As Crônicas de Mhaglacia escrita por AntonioConceição
Quando Luana acordou teve a esperança que tudo o que tinha acontecido nos últimos dias tivesse sido um único sonho mas quando Dário entrou no seu quarto isso mudou tudo.
-Bom dia!
-Onde está o Rodrigo? – Perguntou Luana levantando-se.
-Está lá em baixo a tomar o pequeno-almoço.
-Amanhã, logo que amanhecer… partimos! – Proferiu Dário.
-Já?
-Quanto mais tempo demorarmos… sabe se lá o que acontecera!
Dário ocupou-se o dia inteiro com os preparativos para a viagem enquanto Luana deixava tudo em ordem no castelo.
O sol pôs-se e Luana reuniu-se com Dário no seu quarto.
-Aqui está o mapa! – Dário desenrolou o mapa e estendeu-o na cama.
-Iremos começar por onde? – Perguntou Rodrigo entrando porta dentro.
-Tu não vais! – Rugiu Dário.
-Porque não? A Catarina está em perigo… é meu dever salvá-la! – Pronunciou Rodrigo aproximando-se de Dário.
-Tu nem sequer te sabes defender… quanto mais salvar alguém!
-Queres ver? – Perguntou Rodrigo posicionando-se para lutar.
-Isto vai ser lindo… - Dário não se mexeu um centímetro mas quando Rodrigo se aproximou fez um movimento leve com a mão direita e Rodrigo foi parar ao outro lado do quarto, batendo fortemente com as costas num quadro e escorregando até encontrar o chão.
-Parem! – Gritou Luana quando Rodrigo voltou a atacar.
-Esquece… Estás fora! – Dário olhou para Luana pedindo desculpa com os olhos – Vamos continuar…
-Por favor… Luana… Por favor… - Rodrigo levantou-se e caminhou com largas passadas pegando na mão direita de Luana – Deixa-me ir com vocês!
-É muito perigoso para ti…
-Mas eu preciso de ir… Não aguentarei ficar aqui sem saber nada!
-Rodrigo o lugar mais seguro para ti é aqui. Não… desculpa! – Rodrigo virou as costas e saiu porta fora.
-O castelo é aqui – Dário apontou para o centro do mapa – Cada guerreira tem o seu lar… Iremos começar pelas montanhas, a casa de Leah. Seguiremos pela floresta encontrando o lar de Stella. Vamos dar a volta a Mhaglacia, então o próximo lugar será…
-O oceano. – Interrompeu Luana.
-Exatamente. É lá que vive Rosaline. Acabaremos aqui, no deserto… A casa de Alice.
Antes de o sol nascer Luana já estava preparada.
Ficou sentada no estábulo á espera de Dário.
Passado alguns minutos, Luana sentiu umas passadas leves. E ali estava ele. Aproximou-se dela e atirou-lhe qualquer coisa para as mãos.
-Veste! – Quando Luana desembrulhou o pano reparou que era uma capa preta com um capuz. – Assim ninguém te reconhecerá. Também tenho uma!
Luana e Dário vestiram as capas e montaram os cavalos. Saíram pelo portão principal do castelo a cavalgar fortemente com as suas capas a esvoaçarem ao vento.
Os cavalos trotavam pelo caminho fora.
Quando o sol atingiu o topo do céu pararam para almoçarem.
-Quanto tempo vamos demorar? – Perguntou Luana enquanto comia.
-Por este andar chegaremos às montanhas amanhã á noite.
-O que é que andamos á procura?
-Também não sei. Quando lá chegarmos saberemos!
Quando acabaram de comer arrumaram as coisas e seguiram o caminho.
Luana observava tudo a sua volta, a natureza. Ela nunca estivera assim tão longe de casa. Aquelas terras eram totalmente novas para ela. Era a primeira vez que passava por elas…
Quando o sol se pôs encontraram um velho carvalho e decidiram acampar durante a noite.
