Entrelaçadas pelo Amor escrita por Kaah_CSR


Capítulo 4
Capítulo 4


Notas iniciais do capítulo

Em primeiro lugar, muito obrigada pelos comentários. Estou muito feliz com eles, vocês são demais!
AÍ vai mais um. Espero que gostem!



Este capítulo também está disponível no +Fiction: plusfiction.com/book/136685/chapter/4

No outro lado da cidade de Las Vegas, a investigadora Catherine estava quase correndo pelos corredores do laboratório acompanhada por um ofegante Greg à procura de Brass.

    - Vem cá – disse Greg, apertando o passo para se manter na mesma velocidade que Catherine. – Você virou uma corredora profissional e eu não estou sabendo disso?

    - Brass! – gritou Catherine quando viu o detetive, ignorando a ironia de Greg.

    - Cath, eu estava esperando para falar com você. Eu acho que sei de onde veio a primeira ligação.

    - E eu acho que sei quem fez – completou Catherine.

    - Sempre com um pé à frente, hein Catherine? – Brass sorriu. – Diga o que descobriu.

    - Não, diga você primeiro.

    - Tá bom. Eu verifiquei todas as linhas possíveis e imagináveis de Las Vegas e consegui descobrir de onde veio. Você vai cair para trás.

    - De uma esquina perto do laboratório, há exatamente um minuto e meio daqui a pé e foi o Hank que ligou.

    - Sim, foi de uma esquina perto daqui, que fica há um minuto e meio. E sim, o número era do Hank. A segunda chamada eu não consegui rastrear.

    - Então o Hank é um suspeito – concluiu Greg, ainda ofegante.

    - O único.

    - Vou conseguir um mandato para verificar a casa dele – disse Brass.

    - Espere, nós ainda não temos uma evidência que o coloque como suspeito.

    - Está passando tempo demais com o Grissom, Greg.

    - Falando em Grissom... Vou ver o que ele descobriu – falou Greg e sem esperar por uma resposta, começou a caminhar em direção ao estacionamento.

    Catherine suspirou. Seus olhos se fecharam e ela passou uma mão no rosto. Toda aquela situação estava deixando seus nervos à flor da pele.

    Brass olhou para sua amiga, que quase a considera uma filha. Ele pousou uma mão no ombro dela e sorriu.

    - Vai ficar tudo bem, Catherine. Você vai ver. Logo nós vamos encontrar a Sara.

    - Eu sei – sussurrou ela, quase deixando que as lágrimas saíssem, mas sentindo-se confortada com o apoio de Brass. – Eu sei.

    - Quer descansar?

    - Não, eu... Tenho que pensar em algum jeito de provar que Hank é o culpado. Não importa se for preciso eu passar dia e noite nesse laboratório.

    - E sua filha?

    - Tô bem aqui – respondeu uma voz atrás deles. – Oi tio Brass – ela olhou para Catherine e sorriu. – Oi mãe.

    - Linds... O que você está fazendo aqui?

    - Mãe, eu tô de férias, você vai passar dia e noite aqui, eu não gosto do jeito que a vovó me trata, a Sara tá desaparecida... E você acha que eu ia ficar em casa? Ah, dá um tempo.

    Catherine sorriu e passou um braço em torno dos ombros de sua filha, grata pelo apoio.

    - Bom, vou deixar vocês sozinhas.

    Brass saiu e Catherine levou sua filha até sua sala. Ela não estava brava com Lindsay, e sabia que não adiantaria mandar ela embora dali, então a solução seria pensar em uma maneira de Ecklie não descobrir.

    - Catherine, o que sua filha faz aqui? – perguntou Ecklie, com seu mal-humor de sempre e acabando com sua tentativa de escondê-la.

    - Eu vim ajudar.

    Ecklie riu.

    - E como uma tampinha como você pode ajudar? O que você sabe de criminalística?

    Lindsay se levantou e cruzou os braços, encarando Ecklie com um olhar que deixou Catherine receosa de que Ecklie descontasse em seu emprego.

    - Sei o suficiente para poder ajudar, Sr. Político.

    Catherine mordeu os lábios e virou a cabeça para o lado para tentar segurar o riso. Ela realmente estava herdando o gênio de Sara.

    - Você não pode estar falando sério. Você é...

    - Catherine, que bom que a encontrei! Eu revistei o as entradas e não achei nada suspeito – disse Warrick, olhando entre Ecklie e Lindsay e tentando entender o que estava acontecendo ali.

    - Pois bem – falou Ecklie, fuzilando Catherine com o olhar. – Se sua filha atrapalhar o caso...

    - Não se preocupe com isso – rebateu Lindsay, e quando Ecklie já estava no corredor falou mais alto propositalmente: – Mãe, porque a sala sempre fica mais cheirosa quando o Ecklie sai? 

