Eram 3 horas da tarde, e estava na hora de ir para casa de Melissa, a sede voltava aos poucos, e já estava pensando em quem seria minha próxima vítima. Eu estava muito chateada de ter matado uma pessoa, mas agora que eu tinha me tornado uma espécie de monstro, precisava matar pessoas para viver, ou então eu morreria. Pensei por alguns segundos em me matar para a segurança da população, mas eu tinha apenas 17 anos, e não queria morrer, de maneira nenhuma. Bom, tinha que ir para a casa de Melissa antes que aquela sede me dominasse novamente. Saí de casa pensando em como seria meu mundo agora, em como eu iria agüentar ficar com humanos por perto... Como? Eu não sabia quem iria me responder minhas perguntas. Senti-me como um bebê que foi largado no mundo sem saber de nada, sem ter conhecimento sobre quem é, ou como agir... Eu não sabia de nada, e precisava encontrar outro vampiro para me orientar - tinha certeza que havia outro vampiro em Labbel, pois alguém me mordeu - e me ajudar a enfrentar tudo isso. Cheguei à casa de Melissa, e quando ela abriu a porta disse-me:
- Ainda bem que você chegou, estava enlouquecendo!
Eu ri um pouco, e quando tentei passar pela porta, havia uma barreira invisível que me impedia de entrar na casa. E então me lembrei da série de TV que eu via: The Vampire Diaries. Um vampiro não pode entrar em uma casa, quando não é convidado. Melissa franziu a testa e disse:
-Entre logo, porque está parada aí?
-Ué, estava esperando você me convidar para entrar!
-Aff, até parece que nunca entrou aqui na vida! Entre...
-Obrigada!
A barreira se rompeu e eu consegui passar pela porta normalmente. Melissa me levou até seu quarto e começou a me contar o que havia acontecido:
- Estou preocupada com meu irmão, ele foi atacado por um animal, em uma festa que estava. O animal perfurou seu pescoço e ele perdeu muito sangue, após algumas semanas ficou bem de novo, a cicatriz sumiu bem rápido...
-Mas então porque está preocupada?
-Porque ele anda me evitando desde o dia que foi atacado. Ele sai de madrugada para a rua, e volta de manhã sem dizer o que estava fazendo, apenas chega e se tranca em seu quarto... Andei examinando seu computador, e havia muitas pesquisas sobre sangue. Não sei o que está havendo e não tenho como ajudá-lo se ele continuar fugindo de mim...
No momento em que ela acabou de falar, me veio na mente a possibilidade de Ryan, irmão de Melissa, ter se tornado um vampiro, igual a mim... Após este pensamento, aquela sede horrível me dominou outra vez e não conseguia olhar para Melissa, porque se eu olhasse para ela, com certeza não conseguiria me controlar. Melissa pôs a mão em meu queixo e levantou minha cabeça, coma intenção de que eu olhasse para ela. Olhei para ela, e senti meu rosto enchendo-se de veias e meus dentes quase perfurando meus lábios, meus olhos deviam estar brilhando, mas isso eu não conseguia sentir... Melissa gritou e saiu de perto de mim, mas ficou sem saída, pois a porta estava atrás de mim. Eu olhei para baixo para tentar me acalmar, mas o cheiro dela era irresistível, podia sentir seu sangue pulsando nas veias. Não consegui me controlar, me grudei em seu pescoço, sabendo que se bebesse muito seu sangue, a mataria. Parei em seguida, e ela continuava viva, mas me olhava com pavor. Saí correndo de sua casa, e sem nem perceber, estava correndo em uma velocidade incrível. Era tão veloz, que em cerca de 50 segundos eu estava na frente de casa. Entrei em casa e fui direto ao banheiro, lavar minha boca. Olhei-me no espelho e minha face estava normal. Eu não conseguia acreditar que tinha atacado minha melhor amiga. Realmente eu era um monstro... Fui até meu quarto e liguei meu notebook, Melissa estava online no MSN. Não tive coragem de falar com ela, nem ela comigo. Já eram 4 horas da tarde, e eu não tinha me divertido nem um pouco. Meu fim de semanas foi um dos piores da minha vida, isso que ele ainda nem tinha acabado. Passei horas chorando, deitada em minha cama, pensando muitas coisas, pensando em TUDO! Eu não tinha maturidade para tudo aquilo, não conseguia enxergar uma solução para aquele GIGANTE problema... Era impossível viver assim! Quando consegui parar de chorar, olhei para a janela do MSN no computador e Melissa estava offline, mas havia me deixado mensagens que diziam:
Melissa! diz:  Você me fez sentir uma dor que eu nunca esperava sentir na vida, mas agora entendo porque você me atacou, estou sentindo uma sede de sangue que está me obrigando a beber o sangue de alguém. Espero que, naquele momento, você estivesse com muita sede mesmo!
Melissa! diz: Vou sair um pouco, e tentar dormir, mas fique sabendo que não estou brava com você, porque estou sentindo o mesmo que você... Beijos!
Melissa era uma amiga e tanto... Como não podia ficar brava com uma pessoa que retirou parte de seu sangue e que a fez sentir um dor inexplicável seguida por uma sede que nunca passa... Só Melissa mesmo!