The Sound Of 2 Hearts escrita por Mariia_T


Capítulo 37
34 ~ Parte 2


Notas iniciais do capítulo

Olá olá. Ralei para fazer esse capítulo sem demorar aquela eternidade básica. Bom, ainda não é o final... Sabe como é... Correria, mais correria, provas, mãe pedindo para sair e um pouquinho mais de correria. Mas eu estou aqui, postando a segunda parte. Espero que gostem õ/



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     - Toc, toc?

     Virei-me e vi o Justin na porta do meu quarto. Abri um sorriso e fui até ele.

     - Oi. – Ele sorriu. – Como foi seu natal? Depois de mim, quero dizer, porque essa parte eu sei que foi ótima. – Riu.

     - Meu natal foi... Ótimo. – Sorri, tentando parecer convincente.

     - Fico feliz. Chris me disse que te viu no shopping ontem...

     - Ele disse? – Eu gelei.

     - Disse sim...

     - Ah, sim, claro. – Ri pelo nariz. – Eu comprei seu presente de natal.

     - Sério? Não precisava, amor.

     - Claro que precisava! – Ele podia ter dito isso antes de eu sair com o Tyler ontem. Xinguei mentalmente. Fui até a escrivaninha e peguei o CD. Ele abriu o embrulho e sua boca formou um “o” perfeito. – Gostou?

     - Eu... Nossa! Isso é demais! Tupac... Uau! Como descobriu que eu era um fã?

     - Chute. – Respondi rapidamente.

     - Muito obrigado, baixinha. – Ele deu um beijo na minha testa.

     Um nó na minha garganta se formou. Droga.

     - Você está bem? – Perguntou, agora me fitando. – Está pálida.

     - Justin, eu tenho que te contar uma coisa...

     - Norah chegou. – Minha mãe entrou no quarto, dando pulinhos de alegria.

     - Eu... Vamos. – Puxei Justin para fora do quarto.

     Descemos as escadas e pude ouvir a voz dela vindo da sala. Sorri automaticamente.

     - Miranda! – Ela gritou ao me ver.

     - Senti sua falta! – Abracei-a.

     - E eu senti a sua! Ah, o seu presente está lá fora. – Ela piscou e riu. – Esse é o Albert. – Olhei para o moço alto e forte ao seu lado. Por que os ingleses eram tão lindos? Sorri.

     - Prazer. – Falei, apertando sua mão.

     - O prazer é meu. Norah fala tanto de você. – Sorriu.

     - Espero que só coisas boas. – Sorri mais ainda. – Esse é o Justin, meu namorado. – Falei e eles se cumprimentaram rapidamente, coisas de homem.

     - Claro que sim. Agora, vamos ver o seu presente. – Norah falou e deu alguns pulinhos de alegria.

     - Você vai adorar, filhota. – Meu pai disse, sorrindo.

     Sorri e fui até a porta. Antes que eu pudesse abrir, Norah se colocou entre a porta e eu.

     - Sei que você não gosta disso tudo e tal, mas eu juro que achei a sua cara. – Ela sorriu e abriu a porta para mim.

     Não vi nada além de um carro. Mas era O carro. Um conversível preto, sem toda aquela frescura de carros que custam o preço da sua alma. Era lindo e feito para correr. Não sei o que Norah tinha na cabeça para me dar um carro daquele, sendo que a gente morava em cidade grande. Não dava para aproveitar toda a potência daquela máquina ali. Talvez ela achasse que eu fosse responsável o suficiente para não fazer besteira... Talvez.

     - Gostou? – Ela perguntou.

     - Eu... Uau! Eu amei! – Falei e pude ouvir Justin assobiar.

     - Eu que escolhi. – Disse Albert, sorrindo.

     - É lindo... Muito! Posso? – Perguntei sugestivamente e ela levantou a chave para mim, mas meu pai pegou a chave da mão dela.

     - Depois você dirige. – Falou, guardando a chave no bolso.

     Bufei, revirando os olhos. Ia protestar, mas quando o carro vermelho esportivo chegou e estacionou, eu fiquei estática, trincando os dentes. Xinguei por dentro.

     - Olá, família! – Droga, droga, droga, droga. Tyler desceu do carro, os braços abertos, prontos para abraçar o primeiro ser vivo que aparecesse na frente. Seu olhar oscilava de mim, Norah e depois em Justin.

     Ele cumprimentou todos, deixando apenas eu e Justin para o final.

     - Justin. – Assentiu com a cabeça, cordialmente e Justin forçou um sorriso. Senti-me mal; ele estava tentando ser legal. – Miranda. – Tentou me abraçar, mas, involuntariamente, eu recuei. Ele fez uma careta, chateado.

