Um Amor para Sempre escrita por alinka


Capítulo 1
Um amor para sempre


Notas iniciais do capítulo

Esta é uma fic que eu dedico ao meu amor Kalil, por ser o casal preferido dele. Te amo muito ^^.



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Não houve tempo para gritar. A voz ficou engasgada na garganta. O silencio dominava o lugar. Nem mesmo em seus mais sombrios pesadelos pôde imaginar algo parecido. Seu coração sangrava e doía a medida que batia. Cada batida era uma dor que aumentava e, aos poucos, pensou não ser possível suportar. Mas mesmo assim a morte não lhe veio abençoar.

Sentiu o grito parado na garganta. Sentiu o gosto do sangue em sua boca. Sentiu o mais profundo medo envolver sua mente e um vazio no peito. Não podia fazer mais nada quanto ao ocorrido. Já era tarde. Nem mesmo a despedida teve direito. Aquilo não estava certo.

Fechou seus olhos com força e os abriu na esperança de que tudo mudasse, de que aquilo fosse apenas um pesadelo, mas a cena à sua frente ainda era a mesma: muita destruição, fogo, corpos espalhados, pessoas feridas... Mas aquilo ainda poderia ser superado. A única coisa que não poderia ser superada era aquela perda. Não! Ela não!

Pensou em tudo o que tinha passado para chegar ali, seus sonhos, seus ideais, suas vitórias e glórias. Teria jogado tudo fora se fosse preciso! Jogaria seu sonho realizado para tê-la de volta... Mas não podia. A dor só aumentava. Ainda não tinha dado o primeiro passo em direção àquela que era dona de seu coração. Que o conquistou aos poucos e lhe deu todo o amor que precisava e jamais sonhara.

Conseguiu se levantar e começar a caminhar. A voz em sua mente lhe lembrava que tudo aquilo era sua culpa. Somente dele. O pior é que ele concordava... Era tudo sua culpa, sua máxima culpa.

Já com sua amada nos braços pôde contemplar mais uma vez aqueles olhos que tanto o encantaram. E aqueles lábios que o enfeitiçaram ainda tinham o mesmo sorriso encantador de quando a conheceu. Mesmo no leito de morte ela ainda era linda!

Acariciou seu rosto pela última vez e, pela última vez, lhe beijou os lábios. Pensou que ouviria um “aishiteru”, mas nenhuma palavra saiu da boca de sua amada. Nem mesmo o ar lhe escapava mais, era o fim. Quando foi que perdera o controle da situação? Quando foi que deixara de ser o garoto alegre e travesso e se tornara o monstro impiedoso? Nunca desejou a morte dos seus inimigos, imagine a de seus amigos! Aquilo só podia ser um pesadelo... Mas ele não conseguia acordar. Por mais que ele mandasse sua mente despertar daquela ilusão, não conseguia mais que a certeza de que tudo aquilo era a mais cruel realidade: ele estava vivo e ela não.

A guerra estava ganha, mas não haveria festa. A tristeza e a dor pairavam naquele lugar que antes era uma próspera vila: a Vila da Folha. O pequeno corpo inerte foi erguido sem muito esforço físico, apenas o espírito estava mais fraco que nunca.

O silêncio pairava em sua mente. Nem mesmo a besta lhe gritava obscenidades ou ria de sua desgraça. Talvez ela também estivesse sofrendo. Ninguém mais que sua amada para entender e amansar uma fera como aquele demônio. Ambos amavam a mesma mulher. Ambos sofriam com a perda irreparável.

O tempo parecia impreciso. Segundos que pareciam horas e horas que pareciam apenas segundos. Estava de frente para o tumulo dela... Seu manto de hokage tremulava levemente com o vento fraco. Seu chapéu escondia a dor que escapava de seus olhos, escorria por seu rosto e findava em sua boca, onde nunca mais os lábios dela iriam encostar. Atrás dele toda a vila estava presente e, assim como ele, sofria em silêncio.

Meia hora de silencio completo. Meia hora de respeito profundo por ela e por aqueles que morreram para que a paz reinasse na vila. Muito ainda havia de ser feito, mas aos poucos a rotina seria tomada, pelo menos para muitos. Outros ainda iriam chorar pelos entes querido mortos nas batalhas.

Aos poucos os moradores foram deixando o local e apenas os ninjas sobreviventes ficaram. Era um momento muito intimo. Talvez a população tenha pensado isso...

Em sua mente apenas ele e ela estavam ali, embora tivesse noção de tudo o que acontecia atrás de si, de todos os presentes e daqueles que já haviam deixado o local. Quem poderia culpá-los? Aquele era um local de dor no qual somente ele deveria permanecer. Teria falado para os outros irem também, mas não conseguiria pronunciar nada nem mesmo com todo o esforço do mundo.

