Energy escrita por Bea
Notas iniciais do capítulo
Dedicado à @Karlla_Loane.
Se ele se concentrasse o suficiente na escuridão dos seus olhos fechados, poderia se imaginar em outro lugar. Mas as pessoas faziam barulho, elas têm que fazer barulho. É simplesmente inacreditável, elas fariam barulho mesmo que seu único dever fosse apenas respirar. E é algo pateticamente simples.
Alguém – House não se preocupou em saber quem era – abriu a porta da sala e interrompeu seus pensamentos.
- Dr. House?
Ele permanece em silêncio, aproveitando os últimos minutos que lhe restavam.
- Dr. House? – Repetiu a pessoa.
- Será que tenho a mínima possibilidade de você ignorar a minha presença e continuar me procurando pelos outros cômodos e depois recomeçar a busca? Eu demorei para achar esse lugar.
- Desculpe, só pediram para eu te procurar. Têm convidados aguardando o doutor.
- Certo, o “doutor” está indo. Mas que fique claro que isso é trabalho do Chase. A festa é dele, incluindo seus convidados.
- Sim, senhor.
House se levantou e ficou apoiado em uma parede enquanto aguardava a mulher – uma enfermeira que vira uma ou duas vezes pelo Princeton – sair para só então ele sair da sala.
A luz do corredor piscou uma vez enquanto House fechava a porta. Seus dedos formigaram sobre a maçaneta e então ele levanta a mão em direção à luz, que piscou mais uma vez.
Um segundo depois a luz se apaga de vez, junto com a música que acaba. Os cochichos aumentaram e House deu meia volta e encostou os dedos na porta da sala onde estava antes. Ficou nessa posição enquanto olhava para seus dedos, que brilhavam azul claro no meio da escuridão.
- Que infer...?
- House?
Uma onda vermelha veio em sua direção em uma velocidade tão grande que ele foi obrigado a fechar os olhos.
- Sou eu. – Ela voltou a falar.
- Cuddy?
- Loane me disse que estava aqui pouco antes da luz apagar. Vim ver se está tudo bem. Está uma loucura lá na festa.
- Eu não sabia que vinha.
- Eu não vinha. – Ela sorriu e pequenas chamas saíram de sua boca como mostrasse o quão ela estava feliz por ter vindo – Estranho isso, não? E você é daqueles que é azul, vi alguns na festa.
- Então eu não estou imaginando essas luzes saindo da sua boca?
House apontou para Cuddy e pequenas estrelas saíram dos seus dedos e flutuaram até a boca dela, tocando suavemente.
- Nossa. – Sussurrou ele. – Isso é muito... gay. Estrelas.
- Chase são esferas amarela que saem da cabeça dele.
- Esse é o sonho mais criativo que eu tive em meses...
- House, isso é real. É uma espécie de Energia, não sei...
- Não. Se isso não é um sonho, é uma daquelas minhas ilusões. Provavelmente você está incluída nela. Então, tchau.
House acenou com a mão e mais estrelas dispararam pelo corredor e alcançaram os cabelos de Cuddy. Ela ri sentindo cócegas quando as estrelas a tocavam, só então ele nota que as pessoas da festa também estavam rindo, felizes.
Ignorando a vontade de se deixar levar pela Energia – ou seja lá o que fosse aquilo – House voltou para a sala. Cuddy o seguiu.
- House...
- Não.
- Sou real.
- Então prove! – Vociferou ele, sentindo depois seus dedos formigarem novamente – Não, não tente. Enquanto você soltar fogo pela boca, você não existe para mim! SAIA!
- Como você consegue falar assim? Todos parecem crianças felizes com seus poderes!
- Poderes? Eu solto estrelas pelos dedos! Não, eu não faço isso. Pare com isso e SAIA DAQUI!
A cada palavra que ele dizia, estrelas saiam de seus dedos e iam cutucar Cuddy de um modo carinhoso. House notou isso e bufou irritado.
- Saiam daí vocês!
As estrelas agitaram e então desapareceram. As chamas de Cuddy, que brincavam com as estrelas de House, ficaram paradas por alguns segundos e então desapareceram também deixando o cômodo no escuro.
House soltou o ar vagarosamente e sentou numa poltrona próxima e estralou os dedos. Uma estrela um pouco maior surgiu iluminando um perímetro restrito com sua luz azul. Ele a encarou por alguns segundos e começou a balançar sua bengala enquanto a encarava.
Cuddy suspirou e suas chamas não passavam de uma fumaça rosada. Ela foi até ele e se ajoelhou a seu lado.
- House...
- Lala, la-lala-la! – Cantarolou ele ignorando ela.
- Gregory House, me escute. – Foi a vez dela de ignorar. – Se eu não for real?
- Estou certo e isso não será surpresa.
- E se eu for real?
- Você não é.
- Mas você está fazendo nada para desmentir isso.
- Me prove que não estou te ignorando.
- Me prove você que está me ignorando.
Os dois ficaram em silêncio por meio minuto se encarando, com apenas as estrelas os separando.
- A estrela é prova, Dr. House.
Cuddy sussurrou e suas chamas vermelhas como sangue envolveram a estrela de House, impedindo-a de brilhar. Ele fechou olhos ao sentir uma dor nas pontas dos dedos. Depois de uns segundos os dedos começaram a esquentar de uma forma que o fez reabrir os olhos imediatamente. As chamas saíram da estrela e envolveram suas mãos.
- Isso não faz sentido – Ela falou, agora pondo sua mão sobre a dele – Então, bem-vindo...
- Ao meu mundo. – Ele completou.
Se fosse real ou não, talvez não importasse. Energia não era algo normal, e o anormal era o mundo de House. Por um momento, tudo estava no seu devido lugar.
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