Burning In The Skies escrita por DaniieMonteiro


Capítulo 1
ChapterOne.


Notas iniciais do capítulo

Primeiro capitulo, está curtinho, desculpem. :$



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Havia um tempo em que eu tinha tudo. Em que verdadeiramente me podia levantar todas aquelas manhãs insuportáveis de Inverno, aquela hora madrugadora que me custa tanto concretizar, com um sorriso nos lábios e com a consciência tranquila, mesmo que não me apercebesse disso. Claro que agora me arrependo de tudo o que fiz; na altura não dava o merecido valor á nossa amizade, por vezes tomava tudo como garantido e mostrava-o por te desprezar e ignorar tudo o que me dizias como se a minha obrigação não fosse ajudar-te ou pelo menos assegurar a tua presença. Aqueles dias que te mentia, dizendo que estava doente ou com algum problema familiar, só para não ter que te enfrentar na escola, com todas as tuas preocupações, as tuas perguntas.

‘Estas bem? Que se passa, pareces distante.’

No fundo, não te queria mentir dizendo todos os dias que estava tudo bem, acenando com a cabeça, implorando na minha mente que acreditasses e me deixasses em paz. Mas claro, tu sempre tiveste aquele dom de me ler como um livro, apesar da minha atitude despreocupada e um tanto reservada, pelo meu olhar vias que algo se passava comigo, e eu agora compreendo; na altura só querias ajudar, tornar a minha vida um pouco melhor, agindo como um amigo de verdade, coisa que não percebia na altura o quão te magoava com as minhas respostas frias, curtas, amargas. Despachava o assunto de imediato, deixando o meu temperamento levar o melhor de mim, virava-te as costas, frustrado e zangado por não caíres na minha armadilha. O pior era que eu nunca fui uma pessoa de me abrir facilmente, não gosto de expor os meus problemas a toda a gente, mesmo que sejam de confiança, prefiro guarda-los e resolve-los á minha maneira, seguindo apenas os meus instintos. E tu percebias isso, claro; porem a forma de eu ver as coisas por esse prisma deixava-te cabisbaixo, pois dava a entender que não confiava em ti e que não passavas só de um mero conhecido para mim. Como enganado tu estavas… E eu, ingénuo como sempre, pensando que este sentimento iria desvanecer quando nos separamos, apenas foi aumentando cada vez mais, ao ponto de eu sufocar só de pensar em não te ver outra vez. Odeio ter este tipo de pensamentos lamechas de rapariga de 14 anos, coisa que nunca tolerei e gozava sempre com os meus amigos quando ficavam assim por um pedaço de saia que encontravam, mas parece que o destino pregou-me daquelas partidas fodidas, que tão cedo não me livraria delas. Ao menos, consegui admitir a mim mesmo o que sentia, contentei-me com esse sentimento inesperado e agora sofro, porque todo o contacto físico que tivéramos, as conversas, as gargalhadas desapareceram e foram substituídas por olhares gélidos e completo desprezo (por tua parte, claro), enquanto os meus, em contraste, eram cheios de arrependimento e mágoa, por tudo aquilo que fiz.

Agora, no presente, encontramo-nos em turmas separadas, vidas separadas, amigos separados, devido ao facto de ter reprovado, no ano passado, por causa do meu ‘probleminha’ que também contribuiu para nos afastarmos ainda mais. Sei que fizeste novas amizades, eu também, mas preferia ter-te a ti do que todos os melhores amigos no mundo, coisa que nunca admitiria a eles, nem pensar. Nunca sonhariam numa coisa dessas, porem, às vezes notavam o meu olhar melancólico na direcção dele, e como eu estava distante nas conversas parvas deles, metendo conversa comigo de imediato. Claro que negava sempre.

‘Hey, Chaz…? Já falaste com o Mike sobre a vossa… situação?’ Rob, que por acaso, é um das pessoas mais sensatas e perspicazes que conheço (razão pela qual não comecei logo a disparatar, e tentei manter a calma), perguntou com cautela, olhando-me com sincera preocupação que me acalmou um pouco. Os restantes acabaram logo a conversa (provavelmente sobre que rapariga iriam transar no fim de semana) e também me olharam, ansiosos pela minha resposta. Nos éramos todos um grupo, antes da nossa zanga, dávamo-nos todos como irmãos e claro está, isto tudo destabilizou o grupo de tal forma, que os rapazes não tinham qualquer contacto com o Mike, não porque não queriam, mas porque ele se afastava constantemente deles e recusava qualquer pedido de saída. ‘Não quer cair na tentação de falar contigo outra vez.’ Gee, obrigado Joe, isso fazia sentir-me muito melhor.

‘Eu? Não, nem vou falar.’ Estúpido orgulho meu. ‘Ele é que seguiu este caminho e ser um completo asshole, não fui eu que o obriguei, se ele quiser…’ Neste momento, os nossos olhares cruzaram-se (lamechas, eu sei) e algo dentro de mim quis ver que ele também estava a sofrer com aquela situação toda e que eu não era o único a querer reconciliação, pela maneira triste e arrependida que ele me olhava. Surpreendemente, ficamos assim uns bons segundos, chegando a ser um pouco constrangedor, mas eu não tinha coragem de o quebrar, nem pensar, aquela sensação de bem-estar voltou, e aquelas malditas borboletas ao fundo de estômago, cujas arrepiavam-me a espinha, e a minha cabeça sentiu uma leveza e uma tontura que quase desmaiava, por causa dos meus trémulos joelhos, a força parece que se tinha levitado do meu corpo. Infelizmente, aquele momento de extrema felicidade foi interrompido pela campainha, apanhando-nos de surpresa e fomos obrigados a desviar, pois um dos colegas dele arrastou-o para a aula que eles iriam ter, no outro lado do pavilhão. O vazio rapidamente preencheu as minhas entranhas, e a pesada consciência voltara, obrigando a minha boca libertar um forte, amargurado suspiro.

‘… ele que venha ter comigo.’

E seguimos de rumo para a aula, eu de coração despedaçado e os restantes imunes a minha tristeza.


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