Passos. Alguém se aproximou. O leve toque em seu ombro transmitiu a dor dela para ele. Então ele não sofria sozinho. Mas carregava a culpa sozinho, isso tinha certeza. Nem mesmo seu sensei estava ali para poder lhe dar algum conselho, nem mesmo o ero senin, que cuidou e o amou um filho. Nem mesmo seu companheiro antigo de time, que havia, no último momento, dado a vida para protegê-lo. Até nesse momento aquele filho da mãe tinha que ser melhor. Ele morreu, Naruto não.

- Naruto.

Ela falou com o pouco de voz que ainda tinha. Nada de formalidades para ela que já tinha sido sua companheira de time e irmã. Mesmo nos piores momentos ela estava lá. Mesmo quando lhe batia ele sabia o que ela dizia. O mais puro carinho de irmã vinha dela, isso ele não podia negar. E assim como ele, ela também havia perdido o amor de sua vida. A dor era grande para ela também.

Mais lágrimas caíram de seus olhos, mas dessa vez não vieram sozinhas. Do fundo de seu peito uma onda de dor imprevisível aflorou. Talvez tenha sido a sua voz que tenha despertado esse desespero repentino. O corpo não agüentou e os joelhos encontraram o chão no mesmo instante que as mãos foram ao rosto e um urro de dor saiu de sua garganta. Agora sim estava colocando para fora o que sentia. Todo o remorso, toda a dor, toda a saudade que ainda iria sentir, toda a mísera culpa e a vontade de morrer junto dela.

Nenhum shinobi presente ousou interromper o que parecia ser a besta se libertando. Nenhum dos presentes se moveu para fugir ou se proteger do que poderia ser o demônio se libertando novamente. E assim ficaram a assistir a dor de seu líder. Tão novo e já tão torturado pela vida.

Dizem que o tempo cura toda a dor. Talvez seja verdade, mas nenhum ferimento se cura sem uma cicatriz. E aquele ferimento tinha deixado uma cicatriz profunda. Já fazia muito tempo desde a perda de sua amada. Mas não tempo suficiente para esquecê-la ou substituí-la. Embora não tivesse faltado pretendentes, nunca entregou seu coração a mais ninguém, o que era compreensível. Não se pode entregar aquilo que já não se tem mais. E o coração de Naruto já não lhe pertencia a muito tempo.

Os longos cabelos, que antes eram de um dourado profundo, agora grisalhos como de seu antigo sensei, ficavam presos num rabo de cavalo baixo. Ficara parecido com o antigo sannin dos sapos, apenas não tão forte, ainda mantinha um corpo mais magro, embora não fraco ou sem músculos.

Seu olhar pairava sobre a lua. Esta que tanto lembrava os olhos dela. Toda noite ele olhava para o céu, mas era somente nas noites de lua cheia que ele realmente podia contemplar aquele brilho prata tão saudoso. Queria poder ver sua amada mais uma vez. Mas nem mesmo em sonho ele tinha esse privilégio. Nem mesmo em seus pesadelos ele podia vê-la novamente. Ele podia ver o sangue, a destruição, a morte de seus companheiros ninjas ou até mesmo o dia do funeral. Mas nunca conseguia ver seu rosto ou seus olhos brilhantes. Talvez aquele era seu castigo: viver sem ter ou lembrar de sua amada como gostaria. Mas ele aceitava aquilo sem reclamar, afinal seu pecado era grande demais.

Naquela noite foi dormir sem muitas preocupações. Não tinha nada programado para o dia seguinte e poderia até dormir até mais tarde. Talvez com esse tempo a mais pudesse se esforçar e sonhar com ela... Talvez.

Ele sonhou. Sonhou com ela num campo de flores brancas. Era tudo tão claro e lindo. Mas não mais lindo que o sorriso que ele pôde contemplar em seu rosto. Aqueles olhos perolados mais uma vez estavam a olhá-lo. Não havia dor, remorso ou condenação. Apenas amor. A mão estendida era um convite do qual ele não podia negar. E não o fez.

Seu coração estava tranqüilo e feliz. Agora, finalmente, podia estar com sua amada mais uma vez. Agora era para sempre. Valeu a espera.

- Hinata. - seu sorriso voltou ao seus lábios quando pronunciou o nome dela. - Você veio. Te esperei ansiosamente.

- Não poderia vir antes, você tinha muita coisa para fazer Naruto. E você fez. Tenho orgulho de você.

Nenhuma palavra mais foi dita. Apenas os lábios se encontraram depois de muito tempo. Ela estava linda num vestido azul claro e ele, jovem outra vez, estava com sua costumeira roupa laranja.

O dia amanheceu preguiçoso na vila da folha. Todos aqueles que despertavam iam para sua rotina. Apenas num quarto jazia o corpo daquele que fora o maior hokage que a vila conheceu.

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Notas finais do capítulo

Deixem seus reviews com seus pensamentos, sentimentos e opiniões. Tudo é bem vindo.Agradeço a todos que disponibilizaram um pouco do seu tempo para ler essa fic.Sei que é uma história triste, mas a dor também é um sentimento. E não podemos fugir dele.^^