você lá do que aquela outra.

- Kathy, o que está acontecendo? – Liv perguntou, andando ao seu lado e olhando em seus olhos. Kathy parou de andar e Liv fez o mesmo.

- Eu só queria saber o que está acontecendo.

- Entre mim e Elliot?

- Ele é o que nós temos em comum. – Liv balançou a cabeça, hesitante. Mas por fim resolveu responder, e continuou andando. Kathy fez o mesmo.

- Bom... Está sendo realmente difícil a minha volta. Eu e ele estamos... Desconectados.

- Hum...

- Ás vezes eu não o entendo mais. Não é como antes. Eu... Eu simplesmente não sei.

- É. Bom saber que não sou só eu que percebi isso.

- Kathy. Por que você realmente se importa? Vocês estão se divorciando.

Elas pararam em frente ao lago que havia ali. Kathy olhou para Liv ao responder:

- Um pedaço de papel não faz com que você para de sentir carinho.

- Eu sei disso. – concordou Liv, por diversas razões, fitando o lago.

- Não que ele irá assiná-los.

- Você... Você conseguirá o divórcio mesmo que ele não os assine. – Liv disse, mas ainda com a convicção que ele assinasse os papéis.

- Isso é caro e leva muito tempo.

- Olha, Kathy... – mas ela foi interrompida por uma Kathy impaciente.

- Você acha que isso é fácil, Olívia? Conversar justo com você sobre o estado do meu casamento?

- Isso não é da minha conta.

- Please, Come on Liv! Você tem idéia de quanto eu me preocupo por ele querer passer mais tempo com você do que comigo e com as crianças?

- Chega disso, você sabe que não é verdade! – ela balançou a cabeça negativamente, e então continuou:

- Elliot fala de você o tempo todo.

- Se não for totalmente verdade, pelo menos metade é! A verdade é que você sabe sobre coisas do Elliot que talvez eu nunca saiba, nunca entenda. É com isso que eu estou contando.

Liv havia entendido aonde ela queria chegar.

- Você quer que eu o convença a assinar os papéis do divórcio.

Kathy passou a mão no rosto, nervosa.

- Você é a parceira dele, Liv. Por oito anos. Você deu a ele estabilidade, em todos os sentidos. – Liv respirou fundo, tentando digerir aquelas palavras. Kathy continuou:

- Elliot não conseguirá ir em frente enquanto não sentir que está pisando em solo firme.

Liv balançou a cabeça. Era muito difícil concordar com a Kathy, em parte por que era verdade, e em outra, porque havia algumas coisas que ela realmente queria fazer, como falar para ele assinar os papéis, mas que não seria ético, digamos assim, da parte dela.

Por fim, concordou com Kathy.

- Ok você venceu.

- Quer tomar um café... Alguma coisa assim? – Liv a olhou desconfiada.

- Hum... Você está bem?

- Ah, só para não parecer que somos inimigas mortais. – Kathy disse, dando uma risadinha.

- Ah Kathy... Não sei...

- Nós dividimos a conta.

- Assim como dividimos outras coisas também? – Liv disse com um sorriso no canto dos lábios... Que soava mais como ironia.

- Seu humor anda melhorando nos últimos dias, Olívia. – Kathy apenas “aceitou” o comentário.

- Bom, já que você quer assim, me chame de Liv. Olívia soa muito agressivo.

- Ok, Liv. Chame-me de Kat. – elas saíram do parque e foram até uma loja de café ali perto.

- Flash Out –

- Caraca! Que conversa hein... – Fin manifestou-se primeiro.

- Ell nunca soube dessa conversa John?

- Não Casey. Nenhuma das duas, nem eu, contamos á ele.

- Gente. Depois disso eu tenho que admitir. Eles se amam realmente!

- Agora que você viu Cap? – riu-se John.

- Não dá vontade de você pegar os dois e colocá-los frente á frente, dizendo: Desenrolem-se de vez? – Casey riu do próprio comentário. John o completou?

- Até a mulher dele já sabe disso!
Todos riram, e até escutou-se um comentário vindo de algum lugar dizendo:

- Isso todo mundo já sabe! – aí que caíram na gargalhada mesmo.

- Mas vocês estão achando que a história acaba aí?

- Como assim Casey? – perguntou John, intrigado. – Eu não sabia que havia mais!

- Pois é! Essa última parte... A Liv me contou. Sou a melhor amiga dela.

- Ah, pode ir contando tudo aí! – disse Fin, mais curioso que nunca.

Todos se manifestaram, querendo saber o fim desse caso.

- Ok, mas vou logo avisando que essa parte é super fofa!

- Nós agüentamos! Conta aí \o/ - dessa vez, o comentário veio do Cap! Até ele estava se empolgando com a história.

- Ta, vou começar! Foi o seguinte... No fim do dia, Liv estava muito transtornada com o final de todo o caso, pois descobriu que a mulher havia mentido sobre o estupro o tempo todo. Então... Advinha quem ela resolveu ir ver? Elliot, exato. Foi mais ou menos assim...