    Warrick e Catherine desataram a rir enquanto Ecklie pisava fundo para sair de perto dali o mais rápido possível. Catherine olhou orgulhosamente para sua filha e sentou.

    - Lindsay, o que foi aquilo? – perguntou Warrick, ainda rindo.

    - Ele não passa um porco no lugar de um homem – Lindsay deu de ombros. – Alguém deveria fazer o trabalho da Sara por aqui.

    O semblante de Catherine voltou a ficar sério quando o assunto voltou a ser sobre Sara. A boa notícia era que eles haviam avançado muito nas últimas horas, mas não o suficiente para terem uma pista de onde ela estava.

    - Como eu estava dizendo, eu examinei cada entrada e não há nada lá. O Grissom está verificando o estacionamento. Catherine, você lembra onde a Sara estacionou?

    - Ela... Veio comigo – sussurrou Catherine e depois parou, como se estivesse dando conta de algo. – Ela... Eu fui embora... Ela disse que não havia problema... Eu deixei ela aqui! Foi culpa minha!

    Catherine baixou a cabeça na cabeça, começando a sentir o peso da culpa. Ela sabia que não devia ter ido embora assim. Por que ela não esperou? Por que preferiu ir embora sem Sara? Ela estava se sentindo culpada como nunca, tudo o que ela queria era encontrar sua amada e terminar com tudo aquilo. Mas ela mal podia acreditar que aquilo não era só culpa do sequestrador; era dela também.

    Warrick se aproximou e pousou uma mão nas costas de Catherine, esfregando levemente para consolá-la.

    - Cath, isso não foi culpa sua.

    - Foi – insistiu ela, ainda de cabeça baixa. – Se eu não a tivesse deixado aqui... Ela estaria comigo em casa nesse momento. Droga.

    Warrick suspirou e ergueu os olhos quando Lindsay fez um gesto para chamar sua atenção. Ele ia perguntar o que era, mas antes que fizesse isso Lindsay fez um gesto para ele ficar quieto e depois para ele as deixar a sós. Warrick assentiu e com um último olhar para Catherine, deixou a sala da supervisora.

    Lindsay se aproximou silenciosamente de sua mãe e com uma mão levantou o rosto de Catherine. Seus olhos estavam levemente vermelhos e várias lágrimas molhavam suas bochechas rosadas. Lindsay olhou durante um longo tempo nas piscinas azuis de sua mãe e depois sorriu.

    - Não foi culpa sua – e a abraçou.

    Incapaz de dizer algo a mais, Catherine simplesmente abraçou sua filha e ficou recostada nela, grata por saber que não estava sozinha e fechou os olhos, torcendo para que Brass trouxesse logo o mandado para eles revistarem a casa de Hank.

    Hank estacionou seu carro ao lado da sua casa no deserto, única por várias milhas, na verdade e olhou em volta. O calor estava realmente infernal, o que era praticamente normal em um lugar como Nevada. Ele só esperava que Sara não estivesse passando calor lá onde estava. É por pouco tempo, pensava ele, tão logo ela me ame nós vamos sair daqui, para um lugar lindo, onde seremos felizes.

    Ele sorriu e entrou na casa. Fez algo para comer e sentou-se no sofá, ligando a TV e zapeando pelos canais tediosamente. Achou um documentário sobre as novas descobertas da medicina e assistiu até pegar no sono, esquecendo-se completamente de Sara no porão.

   

    Sara chutou a porta novamente e depois caiu de joelhos, completamente exausta. Já fazia quase uma hora inteira que ela estava tentando abrir aquela maldita porta, mas apenas tinha conseguido ficar mais cansada ainda. A falta de alimento em seu corpo agora começava a fazer efeito, só que a fome não superava o desejo de Sara querer sair dali.

    - Eu vou morrer aqui – murmurou ela, fechando os olhos. Então algumas imagens começaram a vir até sua mente, como se seu próprio corpo estivesse investindo para ela não desistir. Lembranças de seus momentos com Catherine, seu primeiro beijo, sua primeira noite... O dia em que Lindsay quase quebrou a cabeça tentando entender um problema de matemática, e Sara, que estava escondida atrás da parede, observava divertidamente as tentativas de Catherine para ensiná-la; os casos do laboratório, que agora pareciam estranhamente fáceis; as brigas que ela e Cath tinham a muito tempo atrás e... Era isso. Ela não podia se entregar naquele momento, ela tinha que voltar para sua amada, para Catherine. – Não, eu não vou morrer – disse Sara, abrindo os olhos e com a voz mais forte. – Eu não vou desistir enquanto não voltar para Catherine. Ela não gostaria que eu desistisse, ela ia querer que eu continuasse a lutar. E é isso que eu vou fazer. Vou dar um jeito de tapear esse idiota e voltar para casa. O Hank pode gostar de mim, mas é um tapado. Vou ter que despistá-lo. Mas, por hora, vou continuar dando uma de difícil, e fingir que estou amolecendo aos poucos...

