POV Felipe

Eu e Amélie estávamos cercados de pessoas curiosas, eu tinha que pensar em algo muito inovador e extraordinário para fugir daqui, então peguei a mão da Amélie.

-Corre. –Falei, ta bom, pode não ter sido uma coisa inovadora e extraordinária, mas foi somente nisso que eu consegui pensar no momento, não me julgue...

Nós corremos, mas por azar tiveram algumas pessoas da balada que correram atrás de nós, eu estava guiando a Amélie e tentando despistar as pessoas intrometidas da balada, que droga, mas felizmente eu conhecia essa cidade como a palma da minha mão, eu estava na esquina onde ficava uma escola abandonada, onde eu sempre me escondia, tinha uma janela quebrada em um canto que dava no porão, ninguém nunca foi ali além de mim e do Matheus, eu cheguei na escola, me joguei para dentro e puxei Amélie para que ela entrasse, depois de um tempo vendo pés passando por ali me virei para Amélie.

-Você ficou louca? O que deu na sua cabeça para...

-Salvar sua vida? –Falou ela me interrompendo.

-Não, para voar em publico.

-Foi um instinto, e eu não queria que se machucasse. –Falou ela meio sem jeito.

-Olha Amélie, eu agradeço por ter salvo minha vida, e sei que fez isso com a melhor das intenções, mas isso podia ter feito você deixar de ser anja, quer dizer, e se Deus visse isso? Ele pode tirar seus poderes?

-Pode, mas duvido que tenha visto, ele está preocupado com a África e Japão ultimamente.

-Mas ele não vê tudo?

-Não, esse é o Papai Noel...

-Ele existe?

-Não vamos mudar de assunto tudo bem? O importante é que você está bem.

-É... –Falei meio sem jeito e abrindo um leve sorriso, mas como na minha vida tem alguma força cósmica que sempre estraga esses momentos que eu gosto, eu ouvi uma voz atrás de mim.

-FELIPE SILVA CAMPOS! O que foi aquilo na balada? A Amélie voou? –Perguntou a voz da Vick atrás de mim, eu me virei e vi esta e a Matheus logo atrás dela.

-Certo, olha, não é o que parece... –Comecei.

-Não Felipe. –Disse Amélie me interrompendo. –É exatamente o que eles pensam, você tinha razão, acho que podemos confiar neles.

-Mas como assim, claro que podem. –Falou Matheus.

-Espera aí, vocês não estão namorando certo? –Perguntou Victória.

-Não... –Falei baixinho e indeciso, então falei alto novamente. –Não.

-Então é o que? –Perguntou Matheus.

-É que bem... Eu sou uma anja. –Falou Amélie. A Vick arregalou os olhos como se acabasse de ver um fantasma, bom mas eu acho que anjos são quase como fantasmas então essa reação é plausível.

-AAAHHHHHH! –Gritou Vick.

-Calma Vick, não precisa se assustar. –Falei.

-Que susto que nada, eu estou gritando de felicidade, a minha amiga é uma anja, eu não creio, eu posso voar para Paris com você? –Perguntou Vick.

-Não Victória, desculpa, mas isso é um segredo de extremo sigilo, ninguém podia saber. –Disse Amélie.

-Bom você não tem feito um trabalho “excelente” digamos assim para guardar esse segredo. –Falou Matheus e eu o encarei como se eu estivesse dizendo “Cala a boca”.

-Tudo Felipe. –Falou Amélie ao perceber me olhar. –Ele tem razão.

-Ta bom, olha, eu não to com cabeça para isso agora... –Falou Vick. –Só o fato da minha amiga ser uma anja já é o bastante por um dia, eu vou para casa dormir, amanhã agente se fala...

Depois disso ela saiu pela janela, achei estranho, mas ela devia estar cansada mesmo, Matheus se despediu de nós dois e foi para casa também.

-Fico feliz de termos contado para eles... –Falei, mesmo estando nervoso, ainda tinha o pressentimento de que tinha visto alguma coisa na balada que fez o globo de espelhos cair.

-Felipe, não mude de assunto ta? Eu sei que você também viu aquilo no teto da balada. –Falou Amélie nervosa.

-Err... Eu vi, mas deve ter sido impressão, eu bebi um pouco, deve ter sido...

-E eu? Eu sou um anjo, não bebo.

-Então você tem alguma ideia do que era aquilo? –Perguntei.

-Sim, mas... Vamos para casa, estou cansada, tenho que recarregar minhas energias...

-Dormir Amélie... Aqui se fala dormir...

-Não importa, se aquilo era o que eu acho que era, eu estou com um grande problema.

-Amélie, você está bem?

-Não, preciso... Dormir, vamos. –Disse ela abrindo um sorriso, como ela conseguia estar tão preocupa e ainda abrir um sorriso tão lindo que podia aquecer o Pólo Norte inteiro?

...

No dia seguinte, depois da escola, eu estava indo para casa, quando passei pelo parque e vi Amélie, ela estava com uma roupa bem... Cafona, tinha um pônei branco na camisa vermelha, usava uma saia roxa e uma meia calça branca, mas tinha um cara nocauteado na frente dela, tinha uma multidão em volta dela, claro, era só disso que eu precisava, outro problema, e tinha um carro da policia cruzando a esquina ainda só para completar, eu fui até Amélie.

-O que você fez? –Falei e deixei todos os intrometidos escutarem mesmo.

-Ele queria meu dinheiro, celular... E tinha outra coisa também, acho que era a minha bolsa, e eu nem sei o que são essas coisas, daí eu fiz ele desmaiar estalando os dedos...

-E dando uma surra nele, já que PESSOAS NORMAIS não conseguem fazer alguém desmaiar só estalando os dedos certo Amélie?

-Hãã... Certo?! –Disse ela em duvida. Eu olhei para todos e para o carro da policia vindo.

-Ta bom, pessoal, não tem nada para ver aqui... Corre. –Falei para ela, que disparou junto comigo até chegarmos em casa, essa garota tem que aprender como agir... Aprender, é isso. Nós chegamos em casa e eu fui com ela até meu quarto sem dizer nem uma palavra para minha mãe e minha irmã...

-Precisamos que você aprenda como se comportar por aqui, por isso você vai começar a ir para a escola comigo de agora em diante...

-Como? Qualquer um pode entrar... Tipo, sem avisar?

-Não, mas achei que você podia mudar a mente das pessoas, é só fazer todos pensarem que você já estudava lá desde o inicio do ano...

CONTINUA...