     Felizmente, ninguém pareceu notar aquilo. E eu nem havia percebido que meus tios estavam lá também. Esperei sinceramente que Tyler não desse um showzinho desnecessário.

     - O almoço está pronto. – Anunciou meu pai e eu apenas segui o fluxo migrando da nossa varanda para a sala de jantar.

     - Você está bem? – Justin perguntou baixinho, parecendo realmente preocupado.

     - Jus, aquilo que eu queria te contar... – Comecei, cochichando.

     - Filhota, sente-se aqui ao meu lado. – Meu pai pediu. Puxei Justin para que ele se sentasse perto de mim. – Agora, Tyler, sente-se ali. – Pediu e ele obedeceu, sentando à frente do Justin. Xinguei internamente de novo.

~x~

     - Esse almoço estava ótimo. – Minha tia elogiou.

     - Os créditos são da Miranda. Ela organizou tudo. – Interveio minha mãe. Abri um sorriso meio forçado.

     - Minha irmãzinha... – Norah se interrompeu, fazendo uma careta. Seu rosto impecavelmente maquiado ficou pálido e ela saiu da mesa, disparando escada acima.

     Todos ficaram em silêncio, sem reação àquela situação entranha. Era estranha porque Norah era a pessoa mais imune a qualquer mal estar e doença que eu conhecia.

     Levantei e fui atrás dela. Pude ouvir minha mãe comentando justamente isso, Norah ia ficar bem, ela sempre ficava. Ela estava no banheiro, curvada sobre a privada. Aproximei-me e segurei seu cabelo.

     - O que houve? – Perguntei, quando ela sentou no chão, fraca.

     - Droga! Droga! Droga! – Ela repetiu baixinho mais umas cinco vezes.

     - O que foi? – Me desesperei. De repente eu entendi. – Ai meu Deus!

     - Eu sei! – Ela tombou a cabeça nas mãos. Ouvi alguns soluços, achei melhor só ficar ali, calada.

     - Você já tem certeza?

     - Não, ainda não. – Ela me fitou, seus olhos pareciam injetados de sangue, de tão vermelhos que estavam.

      - Ok, vamos dar um jeito nisso. – Levantei e voltei para a sala de jantar. – Justin? – Pedi e ele se levantou, vindo em minha direção. – Ah, ela está bem. Vou comprar um antiácido para ela. – Tranquilizei a todos, apesar de nem precisar, pois eu interrompi uma conversa um tanto animada.

      - Qual ela prefere? – Perguntou, pegando a chave do bolso.

      - Não, você não vai comprar. Eu vou. – Peguei a chave da mão dele, que me olhou confuso. – Você vai ficar com a Norah, lá em cima e não vai deixar ninguém entrar até eu voltar. – Ordenei, abrindo a porta.

      - Isso vai ser estranho, mas tudo bem. Cuidado com o carro. – Pediu, com uma cara de sofrimento. Ri fraco, dei um selinho nele e saí.

     Entrei no carro e respirei fundo. Liguei e dirigi até o centro da cidade.

     Quando voltei, todos os outros estavam na sala. Minha mãe estava descendo as escadas, com o semblante tranquilo e então eu me lembrei de respirar. Pude sentir o olhar de Tyler em mim enquanto eu subia as escadas.

     - Achei que nunca mais ia voltar. – Comentou Justin, que estava encostado na parede oposta à porta do banheiro.

     - Desculpe pela demora, meu amor. Muito obrigada mesmo. Pode me esperar no quarto... Eu já vou para lá. – Sorri. Ele assentiu e se virou, indo pelo corredor. Fechei a porta. – Ok, aqui está... – Suspirei e olhei para ela. – Quando der o resultado, me chama, ok? – Pedi. Ela forçou um sorriso e assentiu.

     Saí do banheiro respirando com dificuldade e tremendo. Caminhei até o quarto e vi Justin sentado na poltrona. Desabei na cama, sentindo quase o peso do mundo caindo junto comigo. Afundei o rosto no colchão e senti os braços de Justin me envolverem.

     Ficamos em silêncio por um longo tempo. Eu queria conversar, queria me distrair. Não sabia se devia conversar sobre aquilo com Justin... Mas precisava.

     - Jus...?

     - Sim?

     - O que você faria se alguém que você gosta muito estivesse... Com um ser vivo dentro dela?

     - Hein? Hã, tipo grávida? – Perguntou. Não, Justin, tipo hospedando um alienígena dentro dela.

     - É...

