Energy escrita por Bea


Capítulo 2
Dr. House


Notas iniciais do capítulo

Dedicado à @Karlla_Loane.



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Se ele se concentrasse o suficiente na escuridão dos seus olhos fechados, poderia se imaginar em outro lugar. Mas as pessoas faziam barulho, elas têm que fazer barulho. É simplesmente inacreditável, elas fariam barulho mesmo que seu único dever fosse apenas respirar. E é algo pateticamente simples.

Alguém – House não se preocupou em saber quem era – abriu a porta da sala e interrompeu seus pensamentos.

- Dr. House?

Ele permanece em silêncio, aproveitando os últimos minutos que lhe restavam.

- Dr. House? – Repetiu a pessoa.

- Será que tenho a mínima possibilidade de você ignorar a minha presença e continuar me procurando pelos outros cômodos e depois recomeçar a busca? Eu demorei para achar esse lugar.

- Desculpe, só pediram para eu te procurar. Têm convidados aguardando o doutor.

- Certo, o “doutor” está indo. Mas que fique claro que isso é trabalho do Chase. A festa é dele, incluindo seus convidados.

- Sim, senhor.

House se levantou e ficou apoiado em uma parede enquanto aguardava a mulher – uma enfermeira que vira uma ou duas vezes pelo Princeton – sair para só então ele sair da sala.

A luz do corredor piscou uma vez enquanto House fechava a porta. Seus dedos formigaram sobre a maçaneta e então ele levanta a mão em direção à luz, que piscou mais uma vez.

Um segundo depois a luz se apaga de vez, junto com a música que acaba. Os cochichos aumentaram e House deu meia volta e encostou os dedos na porta da sala onde estava antes. Ficou nessa posição enquanto olhava para seus dedos, que brilhavam azul claro no meio da escuridão.

- Que infer...?

- House?

Uma onda vermelha veio em sua direção em uma velocidade tão grande que ele foi obrigado a fechar os olhos.

- Sou eu. – Ela voltou a falar.

- Cuddy?

- Loane me disse que estava aqui pouco antes da luz apagar. Vim ver se está tudo bem. Está uma loucura lá na festa.

- Eu não sabia que vinha.

- Eu não vinha. – Ela sorriu e pequenas chamas saíram de sua boca como mostrasse o quão ela estava feliz por ter vindo – Estranho isso, não? E você é daqueles que é azul, vi alguns na festa.

- Então eu não estou imaginando essas luzes saindo da sua boca?

House apontou para Cuddy e pequenas estrelas saíram dos seus dedos e flutuaram até a boca dela, tocando suavemente.

- Nossa. – Sussurrou ele. – Isso é muito... gay. Estrelas.

- Chase são esferas amarela que saem da cabeça dele.

- Esse é o sonho mais criativo que eu tive em meses...

- House, isso é real. É uma espécie de Energia, não sei...

- Não. Se isso não é um sonho, é uma daquelas minhas ilusões. Provavelmente você está incluída nela. Então, tchau.

House acenou com a mão e mais estrelas dispararam pelo corredor e alcançaram os cabelos de Cuddy. Ela ri sentindo cócegas quando as estrelas a tocavam, só então ele nota que as pessoas da festa também estavam rindo, felizes.

Ignorando a vontade de se deixar levar pela Energia – ou seja lá o que fosse aquilo – House voltou para a sala. Cuddy o seguiu.

- House...

- Não.

- Sou real.

- Então prove! – Vociferou ele, sentindo depois seus dedos formigarem novamente – Não, não tente. Enquanto você soltar fogo pela boca, você não existe para mim! SAIA!

- Como você consegue falar assim? Todos parecem crianças felizes com seus poderes!

- Poderes? Eu solto estrelas pelos dedos! Não, eu não faço isso. Pare com isso e SAIA DAQUI!

A cada palavra que ele dizia, estrelas saiam de seus dedos e iam cutucar Cuddy de um modo carinhoso. House notou isso e bufou irritado.

- Saiam daí vocês!

As estrelas agitaram e então desapareceram. As chamas de Cuddy, que brincavam com as estrelas de House, ficaram paradas por alguns segundos e então desapareceram também deixando o cômodo no escuro.

House soltou o ar vagarosamente e sentou numa poltrona próxima e estralou os dedos. Uma estrela um pouco maior surgiu iluminando um perímetro restrito com sua luz azul. Ele a encarou por alguns segundos e começou a balançar sua bengala enquanto a encarava.

Cuddy suspirou e suas chamas não passavam de uma fumaça rosada. Ela foi até ele e se ajoelhou a seu lado.

- House...

- Lala, la-lala-la! – Cantarolou ele ignorando ela.

- Gregory House, me escute. – Foi a vez dela de ignorar. – Se eu não for real?

- Estou certo e isso não será surpresa.

- E se eu for real?

- Você não é.

- Mas você está fazendo nada para desmentir isso.

- Me prove que não estou te ignorando.

- Me prove você que está me ignorando.

Os dois ficaram em silêncio por meio minuto se encarando, com apenas as estrelas os separando.

- A estrela é prova, Dr. House.

Cuddy sussurrou e suas chamas vermelhas como sangue envolveram a estrela de House, impedindo-a de brilhar. Ele fechou olhos ao sentir uma dor nas pontas dos dedos. Depois de uns segundos os dedos começaram a esquentar de uma forma que o fez reabrir os olhos imediatamente. As chamas saíram da estrela e envolveram suas mãos.

- Isso não faz sentido – Ela falou, agora pondo sua mão sobre a dele – Então, bem-vindo...

- Ao meu mundo. – Ele completou.

Se fosse real ou não, talvez não importasse. Energia não era algo normal, e o anormal era o mundo de House. Por um momento, tudo estava no seu devido lugar.


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