    Um barulho de uma porta sendo destrancada fez Sara voltar à realidade. Coisa que ela, naquele momento, não gostaria. Era Hank, é óbvio, ela nem precisava tentar adivinhar. Sentindo que ficar tão perto da porta poderia ser arriscado, Sara se levantou bruscamente ignorando a tontura que seu movimento provocou em seu cérebro, e se afastou alguns metros da porta, um segundo antes que esta fosse aberta e seu pesadelo viesse para dentro.

    - Oi amor – Hank sorria, e Sara ignorou a vontade de meter-lhe um tapa no rosto. – Vim ver se você quer alguma coisa.

    - Que você morra – murmurou ela, baixo o suficiente para que Hank não a ouvisse.

    - O quê?

    - Quero sair daqui, Hank – respondeu, agora usando um tom menos violento. – Eu quero ir para casa. Não quero ficar aqui, por favor.

    - Sara, querida – Hank fez uma expressão de pena e se aproximou dela, tocando o rosto de Sara. O toque quase a fez cuspir na cara dele, mas ela precisava aguentar se gostaria de enganá-lo. – Eu sei que você quer um lugar melhor e adivinha: eu comprei uma casa ótima para nós! Tem uma piscina, e é grande o suficiente para criarmos nossos filhos e...

    - Filhos?! – Sara fez um cara de desgosto, mas Hank pareceu não perceber isso.

    - É, eu sei que estou indo rápido demais – ele sorriu. – Mas em breve iremos.

    - Ótimo...

    Mas a palavra não foi para expressar prazer e sim para expressar o alívio que Sara sentia sabendo que em breve iria sair dali.

    Tudo estava indo bem, até quando Hank se inclinou para beijar Sara. Ela reagiu de imediato, esquecendo-se completamente do plano e desviando bruscamente dele. Hank a olhou com um misto de preocupação e desconfiança e Sara foi obrigada a pensar em algo. E rápido.

    - Hank, não acha que estamos indo rápido demais?

    Ele a encarou com a mesma expressão durante alguns momentos e depois sua face se suavizou.

    - Claro, eu entendo, querida – ele concordou e deu uma risada. – Sabe, você está me parecendo um pouco mais gentil do que eu acreditava que ficaria. Confesso que achei que iria ficar mais agitada durante alguns dias, mas eu sei o que está acontecendo.

    Eu estou guardando a raiva para despejá-la em você de uma vez só, idiota, pensou Sara e teve que usar grande parte do seu autocontrole para não dizer isso em voz alta.

    - E o que está acontecendo?

    - Você está começando a descobrir seu amor por mim – Hank falou numa voz quase inaudível, mas de uma forma que fez os pelos dos braços de Sara se arrepiarem. Ele a encarou com os olhos carregados de uma loucura interna, loucura essa que poderia acabar em qualquer consequência. – Eu sei que me ama, Sara, eu sei que sim. Você pode até negar, mas ama mais a mim do que a ela. – Os olhos de Sara se fecharam e se abriram vagarosamente numa tentativa de se acalmar. – Era só uma questão de tempo, e você ia perceber que não gostava mais dela. Sabe o que eu vou fazer?

    - O que? – Sara estava cautelosa, ela conhecia bem Hank, e pelo que havia visto nesse último dia, ela sabia que ele era capaz de qualquer coisa. Imediatamente temeu pela vida de Catherine.

    - Amor, sei que isso vai parecer cruel, mas não é...

    - O que vai fazer?

    - Vou deixar você aqui mais um tempo. É, apenas alguns dias.

    Sara olhou chocada teatralmente para ele.

    - Mas achei que você tinha dito que havia comprado uma casa para nós – Sara destacou a última palavra, embora fosse extremamente repugnante dizer tal coisa para outra pessoa senão Catherine. Mas a frase pareceu surtir o efeito desejado em Hank.

    - Meu amor, você lembrou! Você lembrou-se do que eu disse sobre uma casa para nós. Eu sabia! Eu sabia que se você ficasse longe daquela dançarina vulgar, você ia ver que minhas intenções eram as melhores.

    Sara trincou os dentes e fez o melhor que pode para não expressar sua raiva diante do que Hank se atrevera a falar de sua Catherine. Seu desejo naquele momento era pular no pescoço daquele desgraçado e o encher de socos suficientes para deixar aquele rosto deformado. Mas ela se controlou, para o bem dela e de todos, se controlou e fingiu um sorriso.