     - Alguém que eu gosto muito? Hm... – Ele pareceu raciocinar. – Espera... Você...? Mas como? A gente nem... Ah, estou confuso... Quer dizer que a gente... E eu nem percebi?!

     - Jus...

     - O que há de errado comigo? – Ele perguntou, olhando para baixo. – Será que...

     - Justin! Eu não estou grávida! – Quase gritei. Sua expressão suavizou-se, quase divertido.

     - Ah... Ah, entendi. – Falou. – Então você quer que eu te dê alguma ideia?

     - Não é como uma solução... Mas, o que você faria?

     - Se é uma gravidez indesejada... Bom, você sabe...

     - Aborto? – Perguntei, incrédula e me afastei dele, para ver seu rosto.

     - Bom... Cada caso é um caso.

     - Jura mesmo? Agora eu me pergunto... Se você desse esse conselho a minha mãe, eu estaria aqui?

     - Miranda...

     - Não, Justin. Não acredito que você ache isso uma decisão muito justa. Acho que você me mataria se estivesse no lugar dela, não é? – Perguntei, irritada. Sabia que aquilo era desnecessário, mas eu queria soltar aquela tensão que havia se formado antes com Norah. Só que não era certo descarregar aquilo no Justin.

     - Ei, desculpe, ok? – Ele me abraçou de novo, como que me acalmando.

     - Ok. – Respirei fundo, aspirando seu perfume. – Desculpe, isso não foi necessário.

     - Está tudo bem, imagino como deve estar se sentindo. – Ele beijou meus cabelos. – Mas eu estou aqui, certo?

     - Certo. – Enterrei o rosto na base do seu pescoço. – Que horas são?

     - Hm, meio dia e vinte e cinco. – Falou, casualmente. Me joguei para fora da cama, correndo para o banheiro.

     Abri a porta e encontrei Norah ainda no chão. Era muito estranho vê-la daquele jeito; ela tão impecável, tão elegante... Havia um brilho diferente em seus olhos.

     - O que deu? – Perguntei, sem conseguir me mover.

     - Eu estou grávida. – Ela sorriu. Se sorriso foi aumentando de orelha a orelha. – Você ouviu? Tem vida dentro de mim! Eu vou ter um filho... Essa pequena bolinha de vida... – Ela riu.

     Não entendi nada. Mas pensei pelo mesmo lado que ela. Eu iria ter um sobrinho... É, aquela ideia era até empolgante. Eu gostava dela. Sorri também.

     - Vai contar para o papai e a mamãe? – Perguntei de repente.

     - É o jeito. Bom, de qualquer forma... Eu e Albert vamos nos casar mesmo. – Ela ainda sorria. Acho que nada tiraria aquele sorriso dela naquele dia. – Vem comigo?

     - Ahn... Claro. – Sorri de novo. Ela pegou minha mão, lavou o rosto e saiu do banheiro.

     Arranquei Justin do meu quarto e descemos. Eu não queria ver a reação do meu pai. Acho que ou ele surtava ou ele tinha um infarto... O que viesse primeiro. Ainda bem que estavam todos reunidos na sala, ter que reunir todo mundo só pioraria as coisas.

     - Preciso contar uma coisa a vocês. – Começou Norah, segurando a mão de Albert. Meu pai empalideceu. – Nós vamos nos casar. – Ela sorriu. Minha mãe e minha tia soltaram suspiros de surpresa misturados com certo entusiasmo. – Tem mais.

      - Tem? – Meu pai perguntou, a voz cortante.

     - Estou grávida. – Ela concluiu. Percebi que nem Albert sabia, já que ele arregalou os olhos. Os suspiros entusiasmados cessaram, meu tio estava entretido com sua taça de vinho. Tyler parecia entediado. E havia eu e Justin, meio sem reação cada um.

     - Como é? – Meu pai arfou. Ele estava variando do vermelho para o roxo gradativamente.

     - É isso aí. – Norah fincou pé.

     - A mocinha...

     - Não quero saber, pai! É isso e eu não vou fazer nada para mudar! – Ela deu meia volta e saiu da sala. Meu pai foi atrás dela, levando uma comitiva familiar junto.

     - Hm, eu já vou indo, amor... – Justin começou a dizer.

     - Não senhor! O rapazinho vai ficar aí! Quero ter uma conversa séria com vocês dois. Norah volte aqui! – Esbravejou ele.

     No meio da confusão, fui puxada pelo braço, para dentro do escritório do meu pai.

     - Ah, é você. – Falei, quando vi que fora Tyler.

     - Você não me deu atenção hoje...