- Flash In –

Liv sabia que já era tarde da madrugada, mas ela precisa conversar, e sabia que somente ele a entenderia. Pegou o celular, o visor marcava 4:47 da manhã. Mandou uma mensagem, sentou-se no degrau do térreo e esperou por ele.

Logo Elliot desceu as escadas e sentou-se ao seu lado. Estava frio, então os dois estavam agasalhados. Isso somente ajudava Liv a ficar em uma posição mais encolhida.

Ela segurava um copo, pegou o outro do chão e o entregou a ele.

- Achei que á essa hora, alguma coisa para tomar seria ótimo.

- Obrigado.

Ele olhou melhor dentro do copo dela, estranhando o pequeno objeto que ali estava.

- É uma flor no seu copo? – ela deu uma risadinha do comentário dele, e respondeu quase num fio de voz:

- É chá. – ele pensou um pouco antes de responder. Ela pensou que só poderia ser da mudança repentina dela. Sempre era café, sem exceções, e agora tomava chá.

- Você está levando isso muito á sério.

“Eles dizem
Que não confiam
Em você, em mim
Em nós.
Então nós vamos cair,
Se nós precisarmos
Porque isso é você, sou eu
E isso é tudo sobre, é tudo sobre...”

Ela preferiu mudar de assunto.

- Eu não consegui dormir.

- Eu também não. – ele admitiu, antes de tomar mais um gole da bebida.

- Valerie não foi estuprada. – ela disse, tentando não o olhar para ele, pois sabia que os olhos dele diriam “eu já sabia”. – Ela dormiu com o investigador da firma de advocacia.

Os dois ficaram quietos por alguns segundos, ela resolveu comentar:

- Ela realmente tirou o marido dela do sério.

- Ela morreu vinte minutos atrás.

Liv ficou um tempo tentando digerir todas aquelas palavras.

- Ela sabia que iria morrer e ainda sim mentiu na minha cara! – ela disse indignada.

- Quando o amor se transforma em ódio, não há nada que se possa fazer.

Liv olhou para ele em seus olhos, aprofundando-se, como se quisesse dizer alguma coisa, mas não disse nada, então ele continuou:

- Por isso que eu assinei os papéis do divórcio. Eu quero que ela nunca se arrependa de ter ficado comigo.

- Ela nunca se arrependeria. – completando com o pensamento “eu nunca me arrependi, em oito anos.”. – Este é um passo na direção certa, Ell.

Eles ficaram mais um tempo quietos, olhando em todas as direções, bebendo mais um gole do que estava no copo. Ela resolveu parar logo com as formalidades, e ir logo ao ponto.

“Isso é tudo sobre nós, isso é tudo sobre nós
Tudo sobre nós, tudo sobre nós,
Tudo sobre nós
E nisso eles não podem tocar
Porque você sabe ah-ah”

- Então nós estamos bem? – ela percebeu que ele hesitou na hora de responder.

- Eu... Eu só preciso ter um espaço para discordar de você... Sem que isso me custe a nossa parceria. – ela o olhou sem acreditar.

- Você nunca foi de hesitar antes! Em momento algum. – ele se enrolou um pouco na hora de responder.

- Sim, bem, você sabe. As coisas mudam.

Ela deu um suspiro longo. Era realmente difícil ter aquela conversa com ele. Na verdade, ela não queria que nada mudasse.

- É, como você disse. Você é a mais longa relação que eu tive com um homem em toda a minha vida. – ela deu um sorrisinho e completou:

- O que mais vai jogar na minha cara?

Ele deu uma risada breve, mas espontânea. Aquela situação... Era no mínimo, engraçada. Como se ele dissesse, que as coisas não mudaram.

“Se eles magoarem você
Vão magoar a mim também
Então nós vamos nos reerguer
Não vamos parar
E isso é sobre nós, isso é sobre...”

- Nada. Não preciso dizer mais nada.

- Será que tem alguma ironia no tom da sua voz?

- Não sei... Só porque eu gosto de saber que sou o único homem da sua vida?

- Não foi bem isso que eu disse. – ela realmente o conseguiu deixar embaraçado.

- Eu... eu... – vendo-o naquele estado, ela deu um sorrisinho e disse para alívio dele:

- Você está com fome?

- Eu poderia fazer um lanchinho. Quem está pagando?

Ela olhou nos olhos dele com um rostinho sapeca.

- Bom, você está passando por um divórcio, e tem quatro crianças. Então, acho que você vai.

Ele a olhou com uns olhos cumplices, captando os cor de chocolate dela. Provavelmente ele já esperava por um comentário como aquele.

- Foi o que eu pensei. Nós dois novamente.

- Foi por oito anos. E será por outros oito anos mais.

“Isso é tudo sobre nós (é tudo sobre nós)
Isso é tudo sobre nós (é tudo sobre nós)
Em você eu posso confiar (é tudo sobre nós)
Isso é tudo sobre nós.”

- Flash Out –