    - Sei que suas intenções são boas, mas...

    - Mas...? – ele insistiu e ela amaldiçoou-se por dentro por ter usado o "mas". Agora teria que inventar outra coisa para falar. Algo que o fizesse baixar a guarda, que não fosse tão óbvio e que mostrasse que não estava tão apaixonada assim por ele.

    - Sente-se – Sara indicou a cama e ele o fez. Ela ignorou um protesto de seu estômago e sentou-se ao lado de Hank. Ele esperava pacientemente enquanto ela pensava em algo para dizer. Quando por fim encontrou algo que não fosse tão maluco, suspirou de modo teatral e até fechou os olhos brevemente. – Hank, por mais que suas intenções sejam boas, você acha que é assim que vai me conquistar... completamente? – acrescentou ela, improvisando rapidamente quando viu um lampejo de desconfiança no olhar dele.

    - Como assim, amor?

    Pare de me chamar de amor!

    - O que eu quero dizer é que nós poderíamos assim... Até tentar, sabe? – Ele assentiu esperançosamente. – Mas é que... É que... Hank, eu amo meu trabalho, entende? 

    Mas ele não pareceu entender.

    - Do seu trabalho ou de quem trabalha lá? – perguntou nervosamente, já se levantando e se encaminhando para a porta. Sara o alcançou e segurou seu braço.

    - Não, você entendeu errado...

    - Então explique – disse ele rispidamente.

    - Eu posso pedir transferência para trabalhar onde formos morar...

    Sara se estapeou mentalmente, preferindo que o teto caísse sobre ela do que trair Catherine, mesmo que fosse com palavras falsas usadas para salvar sua vida. Hank não reagiu inicialmente e muito menos dali alguns segundos.

    - Isso não me convence, Sara.

    Cabeça dura. Será que eu devo, não, não posso fazer isso... Será? Catherine entenderia... Preciso disso para sair daqui... Ah, meu Deus, coitado do meu estômago, mas, droga, não! Eu não vou fazer isso... Não, eu vou sim.

    Hank já havia se virado para abrir a porta quando Sara o chamou.

    - Hank, por favor, olhe para mim – e no instante em que ele o fez, Sara o beijou, contra sua mais profunda vontade e ignorando a bile que subia por sua garganta. Hank reagiu automaticamente, colocando seus braços em volta dela e insistindo no beijo. Sara se sentiu presa, como se estivesse sendo enterrada viva e como se nunca mais fosse sair daquela situação. Ele não ia soltá-la tão cedo, e ela não podia aguentar mais... Foi quando ela o afastou o mais rápido que pode. Hank não pareceu perceber a rejeição, talvez achasse que Sara precisava de ar. Ele sorriu, e se não parecesse ser tão louco, Sara poderia dizer que o sorriso dele até que era bonitinho.

    - Sara, você... Ah, minha amada! Agora eu sei que você me ama. Tudo bem, vou arrumar toda a papelada e... Terminar de ajeitar a casa... E nós vamos para lá, está bem?

    Sara forçou ao máximo um sorriso e assentiu. Hank sorriu mais ainda e saiu do porão, trancando a porta quando passou por ela. Sara sustentou sua posição durante alguns segundos a mais por segurança e depois correu para o banheiro, curvando-se sobre a privada e vomitando. Beijar Hank nesta situação fora uma de suas piores experiências que ela já tivera na vida, pior até do que sua primeira aula de autopsia.

    Depois que terminou, puxou a descarga e lavou a boca para tirar o gosto de cabo de guarda-chuva que estava sentindo. Mas pior do que a repulsa que estava sentindo, era o remorso. Ela beijara Hank. Mesmo que para salvar sua vida, mas beijara. Ela balançou a cabeça e voltou para a cama, onde se jogou cansada.

    Pelo menos seu plano estava funcionando, Hank acreditara que ela o amava e em breve Sara estaria fora dali. Até lá, ela teria que continuar fingindo. Mas se fosse para voltar para os braços suaves e reconfortantes de sua Catherine, ela o faria.


Não quer ver anúncios?

Com uma contribuição de R$29,90 você deixa de ver anúncios no Nyah e em seu sucessor, o +Fiction, durante 1 ano!

Seu apoio é fundamental. Torne-se um herói!


Notas finais do capítulo

Pessoal, eu mereço um review, né? Por favor!



Hey! Que tal deixar um comentário na história?
Por não receberem novos comentários em suas histórias, muitos autores desanimam e param de postar. Não deixe a história "Entrelaçadas pelo Amor" morrer!
Para comentar e incentivar o autor, cadastre-se ou entre em sua conta.