     - E nem vou dar. Com licença, meu pai quer ter uma conversinha séria comigo e com o... – Ele puxou meu braço quando virei e chocou meu corpo contra o seu, olhando fundo em meus olhos. – O que... – Parei de falar, quando ele foi se aproximando, fitando meus lábios. Minha respiração falhou. Aquilo era arriscado demais. Justin estava no cômodo ao lado.

     Seus lábios macios pressionaram contra os meus. Seu polegar acariciou minha bochecha e depois seguiu para minha nuca, pressionando levemente meu rosto contra o seu. Sua língua pediu passagem, mas eu não cedi. Não ia de jeito nenhum fazer aquilo. Não ia.

     - Vamos lá... Sabe que quer isso. – Falou, ainda de olhos fechados, roçando seus lábios nos meus enquanto falava. Sua mão desceu de minha nuca para minha cintura, apertando-a suavemente. Seus lábios voltaram a beijar os meus, agora com mais vontade, tentando me fazer desistir.

     Ouvi um barulho... Não era bem um barulho, era uma respiração cortante, falha e acelerada. Somente percebi que estava de olhos fechados quando os abri para olhar em direção à porta.

     Acho que meu cérebro parou por um segundo, pois vi a sala girar.

     Soltei-me completamente de Tyler e encarei aquele par de olhos confusos e magoados. Aquilo acabou comigo por dentro. Senti-me o maior lixo ambulante do mundo. Tentei falar algo, mas nada me parecia bom o suficiente.

     - Justin...

     - Não fala. – Pediu, olhando o chão.

     - Mas...

     - Não fala! – Ele gritou. Pulei de susto. Mordi o lábio inferior, apreensiva. Minha respiração ficou irregular. Uma lágrima quente escorreu por minha bochecha. – Eu vou embora, para deixar vocês a sós.

     - Justin... – Fui atrás dele, que ia em direção à porta. O tumulto na sala era audível. – Espere.

     - Esperar o que? Eu vim aqui, hoje. Cancelei tudo o que eu tinha, para vir aqui te ver. Enfrentar o ódio mortal do seu pai por mim, olhar na cara daquele imbecil do seu primo, sem entender o sorrisinho cínico em seu rosto. E descobrir que era porque a minha namorada estava pronta para beijá-lo na primeira oportunidade de ficarem sozinhos. – Esbravejou. – Obrigado pela decepção. – Baixou o tom de voz e saiu da casa. Só pude ouvir o motor do Range Rover sendo ligado e ficando mais distante, atrás da porta.

     Adentrei mais a casa e encontrei Tyler no meio do caminho para a sala.

     - Vocês terminaram? – Perguntou, num tom divertido. Me segurei para não enfiar a mão em seu rosto.

     Não respondi.

     - Está tudo bem, ele não era o cara certo para você...

     - E você seria esse tal cara certo? Esse cara que sai por aí, beijando a namorada dos outros à força? É isso o que você julga certo?

     - Miranda...

     - Eu não quero ouvir o que você tem a dizer. Pelo menos não agora. – Baixei o tom de voz e caminhei em direção à sala.

     Parei no batente da porta e me apoiei lá. Todos estavam agitados, moviam-se como loucos, mãos levantadas para cima. Norah e Albert no centro das atenções nervosas de todos. Fiquei lá, apenas observando, esperando a sentença do meu pai. Ele falou algo e Norah respondeu, de modo grosso.

      - Você não me dá sossego mesmo, não é Norah? – Meu pai esbravejava. – Já não basta meus problemas com uma filha e você ainda me aparece com outro! Nenhuma das duas consegue facilitar minha vida, não? – Ele realmente gritou essa última parte, seu rosto cansado e nervoso.

      Norah suspirou e de repente me viu ali. Seu rosto congelou com o choque. Não sabia como estava meu rosto, mas sabia como aquilo havia me machucado. Outra vez, eu era um fardo a mais para as pessoas. Por que eu sempre estragava tudo?

      - Miranda... – Falou e todos se calaram, voltando os olhos para mim.

      Sorri um sorrisinho forçado, e contive uma lágrima. Balbuciei algo e saí da sala.

      Fui pisando duro até o armário dos casacos perto da porta e peguei um para mim. De repente eu me revoltei contra o que havia acontecido ali. Era coisa demais dando errado de uma vez só. Saí de casa e comecei a andar, meio sem rumo para algum lugar.

      Uma lágrima escorreu, depois outra. O vento gelado bateu em meu rosto, fazendo o caminho marcado pelas lágrimas doerem com o frio.

 -Continua-


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Notas finais do capítulo

ÊÊ, todo mundo triste, todo mundo mal... Enfim, gostaram? Espero que sim *-* Xoxo, amo vocês, gatchénhas da laje q :*