Dário foi a procura de lenha enquanto Luana preparava o acampamento. Ele já tinha saído há algum tempo e Luana começou a ficar preocupada.
A princesa já tinha tudo preparado quando sentiu o chão tremer. Longas passadas iam na sua direção. Um rugido abafado surgiu de trás de si.
Olhou de relance para traz e viu uma criatura gigante. Correu o mais depressa que pôde mas rapidamente a criatura derrubou-a. Ela caiu mas depressa ficou de frente para a criatura.
Era um enorme lobo.
Tinha mais ou menos o seu tamanho, um metro e sessenta e três, o pêlo era enorme e preto. O lobo aproximou o focinho e Luana conseguiu ver os seus olhos. Por mais estranho que parecesse eles não transmitiam raiva mas sim dor.
Ela levantou-se lentamente sem querer assustar o lobo, percebera que ele não lhe queria fazer mal. Queria simplesmente a sua ajuda.
Quando ela ficou de pé o lobo contorceu-se de dor e ao mesmo tempo foi lançado contra uma árvore.
-Luana! – Gritava Dário ao fundo na escuridão.
O lobo recompôs-se e lançou-se em busca de Dário mas ele elevou o lobo no ar e aterrou-o fortemente no chão.
-Pára! – Pediu Luana dirigindo-se a Dário – Ele não quer fazer mal! – Gritou dirigindo-se ao encontro do lobo.
Ele estava estendido no meio do chão a rugir de dor.
Luana aproximou a sua mão do pelo dele e fez-lhe uma festa. Este fechou os olhos. Ela olhou para o lobo por inteiro e reparou que tinha uma seta espetada na pata traseira.
-Traz-me o saco dos curativos! Ele está a sangrar! – Mandou Luana.
Dário atendeu ao seu pedido e foi rapidamente a sacola e retirou o saco dos curativos e entregou-o a Luana.
-Ele é enorme! – Verbalizou Luana acabando de atar uma ligadura ao lobo.
-É um lobo das montanhas… Deve ter sido alvo de uma emboscada e fugiu cá para baixo!
-Ele tem razão…
-Ele quem? – Perguntou Luana olhando para Dário.
-O quê? Eu não disse nada! – Disse ele honestamente.
-Não foi ele… fui eu… o lobo… – O lobo levantou-se e colocou o seu focinho perto do da Luana.
-Como consegues falar comigo? – Perguntou ela assustada.
-Tu és a guardiã. Consegues falar com todos os seres mágicos…
-Como está a tua pata?
-Está melhor… Obrigado! Tem cuidado com as bruxas foram elas que me fizeram a emboscada. Apanharam a minha matilha toda, exceto eu, consegui fugir… Tenho que ir.
-Mas vais para onde?
-Não sei…
-Fica connosco. – Pediu Luana – Estaremos ambos a salvo… estou na busca dos quatro elementos… ajuda-me a salvar a tua família!
-Estás maluca? Pedir para conviver com um lobo faminto? – Proferiu Dário preocupado.
-Ele é amigo… eu consigo falar com ele, sabias?
-Não… nunca me disseram que a guardiã podia falar com os seres mágicos.
-Seres mágicos? Há mais? – Perguntou curiosa.
-Sim… Fadas, anões, dragões, sereias… entre outros incluindo os lobos perigosos.
-Ele não é perigoso! – Exclamou Luana – Eu falei com ele… perdeu toda a sua matilha. Foi as bruxas que os raptaram como raptaram a minha irmã, ele está connosco!
-Sinto muito pela perda da sua irmã…
-Eu sei o que estás a sentir. – Luana chegou-se ao pé do lobo e acariciou-lhe o pêlo.
-Ele pode ficar… mas se fizer porcaria, eu mato-o!
-Como se conseguisses… – Luana riu-se.
-Está bem! – Luana aproximou-se de Dário e beijou-lhe na face da cara. – Obrigado.
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